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História Time Loop - Cuidado com o que deseja.


Escrita por: InoueMukuro

Notas do Autor


Eis que eu lhes trago a segunda e ultima parte dessa Fanfic.
Eu espero que tenham se divertido e curtido como eu curti escrever.
Eu agradeço muito por todos os comentários e apoio. Essa trama está postada também no Spirit.

Felipe, obrigada por sua grande ajuda e sugestões♥
Miriam, eu lhe desejo tudo de bom em sua vida, e que seus desejos também se realize. Feliz aniversário♥

Capítulo 2 - Cuidado com o que deseja.


Como anteriormente, o casal repetiu o restante do encontro e passaram pelas barracas do festival. Mal conseguiam se olhar. Eram inimigos e tinham se beijado. Pior, precisavam repetir o beijo… Pior, aquilo tinha sido vergonhosamente bom!

 

O tempo parecia passar arrastadamente, ao passo que as cenas se repetiam ao redor. Finalmente o show de fogos foi anunciado no microfone por um Andromon. Encaminharam-se para as escadarias do templo.

A situação parecia mais constrangedora a cada minuto, a sensação era de que havia um letreiro em suas testas a contar para o mundo aquele segredo. A menina mordia a parte interna da bochecha, enquanto seu coração parecia que saltaria do peito. Já o menino limpava a mão suada, na lateral de sua roupa, não sabendo como lidar com aquele misto de frio e calor que o acometia.

 

Os olhares se elevaram quando os fogos começaram a colorir o céu. Era incrível que mesmo vendo aquilo tantas vezes ainda parecia tão bonito! Kaiser olhou para Miyako em sua bela configuração de festival e, notou que ela estava a mais de uma hora com a maçã do amor na mão e sem morder nenhum pedaço.

 

“ Vai atrair formigas. Você enjoou? “ Ele rompeu a distância e a questionou ao ouvido. Julgou meigo quando ela ruborizou.

 

“ O que? “ Miyako virou desentendida e, ele apontou a maçã. “ Ah, não! É que estou muito nervosa!” Respirou profundamente.

 

Ele achava engraçado como ela era direta e transparente.

 

“ Dessa vez vai dar certo.” ele tirou a maçã da mão dela e entregou para um Digimon qualquer que passava por perto. “ Vamos. “ a conduziu para o topo da escada onde pararam de frente um para o outro.

 

Ambos tiraram os óculos e os colocaram sobre uma meia pilastra. Aquilo ainda parecia tão difícil quanto foi a horas atrás. Um tanto desajeitado Kaiser tentava envolver a cintura de Miyako com os braços, ela por sua vez, o envolveu pelo pescoço. A garota tinha razão quando disse que era um pouco mais alta.

 

“ Tudo bem? “ ele perguntou, nervoso.

 

“ Sim, acaba logo com isso. “ decretou Miyako e fechou os olhos.

 

E dessa vez ele não deixou que fosse ela a ter iniciativa. Seu orgulho ainda estava ferido por antes. Apertou o abraço, embrenhou a mão pelos longos cabelos lilases e, aproximou os rostos selando um beijo bem mais demorado e caloroso que o primeiro. O  cenário a volta parecia girar e os ruídos do festival; Fogos a estourar, vozes, gritaria… perderam o volume.

 

Um clarão tomou conta do local e… Voltaram mais uma vez para o começo do encontro. Novamente estavam sentados na mesa redonda e de frente um para o outro. Kaiser bateu na testa e Miyako quedou o tronco sobre a mesa.

 

“ O que fizemos de errado, afinal? “ Dramatizou Kaiser, incrédulo.

 

“ Acho que aquela hora no teatro, saímos do cronograma.” observou a menina. “ Vamos reviver tudo novamente!”

 

“ Faz sentido. Seu cronograma de encontro perfeito só tinha beijo na hora dos fogos.” Kaiser suspirou exausto. “ Vamos reviver tudo novamente. Estou ficando louco!”

 

“ Você já é louco. “ Ela respondeu provocativa.

 

“ Não vamos começar com isso. Se  a gente brigar, vai sair do cronograma mais uma vez.” Observou o imperador.

 

“ É, você está certo. Quem diria que um dia eu iria ver você pregando a paz.”

