História Too Late - Acho que você tá com algo que me pertence.

"Tudo que fazemos é dirigir, tudo que fazemos é pensar sobre os sentimentos que escondemos. Tudo que fazemos é sentar em silêncio esperando por um sinal doente e cheio de orgulho — Halsey, Drive."

ELLIE POTTER POINT OF VIEW.

— Adivinhe.

Minha visão fica escura de repente, mas eu não preciso fazer muito esforço para adivinhar quem é. Eu rapidamente tiro suas mãos de mim e olho para todos os cantos possíveis, inclusive atrás do vaso médio atrás da porta.

— Ei, está tudo bem — Logan tenta me acalmar, olhando em meus olhos. Suas íris são de um azul tão lindo, eu perderia facilmente vários minutos só apreciando sua beleza. — O sinal acabou de bater, já estão quase todos em suas salas.

— Exatamente, quase todos — Eu o respondo. — Acha que Mallory não vai sentir minha falta?

— Pensei que você ficaria feliz em me ver — Ele diz num tom magoado, apoiando as mãos na mesa ao sentar-se nela.

— Tô muito feliz — Eu me aproximo, unindo sua cabeça a minha. Logan prende as mãos em minha cintura e me dá um selinho. — Mas você sabe que eu sou medrosa, e sabe também que eu não sou a pessoa mais otimista do mundo, não dá pra ser na nossa situação...

— Eu sei, eu sei, mas você não pode ficar brava comigo por querer te beijar só por alguns poucos minutos.

— Logan, eu fico brava por muitas coisas, principalmente por você ser meu professor e não um aluno qualquer, mas não fico brava por você querer um tempo comigo. É muito injusto você ter nascido muito antes de mim.

— Ei, você tá falando como se eu tivesse uns quarenta anos — Ele ri.

— Mas é mais ou menos isso — Eu brinco. Aquela pele de bebe e seu sorriso angelical nem fazem parecer com que ele tenha vinte e cinco anos, parece que para ele o tempo parou nos dezoito anos. — Agora eu preciso ir de verdade.

— Nos vemos hoje no meu apartamento?

— Hoje no seu apartamento — Eu confirmo com a cabeça, voando para fora da sala com três livros de química e dois cadernos de anotações nos braços. E logo quando eu saio meu corpo se choca contra outra coisa e cai bruscamente para trás. Eu gemo imediatamente assim que minha cabeça se choca contra o chão e ponho minhas mãos onde está doendo.

— Tá confortável ai? — Uma voz grossa pergunta bem perto de mim.  Eu me levanto um pouco zonza e recolho alguns livros do chão. — Vê se olha por onde anda da próxima vez — Justin Bieber se levanta e sai enfurecido pelos corredores.

— Tá tudo bem? — Logan aparece para me ajudar.

— Tudo bem, felizmente ele não teve tempo pra puxar confusão.

— Esse garoto é bem problemático, tente manter distância.

— Eu vou — Com certeza eu vou. — Até mais!

Uma hora depois
10hr45min AM

Às vezes me pego pensando no que aconteceria se as coisas começassem a dar errado. Por exemplo, se todos na escola soubessem que eu — a melhor aluna, a que sempre passa despercebida, a que nunca é convidada para festas — namora o professor mais gato do colégio. Se alguém descobrir que eu não sou tão gênia assim em Álgebra como todos pensam, ou que eu sei que todas as quartas-feiras, Beth Young chupa o pau de quase todo o time de futebol do colégio. Provavelmente eu seria morta pelos meus pais e odiada por várias garotas que frequentemente tentam um encontro com o nosso querido professor de História. Eu não sou a pessoa mais otimista do mundo por isso esse tipo de pensamento — ou negatividade, como diria Mallory— sempre passa pela minha cabeça.

E falando em Mallory, eu gostaria muito que ela soubesse de tudo. Eu não gosto de esconder nada dela, especialmente porque somos melhores amigas desde o primário e ter que mentir para ela sobre uma coisa como essas é estúpido, mas espero que um dia ela entenda que uma coisa como essa precisa ser mantida em segredo.

— Gale e Brian acabaram de anunciar no refeitório uma grande festa na casa deles. — Mallory comunicou, se sentando ao meu lado debaixo de uma arvore perto da entrada da escola. O horário do almoço era a hora perfeita para estudar História de Guerra longe do refeitório.

— E por que tá com essa cara?

Mallory adorava festas, principalmente festas que envolviam o mesmo lugar que Brian e seu nome. Ela era apaixonada por ele, mesmo dizendo que não, mesmo dizendo que o odiava de manhã e de tarde contasse sobre sua apaixonante conversa com ele a tarde e o modo com que seus olhos se encontravam com o dela de um jeito que jamais se encontrou com outra pessoa. Brian era irmão de Gale, era um dos mais populares da escola, mas não se metia na categoria clichê de populares metidos. Brian era adorável, mas era galinha, era bode, era boi, era búfalo, era tudo menos alguém de confiança, menos alguém que merecia o coração da minha amiga. Mallory enfiava a cara nos livros como ninguém, era ótima em ouvir, em opinar e se apaixonar por garotos que não valem nada, assim com as personagens de seus livros. E é linda, e tem uma risada que eu amo mais do que as músicas da Taylor Swift. Peitos grandes e cabelos negros lindos. Toda linda. Toda Mallory, não tinha outro jeito para defini-la a não ser por ela mesma.

