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História Time After Time - Novembro, 2015. III.


Escrita por: AmandaCSousa

Notas do Autor


OLÁÁÁÁÁ GALERINHA DAS FICS

Desculpem a demora, minha vida está atribulada no momento. Queria que vocês colocassem a mão na consciência antes de vir pedir milhões de atualização, porque, gente, infelizmente eu não vivo de escrever Time After Time.
Eu deixo de fazer milhares de coisas para ter um tempinho de escrever, porque escrever é algo que me preenche e me satisfaz. No entanto, vocês precisam entender que não é tão simples e que se as atualizações demoram é porque realmente não estou tendo tempo, ou inspiração, para escrever e nesses momentos ficar pedindo atualização sem parar só faz piorar a situação, porque eu fico irritada por não estar conseguindo escrever. Ou seja, vira uma bola de neve.
Mas ok, seguimos em frente. Esse capítulo não está super sensacional, mas é um capítulo importante. Espero que vocês gostem.

Tem só uma música no capitulo.
Patience - Guns 'n' roses (link nas notas finais) MÚSICA INTEIRAMENTE DEDICADA PARA A CAROL LINDA kkk

Boa leitura!

Capítulo 42 - Novembro, 2015. III.


Fanfic / Fanfiction Time After Time - Novembro, 2015. III.

O dia despertou ressacado, porque é comum às tempestades deixarem vestígios. O céu limpou e o sol subiu em seu trono, mas o solo ainda estava encharcado, as calçadas ainda estavam cobertas de folhas e galhos caídos e a água do mar ainda se mostrava turva e revolta.

Resquícios.

A cabeça de Camila pesava e os olhos de Lauren ardiam, sinais deixados pela tormenta que passou. A latina encarava o teto da sala de sua casa enquanto a morena não conseguia manter as pálpebras abertas. O corpo de Camila, jogado no sofá, estava frio e o de Lauren, enrolado em sua coberta vermelha, fervia.

A ressaca de Camila era moral e a de Lauren física.

Alguém bateu à porta do apartamento de Lauren e os toquinhos na madeira foram pancadas em sua cabeça. Red ganiu na entrada dos fundos e Camila sabia que precisava levantar, mas sua mente não enviava o comando ao corpo. Lauren se arrastou quarto a fora, ainda enrolada em sua coberta, e sentiu as pernas fracas.

Camila ouviu o barulho de Jake abrindo passagem a Red e segundos depois o cachorro estava sobre si, mas isso não a tirou do estado de torpor em que se encontrava.

- Está tudo bem? – Jacob perguntou assim que alcançou o meio da sala, que se tornara o quarto de Camila.

A latina não conseguiria encará-lo, por isso nem tentou. Continuo encarando o teto e meneou positivamente a cabeça.

Jacob deu de ombros.

- A Lauren saiu daqui ontem no meio do apagão... – O homem começou a falar despretensioso, empurrando sua cadeira na direção da cozinha. – Ela disse para Ally que não estava se sentindo bem e saiu sem avisar. Vê se tem cabimento... – A voz dele se tornou distante, mas não fazia muita diferença porque Camila não queria escutar. – A pessoa diz que não está bem e sai dirigindo no meio de um apagão na chuva. A Ally ficou insana e com razão, mas quando viu era tarde e ela já estava indo para o carro. – Ele continuava falando sem parar. – Ela mandou uma mensagem depois, disse que chegou bem em casa e que iria descansar pra se sentir melhor, mas ela vai ouvir da Ally hoje, com certeza! E com razão, porque é o tipo de coisa que não se faz...

Com muito esforço Lauren girou a chave e abriu a porta para quem batia.

- O que aconteceu? – A voz preocupada de Normani agrediu seu cérebro.

- Acho que estou doente... – Lauren respondeu anasalado.

 - Você acha? – Normani perguntou sarcástica. – Você está com uma cara péssima. Quer ir ao hospital?

- Não! – Lauren protestou. – É só gripe... minha garganta está doendo e minha cabeça também. – Explicou voltando para o interior do apartamento e se deitou no sofá.

- Tomou algum remédio? – Normani questionou parando de pé ao lado de Lauren.

- Um analgésico...

- Vai precisar mais do que isso, Laur... – Advertiu.

- Depois eu ligo na farmácia e peço alguns desses pra gripe.

Normani encarou a outra encolhida no meio da coberta, ponderou por alguns segundos e suspirou no fim ao alcançar uma conclusão fatídica.

- Vou passar um café! – Anunciou. – Eu sempre soube que esse dia chegaria de qualquer forma. O dia que eu não teria mais escapatórias, cedo ou tarde ele chegaria. – Rumou resignada para a cozinha. – Me dê, ao menos, as coordenadas.

Lauren queria rir, mas seu corpo doía no menor movimento dos olhos.

- Água. Chaleira. Fogão. Garrafa. Coador. Pó.

- Quanto pó? – Questionou aflita.

- Três colheres.

- Por que você não usa cafeteira? – Questionou enquanto preenchia a chaleira com a quantidade de água que considerou suficiente.

- A tecnologia destrói as coisas, não a deixo chegar perto do meu café.

A negra colocou a água para ferver, preencheu o coador com o tanto de pó indicado e ajeitou-o em cima da garrafa. Voltou para a sala e encarou Lauren mais uma vez.

- Você tem um termômetro?

- Não... – Resmungou. 

- O que você fazia quando ficava doente em Nova York? – Inquiriu intrigada.

- Chamava o Giusepe... – Lauren respondeu com um beicinho.

- E o que você vai fazer agora? – Normani perguntou levando as mãos à cintura.

- Chamar a minha mãe? – Sugeriu manhosa.

- Você é um bebezão Lauren Jauregui! 

Normani pegou o celular no bolso traseiro da calça que usava e rapidamente localizou o número de uma farmácia do bairro. Solicitou que entregassem um termômetro e remédios para gripe, enquanto usava a outra mão para despejar a água fervente sobre o pó amarronzado.

- Quer café? Acabei de passar... – Jacob ofereceu para Camila, que continuava deitada de barriga para cima no sofá da sala.  

- Não... – Murmurou em resposta.

Ele parou sua cadeira de frente para a mulher. 

- Eu vou encontrar a Ally agora. – Informou. – Ela está muito ansiosa quer se exercitar e respirar um pouco. Prometi que eu e o Red faríamos companhia. – Explicou. - Você quer vir conosco? Pode levar sua câmera e fazer algumas fotos. – Sugeriu.

- Não... – Camila respondeu do mesmo jeito apático de antes. 

- Você precisa de alguma coisa? – O homem perguntou complacente.

- Eu não sei... – Confessou num fio de voz e finalmente o encarou.

O homem viu agonia nos olhos castanhos e conhecendo sua dona como conhecia, soube exatamente do que ela precisava.

- Me avise quando você souber... – Sorriu fraco tentando transmitir a ela alguma tranquilidade.

Espaço. Era o que ela precisava então Jacob a concedeu. Saiu para encontrar Ally sem falar mais nada.

Camila Sentia-se envergonha pelo que permitiu acontecer na noite anterior e piorava quando pensava na intensidade com a qual correspondeu e desejou que acontecesse. Precisava contar a ele. Precisava ser sincera e sabia disso. No entanto, ser sincera requeria um discernimento que ela ainda não tinha. Como poderia ser franca com Jake quando não conseguia, sequer, ser clara consigo?