 

“ Tudo pra acabar com essa tortura.”

 

“ Você não pareceu ter se sentido torturado durante o beijo.” Miyako apontou direta, ruborizando com a lembrança.

 

“ Isso é…” Dessa vez foi Kaiser quem ruborizou. “ Não foi ruim.” Dobrou um guardanapo nervosamente. ", mas se você contar pra alguém, juro que…”

 

“ Você é louco. Eu nunca contarei um absurdo desses para alguém. Espero que você também não conte. “ Ela vociferou zangada.

 

“ E para quem eu contaria? Wormmon?”

 

Os dois riram imaginando a cena, e todas as perguntas que o Digimon faria sobre o assunto. Discretamente Miyako observou que não deixava de ser triste o fato dele não ter amigos.

 

(...)

 

Na hora de assistir à peça de teatro pela ‘milésima” vez, ambos estavam entediados. Miyako voltou seu olhar para as fileiras de trás e corou ao se lembrar do beijo. Pelo rubor feminino, Kaiser deduziu onde seus pensamentos estavam.

 

“ Quer ir lá pra trás? “ Convidou em tom sugestivo.

 

“ NÃO! Ichijouji-kun… Não podemos… Tem que ser na hora dos fogos, lembra?” Ela respondeu gaguejando.

 

“ Eu não sugeri isso, Inoue-san. Eu disse ir lá pra trás conversar e não repetir o que fizemos da outra vez.” Ele deu um sorriso traquina.

 

" Você quer conversar comigo?” Ela estava chocada.

 

" Por que o espanto, já fizemos coisa pior?” Kaiser respondeu como se fosse o óbvio.

 

Ele tinha razão. Ela constatou. Não tinha porque não conversar. E foram eles mais uma vez para última fileira e conversaram. Na verdade Miyako tagarelou quase sem parar para respirar. Ela já era eloquente, mas estava nervosa por ter dado seu primeiro beijo naquele local e naquela pessoa. Então se focou em mil e um relatos sobre sua louca vida ao lado de seus pais, seus irmãos, amigos e Poromon.

 

E quando a menina terminou de falar, já estavam no ambiente do festival. Ignoraram toda a celebração, as barracas, comidas, brincadeiras e seguiram direto para a escadaria do templo. Kaiser sabia que era sua vez de falar algo, até porque ele deu a ideia, mas contar sobre o que? Talvez sobre algo que ela se interessaria, como a nada emocionante vida de “Ichijouji Ken.”

 

Ele começou timidamente, mas tinha tanta revolta guardada dentro de si que, quando viu já estava despejando tudo naquele relato. Nunca falou sobre sua vida e sentimentos, assim com a “verdade nua e crua”. Eram muitas dores, mágoas e indignações acumuladas e, ele as vomitou de uma só vez, de forma tão natural que surpreendeu a si mesmo.

 

" Eu não sabia..." Miyako estava com os olhos cheios de lágrimas. " Nunca poderia imaginar. Eu sinto muito por tudo isso. Por seus pais nunca terem visto seus sentimentos, por toda situação com seu falecido irmão e por todo mundo que espera a perfeição vinda de você e fica de objetificando e cultuando como se você fosse... Inclusive agora me sinto uma idiota.” Ela cobriu o rosto se sentindo minúscula e infantil.

 

" Engula seu choro, criatura inferior! Eu não quero a sua pena. Eu sou melhor que aquela família idiota. Meu irmão não passa de ossos debaixo da terra. Eu sou superior em tudo e, o Mundo Digital é minha maneira de provar isso." Ele socou a palma da mão.

 

" Hey, para com isso. Não precisa bancar o durão! " dessa vez foi ela quem o envolveu em um abraço, o deixando sem reação. "Você não é tão mau. É só um garotinho incompreendido." Ela acariciou docemente os cabelos desgrenhados.

 

" O que? O que você pensa que está fazendo? " Murmurou embaraçado forçando timbre zangado. "Pare com isso. Está me sufocando! " Kaiser ordenou sem muita convicção.

 

Na verdade ele não tinha muita certeza se queria sair daquele abraço e que ela parasse de correr os dedos pelos seus cabelos. O atrito das unhas de Miyako a deslizar pelo couro cabeludo, era algo tão inexplicavelmente relaxante.

