Touch My Body
Capítulo 10 ~ Confiança
— Sim. — respondeu-a num murmúrio e os olhos dela se arregalaram em espanto. — Eu vou.
A Hyuuga pôs-se de pé imediatamente, arrumou a bolsa no ombro e desviou do Uchiha, abandonando o escritório. Naruto ameaçou correr atrás dela, no entanto Sasuke o surpreendeu com um soco potente, de surpresa, que o arremessou por cima dos assentos destinados aos visitantes.
— Agora, eu preciso arrumar a merda que você fez… — Consumido pela raiva, ele apontou o dedo indicador ao loiro como se o marcasse. — Mas, depois, eu acabo com você. — ameaçou entredentes vendo os ferimentos antigos, causados por ele mesmo, se abrirem novamente no rosto do Uzumaki. — Eu juro, Naruto, eu acabo com você.
Pelas escadas mesmo, Sasuke desceu, correndo, até o térreo. Buscou a morena com os olhos, mas Hinata não estava lá. Sem aviso, debruçou-se sobre o balcão da recepção assustando Temari, que deu um salto e pousou a mão no peito.
— Hina? Cadê?
— Acabou de sair… — Tentando se conter, ela respondeu. — Não falou com ni…
Antes que a loira concluísse, o Uchiha já tinha deixado o prédio. Do lado de fora, procurou-a no meio das várias pessoas que passavam e, do outro lado, pôde enxergá-la seguindo apressada na direção do ponto de táxi existente próximo dali.
Atravessou a rua, desviando dos demais, e a agarrou pelo pulso. Mudo, puxou-a em um abraço desesperado. Achou que a Hyuuga lutaria para afastá-lo, mas, ao contrário disso, ela desabou em seus braços, e, quando sentiu o tecido da camisa grudar ainda mais na sua pele por conta das lágrimas dela, o Uchiha se viu em cacos.
— Não chore, Hina. — Acariciou-a nos fios azulados procurando acalmá-la.
— Como não quer que eu chore? — A voz doce surgiu embargada. — Você vai casar!
— Eu só me casaria com você. — defendeu-se. Era verdade. — Apenas com você.
— Mas não será comigo! — O grito preso na garganta foi solto e Sasuke pareceu um tanto espantado.
— Precisamos conversar direito. — Desviou do assunto carregando-a consigo para perto do veículo alugado. — Eu te levo.
Hinata estava tão em choque que, nem ao menos, tentou discutir com o Uchiha. Apenas se desvencilhou dele procurando manter uma distância do mesmo. Ele a analisou por poucos segundos e sussurrou, magoado:
— Não me trate como se eu fosse um criminoso. — Mesmo soando como uma súplica, nem mesmo um olhar ele recebeu da Hyuuga.
Destravou as portas e ela adentrou o veículo sem esperar qualquer auxílio. Sasuke se acomodou no banco do motorista e a olhou com a intenção de falar algo, mas desistiu. Diferente do clima inicial, o trajeto iniciou silencioso e a moça só abriu a boca para informar que morava no antigo endereço de Tenten.
Mesmo hesitante, o rapaz ainda tentou puxar assunto ou tocá-la vez ou outra, quando paravam em algum semáforo vermelho, contudo ela sempre se esquivava. No fim, o Uchiha soltou um suspiro frustrado e respeitou a distância imposta.
Já no condomínio da Hyuuga, a acompanhou até a porta do apartamento dela e, antes que ela a fechasse sem dizer nada, Sasuke a travou com o pé. Os olhares se encontraram e ele, mesmo ciente de que tudo aquilo era fruto do choque recente, indagou-a nervoso:
— Qual é a dificuldade de confiar em mim? Esqueceu da promessa que me fez? — Cruzou os braços esperando uma resposta. — Ou foi tão da boca pra fora que não vale mais nada, Hina?
— Tire o pé, por favor. — Desviou o olhar e encarou o piso do corredor.
