Na calada da noite, os pesadelos eram cruéis e perturbadores. A pequena garota tentava, mas era muito difícil permanecer em seu sono.
- Ei, Ib, acorde!
Mary a chamava, tentando tirá-la daqueles cenários terríveis. Ela se debatia, na tentativa de acordar a si mesma.
- IB!
- AH - Deu um pulo na cama ao ouvir a voz de Mary, mesmo com o susto estava feliz por ter acordado.
- Teve um pesadelo Ib?
Ainda atormentada apenas balançou a cabeça, em sentido positivo. As imagens de seu pesadelo ainda estavam presos a sua mente, o que a fez chorar e gritar enquanto colocava suas mãos sobre seu rosto. Chamando a atenção de todos os pacientes, ocorreu uma grande reação em cadeia onde todos começaram a gritar e sair de seus quartos. Logo enfermeiras e médicos voltaram a correr pelos corredores para amenizar a situação.
- Ib, fique calma, por favor!
Ela apenas continuava chorando com seu rosto sobre seus joelhos. Mary a fitou tentando achar alguma solução para fazê-la parar de chorar.
- Ib, olhe, uma bela galeria de artes!
Ib rapidamente levantou a cabeça e olhou perplexa para Mary, que mantinha um sorriso no rosto e apontava para porta. Ela desceu de sua cama e lentamente caminhou até a porta de seu quarto a abrindo com receio.
- Veja, as enfermeiras são como manequins... Sem cabeça, já que correm por aí atrás de todos. Olhe Ib! Cada paciente é um belo quadro, não é incrível?
A pequena menina em sua esquizofrenia extrema, via todo o manicômio como uma estranha galeria que lhe passava muito medo, porém era muito divertida.
- É sim, incrível!
Ib fechou a porta seu quarto olhando para Mary gentilmente, por tê-la acalmado. Ela realmente acreditava que a menina estava naquele quarto junto a ela, e que era sua única amiga.
Logo viu as enfermeiras colocando os pacientes de volta em seus quartos, então já foi se prepararando para dormir. Mas antes de entrar ficou observando o quarto do rapaz que havia visto algumas horas antes, ele realmente a intrigava.
- Ib rápido feche a porta e volte a dormir!
- Certo Mary. - Disse a pequena antes de rapidamente cair no sono.
Ib acordara muito cedo, como sempre com gritos e correrias. Mas já não se importava tanto com isso, a noite inteira foi assim. A única coisa que pensava era no rapaz de cabelos roxos. Levantou rapidamente da sua cama e foi caminhando lentamente em direção a porta.
- Ib!
- Mary! Que susto você me deu, bom dia!
- Onde você vai?
- E-eu, bem...- Sabia que se contasse para Mary onde iria, ela iria ficar muito irritada. Mary sempre a dizia que era sua única a amiga e também a única que a amava de verdade.
- Eu volto já! Fique aqui, está bem?
- Ei, esper...- Ib correu até a porta, a fechando para deixar Mary dentro do quarto. Atravessou o aquele corredor terrível com muita cautela até o misterioso quarto, onde havia um misterioso rapaz. Felizmente a porta estava aberta, Ib se escondendo um pouco atrás do marco da porta tentava olhar o que tinha dentro do quarto.
O viu sentado na cama de costas para a porta, ele sussurrava algumas coisas, mas eram quase inaldíveis. Ela não sabia com entrar, como falar com ele, além de Mary, sua mãe e seu pai ela nunca havia falado com ninguém.
Sem querer tocou na porta, o que a fez ranger, chamando a atenção do rapaz que virou rapidamente para a mesma. Recuou um pouco ao ver que tinha alguém na porta, mas quando viu Ib sua guarda foi desarmada.
- Q-quem é você?
- Me chamo Ib... Quem é você?
- Me chamo Garry.