 

" Nada te impede de se soltar. " Miyako declarou em tom zombeteiro. Ela supôs que orgulhoso como ele era, certamente o garoto se soltaria, mas não… Kaiser permaneceu estático e sem voz. Ela em toda sua inocência juvenil jamais saberia medir o tamanho do peso emocional que aquilo representava para ele.

Miyako cresceu amada e acariciada pelos pais e irmãos, nunca lhe faltou um colo, afago nos cabelos ou mesmo as divertidas cócegas, então, para ela um abraço não tinha tanto impacto. Já Kaiser crescera na solidão de um lar frio, rígido e assombrado por perdas, culpa e depressão. O garoto não soube o que era um colo, um abraço ou um afago, mesmo quando realmente precisou.

O tempo pareceu saltar, em um piscar de olhos os fogos já estavam a estourar no céus. Eles se olharam sincronizados e selaram um beijo que pareceu ser bem mais intenso do que todos os anteriores, até porque, certamente seria o último.

O clarão azul os envolveu e… Não poderia ser verdade. Mas era… Novamente o mesmo começo, a mesa, a comida, tudo a se repetir e eles já não sabiam mais o que fazer. Parecia não ter saída e ficariam presos naquele loop.

Então… comeram desanimados e em clima mórbido. Na hora do teatro eles se aconchegaram um ao outro e adormeceram. Na hora do festival apenas ignoraram tudo e todos e foram para as escadarias, onde sentaram e ficaram esperando a hora do recomeço.

 

" Você quer fazer isso, mesmo sabendo que não vai dar certo?" Kaiser questionou acariciando a maçã do rosto da menina.

 

" Talvez uma hora funcione. " respondeu tristonha. " Me desculpe por ter te prendido nisso.”

 

" Ao menos beijar você pra sempre não é de todo ruim.” Ele realmente disse sem filtrar.

 

" Isso é um elogio? Estou ouvindo direito?! Miyako se espantou.

 

" Não. é só que…” O menino realmente se perdeu nas palavras, não tinha como corrigir ou voltar atrás. ” Cada vez é diferente e é realmente bom.” A última frase foi sussurrada como um segredo.

 

" Cada vez…” E tinha sido muito fofo ele dizer aquilo, mas Miyako acabou analisando a frase e tendo uma luz. ”Olha eu acho que entendi onde estamos errando. " Parou analitica. BINGO!”

 

" Diga logo. " Apressou Kaiser, impaciente.

 

" Nunca tem sido um encontro perfeito de fato. Estamos comendo sem vontade, negligenciando a peça e deixando o festival de lado. Se for levar em consideração a única parte que estamos acertando é o..." Inoue parou enrubescida.


 

“ O beijo? “ Ele completou, não muito diferente da menina.

 

“ Sim. Dessa vez vamos tentar fazer tudo certo, passar por todas as etapas e bem… Vai ser nosso primeiro e último encontro.“ Ela deu um riso fraco.

 

Ele a puxou para si e a encostou com as costas contra pilastra. Ela estranhou, afinal era cedo demais para o show de fogos, mas também não recusou quando foi beijada. As mãos de Inoue embrenharam-se pelos cabelos revoltos do garoto, ao passo que as dele confundiam-se entre as longas madeixas lavanda, costas e cintura, em um explorar tímido e afetuoso. Eles realmente poderiam se acostumar com aquilo…

 

/.../

 

Lá estavam eles novamente, sentados na mesa redonda. Dessa vez decididos a fazer tudo certo. O almoço não estava ruim, embora fosse o mesmo de sempre. Comeram comportadamente e até descobriram que se fizessem novas combinações poderiam ter sabores novos, o que ajudou bastante.

 

Ao final do jantar agradeceram a Digitamamon e aos Gotsumons. E assim, foram transportados para o teatro. A peça já conhecida de cor, teve início. Então Miyako observou um detalhe.