As íris escuras a observaram, descrentes. Ele balançou a cabeça em total negação, depois de alisar os próprios cabelos, e removeu o pé do caminho antes de afundar as mãos nos bolsos da calça social. Por mais despedaçado que estivesse, girou os calcanhares e partiu.
Não escutou o barulho da porta se fechando, mas o seu orgulho ferido jamais o permitiria olhar para trás.
~ x ~
— Sasuke-san! Venha. — Tenten fez menção para que ele entrasse.
O Uchiha meneou a cabeça e adentrou o apartamento em silêncio. Se aquela não fosse uma emergência, Tenten dificilmente o teria recebido sem Neji em casa. Ela demonstrava confiar nele, e isso era excelente, agora.
— O que houve? — Gesticulou para que o moreno se acomodasse.
— Não tomarei muito do seu tempo, Mitsashi. — Retirou do bolso o envelope rosado. — Aqui. — Esticou para a mulher, que o pegou sem compreender muito bem. — É da Sakura, minha ex-noiva.
Ela desdobrou a folha e, os olhos castanhos, percorreram cada linha com atenção. A boca se abriu em surpresa e ela o fitou, ressabiada.
— Casamento? Você vai casar?
— Leia até o final. — Embora tivesse soado arrogante, Sasuke comentou apenas por imaginar que ela teria feito o mesmo que ele. — Não pare pela metade como eu.
Tenten voltou a sua atenção à carta e, ao concluí-la, um som indecifrável escapou dela.
— Não acredito! — exclamou, pasma, escondendo a boca com a palma da mão.
— O que acha?
— Eu acho que a minha amiga vai sofrer muito se souber disso. — Devolveu o envelope ao dono, que o guardou de volta no bolso. — A Hi-chan não pode nem sonhar algo assim antes da hora.
— Sabe-se lá como, mas o Naruto descobriu e contou para ela. — Massageou as pálpebras com os dedos. — Eu pedi que ela confiasse em mim, que tudo daria certo, mas ela não acredita… — Suspirou antes de completar: — pra variar.
— Não pense dessa forma. — Havia um desapontamento nítido nas palavras do rapaz.
— Talvez o meu histórico ajude. — Andou de um lado ao outro visivelmente perturbado.
— A Hi-chan confia cegamente em você, mas, independente de confiança, descobrir que o homem que ela ama, e esperou a vida toda, vai se casar, corta o coração, não acha? — Procurou amenizar o clima.
— A idéia era manter em sigilo, mas ela soube. — comentou agoniado. — Estou enlouquecendo.
— Sasuke-san… — Por mais que a moça quisesse confortá-lo, como ela o faria? Aquela era a primeira vez que tinha uma conversa decente com o Uchiha.
— Eu vou contar tudo para ela.
— Não! Não pode! — exclamou. — Eu assumo a responsabilidade. — Viu o arquear de uma das sobrancelhas dele. — Deixe a Hi-chan comigo.
— Então cuide dela. — pediu enquanto afundava as mãos nos bolsos. — Preciso correr atrás das últimas coisas, tenho pouco tempo. — Deu alguns passos na direção da porta. — Se eu tivesse lido antes, teria me preparado melhor.
— Cuido sim, fique tranquilo. — Ela sorriu por conta da preocupação dele.
— Não a deixe chorar, nem permita que ela se martirize. Faça com que ela fique forte e firme.
Tenten assentiu enquanto o analisava. Era estranho vê-lo falar tanto, e com tanto carinho, de alguém. Quando se tratava de Hinata, o Uchiha assumia uma postura completamente oposta da arrogante e desinteressada, natural dele.
— Por último, traga-a para cá, se não for incômodo. — O moreno tocou a maçaneta, abrindo a porta. — Tenho receio sobre o Naruto.
— Receio? — Pegou o molho de chaves e saiu do apartamento ao lado dele.
— Ela não te contou? — Viu a mulher se mover em negação. — A Hina se demitiu da editora. Aquele desgraçado a agarrou dentro do escritório.