Ele levantou da cama e foi em direção a Ib, se ajoelhou no chão para ficar da sua altura. Gentilmente pegou sua mão direita e perguntou:
- Diga-me pequena dama, o que faz aqui?
- E-eu não sei ao certo... Meus pais me deixaram aqui...
Sem querer ou ter tempo algum de segurar, uma lágrima correu pelo olho de Ib, o que surpreendeu Garry.
- Não fique assim, os meus pais também me deixaram aqui. Quantos anos você tem?
- Nove...
Aquilo o perturbou um pouco, era tão jovem, apenas uma garotinha e já fazia parte daquele inferno.
- Eu tenho vinte e três.
Garry possuia um caso grave de mania de perseguição, mas surpreendentemente, não tinha insegurança alguma perto de Ib. Isso o fazia muito bem, assim como ele a fazia bem.
- Garry? - Uma voz que causava arrepios se aproximava no corredor.
- Essa não, não, não, não....- Garry largou a mão de Ib, indo para o canto do quarto com o medo explícito em seu olhar. Ele rapidamente pegou Ib pelo braço e a escondeu atrás da porta.
- Garry o que ouv...
- Shh, fique aqui e não saia por nada. É o Dr. Guertena, está atrás de mim.
Passos pesados se aproximavam do quarto, por uma fresta da porta Ib viu Garry tremer diante ao medo.
- Finalmente achei você, está na hora de tomar os remédios.
- E-eu já tomei...
- Pare de mentir, sabe que eu sempre lhe descubro. Venha agora.
Ele pegou Garry pelo braço e saiu o arrastando pelo corredor, o mesmo gritava e tentava se segurar nos marcos das portas.
- GARRY! - Ib saiu de seu esconderijo para ir atrás dele.
- Ib pare aí mesmo!
- M-mary, por que saiu do quarto?
- Isso não importa, você está se arriscando por quem você não conhece! Acredite em mim, ele é como todos, ele vai pisar em você Ib. Venha volte para o quarto.
Ib olhava para a menina loira a sua frente de braços abertos mas com um olhar fúnebre ao mesmo tempo, mas pensava em Garry e tudo que poderia acontecer com ele...
- Desculpe Mary. - Disse ela, antes de sair correndo pelos corredores a procura de seu novo amigo.
Ib estava indo a fundo no manicômio tentando achá-lo, o que estava sendo uma tarefa quase impossível. Os corredores ficavam cada vez mais escuros e isolados.
Viu uma porta velha e enferrujada com um cheiro estranho no ar, seus olhos e nariz ardiam. Estava com os nervos a flor da pele sua cabeça girava, tomada pelo medo. Entrando com cautela viu Garry em uma cadeira desacordado, seus pulsos estavam amarrados na cadeira mas a sala estava vazia.
- G-garry? V-vamos acorde! - Ib o balançava e tentava soltá-lo ao mesmo tempo. Em uma fração de segundo de distração, ela viu seringas e medicamentos na bancada ao lado.
- E-essa não. Garry, por favor acorde! Acorde! - Ele lentamente abria os olhos que lacrimejavam um pouco.
- I-Ib, é você. É você mesmo?
- Sou eu Garry, por favor, me ajuda a te tirar daqui!
- A-a chave! Ib, está lá! - Garry apontava para uma cômoda encostada na parede.
A pequena com dificuldade de alcançar a chave, finalmente a pegou, soltando os pulsos do maior.
- Rápido Garry, antes que o Dr. Guertena volte! - Ib o puchava pelo braço enquanto ele dava passos lentos por causa das anestesias e deixava a mão sobre os ferimentos profundos. - Estou tentando Ib... Estou tentando...
Demorou até chegarem ao quarto de Garry, mas pelo menos, Guertena não os encontrou.
- Ufa, c-conseguimos... Está tudo bem Garry?
- Ib...
Garry moveu a franja de Ib deixando um pequeno beijo em sua testa.
- Obrigada meu pequeno anjo.
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