Passou a noite tentando colocar a situação em perspectivas: a sua, a de Lauren, a de Jake, mas não chegava a nenhuma conclusão. Tudo que passava em sua cabeça era que havia cometido um erro, não apenas por ter quebrado a confiança de Jacob, mas, também, por ela e Lauren.

Não havia precedentes para o equívoco que era voltar a escrever linhas mal traçadas na história das duas. Era uma história que não admitia mais erros, ou passos em falso. Não cabia entre elas mais um desacerto, um tropeço, ou uma falha. Não havia ali espaço para a menor das controvérsias e, no entanto, tudo o que Camila possuía dentro de si naquele momento era a imprecisão e a incerteza.

A dúvida ardia em sua cabeça e arranhava em sua garganta, durante todo aquele dia quase não conseguiu falar. Não era uma mera indecisão, Camila não estava indecisa. Sabia disso porque indecisões são simplórias, requerem apenas escolhas, e aquela situação exigia muito mais. Era um emaranhado de sentimentos confusos com perguntas para as quais não tinha respostas.

Não estava indecisa, estava desconfigurada. 

Quando no meio da tarde recebeu em seu celular uma mensagem de Lauren, avisando que não iria encontrá-la para a aula extra daquela noite porque estava doente, seu primeiro impulso foi querer perguntar se estava tudo bem, no entanto, considerou que se fosse algo sério teria recebido mais do que uma mensagem. Então respirou minimamente aliviada, porque, definitivamente, não se sentia preparada para encontrá-la de novo. A presença de Lauren soprava oxigênio nas labaredas de suas questões, aumentando-as até que elas lhe queimassem completamente por dentro. E, ainda assim, uma parte de si desejava vê-la mais do que tudo, havia um formigamento em seus lábios e um palpitar em seu coração em cada lembrança de Lauren. 

Era exatamente esse o ponto mais crucial de sua incoerência: sua mente não conseguia acompanhar os desejos do seu corpo, não conseguia processá-los de forma a torná-los inteligíveis. Seus sentimentos desconectaram-se da sua consciência e Camila tentava, inutilmente, encontrar de novo o caminho que a levaria até eles, mas eram passos de uma trilha que, por questão de sobrevivência, desaprendera a andar. Agora, existia uma ruptura, quase um abismo, dentro de si, separando tudo o que sabia ser de tudo aquilo que seu corpo e seu coração desejavam ser.

 

Já era noite e Lauren ainda estava enrolada em sua coberta no sofá. Por sorte sua mãe fora deveras prestativa, lhe trouxe almoço, remédio e fez companhia durante uma boa parte da tarde. Ainda assim, mesmo com todo o amor de mãe que recebera, sentia-se terrivelmente mal. A ponto de Clara, antes de ir embora, a ter feito prometer que iria ao médico caso continuasse naquele estado.

Assim que a mãe saiu do seu apartamento Lauren enviou uma mensagem de texto a Camila da forma mais sucinta que conseguiu, porque seu cérebro doía demais. A morena buscou o aparelho telefônico debaixo da almofada sob a sua cabeça, apenas para checar pela quinta vez que Camila não havia respondido. Soltou o ar num lamento, não conseguia deixar de pensar que a ausência de resposta significava que a latina estava a evitando.

Lauren amaldiçoou-se mentalmente pelo que havia feito na noite anterior, talvez tivesse posto tudo a perder e sabia disso. Ainda assim, uma parte de si regozijava-se em alegria a cada vez que a lembrança dos lábios afoitos de Camila sobre os seus perpassava-lhe a cabeça. No entanto havia sido um erro, não o ato em si, isso nunca seria, sentia que beijar Camila e tê-la em seus braços foi a coisa mais certa que fez em anos, mas as circunstâncias em que acontecera fora, inegavelmente, errática. Voltou a maldizer-se e, Infelizmente, teve o praguejo interrompido por batidas na porta.

Não queria levantar, não queria mover um único músculo, no entanto, o barulho soou novamente lhe obrigando a arrastar-se até ele. Abriu a passagem de uma vez, sem preocupar-se em olhar quem era.

- Oi? – Cumprimentou com a voz num fio, já voltando para o seu sofá. 

- A Normani disse que você estava mal, mas não imaginei que fosse tanto a ponto de deixar de ir aos seus encontros sagrados de todas as noites com Camila. – Dinah estava perplexa.

- Não são encontros, são aulas. – Resmungou.

- Não faz diferença! Continuo desacreditada, quando vi a luz da sua janela acessa e me dei conta que você estaria em casa vim correndo, porque você só pode estar morrendo...

- Estou quase lá... – Lauren completou encolhendo as pernas, transformando-se num pequeno pacotinho vermelho, para que Dinah pudesse se sentar.

- O que dói mais? – A grande questionou ocupando o espaço oferecido pela amiga.

Lauren encarou o celular jogado ao seu lado e considerou por um segundo antes de responder.

- O coração... – Constatou.

Dinah ergueu as sobrancelhas, perplexa, e levantou um pequeno vidro de remédio, que trazia na sua mão esquerda.

- Eu achei que era a garganta e trouxe spray de própolis... é analgésico.

Lauren riu minimante.

- Isso vai ser útil! – Respondeu ao aceitar a embalagem que lhe era estendida.

- O que aconteceu ao seu coração? – Dinah questionou complacente e trouxe as pernas de Lauren sob o seu colo, para que ela pudesse esticá-las de modo a ficar mais confortável.  

A morena mordeu os lábios, forçando seu cérebro dolorido a encontrar as palavras certas a serem usadas. De qualquer forma, não importava como o falasse, aquilo doeria ao cruzar sua garganta.

- Eu a beijei... – Soltou num murmúrio. A expressão de Dinah não alterou uma única ruga, a amiga seguia a lhe encarar tranquilamente, o que incentivou Lauren a continuar – Ela me beijou também e foi... – Suspirou. – Realmente não tenho palavras para descrever como foi... foi como se eu, finalmente, voltasse pra casa e não era Nova York, não era Miami era só a Camila. – Confidenciou. - Eu sei que foi errado! – Adiantou-se. – Mas pareceu certo... Parece tão certo que eu faria de novo agora mesmo. E é por isso que o meu coração está doendo, porque eu cometi um erro e eu não sinto muito por isso. – Uma ruga de preocupação se formou no cenho de Lauren. – Isso me faz ser uma pessoa ruim? – Perguntou prestes a chorar.

- Não! – Dinah respondeu num tom ameno e arrastado. – Seu coração está doendo justamente porque você não é uma pessoa ruim, porque você se importa com toda a situação... – Dinah garantiu. – Mas vocês não podem continuar fazendo isso dessa forma, Laur. Isso faria as coisas bem ruins.

- Isso não vai acontecer de novo! – Lauren garantiu e voltou a olhar o display do celular. – Eu acho provável que ela me afaste novamente. – Lamentou.

Durante o dia Lauren evitara esse pensamento o máximo que pode, no entanto, diante da ausência de resposta por parte da latina, a conclusão tornou-se inevitável.

- O que você vai fazer? – Dinah perguntou brincando com as dobrinhas da coberta ao redor das pernas da amiga.