— Ah, mas ele tem muita coragem mesmo!
— Eu o faria perder todos os dentes da boca, mas você a conhece. — O Uchiha esboçou um sorriso minúsculo, de canto.
Por mais que a situação fosse séria, ex-Mitsashi não pôde deixar de gargalhar. “Perder todos os dentes da boca” combinava incrivelmente bem com ele. Não tinha como não se recordar do garoto emburrado e mal humorado da adolescência.
Sasuke não tinha mudado em nada, apenas na idade.
— Vou buscar a Hi-chan agora mesmo.
— Também faça com que ela relembre a promessa que me fez. A Hina parece ter esquecido. — Fez uma breve careta, desgostoso. — Se bem que, ter de fazê-la se lembrar de uma promessa, já deixa claro o quão significativa ela foi. — finalizou num resmungo mais baixo.
Tenten o acompanhou pelas escadas, calada, enquanto Sasuke parecia pensar em outras coisas e, ao saírem, ele moveu a cabeça para ela, mais uma vez, numa despedida silenciosa.
Quando a moça começou a se afastar, escutou a voz interrogativa e rouca dele à distância.
— Hiashi? — Ela se virou para olhá-lo. — Ele ainda mora no mesmo lugar?
~ x ~
De frente para o apartamento da cunhada, a ex-Mitsashi pretendia bater algumas vezes, mas, com apenas uma única batida, a Hyuuga escancarou a porta quase desesperada.
— Ouça… — Ela se calou imediatamente.
— Oi, amiga. — Acenou certa de que Hinata imaginava ser o namorado. — Esperava outra pessoa?
— … — Ela desviou o olhar sem jeito. Se sentia mal pelo que havia acontecido. — Sasuke… Achei que ele tinha voltado, mas vem, Ten-chan, entra.
A mulher observou a frustração no rosto feminino com a certeza de que a tal promessa, citada por Sasuke, jamais teria sido em vão. Hinata nunca prometeria algo se não pretendesse cumprir, mas o choque, de certo, fora tão grande ao ponto de fazê-la perder o controle das próprias emoções.
— Nem pensar! Vamos para o meu apartamento. — A moça a olhou sem entender. — Preciso de ajuda. Lembra que o Neji só volta na próxima semana? Nós podemos conversar sobre o que aconteceu e você dorme comigo! — contou os planos, animada. — Ande logo! Pegue algumas peças de roupa!
— Não sei, Ten-chan… — Hesitante, ela murmurou baixinho. — Eu e Sasuke brigamos… De repente, ele vem… Quero me acertar com ele… — Colocou uma mecha do cabelo por trás da orelha. — Acho que eu o magoei.
Um sorriso brotou nos lábios da cunhada. Ela não havia errado. Hinata confiava nele mesmo, no final das contas, só tinha reagido mal à notícia. Normal.
— Não quero saber! — resistiu. — Vá logo, estou esperando.
Por mais que não quisesse, ela não discutiu. Arrumou uma bolsa apenas com uma roupa de dormir confortável e seguiu para o outro apartamento. Ao adentrar o espaço, o coração dela disparou quando um cheiro familiar invadiu as suas narinas. Era o perfume de Sasuke, mas aquilo não fazia sentido algum, certo?
Os olhos perolados buscaram, ao redor, algo ou alguém e Tenten analisou-a com ternura, certa de que a fragrância do Uchiha que permanecia ali, bem sutil, tinha a derrubado.
— O que foi?
— Na...nada… — gaguejou ruborizada. — Só coisa da minha imaginação.
Tenten adoraria contar que Sasuke realmente estivera ali, mas não podia. Ainda não. Depois que a jovem de íris castanhas trancou a porta, as duas se acomodaram na cama, de frente, uma para a outra, com as pernas dobradas em lótus.
— Me conte, Hi-chan.
— Ah, Ten-chan, foi tudo tão lindo… — Por mais que ela olhasse para baixo, era possível enxergar o brilho das pérolas. — A noite que passamos foi maravilhosa, ele foi maravilhoso… — Avermelhou mais arrancando um sorrisinho da cunhada. — Mas deu tudo errado.