 

“ Sabe que eu ri muito com essa peça. Os fantasmas são os vilões, mas… Na verdade, olhando bem, eles só queriam seu lar de volta.“

 

“ É… Faz sentido. Só que a peça tem um cunho cômico muito acentuado e não percebemos a mensagem embutida. Os Gekomons foram romantizados e os Bakemons foram demonizados e com essa visão estabelecida e maquiada, nós fomos enganados.“

 

“ O mais triste é que no final eles são exorcizados e mandados para outra dimensão. Poxa! Eles só queriam a casa deles de volta.“

 

Ficaram discutindo sobre a peça e Geniemon surgiu. sentado na cadeira atrás deles, bebendo refrigerante em um copo de canudo e fazendo um ruído irritante ao sugar o líquido.

 

“ Então vocês conseguiram ver além do que é mostrado. Finalmente. Parabéns!“

 

“ Você? “ Kaiser se levantou encolerizado. “ Está nos sacaneando para se divertir às nossas custas.“

 

“ Eu não. “ O digimon gênio levou certa quantidade de pipoca na boca. “ Vocês que fizeram tudo errado. Acho que fizeram de propósito para ficar trocando beijinhos o tempo todo.“ Declarou com a boca cheia.

 

“ Como se atreve? “ vociferou Miyako vermelha como um tomate.

 

“ É ela quem está ficando viciada em me beijar toda hora. “ provocou  o menino. Ele achava bonito quando ela ficava enfurecida.

Miyako rugiu ofendida e furiosa.

“ Oras seu lunático eu vou te mostrar quem…” Ela já preparava o punho, mas se lembrou de que se batesse nele o encontro se repetiria. “ Você está fazendo isso de propósito? “ acusou.

 

“ Não, é que eu acho que você fica bonita zangada. Pensando bem, não seria ruim se você ficasse do meu lado. “ a segurou pelo queixo. “ Não vai dizer que não gostou dos nossos momentos.”

 

“ Ichijouji-kun? “ Ela se encolheu ruborizada. “ O que pensa que está fazendo? Não posso concordar com a dominação do Mundo Digital só porque seu beijo é bom.“

 

“Então você gosta? “ Ele insistiu. “ Talvez eu escreva meu e-mail naquele seu diário bobo, caso você mude de ideia.”

 

“ Ichijouji-kun, você está debochando de mim?”

 

“ E se não estiver? Isso te deixaria confusa?“

 

“ Aí vocês dois são muito complicados! porque não se declaram logo e se casam.” resmungou o Digimon largando a vasilha de pipoca e os empurrando um para o outro.“ Podem desejar uma grande festa, comidas, bebidas, riquezas.“

 

Ele os transfigurou em noivos.

 

“ Não temos idade para casar. Meus pais dariam um chilique se soubessem que já dei meu primeiro beijo“ informou Miyako admirando o vestido.

 

“Primeiro? E o segundo, terceiro, quarto e por aí vai…” Kaiser fez piada.

 

Miyako abriu a boca ultrajada, pronta para achincalhar o inimigo, mas uma forte luz azul resplandeceu e foram parar no ambiente do festival já com outros trajes.

 

Ele a olhou longamente, sabia que seria a última vez que a veria naquele Kimono bonito. Em partes era bom, pois, poderia fazer seu desejo e sair daquele loop, no entanto, parte dele sabia que voltaria a solidão de antes. Kaiser era acostumado a ser solitário, no seu parecer, até se agradava disso, mas tinha se acostumado com a companhia louca de Inoue.

 

“ Ichijouji-kun?” Ela o puxou pela mão e o tirou do meio do caminho, exatamente como na primeira vez.“ Vai ficar a comer moscas?“ Miyako soava divertida, mas também estava meio angustiada e não sabia o porquê.

 

Saíram da rua e o Gazimon com roupas de samurai fez o convite para brincar de jogar a bola na boca do palhaço. Sorriram em concordância. Miyako observou o quanto era bonito quando ele sorria sem deboche e malícia, parecia outra pessoa.

 

Brincaram em todas as barracas e, dessa vez o menino não estava com gana de humilhar a inimiga nas competições, ele até a deixou ganhar algumas. Era estranha aquela sensação incômoda de nó no estômago. Talvez fosse ansiedade por fazer seu desejo. Talvez fosse por estar prestes a beijar Miyako pela última vez… Eram muitos os “talvez.”