— Simplesmente porque você sabe que quando caras como Brian jogam comida no chão, as galinhas famintas não demoram a vir atrás.

— Não estou para metáforas hoje.

— Ele vai ficar com todas. Vai beijar todas, vai traçar com todas e depois vai me mandar uma mensagem me contando como foi.

Dois copos bateram na mesa atrás delas e surgiram Brian e Gale.

— E aí — Gale disse, sorridente.

— Quem vai te mandar mensagem? — Brian perguntou, todo interessado.

Gale empurrou a bebida pra mim e eu só fiz que não, voltando a olhar Mallory e Brian.

— Sabe não que seja da sua conta...

Brian agiu como se não tivesse ouvido.

— Vai na nossa festa hoje Ellie?

— Não.

— Não? Estava contando com você.

— Estávamos. — Mallory me fitou com o olhar obvio que sempre fazia, como um Você vai, precisa ir.

— Não chorem, mas não sei se terão a honra de ter minha presença nessa grandiosa festa.

— Poxa — Brian fez biquinho.

Mallory revirou tanto os olhos que quase foi percebido pelo barulho.

— O que você tem hoje hein, Mallory?

— Me erra, Brian. Te vejo mais tarde Ellie.

— Tchau pra você também. — Gale gritou. Mallory não se incomodou em virar.

— O que ela tem? — Brian perguntou pra mim.

Eu balanço a cabeça.

— Seria mais fácil perguntar o que ela não tem.

Ir a essa tal festa estava completamente fora dos meus planos, não só porque eu não sou o tipo de garota de gosto de ir em festas, mas porque era o meu dia de encontrar Logan em seu aconchegante apartamento com cheiro de maça. Festas só servem para adolescente que gostam de ficar bêbados, de vomitar no dia seguinte, de viver no limite com medo que os pais descubram, eu não tenho a mínima vontade de fazer parte disso, principalmente quando estou prestes a terminar o maldito colegial. Vá por mim, você não vai querer uma detenção no seu currículo escolar quando estiver prestes a entrar em Harvard. Eu vejo tudo isso em livros, lia as consequências e sofria com algumas delas. Bebês sempre vinham nesse meio, sexo ao quadrado, muito sexo e mais bebês.

— Não vai me fazer ir nessa tortura sozinha, não é? — Mallory me aborda quando entro no corredor, fazendo um biquinho.

— Ninguém tá te obrigando a ir e, além disso, uma festa não é o fim do mundo pra você.

— É quando eu estou brigada com Brian — Ela cruza os braços. — Então?

— Mallory, eu tenho planos.

— Que tipo de planos, Ellie? As provas ainda não tem datas marcadas, ninguém da sua família morreu e você não tem um namorado — Realmente, não que você saiba. — O que pode ser mais importante do que uma festa com a sua melhor amiga? — Ela enfatiza bem a parte da melhor amiga, e uma certa culpa me atinge em cheio.

Nós duas paramos em frente ao meu armário.

— Tá bom, tudo bem. Mas não vou gastar minha gasolina.

Mallory me abraça forte e sai correndo em seguida, o sinal acabou de bater e ela tem Biologia II no terceiro andar.

— Te pego as dez, Cinderela!

Ótimo, Cinderela, agora você só precisa avisar o seu príncipe que você não irá vê-lo hoje. Droga.

Uma nota de compra do Chicken’s Freddy cai quando eu arrumo meus livros para a próxima aula. Eu me abaixo para pega-la e em seguida Justin Bieber está na minha frente com um capuz sobre a cabeça me encarando como se estivesse prestes a me matar.

— Acho que você tá com algo que me pertence — Ele diz seco e toma o livro da minha mão.

— Você podia ser um pouco educado de vez em quando, não dói, sabia? — Reviro os olhos. — Eu nem percebi que era seu, você poderia ter percebido na hora que bateu em mim e nem ao menos perguntou se eu estava bem.

— Primeiro de tudo, não me interessa saber se você estava bem. E segundo, eu não tive culpa, você que apareceu do nada.

— Oh, tudo bem — Eu fecho a porta do armário e agarro meus livros contra o peito. — Esperar gentileza de alguém estúpido como você pelo jeito é demais.

Começo a andar para o segundo andar e me viro para ouvir o que ele diz.

— Não fique brava comigo por você ser tão estabanada!

— Eu sou o que?! Cala a boca!

— Cala a boca você!

— Não, você cala a boca, seu idiota!

— Cala a boca você — Justin se aproxima lentamente e murmura perto de mim. Uma parte de mim de repente fica morrendo de medo. Eu já ouvi histórias sobre o que ele é capaz de fazer, muitas histórias são criadas em torno do aparecimento repentino dele na Easter High. Mas mesmo assim eu não demonstro a reação que ele espera.

— Toma aqui a porra da sua nota — Eu a entrego e dou as costas para ele. — E vá pro inferno, babaca.