— O que houve? — Viu os olhos dela se encherem de lágrimas. — Não chore! Não ouse chorar!
— Você não entende… Acabou, Ten-chan… — explicou num fio lamentoso. — Acabou tudo.
— O que acabou? — Ela passou os dedos na franja azulada. — Eu encontrei um moreno extremamente bonito, e ele dizia outra coisa.
— Você o viu? — O semblante dela se iluminou. — Então, foi por isso que eu senti o cheiro dele… De alguma maneira, talvez…
— Não, ele esteve aqui. — Sorriu. — Você não imaginou coisa.
— O que ele veio fazer? — questionou-a.
— Conversar sobre o casamento. — A Hyuuga arregalou os olhos. — Acredita que ele me pediu auxílio? — perguntou como se fosse um milagre. — O orgulho em pessoa, Uchiha Sasuke, veio me pedir auxílio. — Riu. — Aliás, ele também me pediu para cuidar de você, não te deixar chorar e, sabe, Hi-chan, eu realmente acredito nele.
Mas que lavagem cerebral Sasuke havia feito nela? Quem era aquela na sua frente? Definitivamente NÃO era Tenten.
— O que… ele fez com vo… — Uma interrogação apareceu no rosto da ex-Mitsashi. — Digo, o que ele te disse?
— O mesmo que te disse. — Deu de ombros. — Apenas vi preocupação e sinceridade nele, só isso.
— Não é como se eu não acreditasse nele, Ten-chan. — admitiu mesmo hesitante. — Mas, para mim, saber de uma possibilidade dessa… me… mata.
— Ele casar com outra? — Achou graça por ver a amiga tão insegura. — Hi-chan, eu sei o quanto está triste, mas, que tal um voto de confiança?
— Já pensou se der algo errado? — cogitou incerta. — Ten-chan, como eu vou ficar nisso?
— Não vai dar, amiga. — Viu o ar curioso de Hinata. — Aquele homem já provou, de diversas maneiras, o quanto te ama. — explicou confiante. — Pense positivo.
— Eu… Por mais que eu queira, não sei se consigo.
— Vai repetir o mesmo erro do passado? — Pegou fundo, direto na ferida. — Vai virar as costas sem, nem ao menos, permitir que ele tente alguma coisa?
— Mas… — Aquilo doeu muito, principalmente por ser verdade. Sem querer e mesmo depois de ter prometido que confiaria nele, ela fizera a mesma coisa de seis anos atrás. — Eu só… não aguentaria… vê-lo casar… — murmurou aos soluços.
— Confie nele. — As palavras do Uchiha voltaram na sua mente. — Confie nele e tudo dará certo.
Não teve como não se recordar da promessa.
— Acha mesmo?
— Tenho certeza. — Viu as bochechas da Hyuuga avermelharem. — Agora, antes de me contar todos os detalhes da sua noite maravilhosa, você sabe o que deve fazer, certo?
— Sei sim. — assentiu. — Pena que deixei meu celular em casa.
— Ligue do meu. — Ela se esticou até a cômoda e trouxe o aparelho para a amiga. — O número dele está salvo nos contatos.
A moça de olhos perolados franziu o cenho. Mas o que estava acontecendo? Pensou em argumentar, mas queria falar com Sasuke o quanto antes. Após três toques completos, ela pensou em encerrar a ligação, contudo ele atendeu de repente e o seu tom esbanjava preocupação.
— Mitsashi, como ela está?
— É… a Hinata… — O seu coração acelerou só de ouvir a voz rouca dele.
— … — O Uchiha ficou mudo por alguns segundos. — Olá, Hina. — Foi saudada num tom lamurioso, e ela sentiu uma enorme vontade de chorar.
