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História Together By Chance 1 Temporada REBOOT - O Demônio De Ácido


Escrita por: MFMorningstar

Notas do Autor


Olá, capítulo novo!

Boa Leitura!!!

Links das músicas:
Shape Of You (Cover): https://www.youtube.com/watch?v=q3FgVVP_MKY
Despacito (Cover): https://www.youtube.com/watch?v=buXKlRPYaOI
Photograph (Cover): https://www.youtube.com/watch?v=7u9xnnqgG2Y

Capítulo 20 - O Demônio De Ácido


P.O.V Cebola Menezes

— Eu não acredito que ela vai ficar nesse agarramento na frente de todo mundo! – Exclamo indignado olhando para a Mônica que não parava de abraçar e pegar na mão do João.

— Cebola, eles não estão fazendo nada demais, e ela é livre agora. – Diz Cascão, eu o encaro indignado. Sério que ele vai ficar do lado do João?

— Defende mais o novato que roubou a minha... – Sou interrompido.

— O João é legal mano, e ela não tem mais nada com você faz uma década. – Diz Cascão olhando para Magali que parecia uma gazela rindo para algo que o João falou.

— Eu não acredito que você está agindo como a Magali. – Digo, e ele me olha com raiva.

— Deixa ela fora disso, você e a Mônica estão longe de voltarem. Puta que pariu, você está um saco ultimamente! – Diz irritado e suspira. – Deve ser má influência do Castiel, quer saber, vou lá com minha namorada que eu ganho mais.

Cascão levanta do tronco que estava sentado ao meu lado e vai até o outro lado da clareira. Ótimo! Agora até meu melhor amigo está contra mim. Será que estou tão mala assim?

Olho ao redor e observo a turma toda. Alguns estavam em volta de uma fogueira, outros apenas estavam deitados curtindo a luz do sol, alguns apenas sentados conversando. É, coisas normais.

Sozinho e sem ter o que fazer... Daqui a pouco enlouqueço! Estou perdendo todos os meus amigos de infância.

— Cê!!! – Chama uma voz feminina. Olho em volta procurando a dona da voz e acabo vendo uma Monique acenando para mim. Ela estava sentada ao redor de uma fogueira junto com Castiel, Lysandre e Rosalya. – Junte-se a nós!!!

Quase que timidamente me aproximo a fogueira deles e me sento em um dos troncos jogados.

— Está tudo bem com você? – Pergunta a loira, e eu dou de ombros.

— Sei lá, acho que sim. Mas por que da pergunta?

— A Rosa e eu meio que vimos o seu amigo sair furioso e você estava com um olhar de cachorro que caiu da mudança. – Explica ela, e eu solto uma risada nervosa.

— Ah, isso. Digamos que meus amigos acham que eu não sou mais tão amigável. – Digo imitando uma voz qualquer.

— O engraçado que são só eles que acham isso. – Alega Lysandre, me fazendo dar um sorriso agradecido pela tentativa dele de me animar.

— Verdade. E como seus amigos acham isso, nós vamos mostrar que não. – Diz convencida Rosa olhando cumplice para Monique que também a olhava com cumplicidade.

— Música!!! – Gritam as duas em uníssono.

— O quê?! – Exclamo mais para mim do que para os presentes na roda.

— Sorte que eu trouxe meu violão. – Diz Castiel brincalhão.

— Como isso vai mostrar a eles? – Pergunto ainda sem entender qual era o plano.

— Cantar em volta de uma fogueira é um sinônimo de união, amizade. – Explica Rosa, mas mesmo assim não boto fé nisso.

— Mas caso isso não demonstre a eles. É uma ótima maneira de passar o tempo e se divertir. – Continua Monique, e eu concordo com a cabeça, afinal é melhor que ficar sozinho sem fazer nada.

— Que música querem que eu toque? – Pergunta Castiel olhando para todos e pairando seus olhos em sua namorada.

— Shape Of You do Ed Sheeran. – Sugere Monique. O Castiel a olha como se reprovando, mas na forma de brincadeira. – Shiu! Não me olhe assim, essa música é difícil de não conhecerem. Meio que fez “sucesso”.