 

Miyako não estava muito diferente. Estava ansiosa para rever Poromon, sua família e amigos. Estava se divertindo o máximo que podia, ou tentando. A sensação de perda já fazia seu peito doer. A dúvida sobre como ia ser a relação com o inimigo de agora em diante, fervilhava em sua mente. O medo de qual desejo seria feito por ele, a deixava apreensiva.

 

E o momento chegou, dessa vez tinham feito tudo certo? Eles se questionavam na troca de olhares, quando já estavam frente a frente e os fogos começavam a colorir os céus.

 

“Então… O último beijo?“ Questionou Kaiser.

 

“É, o último beijo e nos libertamos desse loop.” Miyako sorriu melancolicamente.

 

A distância foi rompida e se envolveram em um abraço caloroso, afetuoso. Demoraram um certo tempo só trocando olhares, aquela era mesmo a última vez. Sabiam que deveriam se beijar antes que o show de fogos acabasse, então… Os olhos se fecharam e as faces se aproximaram e inclinaram-se facilitando o encaixe  entre os lábios.

E talvez por ser o último, aquele pareceu o melhor beijo de todos. Aprofundaram de corpo e alma e, era como se nem pudessem sentir o chão sob os pés. Nem aperceberam-se de que os fogos já tinham terminado, o clarão já os tinham envolvido e o ambiente do festival já se desfizera e sim… Aquele tinha sido o encontro perfeito desejado por Miyako.

Quando os lábios se separaram na ânsia por buscar o ar, os olhos se abriram e o casal se concientizou do ambiente ao redor. Encontravam-se sobre a grande árvore velha que os tinham absorvido. Estavam livres daquele loop, finalmente.

 

A sensação de alívio foi comemorada com mais um acalorado abraço, onde a garota foi  levemente erguida do chão, e uma sucessão de pequenos beijos entre risos, até que…

 

“Eu não posso crer no que eu estou vendo!” Bradou Daisuke estarrecido, atrás dele estava todo o grupo de Digiescolhidos com as bocas abertas, sem reação.

 

“Daisuke!” Exclamou Inoue envergonhada, se soltando dos braços do inimigo.“Não é o que parece…“

 

“Hawkmon veio até nós, ele estava preocupado porque você desapareceu… Com ele! “ Apontou Hida, escandalizado.” Ah! Miyako-san, o que os seus pais diriam?“

 

“Não me conformo. Você colocou um Anel Negro na minha parceira? Ela está sendo controlada.“ Acusou Hawkmon.

 

“Ah! vão se ferrar! Este drama todo só porque a amiga de vocês têm uma quedinha por mim. Não controlo ninguém. Isso tudo é fruto do desejo dela!“ Kaiser defendeu-se enquanto Wormmon correu para seu pé e se esfregou a ele como um bichano.

 

“Que bom que você está bem. Eu fiquei preocupado.“ Ele parecia alheio a toda a tensão do momento.

 

“Isso tem explicação?” Takeru falou mais para si, grande era seu espanto.

 

“Miyako-san, você deve ter explicações convincentes.” Hikari tentou entender o lado da amiga, embora aquilo parecesse impossível.

 

“Tenho uma explicação, mas é longa, cansativa e confusa e eu estou exausta agora. Só posso dizer que tudo começou com isso.“ Como seus habituais trajes já tinham retornado, sua mochila também voltou e ela a abriu e mostrou o diário. “ Eu o perdi aqui e voltei para buscar.”

 

“Essa parte Hawkmon nos contou. Só queremos saber como você terminou de amassos com esse cara?“ Daisuke vociferou.

 

E uma acalorada discussão teve início, todos falavam ao mesmo tempo, inclusive os Digimons. Kaiser foi ameaçado, uma vez que ele estava entre inimigos e sem a proteção de seus escravos. Ele tentou pegar o comunicador, mas Takeru o fez derrubar o objeto que foi chutado para longe e quebrado por Iori.

 

Ichijouji podia praticar artes marciais, mas estava em confronto corporal contra três. As garotas gritavam para tentar parar a confusão, mas os meninos queriam tomar o digivice negro de Kaiser e trancá-lo para fora do Mundo Digital.

