História To Steal my Heart - O que eu tô fazendo aqui?

POV: Zayn

                Ainda não tinha conseguido parar de rir desde o momento do meu encontro inesperado com Niall pelado. Claro que eu tinha tido que me segurar para não ter um ataque de risos enquanto comia, mas não evitei trocar olhares com o pobre irlandês, que ficava vermelho sempre que percebia que eu estava olhando para ele.

                Minha mãe, nesse momento, conversava com a senhora Payne sobre qualquer coisa relacionada a televisão, enquanto o senhor Payne conversava com Bobby e Greg. Fora os adultos, Liam também tinha vindo para a pequena reunião, mas, como sempre, parecia uma sombra escondida. Qualquer pessoa que entrasse naquela sala, iria demorar para perceber que ele estava ali.

                Tentei terminar o jantar o mais rápido possível, a comida não estava lá mais gostosas e aquelas eram as batatas mais feias e mal descascadas que eu já vira em toda a minha vida, mas a senhora Payne tinha trago uma enorme torta de chocolate que tinha facilitado bastante a situação.

                Quando finalmente terminei a torta, notei que o olhar de Bobby estava sobre mim. Ele tentava disfarçar, mas eu podia notar que ele estava tramando alguma coisa. Seus olhos pararam em Liam por um momento, mesmo que o garoto ainda estivesse comendo e nem notasse qualquer coisa. Em seguida, ele falou:

                - Niall, por que você não leva os meninos para seu quarto enquanto a gente conversa? Tenho certeza que vocês tem muito assunto para colocar em dia!

                O pai de Niall sorria da forma mais falsa possível. Aquilo era comum para todos os nossos pais. Todos eles sabiam que nós não éramos exatamente amigos e nem nutríamos qualquer sentimento de simpatia uns pelos outros, mas mesmo assim insistiam em fingir que nós todos os adorávamos e tínhamos muito para conversar.

                - Claro... – Quase senti pena do irlandês. Ele ficou vermelho no mesmo momento e se levantou aos poucos.

                Olhei para Liam, para saber se ele iria acompanhar o garoto loiro, e vi que sua mãe estava com a mão sobre seu braço e eles trocavam olhares, era como se ela perguntasse se estava tudo bem em ele ir. Liam concordou com a cabeça e levantou-se também.

                O jeito era segui-los.

                Niall foi na frente, nos guiando até seu quarto. O pobre irlandês ia tão lentamente que era evidente sua má vontade, fora o fato de que seus resmungos não estavam, necessariamente, inaudíveis.

                Quando chegamos até seu quarto, o mesmo que eu estivera momentos antes, pude notar a paisagem novamente. O quarto era relativamente grande, visto que ele não precisava dividi-lo com ninguém. Não era possível dizer qual a cor original da parede, pois pôsteres e cartazes cobriam todo e qualquer espaço. A bandeira da Irlanda estava pendurava atrás de sua cama e todos os móveis tinham um tom verde ou branco, fazendo com que o quarto adquirisse um ar irlandês levemente forçado.

                Qualquer pessoa que entrasse naquele quarto teria a mesma impressão que eu: um doente dormia ali.

                - E então? Querem fazer alguma coisa? Assistir tv? Jogar um jogo? – Niall parecia tentar ser receptivo, mas aquele não era seu forte.

                - Qualquer coisa. – Liam respondeu tentando ser alegre. Novamente uma falha.

                Aquele dois eram os piores atores do universo. Provavelmente aquela noite seria uma imensa tortura se eu não fizesse alguma coisa. Como era notável que nenhum de nós queria ter qualquer contato íntimo, o jeito era achar algo que pudéssemos fazer sem nos envolver.

                - Alguém quer um cigarro? – Ofereci por educação enquanto tirava um maço do bolso.

                - Você não vai fumar no meu quarto. – O garoto loiro projetou-se na minha frente e arrancou a caixa da minha mão antes mesmo que eu tivesse tempo de escolher um cigarro.

                - Ok, esquentadinho... só queria achar alguma coisa para fazer. – Levantei minhas mãos em defesa.

                Niall olhou feio para mim e virou-se para Liam, mas antes de conseguir falar qualquer coisa, seu telefone vibrou na mesa e ele foi olhar. Liam foi sentando-se lentamente na cama, ainda observando o quarto. Por mais súbito impulso, foi sentar ao seu lado e comecei a encará-lo.

                Era óbvio que ele estava desconfortável com aquela situação, mas mesmo assim, continuei a olhar para ele. Ele remexeu-se um pouco ao meu lado e retribuiu o meu olhar. Ficamos apenas nos olhando por um tempo, enquanto Niall digitava o que provavelmente seria uma mensagem no celular.

                - Você até que é atraente... – finalmente falei. Era verdade, ele tinha um rosto inocente, mas ao mesmo tempo, másculo. Ouvi um engasgo de Niall, seguido por uma tosse. – Parece seus pais... as mulheres devem achar um desperdício.

                Eu não fazia ideia do por que eu ter dito aquilo, tirando o fato de que era verdade e era algo que ele não deveria escutar sempre. Eu me lembrava de Liam desde que ele era muito novo e, era notável, ele estava melhorando bastante com o tempo. Niall continuou a engasgar e tossir.

                - Bom... acho que devo agradecer? – Liam pareceu desconcertado, mas não parecia irritado ou ofendido. Era como eu previa, ele não estava acostumado a ninguém falar coisas daquele tipo para ele.

                Eu sorri e, pela primeira vez desde que ele entrara naquela casa, ele sorriu de volta. Olhei para Niall, que estava totalmente sem fala, com os olhos esbugalhados e sorri para ele também.

                - Então, você tem algum filme? – Perguntei enquanto passava o braço em volta dos ombros de Liam em um abraço lateral. Senti o corpo do garoto estremecer e notei que ele se segurava para não tirar meu braço do seu pescoço. – Agora que vamos ter que trabalhar juntos, por causa dos nossos pais, é melhor começarmos a nos dar bem. Eu realmente quero aquela bolsa de estudo.

                - Por causa dos nossos pais? Hã? – Niall conseguiu abrir ainda mais os olhos. O celular pendia, esquecido, em sua mão.

                Ótimo, ele não sabiam. Enfim teríamos uma chance de iniciar uma conversa. Liam ainda tremia ao meu lado.

                - Por que você não termina de enviar essa sua mensagem e escolhe um filme antes? Aí eu posso te contar tudo. – Balancei a mão, despreocupado, só então o loiro percebeu que ainda segurava o celular.

                Niall voltou-se para a cômoda e atirou uma caixa em mim. Se eu não conhecesse aquele pequeno desastre em pessoa, eu teria achado que a força excessiva com que a caixa me atingiu tinha sido proposital. Tive que tirar o braço de Liam que, instantaneamente, afastou-se dois palmos de mim.

                Seria difícil fazer amizade com aqueles problemáticos. Seria realmente difícil.

                - Você não tem um pornô? – Olhar irônico e ácido foi a resposta. – Ok, ok... acho que Harry Potter serve...