— Está bem, vamos lá. – Castiel começa a tocar.

As únicas que cantavam era a Rosa e a Monique, mas com o tempo me soltei assim como o Lysandre e o Castiel, então todos nós estavam cantando pelo menos a parte do refrão:

I’m in love with the shape of you
We push and pull like a magnet do
Although my heart is falling too
I'm in love with your body
Last night you were in my room
And now my bedsheets smell like you
Every day discovering something brand new
I'm in love with your body
Oh-I-oh-I-oh-I-oh-I
I'm in love with your body
Oh-I-oh-I-oh-I-oh-I
I'm in love with your body
Oh-I-oh-I-oh-I-oh-I
I'm in love with your body
Every day discovering something brand new
I'm in love with the shape of you

Quando a música acabou percebemos que alguns olhares curiosos nos olhavam, mas nem isso abalou nosso divertimento e nos impediu de continuar a diversão.

— Eu quero Despacito. – Diz Rosa e Castiel solta uma risada divertida.

— Seu pedido é uma ordem. – Diz brincando e logo começa a tocar.

Nessa música quem mais cantava era o Castiel, o Lysandre batia num tronco oco para dar alguns sons. O divertido foi ver a Monique e a Rosa dançando juntas, ao mesmo tempo que elas faziam alguns passos sensuais, mas eram para dar risada e se divertir.

— Estou vendo que a ralé não consegue se conter. – Diz Carmem passando por nós e rindo assim que nossa música acabou.

— Estou vendo que a vida dos outros é mais importante que a sua. – Rebate Monique fazendo todos nós rirmos. Carmem sai com o nariz empinado, mas constrangida por rirem dela.

— Ela te odeia, não é? – Pergunto para Monique, a mesma concorda com a cabeça rindo.

— Ela acha que eu roubei o Cast dela. A sua mina também me odiava, mas acho que foi por influência dessa naja. – Confessa, e eu a olho constrangido. Até ela sabe que eu gosto da Mônica?

— Ela é só minha amiga. – Digo desviando o olhar.

— É, mas você a ama. – Diz ela de frente para mim colocando uma mão em meu ombro. – Eu sei que deve doer. – Diz olhando para a Mônica que se divertia com o João.

— É... Dói. – Suspiro derrotado e triste.

— Olha, eu soube como era o relacionamento de vocês e sei que é foda esquecer quando se ama, mas se ela conseguiu seguir duas vezes em frente e sem se importar com você e seus sentimentos, ela não te amava de verdade. Sei que posso estar errada, mas não gosto de ver um amigo sofrer, e me parece que ela consegue viver sem você perfeitamente, então por que você não dá uma chance para alguém que já está afim de você? – Sugere dessa vez olhando para a Jessica que estava sentada na grama encostada numa árvore, lendo um mangá.

— Você acha que ela é afim de mim? – Pergunto incerto.

Sei que Jessica e eu somos amigos, jogamos várias vezes juntos e também já saímos, mas sempre foi como amizade, nunca percebi nada a mais.

— Vai por mim. Eu sou boa em saber quem gosta de quem. Estou te mostrando uma alternativa que pode te ajudar, agora é sua vez de decidir se quer tentar algo diferente ou não. – Diz dando um sorriso amigável e compreensível para mim.

— Eu tenho medo de magoar ela caso não dê certo e também... eu já tentei com várias outras quando a Mô estava com o DC, mas nada adiantou. – Confesso, e ela ri.

— Não deu certo antes, pois você não estava disposto a esquecer o que você e a Mônica tiveram. Você tinha esperança que ela voltaria para você.

— É engraçado como você sabe tanto sobre mim quando não faz nem um ano que você me conhece. – Brinco, e ela ri.

— Sou observadora. – Brinca ela dando uma piscada para mim. Dou um sorriso nervoso, logo olho novamente para a Jessica e suspiro.

— Não vai dar certo. – Confesso fazendo a loira revirar os olhos.

