História Todos esses anos - Início

 Cansado, esta seria a palavra que resumiria todos os meus plenos 11 anos de vida. Acho que alguns não conseguiriam entender como uma criança teria motivos para estar cansada, pois eu digo, existem muitas razões.

Estava farto, me perguntava quando a energia da infância foi substituída pela dor de um peso gritante nas costas. Se bem me lembro, deve ter sido quando entrei na escola, sempre tive pais muito protetores, sair de casa para socializar era complicado. Talvez por isso que nos meus 5 anos, entrar em uma sala de aula cheia de pessoas da minha idade me assustava tanto. Todas me olhavam como se esperassem algo de mim, eu deveria fazer alguma coisa? Falar algo? Sorrir?

  Eu realmente não sabia, só sentia o pavor extremo junto a vontade de voltar para casa. 

Lembro de tentar fazer amigos por semanas em momentos que juntava coragem, mas os resultados nunca eram bons. Com o passar dos meses, me acostumei a ser chamado de esquisito e sentar sozinho no recreio. Com o passar dos anos, percebi que a importância dos status na sociedade aumenta para meus colegas de acordo com a idade, a ideia de ter amigos já não era sonhada por mim, muito menos todos os falsos que tentaram se aproximar ao saber quem eram meus pais. Sem falar de todas as garotas que me viam apenas como um desafio, me tratando como Deus e troféu, eu só queria ficar sozinho naquele ponto

Aceitei a idéia da solidão, não me abalava mais. Decidi focar nos estudos, todas as estatísticas diziam que eu seria um alfa, mas eu queria ser algo além de só categoria, nem que fosse apenas ser bom nos estudos. Livros viraram meus amigos, poucas palavras viraram meu lema. 

Pode ser que a falta de carinho em minha vida não fosse algo tão ruim para me deixar neste estado, mas era o suficiente para me ensinar a viver em apenas minha companhia. Até em casa, meus pais trabalhavam muito, meu irmão tinha que se preparar bruscamente para assumir a empresa da família, acabei por ser criado por diversas babás diferentes. Todas interessados no dinheiro da minha família, não em mim. 

Achei que a vida seria assim por um bom tempo, até minha última babá decidir se demitir. Pode parecer pouca coisa, acredite, também achei. Mas o que realmente mudou tudo foi a decisão de meus pais que eu precisava ter mais contato com pessoas da minha idade. Acabaram por contratar a menor idade possível que poderia ser responsável neste cargo. Um garoto ômega de 16 anos, era tudo que eu sabia sobre meu novo responsável.

E agora cá estou eu, sentado na sala esperando meu próximo tutor chegar, não estava animado, nem triste, apenas indiferente. 

O som da campainha ecoou, meus pais levantaram para receber o "convidado" na porta, entretando continuei sentado brincando com meus próprios dedos de tédio. 

Consegui ouvir meus pais o avisando que eu era um pouco difícil de lidar, a resposta foi apenas uma risada sem jeito que fez meu coração falhar uma batida. O que foi isso? 

-Filho, este é Naruto, sua nova babá.

Meu pai falou fazendo um gesto como se apresentasse uma atração, porém, no minuto que coloquei meus olhos naquele garoto, foi como se meu corpo entrasse em chamas. Seus olhos azuis pareciam poder ver através de mim, seu sorriso gentil fez meu coração acelerar como um louco, minhas mãos suavam e tive a estranha necessidade desesperadora de toca-lo.

-Oi! Você é o Sasuke, não é? Espero que nos demos bem.

Não me pergunte o porquê, não me pergunte o motivo, mas meu corpo agiu de modo impulsivo em sua direção, não conseguia pensar em nada além de que necessitava abraça-lo. 

Minha ação deve ter chocado meus pais, nunca fui muito carinhoso. 

-Sasuke??? O que está fazendo?? 

Minha mãe tentou me puxar para longe de seu corpo, mas eu agarrava com muita força em volta de si. Não conseguia ver seu rosto, mas sabia que estava surpreso só pela forma que quase cairá pra trás.

-Sasuke! Largue o Naruto, você vai o derrubar!
            -Não, não. Não se preocupem, eu estou bem, fico feliz que Sasuke tenha gostado de mim tão rápido

Suas palavras gentis acertaram fundo me enchendo de conforto, aspirei fundo sentindo seu cheiro doce. Queria ficar grudado nele para sempre, nunca o soltar ou o deixar ir. Sai do transe apenas com seu toque suave de mão em minha cabeça, como se me chamasse. Olhei para cima, sentindo meu rosto esquentar ao cruzar meus olhos com os seus. Sua expressão era alegre, sorria para mim de uma forma única.

-Vamos nos dar bem, não é, Sasuke? 

Apenas assenti com a cabeça antes de perceber que ainda o abraçava com força, logo saindo de perto de si morrendo de vergonham. Eu não sou de fazer aquilo, o que estava acontecendo?