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História Tragédia - Quando o ano é novo, mas os medos não


Escrita por: AlwaysEvil

Notas do Autor


Se não for pra aparecer de madrugada, eu nem venho!

E aí, meninas, como vão? Espero que tenham tido um bom início de ano e desejo que 2019 seja um ano de muitas bençãos e realizações na vida de cada uma de vcs! ♥️

Gente, só depois que terminei o capítulo que fui me recordar de uma pequeno detalhe: faz frio em NY nessa época do ano. Já estava com o capítulo pronto e eu que não ia apagar tudo só por causa do clima, não é mesmo? Então perdoem esse meu deslize.

Amores, eu sei que vcs estão ansiosas para que as coisas acontecem e tudo mais, só que eu não quero apressar nada e acabar fazendo merda (tenho doutorado em fazer merda, sério mesmo). Portanto, peço que tenham paciência que logo as coisas irão se encaixando em seu devido lugar e no final tudo dá certo.

Música: What a Wonderful World. Link, vcs sabem onde.

Sem revisão, okay? Desculpem os erros e não desistam de mim. Boa leitura, fadas :)

Capítulo 21 - Quando o ano é novo, mas os medos não


Fanfic / Fanfiction Tragédia - Quando o ano é novo, mas os medos não

As energias haviam sido recarregadas e a esperança renovada, e assim, um novo ano se iniciara na vida de cada ser existente sobre a face da terra. Um novo dia, uma nova promessa de que o ano vindouro seria melhor que aquele que ficou para trás. Todos estavam tendo a mesma oportunidade de serem melhores, de se tornarem pessoas melhores e fazerem tudo diferente, de serem diferentes. Estavam tendo a oportunidade de fazerem aquilo que não puderam fazer no ano anterior. Todos, sem exceção, estavam tendo seus dias zerados, digamos assim, para que novas escolhas fossem feitas e novas atitudes fossem tomadas. As páginas estavam em branco outra vez, cabe a cada um de nós decidir qual história queremos escrever ao longo dos dias que o ano novo nos trouxe. Novos planos, novos sonhos, novas conquistas, novos laços afetivos esperavam por cada um de nós. Novos vínculos, novas amizades e quem sabe até, novos amores. Só que este não era o caso de Robin e Regina, ambos não tinham interesse nenhum em novos amores, não, eles estavam felizes um com o outro, estavam entregues a toda e qualquer coisa que a relação amorosa podia lhes proporcionar. Bom, pelo menos era isso que vinham tentando.

Assim como o Natal, o réveillon fora em família. O ano fora rompido na companhia daqueles que se amavam e faziam de tudo para que seus familiares ficassem bem. Juntos, toda família Locksley despediu-se do ano velho e deram boas vindas ao novo. Agradeceram por suas conquistas e tudo de bom que tiveram a chance de ter e prometeram, cada um em seu subconsciente, que muito ainda iam fazer e realizar durante todo o ano. Prometeram amar ainda mais uns aos outros, proteger e estar sempre em família como sempre estiveram e como sempre deveriam permanecer, e assim, estavam vivendo seus dias da melhor maneira que podiam viver.


🎵What a Wonderful World - Joey Ramone 🎵


O clima ameno e de todo agradável, caiu perfeitamente para a programação que a família resolvera fazer naquele final de semana. O dia brilhante e ensolarado era enfeitado por um céu azul com nuvens tão brancas como algodão e uma brisa calma vinha de encontro aos corpos quentes trazendo uma sensação refrescante. As árvores que haviam no quintal e ao redor dele, balançavam-se com o vento fazendo as folhas dançarem de forma harmoniosa assim como os cabelos soltos das mulheres ali presentes. Realmente o dia estava perfeito para um churrasco à beira da piscina.

Com uma música animada embalando ambos os componentes daquela divertida e implicante família, todos conversavam animadamente e sorrisos estavam emolduradados em seus rostos.

Chegando a hora do almoço, Martha, Rose e Regina foram para a cozinha preparar os acompanhamentos. Zelena ficara na parte externa cuidando das crianças que se divertiam dentro da piscina, Lola que estava com a corda toda correndo de um lado para o outro e olhava até mesmo Victoria, que bagunçava juntinhos dos meninos. Já Arthur e Hades haviam saído para buscarem algumas bebidas. Robin ficará responsável pela churrasqueira e Gaston o ajudava. 

Era um típico churrasco americano, onde o hambúrguer era feito de carne moída bovina fresca e não eram acrescentados tempero, nem mesmo sal. Os discos de carne eram grelhados e uma fatia de queijo cheddar os cobria antes de serem servidos. Uma variedade de salsichas e linguiças, estilo alemã, também eram grelhadas e servidas no pão de hot dog ou fora dele. Batatas chips e molhos como ketchup, maionese e mostarda, eram usados de acordo com a preferência de cada um. Espetinhos de carne foram feitos com cubos de carne bovina, cebola e pimentões. Também estavam na grelha alguns legumes como milho verde, vagens e aspargos. Os acompanhamentos frios que estavam sendo feito pelas três mulheres, eram saladas de batata com maionese, macarrão e a famosa coleslaw que eta feita com repolho e cenoura cortados fininhos. Alguns molhos prontos como: italian com base de azeite e vinagre, french com base de molho de tomate, ranch com base de creme de leite e blue cheese com base de queijo, eram servidos a parte de acordo com o gosto de cada um. E como toque final do churrasco americano, tinha o molho barbecue feito especialmente pela matriarca da família que jamais revelava seu ingrediente secreto para deixar o molho tão saboroso e apetitoso. 