— Como tem tanta certeza se não tentou? Agora vai! Ou eu juro que você vai dormir o acampamento inteiro no lago. – Me ameaça e eu rio achando que é brincadeira. – Eu estou falando sério! – Me olha ameaçadoramente.

— Está bem. – Digo erguendo minhas mãos em sinal de rendição. – Eu vou lá conversar com ela, mas dessa vez não vou colocar nenhuma barreira. Vou deixar tudo sair naturalmente.

— Assim que se fala! – Comemora, e eu me levanto do tronco que estava sentado, ainda nervoso e com um pé atrás. – Vai dar tudo certo. – Monique me incentiva, e eu crio coragem.

Espero que a loira esteja certa...

P.O.V Melissa Chieses Santos

Dessa vez eu tenho certeza! Eu vi essa maldita sombra e agora de dia. Não tem como eu pensar que é por estar escuro, pois está claro.

Sigo a sombra floresta a dentro, não avisando para ninguém, pois iriam achar loucura. Não me importa se parece loucura, eu sei o que vi e eu quero ter certeza disso.

— Vá mais devagar. – Digo para a sombra mesmo sabendo que é loucura. Aquilo estava muito rápido, até correndo.

De repente escuto um barulho alto e muito assustador, não como um uivo. Parecia um rugido, mas muito sinistro. Acabo tropeçando em um tronco e caio de cara no chão.

— Que humilhante... – Murmuro para mim mesma. Quando estou prestes a levantar escuto um barulho de alguma coisa se mexendo entre as moitas. – Estou ferrada!

Olho para a direção do barulho assustada. Não vejo nada! O que pode ser? Será que é a sombra? Estou com medo...

— Mas o que...?!

P.O.V Castiel Salvatore

— Amor, canta Photograph do Ed Sheeran? – Pergunta minha namorada, Monique.

— Mas... – Começo tentando me esquivar dessa, mas ela tem que me olhar de um jeitinho que só ela consegue para conseguir qualquer coisa de mim. – Está bem... – Digo rendido soltando um suspiro.

Eba!!! – Diz comemorando fazendo todos da roda rirem.

Começo a tocar e cantar, se fosse só por mim não teria conhecido essa música, mas digamos que minha mulher é viciada em praticamente todas as músicas em inglês e praticamente todas desse Ed Sheeran.

Todos pareciam vidrados na minha cantoria. O que não me abalou. Afinal, por que me abalaria? Sou o guitarrista de uma banda e ainda o guitarrista solo! Ou seja, sempre vai ter um momento que eu estarei tocando sozinho.

Quando estava no último verso, a Mo canta comigo:

When I'm away
I will remember how you kissed me
Under the lamppost back on 6th street
Hearing you whisper through the phone
Wait for me to come home

— Bravo!!! – Grita Rosa assobiando e aplaudindo. – Por que não cantaram a música inteira juntos?

— Eu queria escutar ele. – Responde Mo toda corada.

— Então? Qual música vocês... – Antes que eu terminasse de perguntar, um grito feminino ecoou fazendo todos olharem ao redor procurando a dona da voz.

— Mas que grito foi esse? – Pergunta Cebola.

— É de uma menina. Mas quem? – Diz minha namorada olhando ao redor.

— É da Melissa. – Diz Lysandre desesperado indo em direção ao grito.

— Espera, Lys! Nós vamos com você. – Diz Rosa e todos nós começamos a procurá-la. Quando começamos a entrar na floresta, alguns nos acompanharam na busca.

Andando floresta a dentro não dava para ter certeza de onde foi que o grito surgiu, afinal, foi só um e o som na floresta é instável. Todos que estavam procurando se dividiram em duplas para tentar achá-la mais rápido, pois quando o sol começar a se pôr todos teriam que voltar. Eu, é claro que fui com o Lysandre. Coitado do meu amigo, além de estar na friendzone, agora tem que se preocupar com o sumiço da garota que gosta.

— Melissa! – Gritamos ele e eu.

— Castiel... E se ela... Se ela estiver em perigo? Ou perdida... Se... – Sua voz estava fraca e sabia que ele estava se segurando para não chorar. Coloco uma mão no seu ombro e o encaro com um olhar sincero, compreensivo e amigável.