- Primeiro, vou dar a ela algum espaço. Foi o que funcionou da última vez. – Respondeu simples, mas visivelmente preocupada.

Dinah suspirou e sorriu fraco para Lauren, tentando transmitir a ela um pouco de paz.

- Você precisa conversar com ele. – Pontuou de forma incisiva. – Ele é teu amigo, Lauren. Você precisa conversar com ele. – Repetiu. – Eu sei que ele pediu para que vocês não conversassem sobre a Camila, mas o silêncio é traiçoeiro e cria buracos entre as pessoas... Você sabe disso! A gente já esteve lá. – Complementou.

Lauren levou as mãos aos olhos, que ainda ardiam pesados, e esfregou a região.

- Eu não posso! – Se recusou. – Eu não vou passar por cima dela. A Camila é minha prioridade, Dinah. – Falou com sinceridade. – Ele é o meu amigo, mas é marido dela. Eu vou ter calma e esperar ela apontar a direção pra onde quer seguir. – Finalizou.

- Ok! Você tem razão! – Concordou. – Talvez, a paciência seja a melhor arma pra essa batalha.

Lauren fez sinal positivo com a cabeça.

- Me ajuda com isso? – Perguntou indicando o spray e mudando de assunto.

- Claro... – Dinah pegou novamente o frasco e se espichou por cima do corpo de Lauren no sofá. – Abre um bocão... – Pediu e Lauren obedeceu, para que a amiga pudesse espirrar o remédio em sua garganta. – Se você não melhorar precisaremos ir a um médio, ok? – Lauren meneou a cabeça em concordância. – Não se meche sua anta, senão vou sujar sua cara de própolis. – Riu, aplicando o medicamente uma última vez. – Pronto!

- Argh! – Lauren resmungou. – Isso é horrível, mas obrigada!

- Ah! Às vezes a gente precisa passar pelo horror pra chegar ao paraíso. – Dinah deu uma piscadela divertida para a amiga.

 

Camila chegou cedo em sua casa aquele dia e isso era estranho. Era definitivamente estranho não encontrar Lauren, como fizera todas as noites no último mês. Não é aterrorizante como algumas coisas se tornam parte da rotina com facilidade? Camila, de repente, não sabia muito bem o que fazer, ou para onde ir e aquilo a assustou demasiadamente.

Tentou lembrar-se de como ocupava àquelas horas antes de Lauren, mas tudo que lhe vinha em mente soava estranho, pareciam memórias de outra pessoa. Não era possível que até de suas lembranças Lauren a fizesse duvidar. Jogou-se de costas no sofá, com os braços e as pernas pendidas para fora do móvel e encarou o teto sobre si, buscou nele alguma familiaridade do que parecia não ser mais a sua vida.

- Você já chegou! – Jake constatou surpreso ao passar pelo corredor e vê-la ali.

- Já... sem aulas extras hoje. – Explicou.

- O que aconteceu?

- Lauren está doente... – Respondeu insegura.

-Hm, eu nem falei com ela hoje – Constatou. – Mas ontem ela já saiu daqui dizendo que não estava bem... – A voz do homem vinha da cozinha.

- Sim! Ela mandou mensagem avisando. – Camila encerrou o assunto e fechou os olhos com força torcendo para Jacob fizesse o mesmo.  

- Uma pena que eu já estou de saída. – Ele falou, segundos depois, ao voltar para sala e Camila respirou aliviada. – Red está nos fundos, quer que eu o deixe entrar pra te fazer companhia?

- Eu vou tomar um banho primeiro, depois abro pra ele. – Respondeu incisiva ao levantar-se do sofá.   

 - Ok! Estou indo, não quero me atrasar. – O homem soprou um beijo da porta e Camila obrigou-se a sorrir em retorno, enquanto agradecia mentalmente por ficar sozinha. Era o que precisava.

Nua em seu chuveiro, protegida pela densa camada de vapor que cobria o ar de seu banheiro, tão espessa quanto a nevoa que entorpecia sua mente, Camila deixou a água quente escorrer sobre si. Os pingos escorriam por toda a sua extensão física, o que lhe devia causar alívio muscular, mas bastou fechar os olhos para ter a sensação de gotas geladas de chuva misturadas ao som rouco das risadas de Lauren deslizando em sua pele.

Um calafrio lhe subiu a espinha dorsal, mas seu corpo queimou. Contraste que só conhecia quando estava sob os toques de Lauren, ou, no caso, sob a reminiscência deles. Ainda de olhos fechados percorreu com as mãos a superfície de seu torço, passando pelos seus seios rígidos e cintura. A lembrança das mãos firmes, mas sempre delicadas de Lauren deslizando naqueles locais lhe tomou por completo, podia sentir a presença dela inebriante e traiçoeira como o vapor ao seu redor.

Assim que alcançou o interior de suas coxas, e deslizou a ponta dos dedos pela extensão de seu sexo, soltou o ar numa lufada, exausta de prendê-lo em seus pulmões. Uma pontada no centro de seu corpo a fez querer curvar-se em si, antes mesmo de culminar no ápice da excitação, mas cometeu o erro de abrir os olhos e a toalha de Jacob, esquecida sob o vaso sanitário do banheiro, lhe apunhalou antes do orgasmo.

Sentiu-se pega em flagrante e suas pernas enfraqueceram. Precisou sentar-se no piso frio.

- O que diabos esta fazendo? – Quis chorar, aproveitar o disfarce proporcionado pelas gotas d’água, mas até nisso sua consciência encontrou vacilação e as lágrimas não vieram. – Controle sua vida Camila! – Ordenou baixinho.

Buscou lembrar que precisava dominar a situação ao invés de ser dominada por ela, mas deixar-se inundar sem naufragar é uma tarefa difícil.

Alguma vez você já teve a sensação de que algo ou alguém exige mais do que você pode oferecer? É terrível. A ideia da insuficiência e a certeza de que nunca será o bastante podem arrasar uma pessoa. Mas sabe o que pode ser ainda pior? Estar disposto a entregar tudo.

Durante a maior parte de sua vida, não houve uma única coisa que Camila não estivesse disposta a oferecer a Lauren. Ela entregaria tudo e esse foi o seu maior erro. Porque, mesmo no amor é essencial guardar um pouco de si para si.

Com o peso dos anos e dois punhados de experiências, Camila soube que seu maior erro foi ter feito de Lauren suas asas, ao invés de seus motivos para voar. Alçar voo carregando ela e todos os seus sonhos teria sido um fardo grande demais para qualquer pessoa. Lauren não resistiu, mas quando ela caiu foi Camila quem ficou sem chão. Aprendeu que, talvez, na concepção idealista do que é o amor: aqueles dos romances clássicos ou das novelas mexicanas que sua mãe via na TV, a entrega de tudo o que se tem, tudo o que se é, convém. Mas na vida real, às vezes, as pessoas acabam sem nada e a ausência de tudo é uma marca dolorida e eterna.

Camila temia, porque, deixar-se inundar por Lauren sem naufragar era uma tarefa difícil demais, quase impossível. Não se sentia capaz de amá-la sem entregar-lhe tudo, absolutamente tudo, não sabia amá-la com reservas. No entanto, arriscar-se perder-se outra vez não era uma opção. A sua confusão, definitivamente, não era uma escolha entre Jacob ou Lauren, porque era sobre si, antes de ser sobre qualquer outra pessoa.

