História TK - You make me begin - Três

— Jeon Jeongguk, certo? — tirei os olhos dos lápis que eu tentava diferenciar em HB e 2B e vi a franja salpicada de verde. Assenti.

— Eu sou... — ele estava dizendo e o interrompi:

— Kim Taehyung.

— É. Pode me chamar de Tae, se quiser. Meus amigos me chamam assim.

— Pode me chamar de Kook.

— Então, o que te trouxe a essa aula, Kook?

— Não sei também.

Ele riu.

— Como não?

— Eu só vim.

— Entendi. E você pelo menos gosta de desenhar?

— Não, mas é melhor do que dar vinte voltas numa quadra.

— Ah, com certeza é. Isso quer dizer que você não sabe desenhar, né?

— Só palitos.

— Palitos — ele deu uma risada boba. — Palitinhos é um começo.

— É, acho que sim, né.

— Então você não sabe nem a diferença entre um HB e um 2B? — ele olhou para os lápis nas minhas mãos.

— Ah... — olhei para eles. — Claro que sei.

— É?

— Aham.

— E qual é?

— Um é mais grosso, óbvio.

— Isso todo mundo sabe — o garoto de cabelo verde menta apareceu. — Oi, Jeongguk, eu sou o Yoongi.

— Oi, Yoongi.

— E aí, qual a diferença do HB pro 2B? — Yoongi riu.

— Tá legal, eu não faço a mínima ideia, ok? — revirei os olhos. H, B, blá-blá-blá, não era tudo lápis, de um jeito ou de outro?

Eles riram.

— Explica em vez de rir, idiota — Yoongi disse para Taehyung.

— Desculpe, Kookie, não estamos rindo porque você não sabe, é que foi engraçado quando você tentou fingir que sabia.

— Não disse pra explicar isso — Yoongi olhou para cima e depois para Taehyung de novo.

— Eu sei — Taehyung riu. — Jeongguk, lápis HB são normais, aqueles que se usa para escrever, mas você pode fazer desenhos lineares com ele. Os 2B são para desenho a mão livre, porque são macios.

E ele apontou para os outros que estavam em cima da mesa e que eu não sabia nem o nome.

— Esse H é rígido e você pode usar para fazer desenhos técnicos — continuou.

— Esse 4B você usa para fazer áreas escuras — disse Yoongi. — E esse 3H aqui são para fazer detalhes artísticos.

— E esse... — Taehyung passou o braço por cima da minha cabeça e pegou um lápis no balcão. Senti cheiro de perfume quando ele se mexeu. — É um 6H, usado pra fazer xilogravura e litografias.

— Eu nem sei o que é isso — falei.

— Um dia eu te mostro — Taehyung sorriu.

— Que bom que estão interagindo — o professor surgiu de repente. Ele havia saído da sala há pouco tempo e agora estava à minha frente, com uma apostila nas mãos.

Os meninos foram se sentar.

— Aqui, Jeongguk — o professor esticou a apostila para mim. — Tem explicações sobre vários tipos de arte. Você pode ler e escolher uma que queira trabalhar.

— Tudo bem — abri a apostila.

— Em casa você a lê — o professor pegou papéis sulfite e me entregou. — Agora vamos fazer seus traços serem mais finos.

— Mais finos?

— É. Quero que faça círculos, quadrados, triângulos e símbolos de infinito bem fracos, várias vezes sobre o mesmo desenho. Sua mão deve ser leve para fazer desenhos.

— Ah... — franzi a testa. Sempre achei que era só desenhar e pronto.

Então fiquei fazendo aquilo até a aula acabar. Eu observava cada aluno enquanto fazia as formas sem parar. Observei as duas garotas que conversavam baixinho, calmas e concentradas em suas pinturas. Uma delas tinha sujado o rosto e a outra limpou com um pano, rindo.

Reparei também em Hoseok, que ria bastante com Taehyung e pincelava a tela rapidamente. E Yoongi, que, vez ou outra, conversava devagar com Jimin, enquanto este olhava sua tela e pensava em algo durante um bom tempo antes de escolher uma cor para colocar no pincel. E eu quis muito rir quando Namjoon quebrou um pincel e Jin-hyung gargalhou engraçado de novo.

E observei Kim Taehyung também. Ele olhava para seus amigos com atenção e um sorriso leve e, às vezes, quando estava muito concentrado em sua pintura e era chamado por alguém, Taehyung tinha um rosto inexpressivo.

No final da aula, eu me dei conta de que aqueles exercícios tinham sido relaxantes e que eu não havia pensado nas coisas que me deixavam tristes durante todo o tempo que estive ali.

Quando estava saindo da sala, ouvi a voz de Taehyung.

— Hey, Kookie.

Virei-me.

— Oi, hyung.

— Escuta... — ele ajeitou a mochila no ombro.

— Hum?

— Se você continuar nessa aula, posso te desenhar?

— O quê?

— É. Você tem essa cara triste que acho que ficaria muito boa em um desenho.

— Cara... triste?

— É, não é triste. Acho que é... concentrada, não sei. Ou você que é muito quieto, sei lá.

— Tá, pode me desenhar se quiser.

— Ok! — ele sorriu retangular de novo. — Valeu!

— Tudo bem.

— Até mais, Kook.

— Tchau, Tae.