História Toxic - Adeus

16 de outubro de 2013

Primeiro de tudo eu quero pedir desculpas.

Eu sei, eu sou um canalha por ter fugido, mas, por tudo que é mais sagrado, foi necessário. Juro.

Não sei muito bem em qual momento exatamente as coisas começaram a desandar. Acho que desde o início, mesmo. Não tivemos um começo muito bom, não é? Naquele tempo, sabe, eu estava tentado, mas a abstinência é como o inferno. Ainda estou tentando, afinal, você havia me pedido para parar com esse vício, não é? Estou tentando, juro que estou, mas é ridiculamente difícil.

Tudo tem sido difícil. Sempre foram, na verdade, mas depois de você parece que tudo decidiu piorar. A culpa não é sua, tá? Mas é que a sua presença deixou um rombo tão grande na minha atmosfera que impossível continuar ignorando os problemas a minha volta. Você me deixou muito sensível.

Eu gostaria de dizer estou indo bem, que não continuo me autodestruindo, mas eu estaria mentindo. E eu não sei mentir para você, Hansol. Não sei mentir quando você me olha nos olhos, sério, cheio de intenções extraordinárias. Nem mesmo em uma carta escrita as pressas no banheiro da estação ferroviária.
Os dias recentes parecem passar em câmera lenta, a nicotina há muito tempo já não tem sido o suficiente. O mundo parece mais monocromático que o normal; tudo está em uma escala de cinzas sufocante.

É assim que eu me sinto, sufocado.

Queria poder lembrar de todas as vezes em que fiquei chapado e jogado em algum lugar e ter a felicidade de dizer que não passaram de umas duas vezes, mas você me conhece, já aconteceu tantas vezes que até mesmo perdi a conta. E o motivo tem sido sempre o mesmo. Me sinto um desgraçado por inconscientemente culpa-lo. É o meu jeito. Talvez eu nunca mude.

Acho que você se pergunta o porquê da minha fuga. Acredite, foi a escolha mais sensata que eu já fiz em toda a minha vida.

Eu sou um buraco negro, Hansol, e você é a luz do universo. Você sabe o que acontece quando a luz entra no horizonte de eventos de um buraco negro, você sabe que ela não escapa. Eu não quero apagar sua luz. Não quero que você se afunde junto comigo. E, droga, Ji Hansol.

Eu amo tanto você, eu não poderia ver você chorando, de novo, por minha causa porque eu bebi demais e arrumei confusão, porque eu me droguei mais uma vez ao ponto de quase ter uma overdose. E por mais que você diga que poderia me ajudar, eu sei que não iria funcionar. Eu já estou tão sujo por dentro que não tem mais solução, e você sabe disso.

É melhor assim, sabe. Você longe. Dói, mas é a melhor escolha. Eu sei que é. Por isso eu te peço, Ji Hansol, do fundo da minha alma, que não me procure mais. Não me olhe mais. Não chegue perto de mim, nem respire o mesmo ar que eu. Se afaste Hansol, porque eu sou tóxico. Eu vou, inevitavelmente, te machucar enquanto estiver perto.

Estou pensando em voltar para o Japão. Talvez tudo piore pra mim, mas assim posso ter a certeza de que você não anda se aventurando pela cidade à minha procura. É, Taeyong me contou sobre isso. Isso só me faz pensar que eu preciso urgentemente ir embora. E então é isso.

Estou de partida, amor, definitivamente. E é pra sempre.

Adeus, Ji Hansol.