História Tornado - One

Os olhos dela viajavam pela paisagem que passava pelas janelas do trem. Ir morar em uma nova cidade era, para ela, algo maravilhoso, afinal finalmente estaria livre das garras daquelas pessoas. Respirou profundamente apertando a alça da mochila em suas pernas com força, a carta com as instruções da U.A se encontrava lá dentro, como o próprio celular no silencioso, para ignorar qualquer eventual mensagem.

Ao chegar na estação pegou a mochila e a mala que faltara despachar para o novo apartamento, e foi caminhando distraidamente por meio as movimentadas ruas. Viu alguns heróis profissionais lidando com um fraco vilão, e aquilo a fez pensar nas pessoas que chamava de família, sacudiu a cabeça e voltou a andar. Um menino mais baixo que ela passou correndo, tinha cabelos e olhos verdes, usava roupas de exercício e parecia já ter corrido bastante. A garota apenas o ignorou e continuou o próprio caminho, logo parando em frente a um belo edifício, com grandes palmeiras na frente, e uma entrada perfeitamente decorada. Entrou e logo algumas pessoas começaram a cochichar entre si, era normal isso, afinal ela nunca parecia ser quem era.

-Hey, você deve se retirar, esse não é um lugar para alguém como você. – Um dos seguranças falou, claramente a confundindo com alguma rebelde sem causa.

Ela o ignorou e foi até o balcão, onde o balconista nem tirara os olhos do monitor. Tirou o capuz que cobria seus lindos cabelos platinados, enfeitados com algumas tranças, fazendo os seguranças se afastarem percebendo o erro que haviam cometido.

-Inazuma-sama. – O balconista enfim falou levantando os olhos para ela. – Seu apartamento já está a sua espera, perfeitamente organizado e limpo como seus pais requisitaram.

Ela nada falou, apenas acenou com a cabeça entregando a mala e a mochila para um dos empregados do condomínio que já aguardava para ajudá-la a levar. O balconista, usando sua individualidade flutuou a chave do apartamento na direção dela, que a pegou lentamente e depois foi na direção dos elevadores até o último andar. O homem moreno que carregava suas coisas chegou alguns minutos depois, viera pelo elevador de serviço, uma regra do condomínio era que nenhum dos empregados deveria frequentar os mesmos locais que os moradores, a menos que requisitado.

Abriu a porta do apartamento encontrando os móveis que escolhera bem organizados. O local era maior que ela imaginara, enquanto observava o ambiente o homem colocou os dois itens e se retirou. Ela levou os dois itens para o quarto gigantesco e começou a arrumar os itens nos lugares certos, até ver o horário no visor do celular e decidir ir até algum mercado para comprar mantimentos.

Trancou a porta e foi na direção ao elevador, colocando o capuz preto andou pela cidade em busca do que procurava, quando enfim encontrou viu um homem empurrando uma senhora idosa e saindo correndo com sua bolsa, enquanto ela gritava chamando a polícia. A garota caminhou na direção da mulher, a ajudando a levantar.

-Por favor mocinha, dentro daquela bolsa está meu medicamento e não tenho como comprar um novo já que minha carteira também está lá. – Ela lhe implorou e com um aceno de cabeça, a platinada apenas pisou com delicadeza no chão e no mesmo instante o homem caiu, gritando palavras desconexas.

A garota caminhou até ele e recuperou a bolsa, deixando-o caindo no chão enquanto recuperava a consciência e a polícia chegava. Entregou o item para a mulher que lhe agradecia com lágrimas nos olhos.

-Eu apenas tive sorte que ele tropeçou. – Ela teimou adentrando o ambiente climatizado do mercado.

Caminhou distraidamente entre as estantes, pegando itens necessários, a sacola começava a pesar quando parou para pegar um pacote de pipoca, que seria sua janta de comemoração da liberdade adquirida e a entrada na faculdade no qual a única pessoa com quem se importava havia estudado.

Foi na direção do caixa, onde pagou seus itens, e a jovem mulher lhe oferecia ajuda para levar os itens até a moradia da jovem, que recusou carregando tudo tranquilamente. A porta de vidro do condomínio foi aberta para si quando chegou nas escadas do local, um empregado rapidamente pegou as compras dela e levou até o apartamento onde ela já aguardava para começar a preparar a refeição nem um pouco saudável.

Ligou o televisor gigantesco e começou a ver as notícias, nada muito importante para si, mas era bom estar sempre informada. Apenas desligou quando viu a imagem de uma daquelas terríveis pessoas aparecer, colocou um filme aleatório e ficou ali em silêncio até ver o horário e decidir que estava na hora de ir dormir.