— Nós vamos achá-la, e ela vai ficar bem. Se nem um vampiro parou aquela mulher, por que uma floresta iria a parar? – Digo tentando o acalmar.

— Tem razão. – Diz.

Voltamos ao foco de chamá-la e ficar em estado de alerta para qualquer mini som. Depois de muito caminhar e não achar nada, resolvemos voltar por já termos nos afastado muito.

— Acho que não estamos no caminho certo! – Afirmo, e ele assente com a cabeça.

— Espero que ela esteja bem... – Sussurra e antes que eu possa falar algo para ele, avisto um tênis, mas sem sinal do dono ou dona.

— É dela? – Pergunto pegando um all star preto desbotado. Olho ao redor e não vejo nenhum sinal dela, nenhum rastro.

— É. Ela estava usando isso hoje. – Diz Lysandre.

Se não fosse uma situação séria iria fazer uma piadinha perguntando se ele não sabia até a cor das roupas íntimas dela, de tanto estar reparando. Porém, tenho bom senso ao ponto de saber que não era o momento para algo assim.

Começamos a procurar qualquer rastro dela, qualquer indício de qual caminho ela seguiu ou do que ela estava fugindo. Mas nada, eu pelo menos não via nada. Será que sou tão cego assim?

— Castiel! – Chama Lysandre. Vou até ele, o mesmo estava agachado olhando um tronco de árvore caído. – Isso é... – Começa, mas não consegue completar a frase.

— Sangue... – Sussurro olhando uma mancha de sangue escorrendo do tronco, não era enorme a mancha, mas mesmo assim era sangue.

— Castiel, o que aconteceu com ela? – Pergunta com as mãos na cabeça desesperado. – Nós precisamos achar ela!

— Calma, Lys. As vezes ela tropeçou aqui. Precisamos voltar e contar para todos, assim iniciaremos uma busca a partir desse ponto. – Aconselho ele.

Eu sei que ela está sangrando, mas não adianta nada só nós dois procurar por aí, sem nem ter um caminho certo.

— Mas Castiel... – Começa, e eu o corto.

— Nós vamos achá-la. Não adianta de nada deixar as emoções tomarem conta de você. Vem! Vamos voltar para falar com o pessoal. – Digo e o ajudo a se levantar.

— Mas como vamos lembrar do caminho para cá? – Pergunta estremecendo.

— Eu vou marcar. – Digo começando a riscar as árvores em forma de x com meu canivete.

Fizemos todo o caminho de volta ao acampamento onde todos os grupos estavam preocupados por não terem achado nenhum sinal dela. Conto para todos a pista e começamos a nos programar para a procura. Mesmo que esteja escurecendo, não podemos deixar ela lá. Todos nos agasalhamos por causa da noite e da floresta.

Os instrutores também se juntaram, cada um deles ia num grupo para evitar que nós nos perdêssemos. Cada grupo levava lanternas, um kit de primeiros socorros e uma manta térmica para quando encontrá-la poder estabilizar sua temperatura.

— Precisamos achá-la. – Diz Lysandre ainda abatido.

— Nós vamos, Lys. – Diz Rosa com uma mão na cintura dele, tentando o confortar. A amizade deles era forte, como se fossem irmãos, o que faz muito sentido, pois ela é namorada do irmão dele.

— Estou com um mal pressentimento... – Sussurra minha namorada para que só eu escutasse.

— Sobre o que? De achá-la? – Pergunto também sussurrando.

— Não. É outra coisa. Eu sei que é estanho, mas... – Para como se não quisesse completar sua frase. Ela estava com medo de falar o que passou em sua cabeça e com medo do que eu fosse achar.

— Mas? – A incentivo a continuar.

— Eu sinto que estamos sendo observados.

P.O.V Lysandre Maddox

Era aparentemente oito da noite e nada da Melissa aparecer. Estava Castiel, Cebola, Mônica e eu, a procura dela. Entramos bem a fundo na floresta, até porque tínhamos um instrutor conosco.

— Está muito tarde, não é melhor vocês voltarem para a base? Eu continuo a caminhada daqui e dou notícias.

