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História Tradição da Caçada - The Devil in I


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


Sim! Cap Especial!!!

Capítulo 8 - The Devil in I


Fanfic / Fanfiction Tradição da Caçada - The Devil in I

Eram seis lobisomens, seus corpos imensos, quase tão negros quanto a escuridão da madrugada se ergue sobre duas patas, fazendo suas garras de ébano arranharem contra o chão frio. Seus olhos, como brasa, quase brilham, enquanto o pêlo grosso esvoaça com a sutil brisa que vem fria e seca do alto dos prédios.

Rosnados pesados, como o arraste de uma rocha presa a uma corrente soam de cada um enquanto veem uma pistola ser jogada para o outro lado de um murinho velho e desgastado de cimento que um dia teve cerâmica. O chão treme, pois, o líder deles chega do céu escuro depois de saltar do alto de um dos prédios e atingir o chão com tanta força que o faz rachar, todos os lobisomens deviam ter dois metros e meio de altura, mas, este último, facilmente chegava aos três metros, e o seu pêlo acinzentado o diferencia de todos os outros mais uma vez.

Ele jamais foi líder dos outros, mas, por ser o mais experiente nessas caçadas, é um comandante apenas, ninguém lhe deve nada, e por isso, com um rosnado feroz e um golpe furioso no ar, tenta segurar um dos lobisomens que quebra o cerco e parte para cima de suas presas com os cantos das bocas babando, porém, antes que pudesse chegar perto, é atingido por tiros, mercúrio explode nas suas feridas, mas, mesmo com meia dúzia de tiros, seu corpo apenas desacelera, os seus braços ganham veias inchadas, reagindo e tentando conter o veneno que espalha por todo canto, mas, antes que pudesse adentrar no antigo e imundo bar, seus olhos muito bem adaptados a escuridão então nublam, tremem e logo escurecem.

Tim quase não acredita, ele realmente derrubou um desses monstros! Mas, com apenas mais duas balas sobrando nessa 9mm, seria muito difícil sair vivo, ou mesmo... inteiro. Ou seria, pois, do azulejo emporcalhado da parede, luz vermelha é refletida enquanto Mattew caminha para frente. Com a mão nua, rasga sua blusa como se fosse papel molhado e mostra a noite suas veias que acendem com escarlate assim como um fio sob alta tensão. Dos seus dedos, a energia mágica pura salta como o fluxo magnético de um imã que flui para a mureta baixa a sua esquerda, para o teto, para o chão, a todo canto próximo enquanto os pés do humano sequer tocam o chão.

Tim escora na parede e morde os dentes por sentir o seu braço arder pelo corte. Por sorte, a licantropia só é partilhada pelo nascimento, mas, não importa, apenas retira o pente e logo puxa outro, por mais que seja de chumbo, vai servir.

— Puta que pariff! – grunhindo sua raiva, o guepardo torna a morder a pistola e puxar o ferrolho com os dentes que rangem e arranham contra o metal.

Porém, antes que voltasse a olhar para as criaturas, a luz vermelha cintila como uma lâmpada recebendo mais carga do que deveria, e logo depois, um lobisomem bate contra a parede do fundo desse lugar com tanta força que afunda na parede e explode os azulejos enquanto mais do que pedra se quebra. Caindo logo depois, a criatura sequer se move, como o Nanci achou que faria, afinal, o que também fere quaisquer criaturas mágicas...

Com a mão fumegante em pura energia vermelha, Mattew ergue a mão esquerda e faz três lobisomens baterem contra a parede do mesmo lado, atravessando-as com mais facilidade do que deveria. De orelhas baixas, o maior dentre eles rosna, mostrando os longos dentes ao mesmo instante que fica sob quatro patas e avança com rapidez.

O vulto cinza deixa apenas um sutil rastro alaranjado de seus olhos. Com as garras afrente de si, suas patas grossas e fortes o lançam no ar com facilidade, e a sua boca, desejando com tudo morder um pescoço frágil, encontra um punho cerrado. Trazendo para si o golpe avermelhado, Mattew faz as costas da sua mão direita, marcadas por pura luz vermelha que se intensifica seguindo os ossos até as quatro articulações, atingirem o focinho e boca do lobisomem que sequer esperava algo assim, pois, mesmo o seu enorme corpo é lançado de volta ao chão, duas vezes mais rápido do que saiu.

Com um brilho intenso vindo do fundo dos seus olhos, Mattew flutua no ar em direção ao último deles, que gane como um cão acuado que é, e de orelhas baixas, dá alguns passos para trás, porém, não havia piedade alguma por aqui.

