História Time for Us - Its friday, Im in love with the music in you

A melodia lutava contra as paredes do cômodo, ecoando pelo corredor. O som doce e harmonioso em breve reuniria um pequeno grupo de curiosos junto às janelas de vidro do salão do coral. As notas do violino seduziam a todos, mas talvez restasse alguma dúvida se o que os deslumbrava era, de fato, a habilidade de quem manejava o instrumento ou a beleza da referida pessoa.

No interior do salão, a herdeira dos Tyrell se perdia em sua própria composição, desatenta à plateia que lhe observava. Os olhos fechados, a respiração calma e o toque gelado da madeira do violino em sua clavícula a levavam longe de seus pensamentos.

Restara assim por alguns minutos a mais, mas ao se aproximar do crescendo, ouvira a porta da sala se abrir. Em outras circunstâncias, o rangido não seria o suficiente para que perdesse a concentração, mas a visitante em seu presente domínio o fizera por um breve momento e só percebera que parara de tocar quando notara finalmente a multidão que começava a se dissipar.

Margaery rira dos poucos que restavam junto às janelas, esperando acompanhar o desenrolar dos eventos. O olhar de interrogação em sua companhia seguiu o seu pensamento e a expressão da mulher se tornara tão severa que afugentara os alunos restantes.

“Até parece que eles não têm pilhas de artigos para escrever”, dissera Sansa incomodada. Margaery sorrira para o estado de espírito de sua namorada. Era incomum que a Stark estivesse em tão mau humor, mas quando ocorria, a Tyrell se deliciava com o divertimento que conseguia extrair dos momentos de fúria da mais nova.

“Bem, um pequeno concerto não fere a ninguém”, falara pensativa, dando risadinhas para a expressão dura da outra mulher. “Espero que tenha um bom motivo para me fazer voltar à realidade tão cedo”. A reclamação fora feita em tom de brincadeira e, ainda assim, fizera Sansa morder o lábio inferior de forma nervosa.

Enquanto aguardava uma resposta, a morena se abaixara para guardar o instrumento em sua caixa correspondente e voltara-se para junto da ruiva. Observara novamente as janelas e vendo que se encontravam sozinhas, levara sua mão ao encontro do rosto da nortenha. “O que houve, minha lobinha?”.

“Seu irmão me disse algo...Algo que me deixou...pensativa”, a ruiva dissera vagamente e Margaery focara em sua linguagem corporal. Os braços da mulher estavam cruzados diante de seu corpo como se ela procurasse se proteger do contato e da mesma forma, olhos azulados da nortenha se desviam do seus.

“O que ele disse?”, Margaery perguntara cautelosa. A tensão no corpo de Sansa se transferia para o seu, mas mantivera o toque de seus dedos junto àquela pele alva. Ajeitara os fios ruivos que se rebelavam pelo rosto da nortenha e sentira que esta segurava a respiração para soltá-la num longo suspiro.

“Ele pode ter insinuado que você se sente pressionada...com a seriedade do nosso relacionamento”, o rosto de Sansa se contorcia como repúdio às próprias palavras. “Ele disse que talvez estejamos nos apressando demais”.

“Você acha que ele está correto?”, Margaery retribuíra magoada. Uma certeza que cercava sua mente era de que Loras morreria jovem e de uma forma dolorosamente cruel.

“Eu sinceramente não sei, Margaery”, respondera sem forças. “Eu só sei que concordamos em morar juntas, mas você tem passado mais e mais tempo no campus e isso me faz questionar se o passo que demos foi grande demais”.

Desta vez, Sansa levara sua mão de encontro à de Margaery, que agora massageava seu cabelo, e a puxara para sua boca para conceder-lhe um leve beijo. “Quero crer que você só precisa de tempo para se ajustar, mas fica cada vez mais difícil acreditar nisso”.

“Sansa...”, começara a morena perplexa. “Você é o primeiro relacionamento sério...verdadeiramente sério que tenho, mas eu estou inteiramente disposta a lutar por ele. Meu irmão não sabe o quanto estou investida, porque ele nunca me viu dar esse tipo de passo”, ela completara e evolvera a nortenha em um abraço apertado. “Eu não preciso de tempo, eu estou apaixonada por você e pelo que temos e isso não vai mudar”.

O aperto de Sansa se intensificara e a morena sentira as palavras serem proferidas de encontro à pele quente de seu pescoço, lhe causando arrepios. “Então, por que ficas longe de mim?”.

Os dizeres eram como ganchos fincando em seu coração. Odiava fazer a ruiva se sentir insegura, principalmente quando o que tinham era tão novo, mas tão intenso.

“É bobagem, na verdade...”, começara e Sansa levantara a cabeça de seu ombro para observá-la. “Eu sei que você está passando por um período conturbado tentando escrever o seu livro, preparar material, corrigir provas e com as reuniões dos grupos acadêmicos. Eu pensei que seria melhor não te distrair nestas últimas semanas e isso vem me matando, mas não suportaria te roubar o tão pouco tempo que você tem para fazer isso tudo”.

Sansa balançara a cabeça em incredulidade e rira livremente. “Idiota”, dissera e então agredira o braço da morena com um tapa.

“Ai, mulher. Eu tento ser cavalheira e você me bate?”, exclamara a morena e fora interrompida por um beijo caloroso. A Tyrell se vira sem fôlego e levemente desajustada quando se separaram, mas tinha um sorriso no rosto que combinava com o da Stark.

“Qualquer tempo com você não é perda de tempo. Eu quero você lá comigo, ainda que eu esteja morrendo com milhares e milhares de coisas para fazer”.

“Ah”, Margaery falara desnorteada.

 “Idiota”, Sansa sorriu e se aproximara para beijá-la novamente.