— Não! – Respondo firmemente. – Eu não vou descansar até encontrar a Melissa.

Nem eu estava me reconhecendo. Eu estava muito preocupado mesmo. Sim, eu me preocupo com meus amigos, mas não a esse tanto, nem demonstro tanto desespero como agora. Continuamos a caminhada, até que ouço alguns ruídos entre as árvores.

— Gente, tem alguma coisa se aproximando!

— Obrigado por dizer o óbvio, Mônica. – Retruca Castiel.

Inclinamos todas nossas lanternas à nossa frente temendo que pudesse ser algum bicho selvagem, mas o que aparece na nossa frente é um garoto ruivo ajudando a menina que estávamos procurando.

— Melissa!!! – Não resisto e a dou um abraço forte, porém, nada sufocante. – O que aconteceu?

~~~~~*~~~~~

— ...e foi isso que ocorreu, desculpem pelo transtorno pessoal.

— Eu tinha notado o sumiço dela a algum tempo antes de vocês, então fui a procura dela! – Afirma João tendo a Mônica o abraçando. – Porém, acabei me perdendo também. Nesse caso, após notar que estava perdido, ouvi um grito que estava bem perto de onde eu estava, e como conheço minha mana, reconheci que o grito era dela.

— Gritei, pois tinha visto uma sombra e algo se aproximando de mim, mas era apenas um coelho bem feio e peludo. – Afirma Melissa, coçando a testa. – Mas não era nada de mais, no fim de tudo.

— Bem, agora que está tudo esclarecido, vamos voltar a base e informar ao pessoal que está tudo bem. – Afirma o instrutor e todos concordamos.

No meio do caminho de volta, lembrei vagarosamente de uma mancha de sangue que achamos em um tronco mais cedo. Será que era de alguém? Pois nem Melissa ou João apresentam ferimentos. Enfim, melhor deixar para lá. O que importa é que achamos ela e não temos nenhum problema por agora.

Ela está sã e salva.

~~~~~*~~~~~

Pavor. Pânico. Medo.

Era tudo o que estava ao nosso redor.

John Smith, nosso instrutor-chefe, estava morto.

Seu estado era muito deplorável. Seu rosto estava extremamente ensanguentado, sua barriga tinha um enorme buraco dando para ver suas partes internas. Era algo totalmente assustador e horrível de se ver.

Os demais instrutores tinham feito uma busca por perto e não acharam nada que tivesse feito aquilo. Após enrolarem o cadáver de John em um pano branco, nossos instrutores foram a caça desse bicho ou qualquer coisa que fez isso mais a dentro da floresta. Um dos nossos guias, deu a Castiel uma arma, visto que ele era o único que sabia manuseá-la. Toda a turma se reuniu ao redor da fogueira para discutir o ocorrido.

— Galera! O fato é que não estamos lidando com seres normais. – Diz Cebola com a mão no queixo.

— Como pode ter certeza disso, careca?

— É óbvio, Cascão. O corpo não estava com marcas de mordidas, arranhões ou qualquer ataque que pudesse vir de um animal selvagem. Pelo contrário, seu corpo inteiro, se encontrava principalmente com queimaduras fortes, até mesmo seu estômago parece que foi extremamente dilatado.

Eu não tinha notado isso, provavelmente porque meu foco não estava no modo que o instrutor morreu, mas quem fez aquilo.

— Será que isso pode ser obra do Capitão Feio? – Indaga Mônica. Não sabia quem era esse cara.

— Não. Ele não seria capaz de matar alguém dessa forma, e também poderíamos ver sinais de sujeira nos locais feridos. – Cebola responde. – O que fez isso não é algo desse mundo.

Todos estavam especulando o que poderia ter acontecido, exceto a Carmem que se aproximava de Melissa. Sem ter motivo aparente, ela dá um tapa no rosto da Mel, me fazendo levantar do tronco me preparando para ir até lá.

— A culpa é toda sua!!! – Grita a garota. – Se não tivesse se afastado de nós e ido brincar na floresta, caçando amigo imaginário, nosso instrutor mega gato não teria morrido!!!

