História Todos esses anos - Traído

   POV SASUKE

    Ao ver o objeto vazio apontar para Naruto junto a um idiota que parecia mais um cachorro, pude sentir meu estômago revirar. Eu e o loiro dificilmente falávamos deste tipo de assunto, não sabia se já havia dado seu primeiro beijo ou não. Porém, não conseguia imaginar o dobe com ninguém, ele é tão lerdo que não duvido demorar 3 vidas até perceber que alguém está interessado nele.
    Agora, o fato de eu ter que presenciar este ato, me deixava com um gosto amargo na boca.

-É, parece que Kiba e o Uzumaki terão que se pegar! - Um cara totalmente pálido falou, totalmente inconveniente pro clima que havia acabado de se instaurar. Era um misto de emoções, alguns estavam animados, outros tensos, mas de longe se podia perceber a felicidade no sorriso ladino do adolescente que fugiu do canil.

-Cala boca, Sai! -Gaara o repreendeu, visivelmente tão incomodado quanto eu.

-Bem, mas ele está certo. -Então a cadela no cio que parecia um palhaço de tanto sorrir olhou nos olhos do loiro, pronto pra atacar. -E aí, Naru? Qual vai ser?

    Eu entendo o porquê de seu desespero pelo desejo de o beijar, Naruto era obviamente o número um em quesito de beleza naquele lugar. Porém, também o que parecia superior no questo desconforto no momento, dava para perceber na sua voz o quanto não queria aquilo.

-Bem, é só um jogo, não é? -O som saiu trêmulo, pouco antes do cão andar de quatro feio um lobo em busca de comida em sua direção. Sorrindo de orelha a orelha, assustador.

    Ficaram de pé

    Acho que o dobe não teve muito tempo pra protestar antes de ter a boca invadida pela língua canina. O garoto realmente parecio em um cio, uma necessidade de Naruto, de tanto que passava as mãos pelo seu corpo, mesmo estando na frente de todos, a forma que parecia querer devora-lo ali mesmo. Típico de alfa babaca, na minha percepção, claro.

-Ok, Ok, vamos girar outra vez antes que vejamos pornô ao vivo. -O cabeça de fósforo disse com a voz em tom ríspido, quase rosnando. Assim que terminiu de deferir a frase, puxou Naru pelo braço o fazendo sentar novamente, deixando um lobinho frustrado de pé.

-Porra, Gaara! Não sabe nem brincar!

-Você Kiba, que não sabe quando parar! -Então a cadela se chama Kiba? Mais um nome pro meu Death Note.

    Observava tudo quieto, não me importaria se os dois brigassem e acabassem matando um ao outro, teriam dois idiotas a menos na sala pelo menos.

-Meninos, não briguem, dois alfas discutindo por causa de ômega é coisa para as fanfics, não aqui. -Um cara de rabo de cavalo alto protestou, parecendo estar entediado, já devia ser normal aquele tipo de situação.

    Idiotas.

-Vamos continuar. -Novamente, a garota beta girou a garrafa. O clima de suspense rodando no ar novamente enquanto Kiba voltava ao seu lugar irritado.

    Girava, Girava e Girava.

    Sempre achei sem graça esse tipo de jogo, sem falar que só me lembrava todos os "populares" idiotas da minha sala, costumavam fazer durante os intervalos. Os sons dos ômegas me chamando para participar era irritante, apenas queriam me beijar para se gabarem por aí de terem feito isso com um Uchiha, patético.

    De tanto que estava demorando, comecei até a viajar em minha mente. Como eu e o dobe poderíamos estar assistindo filmes da Marvel ao invés de estar bancando os pegadores em série.

    Porém, foi quando o jogo começou a ficar interessante.

-Sasuke e Sakura, terão que se beijar.

    Ok, não era isso que eu queria, mas dava pro gasto desta vez. Meu primeiro beijo deveria ser com alguém que eu confiasse, desejasse. Entretanto lá estava eu a ter que pegar uma garota irritantemente feia.

-Acho que não tem jeito. -Me levantei e fui até a rosada que estava mais para vermelho naquele instante.

    Sorri com meu rosto perto ao dela, seus olhos brilharam, não era tão bonitos nem tão sentilantes quanto os de Naruto. Mas por quê? Por que eu sempre comparava todos ao meu redor com ele? Ele era minha babá e 5 anos mais velho.

    Encostei nossos lábios, a pior coisa que já senti, me dava nojo. Era completamemte sem sentimento da minha parte, queria sair de lá o mais rápido possível, foi o que fiz. Aguardei 5 segundos para valer, antes de me afastar voltando ao meu assento com uma face indiferente. Todos a volta com caras de surpresos, acho que ninguém esperava isso do pré adolescente esquisito.