— Ouça… — O namorado se manteve calado. — Eu confio em você. — confessou como se tirasse um peso dos ombros. — Me desculpa, mas eu… fiquei tão triste… por saber… — Os gaguejos vieram sem dó e ele permaneceu quieto. — Poxa, eu e você deveríamos casar… Como queria que eu não ficasse chateada? Era o meu sonho, sempre foi… Você sabe… amor. — Instável. Ela parecia muito instável e com medo da resposta dele.
Ao contrário, Sasuke se amaldiçoou por ser tão fraco e achá-la tão graciosa. Um sorriso mínimo apareceu nos lábios frios dele e, como ficaria bravo com ela?
— É o que eu sempre desejei também. — O seu tom soou calmo. — Aliás, ouvir isso me deixou bem aliviado.
— O que eu devo fazer? — Os músculos, antes tensos, relaxaram.
— Deixe nas minhas mãos. Não chore, não se desespere, não duvide. Apenas confie… — Pausou brevemente. — e tudo ficará bem.
Aquele maldito “e tudo ficará bem”.
— Certo… — concordou procurando afastar as dúvidas do próprio coração. — Está no seu apartamento?
— Não, meu bem, estou na cate…. — Antes que ele concluísse, alguém o interrompeu.
— Onde colocamos esses lírios, senhor?
O Uchiha afastou-se do celular rapidamente.
— Pode colocá-los ali. Obrigado. — Ouviu um murmúrio da Hyuuga. — O que foi, meu bem?
Na verdade, a única vontade que Hinata tinha era a de desligar a chamada sem nem ao menos respondê-lo, e ele sabia disso.
“— Sasu-kun…
— Hm? — Com os dedos enlaçados nos dela, ele a encarou por cima dos ombros.
— Veja se não são lindas?! — O olhar da garota apontou para as flores que cresciam no jardim do colégio. — São lírios…
— Uma flor?
— Não é uma flor qualquer, é a minha preferida! — As íris escuras foram atraídas pela movimentação dos lábios da Hyuuga. — Delicada, bela e, sempre que olho para elas, sou tomada por uma enorme sensação de paz…
A sobrancelha do Uchiha arqueou e ele não conseguiu esconder o sorriso bobo.
Hinata falava da flor ou dela própria?
Beijou-a algumas vezes de surpresa e, depois de se afastarem, o moreno aproximou-se da orelha feminina e sussurrou, baixinho:
— Hina, os lírios são exatamente como você.”
— Lírios…?
— Delicados, belos e trazem uma grande sensação de paz. — repetiu tudo que ouvira há anos. — É a sua flor preferida, não é?
Hinata não teve ação. Sasuke só poderia estar de brincadeira. O coração palpitou e ela achou que ele falharia à qualquer momento. Como ele conseguia jogar daquele jeito?
— Si… im. — confirmou e, embora tentasse esconder, o Uchiha a conhecia perfeitamente bem. Ela estava próxima de chorar.
— Pois então, eu os escolhi pensando em você. — A voz dele amansou e ela permaneceu em choque. — Preciso ajeitar algumas coisas, mas ainda quero muito te ver.
Surreal. Ele arrumava as coisas do próprio casamento enquanto dizia que queria vê-la. E ainda mais surreal era o coração de Hinata pedir, praticamente implorar, para que ela aceitasse aquela loucura.
— Passa… aqui?
— Claro, fique por aí mesmo. — Foi quase uma ordem. — Não te quero sozinha naquele apartamento.
— Espero você, então.
— Ok, se cuide.
O Uchiha não disse mais nada e encerrou a ligação. A Hyuuga afastou o celular ainda processando todas as informações. Tudo aquilo soava verdadeiramente insano.
~ x ~
Aquela quinta-feira passou num piscar de olhos. As duas amigas ficaram, o dia inteiro, conversando sobre a atual situação de Hinata e ela já se sentia melhor, embora tivesse certeza de que, se o tal casamento acontecesse mesmo, o ponto final na relação deles ocorreria no momento do sim. Jamais aceitaria a posição de amante na vida do Uchiha.