 

Kaiser teve o Digivice tomado e já estava sendo arrastado para um televisor que estava nas proximidades. Miyako ainda era a única que sabia sobre a verdadeira identidade do menino, mas na confusão ele acabou por perder seus óculos e isso o fez ser descoberto.

Inoue não sabia como proceder, ela não podia ficar a favor do inimigo, mas não queria vê-lo em apuros com seus amigos. Na correria para apartar a briga, a lâmpada caiu de sua mochila. Kaiser não perdeu a oportunidade e gritou seu desejo:

 

“Eu desejo que todos que estejam contra mim, desapareçam para sempre!” Berrou ele, deixando a todos sem entender.

 

Diante dos olhos arregalados, Geniemon surgiu em sua fumaça azul.

 

“Seu desejo é uma ordem!”

 

Kaiser se soltou entre gargalhadas, enquanto observava os inimigos se desmaterializando lentamente em sua frente.

 

“Toma essa, seus babacas! Eu ganhei e vocês perderam, fracassaram, falharam… Fim de jogo, otários!“ Glorificou, vitorioso.

 

“Ichijouji-kun…” Inoue chamou lamuriosa.

 

“Agora não, Inoue-san. Estou me vangloriando em cima desses… “Ele se calou desacreditado e, virou-se lentamente, espantando-se ao ver a menina se desmaterializar.” INOUE-SAN!“ Sem pensar, correu em direção a ela que, lhe estendeu a mão, mas ele não conseguiu segurá-la.

 

Todos se foram. Todos que se opunham a ele e seus planos. Inoue se fora, ela sumiu em sua frente e nada sobrou dela. Na verdade, aquele diário bobo ficou caído sobre a relva. Kaiser caminhou desolado e apanhou o objeto o apertando contra si.

 

“Traga Inoue de volta! Eu uso meu último desejo para trazê-la de volta.” Kaiser ordenou desesperado.

 

“Nananina não!” Geniemon ergueu o indicador.“ Não posso desfazer um desejo. Lembra?“

 

“Então volte o tempo.” Rebateu o imperador.

 

“Se eu voltar o tempo, sua memória vai ser a mesma daquela hora e não dessa e você vai repetir o desejo.“ Geniomon explicou.

 

“Me faça viajar no tempo. Contarei ao meu eu do passado…“ Sugeriu.

 

“Você criaria uma nova linha do tempo, mas voltaria para essa onde nada mudaria.” Esclareceu o Digimon gênio.

 

Kaiser coçou os cabelos revoltos e se sentou sobre a relva. Wormmon arrastou-se até ele e o olhou piedoso.

 

“Ken-chan… O que você fez?“ Wormmon questionou hesitante.

 

“Fui um idiota, Wormmon. Eu não posso fazer nada para reverter isso.“ Finalmente ele não deu uma resposta hostil ao parceiro que sempre esteve ao seu lado.

 

“Bom, eu vou relaxar um pouco e sair desse clima mórbido de coração partido. Quando decidir o que desejar, me convoque.“ Geniemon desapareceu na fumaça.

 

Kaiser ficou ali refletindo e sentindo a dor do próprio erro. Ele retornou para sua base, mas não havia nenhum escravo. Estranhando o fato, resolveu fazer uma varredura, mas… Aquele mundo estava vazio.

 

“Todos os Digimons desapareceram?” Questionou confuso.

 

“Ken-chan, nenhum Digimon era a favor de virar seu escravo” Wormmon expôs o óbvio.

 

Kaiser socou o monitor, enfurecido com as circunstâncias e consigo mesmo. Ele era imperador de um mundo vazio! Inconformado, fez uma varredura maior, mas não encontrou nenhum sinal de vida.

 

Cansado, apanhou o diário da menina e sacou seu digivice negro, retornando para seu quarto. Talvez ele pensasse em formas de criar Digimon a partir dos dados de Wormmon? Mas e Miyako… Talvez ele a esquecesse. Só talvez…

 

Ele tinha que seguir a vida… A vida que ele odiava. Tudo sempre igual. Representar a escola em olimpíadas estudantis, vencer nos esportes, dar entrevistas motivacionais. Ganhar mais um troféu, tirar mais uma foto, autografar para mais um fã… Expor publicamente sua opinião sobre isso e aquilo.  Suportar seus pais sempre ocupados com o trabalho ou com sua fama, nunca o enxergando.