Infortunadamente, Lauren estava igualmente mal no dia seguinte e não restou outra saída a não ser deixar que Ally lhe arrastasse para um médico. Conforme já imaginado, tratava-se de uma infecção na garganta. O homem que a consultou receitou um antibiótico, analgésicos e repouso, que era a única coisa que Lauren sentia-se disposta a fazer de qualquer forma.

Durante todo o dia enfiou-se em sua coberta, enquanto uma Ally agoniada falava sem parar. Lauren reconhecia de longe os sinais do nervosismo na amiga e o primeiro deles era aquele: ela falava, falava, falava. Lauren ouviu quase tudo, mas felizmente cochilou em algumas partes. Ainda assim, no fim do dia não queria que a menor fosse embora, estava terrivelmente dependente de amor e carinho.

- Eu deixei uma sopa prontinha! sua mãe me fez prometer que faria.

- Obrigada! – A morena murmurou com um beicinho.

- Eu volto amanhã. Juro!

Lauren riu.

- Não precisa jurar, mas volte...

- Você nem pense em pegar aquele computador para trabalhar assim que eu virar as costas. – Durante a tarde Lauren lembrou-se de alguns documentos que Alexa pediu para que analisasse. No entanto, Ally não lhe permitiu, sequer, abrir o e-mail. – Você está de atestado, Laur. Fim de conversa.

- Ok! Mas é só uma dor de garganta eu não vou morrer se responder um e-mail.

- Não... você vai morrer porque eu vou bater com o notebook na sua testa. – A baixinha levantou o dedo em riste já alcançando a porta do apartamento. – Não é não!

- Eu tenho é dó do seu futuro filho... – Retrucou fazendo Ally rir desmedidamente. 

- Você é péssima. Tchau!

- Até amanhã...

Assim que a porta fechou Lauren buscou o celular entre as mãos. Outra coisa que lhe ocorrera durante a tarde era a ausência completa de qualquer sinal por parte de Camila. Aquilo a preocupava. Queria ter o vislumbre, mesmo que momentâneo, de tudo que houvesse dentro de Camila. Não queria respostas convictas ou declarações reveladoras, só precisava da certeza de que deveria esperar. E, então, esperaria o tempo que fosse.


Camila enviou as últimas imagens que pretendia imprimir aquela noite para a impressora e cruzou a sala do laboratório digital até alcançar o equipamento. Ficou ali, esperando que as fotos saíssem da máquina, e, entre uma e outra, inevitavelmente, deu-se conta do quanto elas demoravam a serem impressas. Nunca havia reparado nisso antes, porque sempre tivera a companhia de Lauren para diverti-la durante aquele trabalho.

A morena sabia preencher cada segundo daquela espera, nem que fosse reclamando sobre o quanto era chato imprimir fotos ao invés de revelá-las. Internamente Camila concordava, e Lauren sabia que ela concordava, mas por fora sempre negava dizendo que o processo impresso era muito mais prático e com melhor qualidade. Gostava de discordar, porque fazia uma ruguinha de inconformismo se formar na testa de Lauren, o que era fofo.

Quando a impressora finalmente liberou a última imagem Camila rapidamente recolheu as suas coisas para ir embora. O que era curioso, porque não estava com pressa para chegar em casa, só não queria mais ficar ali... sozinha. Atravessou os corredores da Escola de Arte em passos largos, mas, ao atingir a recepção, foi brecada por uma voz as suas costas.

- Professora Whitesides? – Era Piedade.

- Oi! – Camila respondeu solícita. – Achei que você não estivesse mais por aqui.

- Ainda está cedo, não terminou meu horário. – A mulher respondeu consultando um relógio de pulso que usava. – Você não está esquecendo isso aqui? – Apontou para duas folhas sobre o balcão, que Camila sabia o que era mesmo sem olhar.

- Não vou precisar destas folhas de presença! – Informou. – A Srta. Jauregui está adoentada e não tivemos aulas extras ontem e hoje.

Piedade franziu o cenho.

- Que estranho... – Refletiu. – Achei que a tivesse visto no corredor hoje pela manhã.

Camila ergueu as sobrancelhas, suspeitosa.

- Você tem certeza que era ela? – Perguntou num tom grave.

- Oh, não! – Piedade deu uma gargalhada rápida. – Definitivamente não tenho certeza. Eu vi alguém de relance e pensei ter sido a Sra. Jauregui, mas se ela está doente eu me enganei. Quero dizer... ela não teria porque mentir para a Sra., não é?! – Riu outra vez. 

Camila engoliu em seco e sua voz desceu pela garganta também.

- É... – Respondeu, mas o som quase não saiu. – Ela não teria porque mentir.

Sem dar-se conta voltou a trocar os pés em passos na direção da saída.

- Tchau Professora Whitesides! – Piedade soltou ao fundo.

- Tchau... – Respondeu quando já estava do lado de fora, submersa pela noite morna de céu estrelado.

Caminhou em direção ao seu carro, nos fundos do estacionamento do prédio, e contra todas as suas forças uma desconfiança irracional cresceu dentro de si. Questionou se era possível que Lauren não estivesse doente de verdade. Ela poderia ter inventado aquilo para evitar encontrá-la depois de terem se beijado?

Por mais que sua racionalidade a fizesse se sentir tola por tal suspeita, seu coração apertou ante a possibilidade de Lauren estar fugindo outra vez. Ela estava fugindo? Acelerou o carro e a pergunta rodou em sua cabeça. Ela poderia estar... era o tipo de coisa que Lauren fazia nas dificuldades, ao menos, costumava fazer. Ela não estava fugindo, havia mudado! Camila argumentava consigo, mas suas mãos já suavam frio de nervosismo.

Foi inevitável a irritação que se formou na boca de seu estômago e a fraqueza que atingiu as pernas. O corpo tem memória, ele reage institivamente a eventos que lhe remete a situações já experimentadas. Naquele momento, todo o organismo de Camila estava entrando num táxi nova-yorkino para ir embora contra sua vontade, estava acordando sozinho no quarto de um Resort em algum lugar no meio do Texas e ouvindo a voz de Lauren lhe dizer que nunca se casaria com uma mulher.

Lauren não podia estar fugindo outra vez enquanto ela remoía-se em dúvidas por sua causa. Camila bufou! Não se permitiria, em hipótese alguma, passar por aquilo de novo. A mera possibilidade a envolveu insana. Dirigiu com a cabeça fervilhando pelas ruas de Miami, cortando os ventos da noite não tão quente e nem tão fria, e as milhares de pessoas ao seu redor não entenderiam uma única vírgula do seu anseio desesperador de livrar-se de toda aquela angústia. 

Antes que percebesse o que estava efetivamente fazendo, Camila estacionou o carro em frente ao prédio de Lauren e subiu efusivamente até o segundo andar. Deu três batidas rápidas e secas na madeira da porta e esperou, decidida a comprovar com os próprios olhos se Lauren estava... péssima! Foi a primeira e única coisa que concluiu assim que viu a mulher: mais pálida que o normal, olhos fundos e lacrimejantes, nariz e orelhas vermelhos e o semblante caído... péssima.   

- Camila?! – Lauren resmungou surpresa e no segundo seguinte tentou, disfarçadamente, ajeitar algumas mechas do cabelo desgrenhado.