    Só piorando meu humor quando começaram as piadas, "um dia eles tem que casar", "formam um par fofo" e outras coisas bobas como essas.

    O resto da noite foi apenas repetição, para o meu desgosto, tive que abraçar o Kiba, ganhar um beijo da bochecha de uma piriguete e repetir aquilo com Sakura 3 vezes. Foi horrendo, porém pelo visto eu não era o único desconfortável.

    Naruto inventou uma desculpa esfarrapada de que meus pais estavam voltando mais cedo, expulsando todos após um curto período de partidas. Naruto levou todos até a porta, observei ela fechar logo antes de dele se encostar nela deslizando de costas até o chão, ao som de um looongo suspiro.

-Eles são mesmo seus amigos? Eles vieram sem avisar mesmo contigo podendo perder o emprego. -Fui até o dobe, me ajudando a sentar no chão.

-Não sei, mas também não me importa. Costumo sair com eles mais para me divertir momentaneamente, se eu quiser fazer algo com um amigo de verdade, já tenho outra pessoa. -Olhei em sua direção.

-Quem? -Por favor, que eu não me arrependa de perguntar.

-Você.

    Quando fomos de reclamar de seus "amigos" para uma troca de olhares intensa? Enquanto suas pedras azuis focavam em mim, pude sentir todo o carinho ser transmitido até minhas bochechas corarem. O que estava acontecendo ali?

-Bem, vamos comer. -Tudo foi interrompido quando Uzumaki apenas levantou e foi em direção a cozinha.

    O resto do tempo passou de forma divertida, fizemos pipocas e pegamos doces escondidos com objetivo de assistir filmes de ação cheio de explosões. Foi o que fizemos, decidimos ficar na sala até pegar no sono. Entretanto estávamos com tanta adrenalina que já era 4 da manhã e o sono não vinha, quando percebi, nossos gritos podiam ser ouvidos por toda a rua ao darmos os na piscina.

    Isso mesmo, fomos para água!

   Um dos momentos mais divertidos da minha vida, menos a parte em que eu virei envergonhado por ter um Naruto tirando as roupas atrás de mim. Fato que ele usou pra me soar até o sol nascer.

    Quando fomos pra dentro o céu estava claro, observamos o nascer do sol da sacada tentando desmurchar nossos dedos de velho.
    Enquanto fazíamos tudo isso, não paramos de conversar um segundo. Sempre tive dificuldades em socializar, mas com o dobe, o assunto apenas fluía.
    Fomos dormir era quase meio dia, a semana que passou foi praticamente igual. Diversão todos os momentos, com Naruto conseguindo não botar fogo na casa enquanto cozinhava!
    Admito que ele queimou várias vezes e por conta disso acabei por cozinhar de vez em quando, mas faz parte!

    Neste segundo, estamos comendo batata frita com negrinho caseiro, uma delícia, ao som de nossas trocas de opiniões sobre a saga Harry Potter.

-Mas você precisa admitir que todos os sonserinos foram injustiçados, a maioria dos vilões foi escolhido como sonserino. Isso distorceu muito a visão das pessoas sobre essa casa. -Falei enquanto pegava uma batata e mergulhava no negrinho.

-Ok, eu concordo com seu ponto, mas isso não justifica todos os atos cruéis dos sonserinos, a casa pode ter sido injustiçada e não ser culpa dela. Mas os atos dos vilões ainda são imperdoáveis.

-É aí que quero chegar...

    Discutimos sobre isso por um tempo, porém percebi que o loiro começou a ficar distante e pensativo demais. Falei algo errado?

-Sasuke?- Sua voz soou triste, sua feição não estava diferente.

-Sim, Naruto?

-Eu preciso te contar uma coisa.

-Pois então, diga. -Minha curiosidade havia sido despertada, agora me arrumava na cadeira pronto para ouvir o qur fosse me dizer.

-Eu vou me mudar. -Fiquei em choque alguns segundos, senti uma pontada. Só que não podia tirar conclusões precipitadas.

-Pra onde tu vai?

-Para outro país. -Ok, não estava preparado pra isso.

-Como assim? Por quê? Por que do nada? Sentia como se minha cabeça fosse entrar em combustão a qualquer intante. Tentei parecer indiferente, mas estava difícil.

-Meu avô quer me levar para conhecer o mundo, nunca podemos passar tempo juntos. Então, eu vi essa oportunidade já que irei me formar, mais ainda pois poderei descobrir coisas novas, vai que descubro o que quero fazer pra vida.

    Me senti culpado, ele já havia me falado como não sabia o que fazer da vida, algo que incomodava. Mas ainda sim, me sentia abandonado, traído.

-Então, tu vai embora?