Com a mão estendida, a visão do humano é de que sua mão direita agarra a criatura, e a mesma é pressionada contra o chão subitamente, ao mesmo instante que energias vermelhas saltam da sua palma e fazem a sal vontade. Apertando os dentes, Mattew treme os lábios e por mais que o lobisomem esteja sentindo os seus ossos quebrando, não é o suficiente, pois, como uma pequenina pedra, ele é arremessado por uma mão gigante e rubra na direção de um dos prédios, uma parede e talhado não são o suficiente para parar o corpo da criatura, que é jogado pela noite.

E mais uma vez, os olhos em fúria do humano vão ao chão, onde o lobisomem, que antes tinha a mandíbula quebrada, agora volta a sua forma humana, que apesar de curá-lo bem, o deixa muito mais vulnerável. No entanto, como antes, não havia piedade alguma em Mattew.

Trazendo o punho para trás e esticando os dedos, uma enorme lâmina escarlate se forma longa e letal, pronta para dar fim ao corpo velho que ali havia, nu, inconsciente, salpicado com o próprio sangue. Só que, antes que destruísse aquele verme, ouve o urro feroz de algo atrás de si.

Seus olhos demoníacos viram-se com extrema calma para ver dois lobisomens logo encima do seu parceiro, e as suas garras, mais do que prontas para arrancar a sua cabeça fora, arranham o seu rosto que tem o pêlo amarelado sujo com a cor da vida. Se por algum acaso achavam que isso o intimidaria... não poderiam estar severamente mais enganados.

 

Era como uma explosão, um amanhecer mais adiantado brilha pelas vielas antes escuras. O som pesado e pedregoso vem dos prédios que desmoronam enfim, alguns, não somente pela passagem dos corpos de lobisomens.

O corpo fumegante de Mattew parece queimar com raios vermelhos que saltam de seu corpo muito além das ondas que o rodeiam como se houvesse água rubra abaixo, e sua presença espalhasse isso ao seu redor, como uma cápsula que luta para se formar e deformar junto ao caos que os olhos do “humano” irradiam em pura fúria.

Os lobisomens, desmaiados pela liberação bruta de magia tem os seus corpos lançados contra aos destroços logo atrás de si, mesmo desacordados, a energia vermelha brutaliza suas carnes com rajadas de energia. Não havia piedade nesse lugar.

— Raaaaaaaaaaaaah! – o grito dele ecoa alto, como o rugido de um dragão, e em semelhança, de dentro da sua garganta, energia vermelha salta para as presas e delas aos outros dentes enquanto uma esfera é criada com um núcleo além do rubro, quase branco.

E de suas costas, algo tentava se esticar, mas, do seu rosto que treme pela raiva, a pupila incandescente, por alguns segundos, dá lugar ao verde. Seus dentes batem um contra o outro, aquela energia some com um estralo trovejante, e logo depois, segurando as mãos tenta retomar o controle de si mesmo, mas, é tão difícil...

— Matt! – seus olhos baixam. Mal conseguindo se manter de joelhos no chão, Tim tenta segurá-lo, mas, a energia arde a sua mão que recebe descargas rubras, que sequer podia sentir. – Matt! Olha pra mim! – suplica, e só agora, percebe um corte na sua cintura, logo abaixo das costelas, um corte que não saia sangue algum, mas sim mostrava um interior completamente sobrenatural.

— Já acabou! Já acabou Mattew! Por favor!

Com o som caótico o ensurdecendo, o guepardo aperta os olhos para tentar não ser cegado pelo brilho que fulgura acima de si.

— Ei! Olha pra mim! – ele pede, e por mais que doa, a sua mão não deixa de ficar de pé. Sua cabeça cai, não suportando encarar aquele poder brutal ou o vento furioso que chia nas suas orelhas, por mais que tentem ficar baixadas.

Ele o viu assim apenas duas vezes, essa nem foi a pior, mas, com tanta energia de uma vez... não sabe sequer se ficará vivo, e o que dói o seu coração é saber que só está assim por sua culpa. Sentindo sua consciência fraquejar, Tim logo tomba, ou tombaria, se a sua mão não fosse pega pelo seu melhor amigo.

 

(Alguns minutos antes)

 

Seu braço dói, na verdade, todo o seu corpo. O impacto do lobisomem sobre si a faz perder todo o ar, tanto que sequer consegue gritar, ainda mais por sentir a mão enorme envolver a sua boca enquanto o seu corpo sequer a deixava mover.