- Você está mesmo doente! – A latina soltou embasbacada e sem reação.  

- Tá dando pra ver na minha cara que estou perto da morte? – Lauren perguntou forçando-se a ser divertida, mas falhando totalmente.

Camila sentiu-se terrivelmente ridícula por ter duvidado de Lauren ao ponto de deixar-se ir até ali. Seria mesquinho e infantil, se não fosse aterrorizante. O fato de inconscientemente não confiar em Lauren e o pavor de se ver no vazio outra vez lhe acertou em cheio. Mesmo que não houvesse mais motivos para isso, mesmo que não houvesse entregado nada para ela. Não havia entregado, havia?

Play – Patience (Guns ‘n’ Roses)

- Você quer entrar? – Viu os lábios da mulher a sua frente moverem-se e se obrigou a situar-se de que estava parada a porta de Lauren por motivo nenhum, a não ser uma desconfiança irracional.

- Não! – Respondeu num sobressalto. – Eu só... eu... – Camila não tinha o que falar. Desejou que um buraco se abrisse sob seus pés para que ela pudesse se afundar dentro dele. – Eu... – Coçou a cabeça constrangida. 

- Tá tudo bem? – Lauren perguntou.

- Tá! – Respirou. – Eu só... eu estava passando e parei pra saber como você está?

- Ah! – A expressão de Lauren variou entre a estranheza e a decepção. – É só uma Amigdalite e faringite, vai ficar tudo bem! – Explicou. – Eu deveria ter te levado a sério! – Camila franziu o cenho e Lauren seguiu. – Você disse que eu ficaria doente por tomar vento molhada de suor.

- Ah sim! – Camila sorriu embaraçosa. – E a chuva deve ter piorado tudo... – Falou sem pensar.

One, two, one, two, three, four
Shed a tear cause I'm missing you
I'm still alright to smile
Girl, I think about you every day now

Um, dois, um, dois, três, quatro
Derramei uma lágrima, pois estou sentindo sua falta
Continuo bem para sorrir
Garota, eu penso em você todo dia agora
 

Fez-se um súbito silêncio entre elas e ambas souberam que tinham as lembranças da noite de dois dias atrás rondando suas mentes. Lauren deu um sorriso sem graça e Camila encarou o chão. Ao escorrer os olhos até ele a latina reparou o cobertor vermelho a cobrir o corpo da outra; era a coberta que usava em Nova York, estava um pouco desgastada e batida pelos anos de uso, mas tinha certeza que era a mesma, recordaria dos detalhes dela em qualquer lugar. O estômago de Camila deu voltinhas.

- Você não quer mesmo entrar?

- Não! – Soltou convicta, mas acrescentou um sorriso mínimo ao fim, porque não queria ser rude. – Eu já estou indo...

- Tem sopa! – Lauren tentou soar convincente.

- Eu não posso! – Camila contestou contida.

- Por quê? É uma simples visita, eu estou doente e você veio me ver! – Deu de ombros, tentando revestir a situação de uma insignificância que não possuía.

Camila a encarou com olhos semicerrados e Lauren manteve os seus fixos aos dela.

- Eu não posso Lauren... – Esperou um segundo antes de completar, pensando em como deveria falar aquilo – Nós não podemos! – A verdade é que jamais seria só uma visita, ainda que fosse, e Camila quis deixar isso claro. – Nós não sabemos ser simples. – Riu sem graça.

Was a time when I wasn't sure
But you set my mind at ease
There is no doubt you're in my heart now

Houve um tempo em que eu não tinha certeza
Mas você acalmou minha mente
Não há dúvida de que você está no meu coração agora
 

- Me desculpe? Eu não quis te pressionar.  

Uma pontada de lastima se fez presente no rosto latino, porque a culpa não era de Lauren e mais uma vez ela estava prestes a tomá-la para si. Camila sentiu-se, ainda mais, envergonhada.

- Não faça isso! Não se desculpe. – Pediu com veemência. – Sou eu quem está complicando as coisas, eu nem deveria estar aqui. Eu não sei o que estou fazendo. – Confessou nervosa. – Eu acho que preciso ficar longe por um tempo. – Alertou.

- Calma! – Lauren tentou argumentar.

- Está tudo bem! – Camila garantiu. – Eu realmente tenho que ir... – Gesticulou para o corredor por onde chegara. – Se cuida, ok? – Pediu com sinceridade. – Fique melhor...

- Ok! – Lauren concordou contra vontade. Paciência, pensou, precisava ter paciência. Observou da porta até que Camila desaparecesse escada abaixo e no segundo seguinte correu para a sacada do apartamento.

Said: Woman, take it slow
And it'll work itself out fine
All we need is just a little patience

Eu disse: Mulher, vá devagar
E tudo se resolverá por si só
Tudo que precisamos é apenas de um pouco de paciência
 

A latina fez seu percurso de volta em passos largos e convictos, mas vergonhosos e penosos também. Ao alcançar o lado de fora do prédio movimentava a cabeça de um lado para o outro; inconformada em condenação própria, ainda desacreditada por ter se permitido perder o controle novamente.

O carro, estacionado do outro lado da rua, parecia estar mais longe do que o país mais distante da terra e Camila só queria nunca ter estado ali. Quando suas mãos tocaram a lataria metálica do automóvel seus pulmões suspiraram aliviados, agradeceu mentalmente por ter chego à sua base de salvação. Ainda assim, antes de entrar na redoma de proteção que a afastaria dali, uma fisgada no peito fez Camila vacilar e virar-se para a varanda de Lauren, porque sabia que ela estaria lá. Ela sempre estava.  

Vulnerável e bagunçada, porém resistente e linda. Terrivelmente possível e, no entanto, inconveniente. Lauren se assemelhou, aos olhos de Camila, com todas as coisas que possuía dentro de si: cheia de contraposições e dualidades. A morena, ainda enrolada em seu cobertor, sorriu fraco e acenou timidamente da varanda. Camila retribuiu o gesto de forma contida, tentando não transparecer mais do que deveria.  

Said: Sugar, make it slow
And we'll come together fine
All we need is just a little patience
Patience

Eu disse: Docinho, não tenha pressa
E vamos ficar bem juntos
Tudo que precisamos é apenas de um pouco de paciência
Paciência
 

A latina não conseguia parar de pensar em todas as vezes que seu corpo estivera junto ao de Lauren naquele pedaço de pano. Tampouco, poderia esquecer de todos gritos sussurrados de amor que ele guardou do mundo, porque pertenciam apenas a elas e a mais ninguém. Conseguia escutar no interior de seus ouvidos a voz rouca de Lauren lhe dizendo que a amava pela primeira vez. Camila sabia como era a sensação de estar lá, sabia sobre o aconchego, a paixão e o calor que haveria se, porventura, as coisas fossem simplesmente sobre o sentir. Mas não eram. Por isso, precisou respirar fundo, entrar em seu carro e continuar acreditando que estar ali dentro era seu ideal de salvação. 

Foi neste pequeno gesto de hesitação de Camila, aliás, no palpitar desenfreado que ele causou em seu coração, que Lauren soube que esperaria o tempo de sua vida e de todas as próximas vidas, acaso necessário, para tê-la de volta. E nem era uma questão de escolha, porque poderia decidir não esperar, e, ainda assim, inevitavelmente, estaria esperando.

