1. Spirit Fanfics >
  2. Todas as cores que eu não posso ver >
  3. Dez; cores

História Todas as cores que eu não posso ver - Dez; cores


Escrita por: leh_writer

Capítulo 10 - Dez; cores


— Na real, faz um tempo que eu tô esperando você pedir. — é tudo que ela responde e eu não esperava nada melhor do que isso…

Nós nos beijamos mais uma vez e era quase como se nossos corpos precisassem um do outro pra continuarem vivendo. Só que ainda estamos no chão e não temos muita posição e eu não quero fazer o que faria, porque a porta tá aberta e os pais dela estão acordados.

Abro o champanhe primeiro e tomo um gole, entregando a garrafa pra ela depois.

— Acho que hoje podemos passar do ponto… — ela diz.

— Podemos?

— Podemos, porque eu tô em casa e, embora eu nunca tenha ficado bêbada, quero experimentar essa sensação com você. Hoje. — digo que sim com a cabeça.

— Sim. Eu gosto da idéia.

Ela se deita no chão e eu também, ficamos encarando o teto por algum tempo.

— Hoje foi muito legal, Ty. Mesmo depois de…você sabe. Foi incrível.

— É. Foi.

— E agora a gente tá namorando. — ela disse, calma, porém dava pra sentir a pontada de euforia.

— Agora estamos namorando. — seguro sua mão

— Você faz eu me sentir bem, Mia. Agora, é como se tivesse um universo inimaginável nesse teto. Você consegue ver?

— Não, é só o teto.

— Qual é. Acho que não bebeu o suficiente. — ela se levanta e bebe mais um pouco.

— Imagina que a luz é o centro de tudo, e as estrelas coladas que brilham no escuro são as estrelas mesmo, e a gente que habita aqui. Nesse universo só nosso.

— Ok. Talvez…isso faça um pouco de sentido, mas você não vai conseguir me fazer ver isso e nem uns goles a mais de champanhe.

— Ah, Mia… — nos rimos. — Você precisa aprender a desconstruir as coisas e ver além do que lhes apresentam.

— Ok, acho que deu certo.

— Sério? — pergunto animado e ela faz que sim com a cabeça.

— Sabe o que eu vejo? Um teto branco sem graça, uma luz sem graça e estrelas que meus pais colaram aí enquanto eu ainda era criança.

— Você não tem jeito. Isso foi o verdadeiro significado da quebra de expectativas. É serio! — bebo mais um pouco.

A mãe dela bate na porta, ainda que esteja aberta e diz que vai dormir.

— Boa noite, mãe.

— Boa noite, senhora Zimmermann.

— Boa noite, e mantenham a porta aberta.

***

Quando dia está prestes a amanhecer e o céu começa a ficar mais claro; a garrafa de champanhe está seca.

— Hmm. — ela gargalha. — Eu acho…que já passou da hora da gente dormir.

— Você acha? — digo meio atordoado. Mas eu já bebi outras vezes e tenho quase certeza de que estou mais sóbrio do que ela.

— É…temo que sim. — ela se levanta, e enquanto isso, parece um pouco mais tonta. Me levanto imediatamente para ajudá-la e ela ri ainda mais. Só que eu também estou meio desequilibrado. Por pouco nós não caímos juntos.

Fizemos o que tinhamos de fazer antes de dormir, e fomos direto pra cama. Embriagados demais.

***

MIA

Já tem uma semana que o Tyler sumiu de novo. Quando chego em casa, mando uma mensagem perguntando se está tudo bem e ele só visualiza sem responder. O que me deixa com raiva. Ligo, mas ele não atende.

O que está acontecendo com ele? A preocupação é inevitável e os meus dias começam a ficar monótonos e…eu preciso dele. Mas porque não aparece?

Mando outra mensagem:

O que anda fazendo?

Ele começa a responder, mas não termina.

É sério. Escrevo.

Tenho lido e fumado ultimamente.

Você fuma?

Acho que agora sim.

Você tá em casa?