Com os olhos arregalados, encara os olhos alaranjados da criatura que range os dentes longos como facas de açougueiro. Terror, é o que o som abafado que Muri faz quer dizer, ela implora pela sua vida como pode, tenta desvincular-se, mas, nem mesmo meche o único braço que mantém a sua nuca pressionada contra o chão poeirento.

A mão direita do lobisomem logo se levanta, cinco navalhas negras caem rumo ao seu pescoço enquanto o seu grito que mais se assemelha a um rato agonizando. Apertando os olhos, Muri apenas deixa, afinal, não adianta, é uma diferença absurda de força, não há o que fazer, infelizmente, era esse o seu fim, bom, ao menos morreria livre.

O som das garras estraçalhando o chão ecoa pelo cômodo que um dia foi uma sala de recepção, e que hoje, apenas tem alguns manequins velhos que mofam junto as roupas que sequer podem ser usadas como trapos. Passando logo atrás pelo buraco que este acima dela fez, outros lobisomens confirmam o abate e seguem seu caminho, quer dizer, acharam que sua presa fora abatida.

Com os olhos cheios fixos da mão que por centímetros não a degolou, a Nanci tenta parar, mas, começa a respirar tantas vezes que começa a sentir frio, primeiro as suas patas, logo, as suas mãos, e por fim a sua espinha, que faz esse gelado escalar como um banho frígido e terrível.

As garras saem do chão de ladrilhos velhos, e o indicador daquilo fica afrente da sua boca, não pedindo, exigindo silêncio. Assentindo freneticamente, Muri apenas deixa lágrimas caírem a cada lado do seu rosto, gradecendo a tudo por isso, seja lá o que for.

Soltando a sua boca com vagareza, aquela criatura imensa fica de pé, mas, numa postura pronta para saltar nela outra vez. Suas orelhas longas e pretas vão logo para trás, enquanto rosna para si mesmo.

— Você, fica. – mostrando os dentes enquanto fala, o lobisomem dá alguns passos para trás, e com um olhar simples, verifica se todos já seguiam na caçada. – Amigo. – colocando a mão com cinco lâminas sobre o peito largo e de pêlos grossos, aquela criatura de eloquência limitada apenas volta a encarar a Nanci, que sequer conseguia se mover.

O terror paralisante de sequer saber o que aconteceu a deixa toda gelada, suas patas tremem, pesadas demais para conseguir ficar ao menos sentada.

— Quem é você? – recebendo um rosnado baixo como resposta, aquilo parecia procurar na memória, o que leva alguns torturantes segundos.

— Nero. – a criatura então se abaixa, encosta as mãos no chão já que os seus braços longos permitem.

Se aproximando lentamente, estende uma das enormes mãos a ela. Tentando ser gentil, quer dizer, se a sua forma não aniquilasse quaisquer chances disso.

Engolindo seco, a loba sente o seu coração desacelerar, os pensamentos param de zunir os seus ouvidos e se controlam, o melhor que podem, claro, mas o suficiente para que conseguisse ao menos ficar sentada, por mais que os seus braços tremam muito.

— O que você quer de mim?

— Você me ajuda. – batendo no peito, dessa vez com força, o lobisomem morde o ar, como se uma mosca incomodante ali tivesse de ser destruída. – Nero quer ajuda.

Naqueles olhos alaranjados e ferozes, a loba sente a raiva que desejava dilacerar, mas também, muita tristeza. Puxando as pernas para si, Muri não ousa fazer movimentos bruscos, seria um erro desagradável, por isso, apenas fica sentada no chão enquanto, mais uma vez, tenta falar sem tremer a voz.

— Tá, ajuda com o quê?

 

• ────── ✾ ────── •

 

Só depois de ter se levantado que descobriu, não só ter machucado o braço e costelas, como ganhou um corte grande na coxa direita. Por isso, seus braços ficam envolta do pescoço grosso e de pêlo áspero do lobisomem que a carrega por entre os prédios com mais calma do que a Nanci esperava, tudo estava um passo de dar certo, só precisava que, aqueles dois conseguissem fugir.

Seu estômago contorce com a ideia de isso não acontecer, o medo de ser explodida, de voltar pra cadeira a faz se manter firmemente na criatura que salta por buracos nas janelas de alguns prédios, resquícios dos outros, que também são um problema a lidar. Mesmo que não sejam amigos desse tal Nero, eles são capangas daquele lixo, que errou em confiar, mesmo que sutilmente.

Diferentes esse lobisomem que a serve de transporte, os outros são mercenários sem nenhum tipo de moral, e como o próprio diz, está preparado para mata-los, se preciso for. Por isso, quando funga o ar e ergue as orelhas, consegue o rastro certo, que é confirmado com o som de tiros.

