História Toxic - Memories

— Amar pode doer às vezes...

— O tempo passou rápido, não? Pensávamos que quatro anos iam ser uma tortura, e foi, mas hoje já é o dia da sua formatura — America mal começou a falar e lágrimas deslizaram pelo seu rosto. — Justin Bieber... O que falar sobre você? — perguntou, encarando o mesmo. Seus olhos passaram pelas milhares de pessoas, todos concentrados nela, o que a deixou mais nervosa. — Além de meu melhor amigo, meu irmão. Primeiramente, quero dizer que te amo. Te amo com todas as forças.

Justin sorria verdadeiramente. Ele nunca sentiu tanta felicidade quanto está sentindo agora. Sua garotinha era novamente dele. Sim, America e Calvin haviam terminado.

Em parte, ele se sentia culpado por estar feliz, enquanto a amiga demonstrava estar um pouco abalada. Mas o importante é que America era novamente sua.

— Eu lembro de tudo o que aconteceu enquanto você estava na faculdade. Tantas saudades, tantos sorrisos, tantas lágrimas — ela sorriu. Seu desejo era contar tudo o que aconteceu e sentiu enquanto estavam separados, mas não tinha certeza se era bom. Talvez as pessoas fossem rir, então ela ficaria mais envergonhada ainda. — Lembro do dia que você viajou e que prometeu ligar para mim assim que chegasse. Você ligou, mas acabou dormindo no meio da chamada de vídeo.

As pessoas riram e os amigos de Justin o sacanearam, também rindo. Justin sorriu envergonhado e piscou para America.

— Uma semana depois, você me ligou chorando dizendo que estava com saudades. Isso foi como um tiro. Nunca tínhamos passado tanto separados. E bom, só tinha se passado uma semana — as pessoas riram outra vez. — Os meses se passaram e a saudade aumentava. A minha vontade de largar tudo e correr para seus braços era imensa, mas eu tinha que terminar o colegial.

Então, de repente, os pensamentos de Justin voaram para três meses atrás, quando America contou a notícia que o destruiu.

— Jus, eu tenho uma coisa para te contar — America falava, sorrindo.

— O quê, nenê?

— Eu não te contei nada, pois achei que não tinha importância — ela mantinha um sorriso envergonhado, enquanto seus olhos estavam focados na tela do computador. — Mas com o tempo, eu percebi que isso me fazia feliz. Toda vez que eu lembrava, eu sentia um nervoso na barriga.

Justin sorriu. Imediatamente surgiu na sua cabeça a hipótese de seu amor por America ser correspondido.

— Lembra daquele menino que eu esbarrei mês passado? — America perguntou e Justin assentiu. — Bom, eu meio que estou gostando dele — ela falou tranquila, afinal, não sabia que o amigo sentia algo a mais do que amizade.

— Gostando? — Justin arregalou os olhos e sentiu uma pontada no coração.

— Eu nunca senti nada parecido por alguém, Jus. Eu me sinto feliz só de tê-lo por perto — Justin engoliu em seco, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair. — Em parte, o que eu sinto se parece um pouco com os meus sentimentos por você, sabe? Mas os meus sentimentos por ele são mais intensos, tem paixão envolvida.

Pronto. Aquelas três últimas palavras foram o suficiente para destruir o coração de Justin.

Era incrível o quanto palavras machucavam mais do que qualquer coisa, do que qualquer dor física.

— Justin, eu acho que o amo — America completou, sorrindo.

O pior para Justin não era o fato de sua garotinha amar outra pessoa, o pior era o fato que essa pessoa fazia America ser feliz mais do que Justin fez em todos esses anos.

— Jus, você está bem? — a amiga perguntou, preocupada com o melhor amigo.

Lágrimas desciam pelo rosto do garoto e ele sabia que não poderia esconder por muito tempo. 

— A gente pode se falar depois? Tenho algumas coisas para fazer — sem perceber, Justin acabou sendo grosso com America, ele viu nos olhos de sua garotinha.

— Bom, tudo bem — ela respondeu, forçando um sorriso. — Mais tarde eu te ligo, pode ser?

Justin assentiu e America sorriu.