— Hi-chan, os tomates estão pront…
A campainha tocou e a dona do apartamento caminhou até a porta comprovando, pelo olho mágico, ser Sasuke. O rapaz bem vestido carregava apenas uma pasta de documentos e aguardava com uma expressão mais leve no rosto.
— Boa noite, Mitsashi.
— Boa noite, Sasuke-san.
— Sasuke. — corrigiu-a. Não tinha necessidade de tanta formalidade. Ela era sua cúmplice, praticamente.
— Tenten. — A mulher retrucou e ele a olhou de soslaio com um sorrisinho minúsculo.
O Uchiha adentrou o espaço encontrando a sua morena com uma faca na mão direita e um tomate na esquerda, que ela cortava apenas para decoração. Ele esboçou um novo sorriso, diferente do anterior, e bem percebido por Tenten, que achou linda a maneira como ele olhava para ela.
A Hyuuga deu alguns passos na direção do namorado e ele se curvou rapidamente, pousando a mão na parte de trás da cabeça dela, dando um beijo carinhoso na franja azulada. Tenten, imaginando que eles deveriam ter um tempo sozinhos, apenas gesticulou para a cunhada, com o celular na mão, avisando que logo retornaria.
Sasuke, desconfiado e notando um clima diferente, ameaçou olhar para trás, porém, antes que ele o fizesse, a parceira ficou na ponta dos pés e uniu os lábios nos dele numa resposta adiantada. O Uchiha a agarrou em um abraço apertado, fechou os olhos e a retribuiu, matando a saudade acumulada daquelas poucas horas.
Após se separarem, ele pousou a pasta por cima da cômoda e, quando pretendia agarrá-la novamente, a ex-Mitsashi retornou explodindo de felicidade pelo retorno de Neji ter sido adiantado para aquele sábado. Depois da notícia, os três sentaram-se à mesa para aproveitar da torta de tomates recém preparada pela Hyuuga.
Enquanto escutava as duas amigas tagarelando durante a refeição, o rapaz permanecia em silêncio apenas aproveitando da torta que lhe trazia lembranças tão antigas. Hinata costumava fazê-la para ele sempre, quando eram mais novos, e era incrível como o sabor não havia mudado. Quando as moças se calaram, ele recebeu um olhar interrogativo da namorada.
— Sasu-kun, está tudo bem?
— Sim, Hina. — afirmou sem entender. — Por que?
— É que você está muito quieto. — Ele franziu o cenho. Aquilo era normal, não?
— Ele sempre foi assim, Hi-chan! — Tenten apontou para o Uchiha. — Na época do colégio, ele sempre foi muito fechado e só falava com você direito. — O moreno esboçou um sorrisinho de canto. Ele ainda estava ali, só para lembrar.
— O assunto de vocês não me interessa.
Categórico, o Uchiha sorveu um pouco do suco depois de explicar com naturalidade o motivo de estar calado, e claramente se via que ele não tivera a intenção de criticar ninguém. Só era sincero demais e, na maioria das vezes, falava o que pensava sem rodeios.
A ex-Mitsashi soltou uma risadinha por culpa daquela resposta tão direta e quase ofensiva graças ao tom arrogante dele. Uchiha Sasuke ainda soava o mesmo cara chato de antes.
— Talvez a sobremesa seja do seu interesse, Sasuke.
Ela retrucou, divertida, referindo-se a sobremesa pronta, guardada na geladeira, e o rapaz compreendeu isso, no entanto o rosto da Hyuuga tomou uma coloração rubra o suficiente para fazê-lo perceber que ela pensava em um outro tipo de sobremesa.
O jovem arqueou uma das sobrancelhas tentado a não deixar passar. E não deixaria.
— Se for a sobremesa que a Hina está pensando… — Um sorriso cínico brotou nos lábios dele. — Essa, certamente, me interessa.
Os olhos claros se arregalaram e ela deu um tapa leve no braço do namorado o repreendendo pelo comentário, mas avermelhou ainda mais, o que só comprovou os seus pensamentos impuros. As íris castanhas caíram sobre a amiga e foi impossível, até mesmo para Sasuke, conter as gargalhadas.