— Calma, Carmem!! – Veio Cascão segurar a loira. – Ninguém podia prever que isso iria acontecer. A culpa não é de ninguém, a não ser da pessoa que matou o John.

Conseguia ver que a Mel parecia estar pensando que ela realmente tinha culpa, então me aproximo ficando perto, mostrando que estava ali para ela.

— Além disso, John estava armado e é um experiente instrutor e guarda florestal. Sem contar que foi preferência dele ficar sozinho. – Alega Monique, colocando a mão no ombro da Melissa. – Então Carmem, pare de ficar torturando psicologicamente os outros! Já tivemos coisas demais por hoje.

— Diga o que quiser, mas não muda o fato de que estaríamos unidos na hora do ataque, mas tudo bem, podem passar o pano que bem entenderem. Eu vou dormir.

Carmem nervosa entra dentro da cabana e aparentemente vai dormir. Monique dá um leve abraço, mas reconfortante, na Mel. Eu, é claro, coloco uma mão no ombro da garota que estava abalada.

— Não liga pra Carmem. Ela é uma vadia mesmo.

— T-tudo bem, eu... – Alguém a interrompe.

— Cuidado!!!

Antes de esboçar qualquer reação, João se joga a nossa frente, nos pegando e empurrando de algo que caiu no chão. Aparentemente era um jato... ácido?

P.O.V Monique Lockwood

João se joga em nossa frente derrubando Melissa, Lys e eu no chão. Fico sem entender até ver o que tinha ocorrido, João estava se recompondo na minha frente tendo algumas feridas no corpo e partes da roupa queimadas. Parece que algum líquido ácido de perigo mortal tinha sido jogado em nossa direção. Castiel vem correndo e ajuda a nos levantar.

— Você tá bem? – Pergunta Cast. – Se machucou? Se arranhou?

— Calma. Estou bem. – Digo limpando a sujeira da minha roupa, enquanto todos vinham em nossa direção. – Graças ao João que me salvou, pois se essa coisa tivesse nos acertado, teríamos morrido com toda a certeza.

O chão estava totalmente queimado. Mesmo as pedras não tinham resistido a forte consistência do líquido.

— Mas o que foi que nos jogou esse líquido? – Pergunto para Castiel que balança a cabeça negativamente, não tendo uma resposta para me dar.

— F-foi e-ele! – Xaveco estava gaguejando e apontando para algo.

Em nossa frente, estava um ser com orelhas pontudas, pele verde e um corpo redondo pequeno escorrendo líquido que, entrando em contato com o mato alto e o solo que ele pisava, os fazia queimar. Seus olhos eram vermelhos e ele emitia um odor bastante desconfortável.

— Ora, ora. Pela primeira vez erro um alvo... – Ele fala emitindo uma voz rouca e assustadora ao mesmo tempo.

Esse ser... Não me é estranho...

— Quem é você, monstro??? E por que nos atacou? – Pergunta Mônica com um tom de voz elevado, praticamente gritando.

— Vocês vão morrer aqui mesmo, então não tem problema caso eu falar. Meu nome é Ipes e eu sou um demônio que veio do Reino das Sombras.

Então..., os demônios também ocupam a terra? E ele disse que veio do Reino das Sombras? Como pode ele ter falado a mesma coisa que eu para se referir ao Inferno? Talvez seja normal... né?

Todos parecem abismados, mas eu, nem tanto. De onde está vindo essa nostalgia? É quase como se isso fosse algo nada novo..., como se eu já soubesse sobre tudo...

— Como a-assim? – Pergunta João ficando em pé.

— Sou um demônio de ácido e fui mandado para acabar com vocês por poderem ser ameaças para um futuro próximo. – Ele afirma abrindo os braços. – Meu chefe já viu vários feitos de vocês. Conseguiram se superar e resolverem diversos problemas usando apenas de inteligência e força, mesmo sendo apenas crianças. Você é Mônica, não é? – Ele pergunta mais afirmando do que realmente em dúvida. Ipes aponta ao local onde o corpo de John Smith se encontrava. – Eu ataquei um homem com intenção de te matar, mas parece que me enganei de vítima.