Tô, mas não venha.

Porque?

É sério. Eu acho que só preciso de mais algum tempo e depois eu volto pra você, ok? Só mais algum tempo.

Ok. Mas, por favor, volte logo.

Ele não visualiza mais, ou me responde.

Lembro da última vez que nos vimos. Quando ele foi pra casa e eu estava bem, mesmo com a ressaca que tive. E ele estava bem. Nós estávamos bem.

***

Mais três dias se passam e eu estou sozinha no intervalo, mais uma vez - porque ele não apareceu e hoje fazem dez dias. Quando o sino toca para voltarmos pra sala, ele aparece no meio dos corredores, tem uma caixa em mãos e parece eufórico. Como eu nunca vi antes. Ele segura uma das minhas mãos e pede para eu ir com ele, porque ele já pegou minha bolsa e temos algo importante pra fazer. Tudo aconteceu tão rápido, que eu fui condicionada a obedecer, não tive muito tempo pra pensar.

Até chegarmos no carro.

— Tyler Jones… — fecho os olhos pra me acalmar, porque estou com raiva. — Me dê uma explicação…

— Não tenho uma explicação. — ele bate as mãos fraco no volante do carro. Como quem diz "É isso aí. Aceite."

— Você esqueceu que namora? Você não pode fazer isso. Eu me preocupei com você. Eu precisei de você… — uma lágrima cai sem querer.

— Mia…,eu voltei. Só fiquei três dias em casa.

— Três? — toco seu rosto, preocupada. — Tyler, foram dez dias.

— Desculpa.

— Eu já disse que agora você tem a mim. Você não tá sozinho.

— Eu sei.

— Tá. — sorrio, ainda que eu esteja preocupada.

— O que nós temos pra fazer? — ele sorri e continua eufórico como se a conversa que acabamos de ter não tivesse acontecido.

— É surpresa, mas vamos voltar pro lago.

— Isso é tudo? — pergunto.

— Felizmente, não. — ele sorri e parece animado.

Agora, eu confirmo a mim mesma que tem algo errado com ele. É como se de uma hora pra outra, ele simplesmente mudasse…drásticamente.

Quando chegamos lá, ele me fez sair do carro; não que eu não quisesse sair e ver o que ele tinha tanto pra me mostrar, é que a todo o tempo eu estava pensando sobre ele e no que ele tem feito, no que ele tem passado; fiquei meio perdida nos meus próprios pensamentos. Ele pega a caixa que trouxe consigo desde o início e me entrega em mãos, enquanto senta e me observa atentamente; como se eu fosse tudo que existisse pra ele agora, a atração mais legal do circo, o vocalista da The Neighbourhood. Retiro as embalagens e dou de cara com a caixa.

— Há dez dias atrás, você me disse que tudo aqui era muito bonito, ainda que sem cor. E você disse que eu colori seu mundo…só que você disse de uma forma poética e, nem sempre o poético é palpável. — só então realizo o que tenho em mãos.

Um óculos.

Não um óculos comum.

É um óculos que vai me permitir ver cores. Imediatamente retiro-o da caixa e ele me assiste de pertinho coloca-los, como se sua vida dependesse disso e de novo eu sou o palhaço mais engraçado, sou o Jesse Rutherford. Seu sorriso, me motiva coloca-lo o mais rápido possível, porque eu quero ver.

— CA-RA-LHO! — grito um pouco…na verdade, muito exaltada. — TYLER JONES! —olho ao meu redor e vejo um mundo com todas as cores e…

Ele se levanta e me olha nos olhos, mais de perto e agora posso ver seus olhos com heterocromia e…são lindos.

— Ty, obrigada. Muito obrigada! — eu o beijo e ele me beija, agora animado. Suas mãos me abraçam e de repente eu só quero ver tudo de novo, como se não fosse durar pra sempre. — Obrigada.

— Valeu a pena… — ele sorri. Seu sorriso é mais bonito agora, com todas as cores.

— Obrigada.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...