Minha primeira aula de pintura foi numa quinta-feira e, tenho que admitir, eu não estava muito empolgado. Mexer com tinta, sentir minhas mãos sujas, olhar para uma tela em branco e ter criatividade não eram coisas que me chamavam a atenção. Estava indo mais para tentar encontrar algo que me deixasse menos tempo em casa e que ocupasse minha mente.
Quando a aula acabou, guardei meu material na mochila e fui até a sala que Seokjin me levara no dia anterior. A porta estava levemente aberta e, pelo vidro, vi que havia duas pessoas, apenas: Jin-hyung e um garoto de cabelo verde menta.
Hesitei. Pensei em dar um passo para trás e sair antes que Seokjin me visse, mas uma mão encostou em meu ombro.
— Com licença — olhei para trás e vi um garoto com cabelo laranja. Ele sorriu quando o deixei passar, e empurrou a porta para abri-la por inteiro.
Seokjin se virou e me viu, abrindo um sorriso.
— Kook, você veio, mesmo!
O menino de cabelo laranja olhou para mim, simpático.
— Ah, você vai fazer essa aula?
— Sim.
— Eu não sabia que você ia entrar, desculpe. Seja bem vindo, hum... — e se inclinou, querendo saber meu nome.
— Jeongguk. Ou Kook.
— Ah, como o Jin-hyung te chamou.
— É.
— Meu nome é Jimin. Por que não entra? Vai ficar aí parado? — ele riu e foi até seu lugar, tirando a mochila das costas.
— Aqui está vago, Kook — Jin-hyung me colocou em uma cadeira perto da porta, virada de frente para a janela.
Sentei-me e fiquei olhando o balcão de madeira atrás de mim, cheio de gavetas e com a parte de cima abarrotada de latas de pincéis e bisnagas de tinta.
Uma garota entrou na sala e cumprimentou Seokjin.
— Oi, Gayoon — ele sorriu de volta.
— Ah, você é novo? — ela me perguntou.
— Sim. Sou Jeongguk.
— Gayoon, prazer. Se precisar de ajuda, estou do seu lado — ela deu uma risada doce e se sentou na cadeira ao meu lado.
Um barulho de fichário caindo no chão me assustou e olhei para a porta. Um garoto de cabelo rosa entrara derrubando seu material. Ele fez uma cara de "aaah, droga!" e Jin-hyung riu dele, aquela risada engraçada de novo.
— Namjoon, você é desastrado demais — o menino de cabelo verde ajudou a pegar as folhas do fichário.
— Valeu, Yoongi. E valeu por só rir e não fazer nada, Jin — disse Namjoon a Seokjin.
— De nada.
Então um menino e uma menina entraram juntos, rindo muito. Estavam quase chorando de tanto rir, e só pararam porque o professor chegou logo depois deles.
Ele me cumprimentou, dizendo que eu não precisava saber nada sobre arte e que estava ali para me ensinar a mexer com o que eu tivesse vontade, pois não era uma aula na qual teríamos que saber tudo sobre tudo. Depois, ele disse a todos que eu era novo, ou melhor, que eu poderia ser novo, porque faria só uma experiência naquele dia. E pediu que eu me apresentasse na frente da sala. Relutante, me levantei e caminhei até perto da mesa dele.
— Oi... — não sabia o que dizer. — Hum, meu nome é Jeon Jeongguk. Prazer em conhecer vocês.
— De qual classe você é, Jeongguk? — o professor perguntou.
— Da... — quando fui responder, a porta se abriu e um garoto de cabelo castanho, com mechas verdes na franja, entrou. Ele me viu e arregalou os olhos, entendendo que havia atrapalhado algo. Então levantou a mão e se curvou com um sorriso sem graça, como um pedido de desculpas.
— Desculpe — ele disse baixinho enquanto fechava a porta e correu para seu lugar, ao lado do garoto de cabelo verde menta.
Aquele lugar onde estava o quadro bonito de cores fracas.
— Kim Taehyung — o professor disse e o menino deu um pulo, olhando para ele.
— Sim?
— Esse é Jeongguk. Ele está fazendo uma aula experimental, se gostar, vai continuar. Quero que você ajude ele, tudo bem?
— Sim, senhor.
— Certo, pode se sentar, Jeongguk — ele me olhou e eu pensei "ué, você não queria saber minha classe?", mas, para evitar ficar mais um segundo lá na frente, corri para meu lugar.
Não pude evitar de observar o garoto com a franja verde. Ele ficava de frente para mim, iluminado pelo sol, e sua tela ficava afastada para o lado, deixando que eu o visse. Ele estava ocupado mexendo em suas coisas, porém, deve ter se sentido observado, pois ergueu a cabeça e me olhou.
Kim Taehyung me deu o sorriso retangular mais simpático que eu já havia visto, com a mão atrás da cabeça.
E eu apenas sorri de volta.
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