Aquela noite ficaria guardada, para sempre, em seus corações. E o constrangimento de Hinata também.
~ x ~
A Hyuuga acendeu a luz do próprio apartamento com Sasuke a acompanhando. Havia voltado para casa após ficar o dia inteiro enchendo Tenten, mas compreendia a preocupação do Uchiha. Na verdade, até ela se preocupava com a questão envolvendo Naruto. Era automático.
Fechou a porta e, após trancá-la, o moreno a abraçou por trás assim que ela passou por ele.
— Agora sim, estamos sozinhos. — Afastou os longos fios, deixando a nuca feminina visível, distribuindo beijos ali. — O que quer fazer?
— Quero tomar um banho com você. — Hinata virou-se para ele, com os pêlos arrepiados, e o respondeu de imediato.
— Não sei se aguento ficar apenas no banho. — rebateu sugestivo, franzindo o cenho.
— Era essa a intenção, amor… — replicou, travessa, roçando os lábios nos dele.
— Ora, ora… Olha só. — O timbre da voz soou sarcástico e malicioso.
Emaranhou os dedos nos dele e, em meio às risadinhas, passou a guiá-lo em direção ao banheiro. Hinata sabia que aquela quinta-feira não se tratava de um dia qualquer, aquela quinta seria o dia que ela se entregaria para ele de corpo e alma, pela terceira vez, agarrada apenas à esperança de não ser a última.
~ x ~
Ter Sasuke era maravilhoso e, Hinata querendo ou não, fazer amor com ele mediante àquela situação conturbada soava como uma despedida. Enlaçada à cintura dele, com as costas contra o azulejo gelado, ela mantinha os braços o envolvendo por cima dos ombros, enquanto o Uchiha, com as mãos grossas e firmes, a segurava pelas coxas, movendo os quadris numa velocidade agradável.
A água do chuveiro escorria pelos corpos à medida que os gemidos dos dois tomavam o apartamento. Ela não queria pensar em mais nada, desejava apenas aproveitar a noite com o homem que amava.
Quando Sasuke passou a brincar, usando a boca, com o mamilo sensível dela, a moça gemeu e, em seguida, murmurou, com a respiração alterada, que ele fosse mais rápido, o que foi prontamente atendido pelo rapaz, que abusou das estocadas completas, firmes e vigorosas. E aquilo era gostoso. Muito. Mesmo.
Hinata enroscou os dedos nos fios escuros, dando leves puxadinhas, permitindo-se arfar ao pé do ouvido de Sasuke, que viu o próprio corpo tremer ansioso e extremamente excitado. Ela piscou em resposta e o rapaz percebeu que Hinata estava próxima de mais um orgasmo naquele dia.
Estocou-a mais algumas vezes e soltou um som de prazer ao se enxergar perto do ápice. Ele se manteve firme capturando os lábios dela num beijo lascivo, onde as línguas se embolaram, uma na outra, e ela tremulou mais uma vez em seus braços, o apertando internamente.
Um pouco mais rude, enfiou-se com uma força moderada e ela gemeu mais alto contra os lábios dele. Os espasmos pelo corpo feminino vieram arrebatadores, ela apertou os olhos procurando se controlar para não gemer ainda mais alto e esmagou os cabelos escuros em suas mãos.
— Que delícia, meu bem. — Sasuke provocou, ofegante, num sussurro sôfrego e a parceira perdeu as forças, esgotada.
Com um leve esforço, ela aproximou os lábios da orelha dele e, após passar a língua nela e assistir a pele dele se arrepiar de imediato, murmurou sensual:
— Sasu… — A voz dela saiu manhosa. — Eu quero que você me preencha de novo, amor. — Ele engoliu em seco e o seu membro pulsou quase que desesperado.