Um certo alívio toma conta da Nanci, ao menos, um dos dois está vivo e por isso, a criatura abaixa a postura e começa a correr sobre quatro patas, por mais que fosse doloroso de suportar os solavancos, Muri mais que agradecia.

Quer dizer, ela engole as palavras assim que ambos veem uma luz avermelhada iluminar o ambiente que passam. Um som semelhante um grito mudo, um uivo de vento misturado a um zumbido cada vez mais alto e agudo faz doer os ouvidos sensíveis dos dois, que apertam os olhos enquanto se aproximam ainda mais. Mesmo incomodado com esse som diabólico, Nero continua o caminho, pisando sobre cacos de vidro e restos de paredes até começar a desviar de tetos que começam a cair.

Poeira levanta do chão, estoura canos velhos e arrebenta fios podres por todo canto enquanto o lobisomem tem de saltar por uma janela logo a direita. Seu corpo imenso e ágil passa com velocidade, e por alguns instantes, usa as garras para correr na parede do outro lado da viela ao qual dava acesso a fonte da luz forte. Porém, tudo começa a desabar, por mais que seja ágil o lobisomem cai rumo ao corredor estreito, que logo tem destroços jogados acima deles dois.

Poeira cega os momentos de vertigem que Muri teve, e com o som pesado de grandes pedaços de pedra caindo sobre si, aperta os olhos enquanto sente os impactos a todo canto. Tossindo, a Nanci apenas abre os seus olhos para testemunhar a famosa força dos lobisomens, pois este segurava centenas de quilos sobre as suas cabeças, no entanto, tudo desmorona atrás deles, e num movimento ligeiro, Nero tenciona seus braços, tanta força que parecia fazê-los se tornarem aço, pois, joga aquilo tudo para o alto, dando tempo para que escapassem sem ser esmagados com o resto do prédio que termina de desabar.

Exausta, Muri apenas se solta da criatura e por mais que doa, fica de pé ao lado desse que, por mais absurdo que pareça, é a sua melhor chance. O lobisomem a encara virando-se de lado, como se perguntasse porque o soltou, mas, a loba não conseguia tirar os olhos do que via, de pé no meio de um buraco raso no chão, Mattew abraçava o seu amigo com força, e dos seus olhos, sangue...

Porém, não havia como sentir algo diferente, medo faz gelar o seu coração quando o humano, ou ao menos deveria ser chamado assim, os encara e do fundo de cada olho, um brilho vermelho, que dissipava vagarosamente, começa a ficar intenso outra vez, e dos seus lábios que tremem, os seus dentes se mostra enquanto morde-os, pronto para recomeçar. Mas, antes que pudessem pensar, Nero corre em sua direção, ou quase, pois o enorme lobisomem negro bate contra um outro que atacava Mattew se aproveitando da sua distração.

Os dois rolam pelo chão, e por ter sido baleado várias vezes, não teve chance alguma, na confusão de garras e mordidas violentas. Nero se levanta, pisando no corpo inerte do seu igual em raça, que agora simplesmente retornava para a sua forma frágil de um orc desnudo.

Porém, antes que pudesse retornar o olhar ao humano, Nero sente um impacto forte no peito, um golpe com força o suficiente para fazê-lo ser jogado metros para trás e cuspir sangue, pois, a energia vermelha, como uma faísca num paiol, reascendia outra vez.

Ou reascenderia, se não...

— Mattew! Ele é amigo! – mancando, Muri tenta se aproximar, só que, sequer tem certeza se não seria a próxima. – Eu sei que tá com raiva, mas, por favor, está tudo bem agora! – ela suplica, vendo aqueles olhos seguirem para ela assombrosamente devagar. – Ele quer nos ajudar nessa! Por favor! Ele sabe quem pode achar o assassino!

Com muito mais consciência do que a pouco, Matt pondera sozinho, realmente desejando explodir tudo, mas, jamais pode deixar a emoção ser maior que os seus objetivos, por isso, o segundo ataque que faria simplesmente some da palma de sua mão, que é coberta pelos seus dedos que chiam, como metal quente imerso em água.

Não era uma questão de sentir raiva dela, pois ele é o verdadeiro culpado. Por isso, apenas se abaixa e segura as pernas do guepardo que repousa desacordado sobre o seu peito, e o carrega em silêncio, deixando a noite gelada e escura repousar o corpo cansado do seu amigo.


Notas Finais


>:3 comentem meus queridos, dá muito ânimo XD


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