— O que? Então foi você quem matou o John Smith! – Deduz Mônica.

— Sim, eu mesmo. E foi realmente delicioso torturá-lo antes dele agonizar até a morte.

Castiel repentinamente pega sua arma e atira no demônio. A reação de todos é de surpresa, ao mesmo tempo que iam para o chão. Porém, as balas viram cinzas ao tocarem o corpo do demônio.

— Não adianta. Armas humanas não funcionam em mim. Todo esforço que vocês fizerem, será inútil.

— Você vai pagar por isso!!! Não vai fazer nada contra nós! – Grita Mônica correndo para cima dele, mas Ipes lança duas rajadas líquidas de ácido fazendo com que elas atingissem as pernas da menina, a fazendo cair no chão gritando de dor.

Os gritos dela eram tão altos e de tamanha dor que meu coração parecia que ia sair pela boca, eu conseguia sentir perfeitamente sua dor, sua angústia, sua agonia. Mesmo estando a uma certa distância, é possível ver que as pernas estavam com fundos buracos provocados pelo líquido. As pernas dela fumegavam uma fumaça cinza como se tivesse sido queimada, mas era muito pior. Além dos buracos, outras partes da perna também estavam em carne viva, e em outra, dava para ver partes de seus ossos.

— Não!!! Isso queima! Está queimando muito!!! – Ela gritava gemendo de dor.

— Mônica!!! – João e Cebola gritam em uníssono.

Logo ambos correm para ajudá-la, ignorando o possível perigo que é se aproximar do demônio que ri freneticamente a nossa frente. Os gritos de dor soltados pela Mônica ecoavam pela noite estrelada e pela floresta, era como se a voz dela preenchesse a floresta toda, se tornando parte da mesma.

— Mônica... – Sussurra Cebola desesperado sem saber o que fazer.

João se ajoelha e lentamente coloca suas mãos nela, e após Mônica para de gritar, era como se ele tivesse dado um “tranquilizador”, o remédio de dor mais potente, mas só apenas tocando nela.

— Cuide dela, por favor. – Fala João seriamente para Cebola.

— O que você vai fazer? – Pergunta o garoto de cabelos espetados, vendo o menino ruivo se levantando e olhando diretamente para o demônio.

— Eu dou um jeito nesse monstro. Todos vocês se afastem!

Um murmurinho corre entre a galera e todos tomam uma distância segura. Castiel segura minha mão e me puxa correndo para uma moita próxima que estava atrás de nós, para nos proteger. Eu estava paralisada observando tudo a minha volta, mas a paralisia não era de medo, eu só conseguia me sentir impotente como se eu tivesse que estar fazendo algo, quando na verdade eu sei que não tenho nada para fazer. Eu sou só uma humana, o que poderia fazer? Pegar um pedaço de madeira e sair correndo e gritando para ver se assusto o demônio que possivelmente só riria? É..., não tenho mesmo o que fazer.

— Você irá morrer! Não vê que a Mô que é extremamente forte caiu fácil para esse demônio?

Cebola não recebe resposta. Percebendo que ele não o ouviria, apenas pega Mônica no colo e se afasta para um local mais afastado.

— Quer me desafiar? Vai acabar morto, moleque!

Ipes dispara uma rajada de ácido no João da mesma forma que fez contra a Mô. O ácido era de uma cor esverdeada e só de olhar, parecia que derretia até a alma. Antes que a rajada atingisse o garoto, um campo de força esférico lilás surge envolvendo João, o protegendo. Aquele campo era lindo e admirável, haviam feixes de luz espalhados nele, mas ao mesmo tempo lembrava uma bolha de água com sabão.

— Que mega irado! O João tem super poderes igual ao Capitão Pitoco! – Exclama aos berros Cascão pulando de alegria, ao ver o garoto ruivo “entrando em ação”.

— Cascão, isso não é hora para ficar feliz!!! – Grita Xaveco repreendendo o amigo.

— Foi mal. – Diz o garoto sujinho dando uma risada sem graça.