— Tchau, princesa.

— Tchau, Jus. Te amo — ela disse, fazendo um coração com a mão.

— Eu também… — o loiro se obrigou a sorrir, antes de continuar. — Te amo.

America sorriu novamente e desligou a vídeo chamada.

Uma semana depois, Justin imaginava que a melhor amiga já havia tirado aquela ideia da cabeça e resolveu ligar para ela.

Na cabeça dele, seria a primeira chamada de vídeo normal e longa que eles teriam desde a semana passada. Já que, desde aquele dia, Justin começou a inventar desculpas para não falar com America. Ele não se sentia mais disposto para falar com ela. Tudo o fazia lembrar daquelas malditas três palavras que acabaram com o seu coração.

— Jus? — assim que a garota atendeu a vídeo chamada, sorriu ao ver o melhor amigo.

Nesses últimos dias é ela quem o chama, não ele. — Estava com saudades.

— Eu também estava, anjo — ele retribui o sorriso. — Como estão as coisas aí?

— Tirando o fato de você está longe da gente, estão incríveis! — Justin podia notar a felicidade dela em seus olhos, o que o deixou feliz. — Aliás, eu tenho que te contar algo muito importante.

— Pode dizer, princesa.

— Então… Não tem aquele garoto que eu falei na semana passada? — no mesmo momento que America termina de falar, a íris dos olhos de Justin se escurecem, enquanto as da garota brilham. — O nome dele é Calvin, e ele me pediu em namoro.

Então tudo parou para Justin. Suas pernas ficaram bambas, mesmo estando sentado. Sua respiração acelerou, mesmo estando parado. E o resto do seu coração se destruiu.

— Justin? — a voz de America ecoou pela sua cabeça e então o mesmo abriu seus olhos, acordando do transe que havia entrado.

— O-oi… — ele piscou os olhos, na tentativa de se acostumar com as luzes do ambiente e se direcionou a America. — Estou ouvindo.

— Você não estava dormindo, estava? — ela perguntou com uma sobrancelha arqueada, enquanto se segurava para não rir da cara do amigo.

— Claro que não! Que tipo de melhor amigo você acha que eu sou? — ele forçou-se a rir, tentando esquecer aquelas lembranças.

— Então o que eu acabei de dizer?

— Você perguntou se eu estava dormindo...

— Antes disso, bobo — America gargalhou, assistindo a confusão de garoto.

Então, ao ouvir aquela risada, Justin sorriu. America poderia conquistar qualquer um apenas rindo.

Ah, aquela risada era perfeita. Em um tom perfeitamente fofo e engraçado, com aquele sorriso de lado e seus olhos demonstrando sua inocência. Aquele riso ela só dava com os mais especiais, ela só ria assim com Justin.

— Então… — o loiro coçou a nuca, constrangido sem saber o que dizer, o que acabou deixando suas bochechas rosadas.

— Deixa para lá — ela deu de ombros. — Para finalizar meu pequeno discurso, — ela riu novamente.. — Gostaria de avisar que o Calvin me mandou te parabenizar, Jus. E ele acabou tendo um problema, por isso não estar aqui hoje.

America suspirou orgulhosa de si mesma e desceu do palco, indo até o amigo. Justin se levantou da cadeira onde estava e apressou os passos até ela, por fim, abraçando sua melhor amiga.

Ele a girou no ar, não se importando se as pessoas fossem ver ou sequer rir.

Esse era o primeiro abraço dos dois em quatro anos separados.

— Eu te amo — Justin sussurrou no ouvido de America e a apertou mais em seus braços.

Então eles ficaram ali, abraçados. Não ligavam para as pessoas olhando ou para qualquer outra coisa.

Eles pareciam os mesmos de quatro anos atrás, estavam abraçados chorando, matando a saudade. Mesmo que no fundo os dois soubessem que não eram mais os mesmos, queriam pensar por pelo menos agora que nada havia mudado.

— Nós mantemos este amor numa fotografia. Nós fizemos estas memórias para nós mesmos, onde nossos olhos nunca fecham, nossos corações nunca estiveram partidos, e o tempo está congelado para sempre.