Escutar aquilo vindo de Hinata só deixava claro o quão bom professor ele fora. A Hyuuga havia aprendido a lidar direitinho com ele e aquilo era péssimo. Ela o destruiria em pouquíssimo tempo e ele, sem dúvidas, comeria na mão dela facilmente.
— Hi… Tsc.
E não deu mais. Após afundar o rosto na curvatura do pescoço feminino, os seus dedos a apertaram nas coxas com mais vigor e o rapaz se manteve pressionando o quadril contra ela, desmanchando-se o mais fundo possível.
— Hina… — chamou-a, rouco, tentando controlar a própria respiração. — Você não deve… usar as minhas técnicas… contra mim… — Fez uma pausa. — Isso é burlar as regras.
Embora a Hyuuga tivesse um sorriso nos lábios e permanecesse abraçada nele, ela viu as próprias lágrimas escorrendo pelo seu rosto sem que pudesse fazer nada. Não conseguia conter a própria vontade de chorar. Sasuke a fazia tão feliz e imaginar que aquela felicidade poderia acabar a deixava aos prantos, em pânico.
O semblante do Uchiha mudou. Era horrível vê-la sofrer.
— Hina, meu bem, o que foi?
— Sasu… — chamou-o, trêmula. — Me desculpa, mas eu não consigo…
Ele sorriu com uma ternura evidente, retirou-se de dentro dela com cuidado e a pôs no chão, de pé, a abraçando. Puxou-a consigo para debaixo do chuveiro, onde puderam desfrutar da quentura da água, relaxante, caindo sobre os seus corpos. O rapaz se ajeitou de maneira que a água não os incomodasse, mas ainda assim, os molhasse.
— É o casamento, não é? — Viu o balançar negativo dela.
— Não exatamente. — falou baixinho. — É o medo…
— De? — Esperou que ela completasse.
— De te perder…
— Sei que está vendo essa noite como uma despedida, Hina. Sei desde o início, mas não é e nem será. — garantiu. — Nós temos toda a vida pela frente. — Acariciou-a na bochecha rosada. — Eu entendo que esteja insegura, tudo aconteceu da noite para o dia, mas fique tranquila e confie. — Segurou a mão dela e beijou a palma. — É só o que te peço, e eu juro, meu bem, eu farei cada lágrima valer a pena.
O coração da Hyuuga disparou ainda mais apaixonado do que antes. Os olhos perolados, marejados, perderam-se na imensidão dos escuros dele que, fixos e firmes, não deixavam dúvidas quanto às suas palavras. A mão dela pousou no rosto do Uchiha e ela balançou a cabeça, positiva.
— Tudo bem, Sasu.
— Agora, vamos terminar o nosso banho e, depois, vemos o que fazer. — Beijou-a mais uma vez. — Posso passar a noite aqui, se você quiser.
O lindo sorriso que ela mostrou deixou claro que ele poderia ficar quanto tempo achasse necessário.
~ x ~
Abraçados, Hinata repousava quase que por cima do Uchiha, deitada sobre o peitoral dele. Já passava da meia noite e, tecnicamente, já era sexta-feira, o que significava que ele teria de deixá-la mais uma vez. Suspirou, aquele dia seria ainda mais corrido.
— O que foi, Sasu? — questionou-o, curiosa.
— Hina… — Pretendia falar algo, mas se calou.
— Fale, amor. — insistiu. O coração dele havia disparado de repente.
— Eu quero, logo, casar com você…
A Hyuuga se apoiou e levantou o rosto para olhá-lo. Encontrou o olhar misterioso e sério do namorado.
— Eu também. — Ruborizou, com um sorriso no rosto. — Por isso fiquei tão triste quan…
Ele pousou o dedo indicador nos lábios dela num pedido para que ela não continuasse.
— Você já respondeu, e é só o que eu preciso saber.
O olhar interrogativo de Hinata deixou claro que ela não havia entendido nada e Sasuke apenas mostrou um sorriso curto, leve, antes de fechar os olhos.
Ele não responderia perguntas.
— Tenha bons sonhos, Hina.
Continua...
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