Point of view Adora Grayskull
— Aonde você pensa que vai saindo de fininho às quatro e meia da manhã, Adora Grayskull?
Parei meu passos furtivos e me virei para encarar a minha mãe com seu roupão cor vinho, ela estava de pé ao lado da escada
— Eu quero estar no hospital quando a Catra acordar - Eu disse ela fez menção para que eu fosse em frente, o que me surpreendeu
— Não fique sem comer nada por horas ou nós vamos ter um problema para resolver aqui - Minha mãe avisou
— Tudo bem, não se preocupe - Desci as escadas e abri a porta olhando para trás antes de sair — Até mais tarde!
Estava chovendo um pouco, eu iria sair uma hora atrás, mas nem mesmo o guarda chuva suportaria aquela tempestade e certamente meu corpo não suportaria o frio.
Depois de caminhar por cerca de vinte minutos, observei uma grande movimentação de pessoas no acesso principal ao centro. Algumas passavam sem seus guarda-chuva e outras observavam de longe. Assim que me aproximei do local, pude ver um caminhão com sua frente amassada e mais a frente um carro cinza, eu não poderia dizer se seria possível haver alguém lá dentro pois estava completamente destruído
Pelo que parece o caminhão se chocou contra sua lateral em cheio e o fez capotar várias vezes até um certo ponto. Também não deu para saber de que lado ele poderia estar vindo, mas não acho que quem quer que estivesse naquele carro tenha sobrevivido
Segui meu caminho sem perder mais tempo observando a movimentação, eu gostaria de chegar cedo até o hospital de qualquer maneira.
Catra não quis falar comigo ontem.
Ela se chateou por eu ter mentido sobre Perfuma. Tentei explicar que não queria sobrecarregá-la com isso mas ela ainda quis ficar sozinha por um tempo.
Michael pediu para que eu não passasse mais uma noite na sala de espera e que fosse para casa descansar um pouco, eventualmente Catra iria falar comigo e tudo ficaria bem. Eu sabia bem disso. Também não insisti para conversarmos, sei que ela precisava digerir todos os novos acontecimentos e então respeitei seu espaço.
Mais alguns minutos de caminhada e finalmente cheguei ao hospital. A equipe de segurança ficou aqui durante a noite como de costume, há dois caras no portão que me deixaram passar facilmente já que Michael autorizou minha entrada a qualquer hora para ficar com sua filha. Encontrei mais quatro rapazes do lado de dentro. Um deles me deu bom dia enquanto os outros estavam ocupados tomando café em uma mesinha mais distante na recepção
— Eu estou indo até o quarto de Catra Melog
— Claro… Srta. Grayskull - O homem lê uma pequena lista antes de olhar para mim e sorrir educadamente — Vá em frente
Deixei minha mochila próximo a alguns armários e acendi as luzes dos corredores. Depois coloquei meu telefone em meu bolso, seguindo para a porta do quarto de repouso. Catra ainda estava dormindo quando cheguei.
N/A: Autora ressuscita leitores mortos; entenda.
Me sentei na poltrona confortável ao lado de sua cama e segurei uma de suas mãos. Sempre sinto uma sensação de alívio avassaladora por saber que ela está bem.
Quanto a mim, meu pequeno corte também esta melhorando. Minha mãe sempre está trocando os curativos e vez ou outra eu mesma também posso fazer isso.
De repente Catra se sentou com uma rapidez impressionante, seu rosto expressou dor imediatamente, provavelmente ela sentiu o local da cirurgia fisgar por ter se levantado muito rápido
— Ei, você está bem? - Me levantei da poltrona e toquei seu ombro
A morena virou-se para mim e eu olhei em seus olhos assustados, confusa por não saber o porquê da expressão de horror em seu rosto
— Adora? - Sua voz saiu trêmula e minhas sobrancelhas se juntaram
— Baby, você está-
A garota me puxou pelo pescoço me fazendo sentar sobre a cama, ela me abraçou forte, mais do que eu acho que ela realmente poderia e eu retribuí, tomando cuidado apenas para não machucá-la
— Catra, o que aconteceu? - Perguntei preocupada afagando suas costas lentamente, seu aperto não diminuiu em nenhum momento
— Foi horrível, A - Só então percebi que Catra estava chorando em meu ombro
Mesmo que eu estivesse tentando acalmá-la, ela só chorava cada vez mais e isso estava me deixando em pânico. À medida que os minutos se passaram, seus soluços foram diminuindo. Tentei me acalmar ao máximo para poder ouvi-la
— Você quer me dizer o que aconteceu? - Perguntei para a morena e deixei um beijo em seu ombro quando meu corpo se tornou mais livre dos braços dela
— U-um pesadelo. Droga, Adora. Eu fiquei com tanto medo, foi tão real- Eu achei que tinha deixado você - Catra me olhou com lágrimas em seus olhos, minhas mãos seguraram seu rosto cuidadosamente enquanto meus polegares limparam o canto de seus olhos
— Tudo bem - Eu sussurrei — Você está bem, amor. Nada aconteceu - Garanti
— Scorpia… eu realmente achei- ela disse que iria matar você e então meio que me fez ir com ela, mas então nós acabamos nos envolvendo em um acidente, mais como ela nos envolveu em um. Ainda pude ver minhas pernas dilaceradas e Scorpia- Deus… foi horrível
— Tudo bem, está tudo bem. Catra, olhe para mim - Ergui gentilmente sua cabeça que havia ameaçado baixar novamente quando mais lágrimas se formaram — Não vou deixar que ela nem ninguém machuque você de novo. Ela deve estar bem longe daqui, você sabe. É uma covarde idiota que nem sequer ficou aqui para responder pela morte de Perfuma. Eu prometo que se ela voltar vai ter que me matar primeiro antes de encostar em você de novo
— Não diga isso, por favor. Adora, eu não sei o que eu faria se algo acontecesse com você - Catra está bastante sensível agora devido ao pesadelo que ela teve, ela tem tido noites difíceis desde o ocorrido.
Esses pesadelos são decorrentes, mas nenhum a preocupou tanto quanto esse até então.
Soltei a morena por um momento e dei a volta para alcançar o outro lado da cama, me encostei na cabeceira e abri meus braços. Catra sorriu e recuou cuidadosamente sobre o colchão para se aninhar junto a mim.
— Vou ficar aqui com você. Ainda é cedo, é melhor você descansar um pouco.
— Acho que eu gostaria disso - Ela murmurou, entrelaçando nossos dedos
— A propósito, me desculpe por mentir para você - Digo me sentindo um pouco culpada — Eu juro que não queria
— Eu sei que você estava apenas tentando não me preocupar, A. Me desculpe por ter decidido não falar com você o dia inteiro
— Acho que você precisava do seu tempo, eu sempre vou entender quando você quiser seu próprio espaço.
— Por mais que seja uma boa, eu não quero passar mais um dia inteiro sem você por perto. Então não deixe que meu humor de um dia ruim te afaste, isso é uma ordem
Eu ri e assenti em concordância
— Você quem manda, eu prometo que não vou te deixar em paz - Levantei a palma da minha mão e Catra sorriu com isso
— Não saía daqui, ok? Eu quero ver você quando eu acordar
Sorri levemente deixando um beijo no topo de sua cabeça
— Não há nenhum lugar que eu queira estar mais do que aqui com você, não se preocupe.
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