 

A medida que as semanas foram passando, os jornais começaram a noticiar sobre o misterioso caso do desaparecimento do grupo de crianças. Ken assistiu às notícias, viu o choro dos pais, irmãos e amigos dos digiescolhidos. A culpa lhe tirou o sono nas noites, assim como as lembranças  e a saudades que sentia de Inoue.

 

As páginas daquele diário foram lidas e relidas. Cada vez que ele as lia, sentia-se mais conectado a Miyako, lhe doía ter debochado dela a primeira vez que tocou naquele objeto... Ela era inocente e sonhadora. Tinha muitos medos, fobias, mas estava vencendo todas com a ajuda de amigos, Hawkmon e o apoio familiar.

 

Ele deu um sorriso triste quando leu as partes em que ela falava sobre “Ichijouji Ken”. Imaginou o quanto devia tê-la desiludido com sua revelação. E Ken chegou a imaginar que se houvesse uma chance ele gostaria de tentar ser “daquela forma” para ela. 

 

Sua idéia de tentar criar vida digital através dos dados de Wormmon, foi um fracasso total. Ele sabia que era inútil desejar que existissem novos Digimons, pois Geniemon já havia dito que não poderia trazer ninguém a vida. Como era uma espécie que já existiu, entraria naquela regra.

 

 

Um certo dia, onde as agruras do mundo real o estava levando a loucura, ele decidiu caminhar por aquele mundo deserto. O Mundo Digital estava morto. Kaiser sentou-se sobre a mesma pedra onde leu o diário de Miyako pela primeira vez.

 

Ele riu ao se lembrar de como a menina surgiu furiosa, o atacando. Subitamente seus olhos lacrimejaram. Vinha tentando se focar em sua perda do Mundo Digital, para reprimir a falta enorme que sentia dela. No tempo inestimado que ficaram naquele loop, Miyako esteve perto dele como ninguém jamais estivera.

 

Ele a queria de volta. Ele sabia que não merecia, mas a queria de volta…

 

“Tem que haver alguma maneira!” Murmurou angustiado.

 

“Ken-chan…” Wormmon também não estava bem em ser o único Digimon e nem em ver seu parceiro cada dia mais depressivo.” Tem que ter algo que possa corrigir isso.“

 

“E tem.” Geniemon surgiu ao lado de Wormmon, respondendo seu questionamento. “Mas ele precisa descobrir sozinho.”


 

Coincidentemente, neste momento Kaiser se levantou como se tivesse tido uma luz. Procurou a lâmpada no bolso de seu casaco e a retirou, esfregando logo em seguida.

 

"Bem… O dever me chama!" Disse o Digimon gênio, piscando para Wormmon e sumindo.

 

Wormmon ficou ansioso, não sabia o que esperar e a julgar pela fragilidade emocional de seu parceiro, mais um desejo errado poderia ser feito.

 

A fumaça azulada tomou forma na frente de Kaiser.

 

“Qual é o seu desejo?” Geniemon perguntou enfático. “Escolha bem as palavras.” Alertou.


 

Kaiser respirou fundo e inalou pela última vez o aroma que estava nas páginas do diário, antes de responder com toda a convicção.

 

“Eu desejo nunca ter encontrado este diário e que tudo isso fosse apenas um sonho.”

 

Geniemon pensou, analisou e bem… Talvez aquilo pudesse estar burlando a regra de desfazer um desejo, mas… Uma espécie foi eliminada e talvez não fizesse mal abrir uma exceção.

 

Os grandes deuses do Mundo Digital, já não existiam e, consequentemente não poderiam censurar. Ele se reclinou no ar e fez surgir um grande pergaminho o qual leu, releu, considerou e decidiu.

 

“Seu desejo é uma ordem…” Estalou os dedos.

 

Kaiser se viu rodeado em uma fumaça azul. Ele foi envolvido em um redemoinho de memórias e acontecimentos passando ligeiros em sua frente.

Era pouco mais de 1h da madrugada, quando Ichijouji Ken acordou em seu quarto, no mundo real. Sua cabeça estava confusa e ele sentia que precisava de um copo de água. Levantou-se e seguiu para cozinha. Pegou sua água e dirigiu-se para a sacada.