I sit here on the stairs
'Cause I'd rather be alone
If I can't have you right now I'll wait, dear

Sento aqui nas escadas
Pois prefiro ficar sozinho
Se eu não posso te ter agora, eu esperarei, querida
 

Ally esperou o portão eletrônico abrir e, dali de onde estava, conseguiu ver Troy no jardim. Estranhou que ele já estivesse em casa, não que fosse cedo, mas nos últimos tempos ele mantinha-se trabalhando quase em tempo integral. A baixinha deixou o carro do lado de fora da garagem e foi ao encontro do marido na área verde da casa.

O homem segurava um cigarro numa das mãos enquanto a outra ele levou aos cabelos passando pelos fios loiros, desalinhando-os. O nó de sua gravata estava desfeito e o primeiro botão da camisa aberto, o que sugeria um ar despojado, mas sua expressão ao tragar forte o tabaco entregava o nervosismo.

- O que você está fazendo aqui? – Ally perguntou estranhando a presença dele no jardim. 

Troy soltou a fumaça que prendia nos pulmões.

- Estou degustando meu último cigarro... – Respondeu sugestivo. Ally o encarou com olhos semicerrados, tentando pescar o significado daquela frase, enquanto Troy tragou pela derradeira vez e apagou a bituca do cigarro sob seus pés. Soltou a fumaça e sorriu. – Você olhou seu celular hoje?

- Não! Eu passei o dia com a Lauren e esqueci meu celular em casa...

- A assistente social me ligou agora de noite... – Troy queria chorar. – A gente conseguiu! – Anunciou. – O parecer foi favorável! O nosso processo foi aceito.

Ally levou as duas mãos ao rosto e cobriu o misto de lágrimas e sorriso que se formou ali. Deu passos largos e fechou o espaço entre ela e Troy, que a recebeu de encontro a seu peito.

- A gente conseguiu? – Precisava ouvir de novo para ter certeza.

Troy riu nervoso.

- A gente conseguiu! – Confirmou, apertando a mulher de encontro a si.

- Oh meu Deus! A gente vai adotar uma criança... – Allyson estava em completa descrença.

- A gente vai meu amor... e vai ser a criança mais amada desse mundo!

Troy apoiou o queixo sobre a cabeça da esposa, enquanto ela chorava e sorria de encontro ao seu peitoral, e esperou pacientemente até que ela se acalmasse.

- Eu não acredito que vamos ter um filho... – Ela falou um pouco mais contida. – Eu realmente não acredito. É um sonho se tornando realidade, Troy... o meu sonho... o nosso sonho.

O homem concordou com a cabeça e afastou-se minimante da mulher, depositou um beijo carinhoso e gentil em sua testa.

- Eu quero que você me escute com atenção... – Ele iniciou segurando o rosto pequeno de Ally entre suas mãos. – Eu amo você e amo essa criança. Vocês serão a minha prioridade. OK? Sempre Ally! Sempre, não importa o que aconteça! – Falou com tanta convicção que a veemência de seus olhos apertaram o coração de Allyson.

- Por que você está dizendo isso?  

- Porque eu tenho que contar uma coisa...

- Que coisa? – Ally questionou curiosa.

- Uma coisa sobre o pai que eu tenho, sobre o tipo de pai que eu nunca serei...

Troy contou a Ally tudo o que descobrira de seu pai. Justificou sua demora em contar-lhe a verdade, falou sobre a ajuda de Lauren e o plano que arquitetou com as orientações dela, explicou que passara o último mês colhendo provas e, por fim, que a situação poderia ter impacto no processo de adoção. De alguma forma, sua calma e tranquilidade acalmaram Ally, que ouviu tudo com atenção. O semblante da mulher foi de preocupação a revolta até tornar-se complacente outra vez.

- Vai dar tudo certo! – Ela apertou a mão de Troy entre as suas. – Só precisamos de um pouco de paciência e calma. Seu plano vai dar certo e ninguém vai tirar nossa criança da gente. – Assegurou, mesmo que não tivesse certeza tinha fé e isso bastou. 

Era o que Troy precisava ouvir. Puxou Ally para seus braços e buscou nela as forças que precisava.

- Paciência e calma... – Ele repetiu apoiando o queixo no topo da cabeça da mulher novamente de forma protetora, porque protegê-la era manter-se a salvo também.

Sometimes I get so tense
But I can't speed up the time
But you know, love, there's one more thing to consider

Às vezes fico tão tenso
Mas não posso acelerar o tempo
Mas você sabe, amor, existe mais uma coisa a se considerar
 

Camila fez seu caminho para casa absorta, ciente de que dias estranhos viriam pela frente. Lauren fechou a porta da varanda as suas costas e apertou-se em sua coberta, definitivamente, não sabiam ser simples, pensou, nunca souberam. O que tinham era vital demais e a vida não é regular, pelo contrário, é complexa e intricada.

- A vida é confusa! – Jacob soltou reflexivo enquanto tomava seu café na manhã do dia seguinte.

- Quê? Por quê? – Camila esperava seu pão torrar, encarando fixamente a luz verde da torradeira na expectativa de que isso a fizesse tornar-se amarela mais depressa.  

- Sei lá... só estou pensando em tudo que a Ally e Troy estão passando. – Explicou. Ainda estava reflexivo sobre a conversa que tivera com amiga no telefone assim que acordou. Ally lhe inteirou de todas as suas últimas descobertas e do quanto estava feliz, mas preocupada. O que deixava Jake feliz, mas preocupado também. – Você não acha isso confuso? Quero dizer... qual o critério? Sabe? Eles não mereciam nada disso. 

- Não existe critério! Existe só a vida e o fato de as coisas não serem simples. – Finalmente a luzinha mudou de cor e Camila abriu o equipamento urgente. – Você não concorda? – Perguntou ao virar-se para a mesa onde Jake estava.

Ele mantinha a cabeça apoiada na palma de uma das mãos e o semblante moldou-se tedioso antes de responder.

- Não sei, talvez sim! – Soltou preguiçoso e bebeu outro gole do seu café. – Nesse caso, da Ally e do Troy, realmente é... – Voltou a falar. – O que me faz pensar em todos os outros que não são, mas que a gente faz ser. Porque a vida já é confusa e daí nós a fazemos ser pior... – Considerou reflexivo.

Camila mordeu seu lanche com resignação, tomando para si as reflexões do assunto.  Sabia que, mesmo que não quisesse, sua cabeça continuaria dando volta ao redor deles.

Said: Woman, take it slow
And things will be just fine
You and I'll just use a little patience

Eu disse: Mulher, vá devagar
E tudo vai ficar bem
Tudo que precisamos é de um pouco de paciência
 

Durante toda aquela quarta-feira fez sol, mais de uma vez Lauren caminhou até a sua sacada e observou o dia dali. Não se sentia angustiada, mas também não estava completamente tranquila. Saber esperar é um talento difícil de aperfeiçoar, esperas são terrivelmente cruéis, a vantagem de Lauren era que já tinha estado nesta posição antes e isso lhe ajudava de muitas formas. Ademais, recebera um telefonema de Alexa logo após o almoço, tinham assuntos pendentes a tratar, o que foi ótimo para distraí-la. A velha tática do trabalho nunca falhava.