Eu nunca tinha visto algo tão surpreendente. João ter poderes provoca outro murmurinho na turma, mas ao mesmo tempo que era a primeira vez que eu via aqueles poderes, eu não conseguia me sentir surpresa. O que de fato, me deixa levemente pensativa.

— Parece que Asmodeus estava certo. Vocês são perigosos...

— Asmodeus?! Espera... – Sussurro mais pensativa ainda.

— Monique, você conhece esse cara? – Pergunta Castiel fitando meus olhos.

Contudo, minha atenção estava na batalha que estávamos presenciando. Ipes lança uma rajada intensamente mais volumosa a João, mas igualmente esverdeada. O garoto, entretanto, parecia esboçar reação alguma até notar que aos poucos, a parte de frente de seu campo de força começava a queimar, desaparecendo lentamente.

— Não pode ser! – Exclama ele surpreso e levemente nervoso.

— Diga adeus, garoto!!! – Grita o demônio com um riso maligno.

Ainda dentro do campo de força, João lança uma rajada de energia dourada cintilante com sua mão direita que inicialmente empata com a do demônio, porém, aos poucos a energia que ele lançara avança terreno e sobrepõe ao poder do monstro.

— Não pode ser! Mesmo com meus poderes... é impossível que esse garoto me vença!!!

— Volte para o inferno!!! – Grita a turma em uníssono, entretanto, só Castiel e eu não havíamos falado nada.

A rajada de energia engole totalmente o monstro e praticamente destrói todas as árvores atrás de Ipes, causando um estrago imenso. É inacreditável! Ele realmente conseguiu deter o monstro.

— Mano, você conseguiu! – Exclama Cascão com alegria, indo em direção ao garoto, mas João estende seu braço esquerdo evitando a aproximação do amigo.

— Não se aproximem! Ele ainda não morreu.

Após a fumaça se dispersar, Ipes aparece diante de todos novamente. Ele estava ofegante e seu olhar paralisava qualquer um de medo. Em contrapartida, João estava sério e tranquilo, não aparentava nenhum cansaço depois dessa rajada de energia gigantesca e potente. Quem diria que um dos garotos mais extrovertidos da galera teria um lado assim tão sério.

— Não pense que ainda venceu só por isso! – Ipes levanta seus dois pequenos braços e alguns líquidos que estavam atrás de João estavam tomando forma. Essa não...

— João, atrás de você!!! – Grito tentando o alertar.

— Mas o... – Antes que ele completasse sua fala, João sente uma dor tremenda que o faz soltar gritos de agonia.

Vários monstrinhos com a mesma aparência de Ipes se formaram e grudaram no corpo de João, especialmente em algumas partes do corpo que não estavam revestidos com roupas. Esses "seres" são respingos que tinham no solo por causa dos ataques de Ipes à Mônica, mas ainda assim, pareciam grudar como sanguessugas.

— Não sabia que existiam seres humanos tão poderosos como você, fedelho. – Alega Ipes se aproximando do corpo do garoto que estava deitado no chão se contorcendo de dor. – Agora, é hora de morrer!!!

— Afaste-se de mim!!! – Grita uma voz totalmente diferente ecoando nos céus.

A voz vinha da direção de onde João estava deitado, mas ainda assim, a voz não pertencia a ele. Era uma voz grossa, forte e bastante aterrorizante.

Uma grande aura branca surge no corpo de João fazendo todos os bichos que estavam no seu corpo evaporarem. Tal aura que cobre seu corpo é tão luminosa que acaba impedindo a todos de olharem diretamente em sua direção.

Logo, lentamente tal aura vai ficando mais opaca e menos densa. Ao abrir os olhos vejo que não é o cara que me salvou, mas sim, um ser branco trajando um vestido também branco. Esse ser tem uma cauda, olhos de cor aparentemente prateadas e duas orelhas cinzas de raposa.

— M-mas... – Percebo a reação de Ipes que rapidamente efetua vários passos para trás, tropeçando em seus próprios pés. Em sua face horrorosa é perceptível o medo estampado. – Você é... é... Sairaorg Gremory!!!


Notas Finais


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