 

O céu estava escuro e as luzes da cidade brilhavam intensamente. Ele se sentou no chão, angustiado… Uma estranha sensação de perda amargava em sua boca. Era como se ele estivesse se esquecendo de algo muito importante.

 

Abraçou os joelhos e quedou a cabeça apoiando-a sobre eles. O que ele não conseguia se lembrar? Qual a real importância dessas memórias  perdidas? Talvez fora algo especial que ficaria guardado para sempre no fundo de um baú empoeirado, trancafiado nos recônditos de sua mente complexa. A verdade era, agora mais  do que nunca ele sentia-se flagelado por uma solidão aguda.

 

(...)

 

Miyako despertou ofegante. Saltou de sua cama e acendeu a luz. Poromon acordou atordoado com a confusão e, quando mirou a parceira; a menina estava revirando sua mochila, parecendo preocupada. Ao encontrar seu diário, ela respirou aliviada.

 

“Qual o motivo dessa agitação?” Questionou o Digimon, sonolento.

“Eu… Não sei!” Miyako realmente não sabia explicar.

Ela sentou-se confusa. Porque acordou procurando seu diário? Porque parecia estar se esquecendo de algo importante? Poromon voltou a dormir e a parceira abraçou o travesseiro e jogou as costas contra a cama.

Inoue tinha uma inexplicável ansiedade. Era a mesma sensação de quando fazemos uma travessura e tememos ser descobertos, mas qual fora a travessura, afinal? Era como se ela tivesse um grande segredo a ser preservado, mas  qual segredo? Do que ela precisava se lembrar?

E assim, se passaram dias, semanas e aquela sensação de não lembrar de algo importante vinha a perturbar o casal. Eles seguiram suas vidas normalmente. Kaiser formulava seus planos de dominação do Mundo Digital e Miyako fazia parte da equipe de digiescolhidos que sempre os arruinavam.

 

Não era de se estranhar que, uma hora ou outra eles viessem a se encontrar cara a cara em campo de batalha. Eis que este dia chegou. Kaiser tinha feito uma armadilha perfeita e, dessa vez ele tinha certeza que triunfaria sobre os inimigos.

 

Miyako tinha tido um dia difícil de provas em sua escola, estava cansada, mas não deixaria sua equipe partir para o Mundo Digital sem ela. Entre ataques e contra-ataques e toda a agitação típica de um cenário de batalha eles se encontraram cara a cara…

 

Miyako estava montada em Holsmon e Kaiser encontrava-se imponente, de pé sobre um Devidramon e com varios Airdramons a sua volta. Uma brisa sapeca soprou e trouxe um aroma de guloseimas típicas de festivais, aquilo era nostálgico…

 

Eles se encararam confusos, como se tentassem decifrar a ligação entre aquele aroma de nostalgia e a pessoa a frente. E de repente foi como se o tempo parasse e um tiro de memórias céleres os atingissem. Cada momento vivenciado desde o começo os atingiram como uma violenta carga elétrica.

 

Agora eles se lembravam de cada detalhe, daquela aventura, dos momentos que jamais deveriam ser  confidenciados a outra pessoa e nem sequer escritos naquele diário que foi o ponto inicial. Era um segredo precioso e delicado e mais importante, que preenchia o vazio e… Era um segredo só deles.

 

compartilharam sutil menear de cabeça, quase imperceptível aos leigos. Enquanto isso uma “peculiar” fumaça azulada, correu entre eles  seguindo o fluxo da brisa e entrando em uma garrafa.

 

FIM...










 


Notas Finais


trivialidades
Tia Lu escreveu Jecomons no lugar de Gekomons então eu imaginei um digimon jeca com chapeu de palha e calça pega frango hahahahah

Como Digitamamon cozinha sem mão!
Tchemmmm "tela azul e barulho de erro"

Como Kaiser faz xixi com aquele macacão?

Quais segredos teriam no diário de Miyako?

Gosta de Kaiseryako, quer uma Fic longa? Então segue o perfil que a tia Lu fez só pra Fanfic Inimigos Intimos "eu sei que parece nome de filmes de anos 80, mas anos atras esse nome parecia maneiro hahahaha
segue aí @Lu-Inoue


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