A noite caiu trazendo um friozinho típico dos outonos ansiosos em se tornarem inverno. É um frio diferente, carregado de uma brisa urgente que deixa pelo ar a sensação de inconformismo por não poder ser, ainda, tão fria quando gostaria. Às vezes, até as estações precisam ser pacientes. A paciência é mesmo um dom.

Said: Sugar, take the time
'Cause the lights are shining bright
You and I've got what it takes to make it

Eu disse: Docinho, vá com calma
Pois as luzes continuam brilhando intensamente
Você e eu temos o que é preciso para conseguir
 

Um dom que Camila não costumava ter. Já havia dado um total de dez voltas pelo interior do seu quarto de fotografias enquanto esperava o barulho do chuveiro, que ressoava pela casa feito um plano de fundo, cessar. Era o que indicaria que o banho de Jacob chegara ao fim e junto a ele o tempo para que Camila escolhesse as palavras certas a usar.

Assim que o chiado se fez ausente em seus ouvidos, Camila paralisou no centro do quarto. As batidas de seu coração marcavam os segundos e poderia jurar que eles duravam eternidades para passar. Precisava fazer aquilo, era uma certeza, embora não soubesse ao certo como fazer. Decidida, abriu a primeira gaveta do balcão, que rodeava as paredes do cômodo, e tirou de lá o que era necessário levar consigo.

Cruzou a casa em passos lentos, aparentemente era a velocidade que o mundo decidira girar aquela noite. A casa que não era grande agigantou-se e para Camila a caminhada até o quarto foi uma jornada. Encarou a porta a sua frente por segundos antes de abri-la. As mãos estavam tremulas e o coração também, porque não sabia como aquilo terminaria.

Abriu a porta e encontrou Jacob se ajeitando no seu lado da cama. Os cabelos úmidos estavam bagunçados e ele usava uma blusa preta desbotada como pijama. Camila lembrava-se do dia em que compraram a peça de roupa, riu minimamente para o fato. Jacob amou a camiseta assim que bateu os olhos nela, na vitrine de uma loja qualquer, e como era de seu costume para com as coisas que mais amava a vestiu exaustivamente em toda e qualquer oportunidade possível. Quando ela se tornou desgastada e puída demais ele passou a usá-la para dormir, porque não era de seu feitio desfazer-se do que amava.

We won't fake it
I'll never break it
'Cause I can't take it

Nós não vamos fingir
Nunca vou quebrar isso
Porque eu não aguentaria
 

- Nós precisamos conversar... – Camila falou sem alarde.

Jacob subiu os olhos para a mulher ainda parada a porta.

- Então venha aqui... – Indicou o espaço vazio ao seu lado na cama e sorriu docemente.

O tempo permanecia lento e Camila agradeceu mentalmente, porque lhe possibilitou registrar a imagem que tinha a sua frente. Foi na fração de segundos, entre seu cérebro processar a frase de Jake e enviar aos seus pés o comando de moverem-se, que ela eternizou na memória o que tinha encontrado de mais terno em sua vida: Jacob. Queria guardar os detalhes por segurança.

Antes de deitar-se ao lado de Jake, Camila depositou sobre a cama um papel marcado de bolor, terra e, certamente, algumas lágrimas. Os olhos do homem recaíram automaticamente sobre o objeto. Por fim, deitou ajeitando-se da forma mais protetiva possível: com as pernas encolhidas e os braços junto ao corpo.

Jacob lhe encarava perplexo, os olhos dele vacilavam entre ela e o papel. Com algum esforço ele deitou-se por completo e manejou virar-se na cama de forma a ficar de frente para Camila. Frente a frente encararam-se em silêncio, deixando que a velha folha dobrada pairasse no espaço entre eles.

Little patience
Need a little patience
Just a little patience
Some more patience

Um pouco de paciência, sim
Precisamos de um pouco de paciência
Apenas um pouco de paciência
Mais um pouco de paciência
 

- Eu quero que você leia. - Explicou simples em voz baixa.

- Eu achei que sua carta não existisse mais... – Usou as palavras que Camila tinha lhe dito meses atrás em Ocala. De repente, todo o ambiente estava pesado, contaminado pelo bolor do papel. 

- Ela não existia. – Camila ponderou. – Mas voltou a existir.

- Consigo imaginar como ela voltou... – Jacob correu os olhos da folha para Camila, que usou as mãos espalmadas uma contra a outra de travesseiro, para acomodar melhor sua cabeça.    

- Exatamente assim! – Concordou sabendo que ele se referia a Lauren.

Estavam próximos, as testas quase se tocavam, e, ainda assim, permaneciam distanciados, separados por tudo que aquela carta entre eles significava.

I've been walking the streets at night
Just trying to get it right (need some patience)

Estive caminhando nas ruas durante a noite
Apenas tentando entender (precisamos apenas de paciência)
 

- Eu não acho necessário lê-la. – Jake constatou nervoso, observando os tons de castanhos dos olhos de Camila. No fundo, por mais que quisesse estar, não se sentia preparado para aquela conversa.

- Eu sei que é difícil, mas eu preciso que você entenda Jake! – A latina explicou num sussurro.

- Eu entendo. – Argumentou. – Eu sei como as coisas aconteceram...

- Mas você precisa compreender tudo. – Camila falou enfática e a profundidade de seus olhos fez brotar dúvidas em Jacob.

- Tudo? – Questionou cauteloso e a mulher meneou positivamente a cabeça. – Tudo o que?

- Eu estava quebrada! – Ela iniciou o discurso que estivera preparando durante todo o dia. – Eu sei que você sabe disso, mas eu não acho que você tenha plena consciência do quão destruída eu estava e você precisa saber. – Apontou para a carta sobre a cama. - Esse é o melhor jeito para você compreender de verdade. – Camila arrastou o papel com a ponta do indicado para o mais perto possível de Jake, que acompanhou o gesto com os olhos e deu-se por vencido.

It's hard to see with so many around
You know, I don't like being stuck in the crowd
(Could use some patience)

É difícil ver com tantos por perto
Você sabe que não gosto de ficar preso na multidão
(Poderia usar alguma paciência)
 

- Por que você quer que eu saiba isso agora? – Perguntou apreensivo.

- Eu não quero que você pense que estou complicando a vida. – Desabafou. – Eu quero que você saiba que isso é realmente complicado pra mim... – Jacob segurou o papel entre as mãos e observou a caligrafia torta formar o nome de Camila. – Eu preciso que você entenda a importância que tem na minha vida. – Voltou a falar. – Eu que quero que você saiba que consertou o meu coração quando ele era nada além de destroços. – Sorriu minimamente ao ter os olhos de Jake sobre si. – Eu deveria ter feito isso sozinha, porque você não merecia uma tarefa tão difícil. Ninguém merece! Mas isso não muda o fato de que foi você quem juntou pedacinho por pedacinho do que sobrou dele, cuidou e o protegeu como se sua vida dependesse disso. Então você precisa saber...   

- Por quê? – Jake perguntou com olhos marejados. – Porque eu preciso saber disso agora?

- Porque eu fiz algo que eu não deveria ter feito. Acho que você pode imaginar o que foi... – Camila confessou da melhor forma que pode e viu Jacob levantar as sobrancelhas em hesitação, mas meneou a cabeça positivamente ao fim. – Por favor, não entenda tudo da forma errada... – Camila suplicou com olhos embaçados.   

Jacob estava visivelmente confuso. Sua expressão fechou e os olhos doces arderam. Não se sentia propriamente traído porque, como Camila mesmo dissera, podia imaginar que aconteceria, mas doía, porque a certeza é sempre pior. Ainda assim, continuava disposto a ver a situação da forma que Camila via.

- E qual é a forma certa de entender algo assim?


And the streets don't change but, baby, the names
I ain't got time for the game
(Gotta have some patience)

E as ruas não mudam mas, querida, apenas os nomes
E não tenho tempo para joguinhos
(Terei um pouco de paciência)
 

Camila puxou o ar com força. Esse era o grande problema! Ela não tinha aquela resposta, a partir dali só tinha a sua confusão. Jacob encarou a mulher com benevolência, olhando-a assim de perto foi fácil ver nela os desarranjos desenhados em seus olhos e expressões; estava perdida. Camila encolheu os ombros, porque era incapaz de responder. Diante do silêncio Jacob respirou fundo e desdobrou o papel frágil, talvez, encontrasse nele respostas.

Já na primeira frase foi invadido de por uma mistura de emoções: raiva, remorso, culpa, piedade, amor, definitivamente amor e muita dor. Camila desviou os olhos para além dele, porque não queria vê-lo chorar.

Ainda que Jacob não quisesse, era inevitável não chorar. Ele deixou lágrimas silenciosas rolaram antes mesmo de alcançar o meio do texto. Entristeceu-se pela vida de Camila, que era sua também. Sentiu a dor dela. Entendeu as mágoas, o ressentimento e o antigo ódio. Compreendeu os sonhos e mais do que tudo a ausência deles. Jacob viu lacunas que não sabia existir serem preenchidas por cada linha lida e ao chegar ao fim da carta estava de pé em meio a um aeroporto outra vez, diante de si havia apenas Camila; frágil e pequena, mais quebrada do que ele sempre supôs que estivesse.

Foi nesse momento que soube que teria feito tudo de novo. Teria a tomado em seus braços e a protegido quantas outras vezes fosse possível e necessário, quantas outras vezes ela o permitisse. Não se arrependia do que tinha feito. Como poderia? Ela estava só e inteiramente ferida, abandonada pelo amor que julgou ser seu e arrancada da única vida que planejou como sua. Havia feito muitas coisas erradas, jamais se esquivaria de seus erros, mas ter se mantido de braços abertos para ela nunca havia sido um deles.

'Cause I need you
But I need you (all it takes is patience)

Porque eu preciso de você
Sim, mas eu preciso de você (todos precisam de paciência)

- Eu estou assustada Jake. – Camila confidenciou num fio de voz, assim que o viu finalizar a leitura. – Porque eu não sei como ser essa Camila ai novamente. – Indicou com a cabeça a carta que ele ainda segurava. – Mas eu tenho encontrado em mim sentimentos que ela costumava ter e eu não sei como suportar isso agora. É como se o meu corpo não tivesse mais capacidade de carregá-los.  

- Sentimentos por Lauren? – Questionou de imediato.

Camila hesitou por um segundo, porque aquela era a primeira vez em anos que diria aquilo. Eram palavras que passou tempo demais tentando convencer a si que não voltaria a repetir, nem sequer sabia se era capaz de pronunciá-las.  

- Sim... – Ouviu a própria voz sair. – E eu não sei o que fazer com eles. – Adiantou-se. Jacob voltou a olhar a carta com resignação, tentando digerir a quantidade de informações que recebera e era justamente aquilo que a preocupava. - Jake? – Camila chamou a atenção do homem para si e a ganhou. – Tudo mudou...

- Não tudo... não os seus sentimentos. – Considerou. 

- Eu mudei! – Contestou. – A pessoa que eu sou hoje... eu não acho que ela saberia viver sem você. – Enxugou algumas lágrimas que escorriam contínuas. – Na maior parte do tempo eu nem quero descobrir se saberia ou não, eu só quero voltar para casa e te encontrar aqui. – Camila esticou uma das mãos e tocou o rosto de Jacob. – Porque você é meu companheiro de anos Jake, desde antes da gente se casar você já era a única pessoa com quem eu podia realmente contar. Você é a minha vida agora, eu não sei fazer isso sem você.

- Você já fez isso uma vez... – Contrapôs num tom baixo e segurou a mão delicada da mulher em seu rosto. – Viver sem mim. – Completou.

- E claramente não funcionou. Talvez, eu não deva tentar de novo. – Lamentou chorosa.

- Você sente falta da antiga você? – Perguntou.

- Sim. – Admitiu porque sentia, era inegável que sentia.  

- Por que você não tenta encontrá-la? – Sussurrou. – Eu prometo não ir a lugar algum até que você se sinta capaz de novo.

- É tão egoísta, fazer você passar por isso... – Contrapôs horrorizada.

- Eu fui egoísta muitas vezes e você continua aqui! – Camila não se convenceu, sentia-se péssima. – Venha cá? – Jake abriu os braços para que Camila se aninhasse nele. O que ela fez prontamente deixando que seu choro encontrasse abrigo no tecido desbotado da camisa dele, sentindo o cheiro e o conforto familiar. Envolveu-se entre os braços dele, com a mesma necessidade de segurança que um navio ao encontrar porto seguro no meio de uma tempestade. – Nós não podemos e nem vamos fazer de conta que o aconteceu não existiu, mas eu não pretendo fazer isso ser mais complicado para você do que já é. Que tipo de pessoa eu seria se fizesse isso, sabendo de tudo que eu sei? Tendo feito todas as coisas que eu fiz? Eu não estou sendo seu marido aqui, Mila, estou sendo o que você precisa que eu seja nesse momento! – Camila entrou naquele quarto temendo ser condenada, porque sabia que sua atitude era condenável, no entanto, encontrar abrigo naquele que deveria incriminá-la foi ainda mais penoso. O alívio das palavras ditas por Jake lhe fez romper num choro pesado. – Não chora! - Ele pediu apertando-a contra si. – Tudo vai ficar bem...

Os dois permaneceram na mesma posição até que Camila se acalmasse. O que levou algum tempo, pois seu choro era muito mais que um choro. Era um desabafo que não caberia dentro de nenhuma palavra. Era um choro de incapacidade e desalento, de quando a gente se sente pequeno numa vida grande demais. Jacob não evitou que algumas lágrimas caíssem junto com as dela, mas seu choro era a ciência de que tudo havia mudado... mais uma vez.


I need you (just a little patience)
I need you (is all you need)
This time

Eu preciso de você (só um pouco de paciência)
Eu preciso de você (você é tudo que preciso)
Nesse momento

No entanto, Jacob esperaria pacientemente até que Camila estivesse pronta para essa constatação. Não poderia abandoná-la, nem sequer conseguiria. Era generosidade, mas também mesquinharia, porque ele, tampouco, sentia-se capaz para deixá-la ir. Não adiantaria os fatos, embora soubesse que, inevitavelmente eles viriam. Esperaria...   

A paciência é um dom porque a espera é uma das formas mais gentis de lutar. No campo de batalha das guerras impraticáveis que formam a vida, esperar é resistir.


Notas Finais


https://www.youtube.com/watch?v=ErvgV4P6Fzc

Aguardo comentários.
Qualquer coisa berra no @Clara_Decidida.


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