As espriguiçadeiras que antes ficavam na parte coberta daquela área de lazer, foram colocadas à beira da piscina para darem lugar a uma grande mesa de madeira que ficava guardada nos fundos da casa do loiro justamente para ocasiões como aquela.

Zelena estava sentada em uma das espreguiçadeiras e um guarda-sol era incumbido de fazer-lhe sombra. A ruiva vestia um biquíni verde escuro e uma saia estampada, também em tons de verde. Ela conversava com o marido que estava ao seu lado e com Hades, ambos os homem haviam retornado do supermercado com as bebidas. Victoria estava dentro da piscina e debruçava-se na beirada para que pudesse interagir com eles ao tempo que se remexia animadamente ao som da música. Henry e Roland eram responsáveis por vários pulos na água fazendo o líquido molhar a qualquer um que estivesse ali perto, inclusive Lola que estava do lado de fora e ia de uma ponta a outra acompanhando os meninos. Gaston e Robin mantinham a grelha sob controle e conversavam de forma descontraída, por mais que o moreno de vez em quando morresse de medo do mais velho, estavam tendo uma conversa agradável. 

Saindo da piscina, o Locksley mais novo correu até uma caixa com alguns brinquedos que o pai trouxera e pegando uma bolinha, ele retornou para onde Henry e Lola estavam. O garotinho preferiu ficar do lado de fora junto da cadela. Ele jogava a bolinha para longe e Lola ia buscar jogando-a na piscina, onde a criança mais velha pegava e jogava para a outra mais nova. Assim, permaneciam numa brincadeira divertida. 

Roland estava com uma sunguinha de banho azul marinho e uma bóia em cada braço. Seu corpinho, um tanto parrudinho, se remexia para lá e para cá seguindo as batidas e nuances da música. Seus cachinhos estavam molhados, seu rosto trazia um sorriso de covinhas que encantava a qualquer um, inclusive o pai. Robin sem perceber estava babando o filho de longe e um sorriso igual ao da criança estampava seu belo rosto. Ele nunca se cansaria de observar a alegria do filho, por Deus, ele era tão lindo e feliz que seu coração de pai não cabia no peito de tanta felicidade por conseguir proporcionar ao menininho todas as coisas boas que o mundo tinha para oferecer. Agradecia por ter uma família que o ajudava e que também amava sua criança. De fato, Roland e Henry eram crianças de sorte por crescerem em um lar cheio de carinho e amor.

O loiro foi desperto de seu leve devaneio com o grito do seu pequeno pestinha que havia se distanciado um pouco e corria a todo vapor em direção à piscina. Ele iria pular outra vez.

"TIBUUUUM!!!" - fazendo a água espirrar para tudo quanto é lado, Roland pulou molhando os que estavam ao redor. Lola se sacudiu todinha, também fazendo espirrar o líquido que havia molhado-a.

"Roland!" - exclamou Zelena tirando seu óculos escuros para secar o rosto.

"Vem aqui seu pestinha." - Victoria foi na direção do menino que bateu seus bracinhos rapidamente na intenção de fugir dela.

"Socorrooo." - pediu ele assim que a loira conseguiu alcança-lo.

Sem que pudessem perceber, Henry havia saído da piscina e também vinha correndo em direção à mesma. Só se deram conta quando uma imensidão de água fora jogada para o alto molhando mais uma vez os demais. O mais velho também estava com sunga de banho, mas não usava bóia.

"Tem mais água na minha cerveja que a própria cerveja." - disse Hades olhando para dentro de seu copo.

A gargalhada de Roland passou a preencher o local e era de todo, impossível não se contagiar pelo som.

"Dá pra vocês pararem de pular?" - questionou a ruiva secando seu rosto outra vez.

"Nãããão!" - respondeu os dois em uníssono.

"Aquietem esse facho." - falou Victoria jogando água neles.

"Eu com sede." - reclamou o pequeno.

"Sua tia está lá dentro, vai lá e peça-a algo para beber." - instruiu Arthur que havia se retirado da espriguiçadeira e sentado-se na beirada para molhar seus pés na água.

A criança assentiu e foi até a escadinha, se retirando da piscina. Com suas perninhas roliças, ele andava depressa ao passo que sua cabeça e corpo balançavam-se com o som que era ecoado em seus ouvidos, tornando a cena engraçada para quem estivesse vendo e resultando em alguns risos dos demais.

Entrando na cozinha todo molhado, Roland parou ao lado de Rose e chamou-a.

"Tia Tinker, me dá água?" - pediu com a cabeça elevada afim de fita-la.

As três mulheres haviam terminado de preparar os acompanhamentos e estavam prontas para coloca-los em recipientes de vidro, tirando-os das panelas.

Regina ajeitava a salada de batata com maionese que fez, no marinex arredondado. Martha dava o toque final na salada de coleslaw, já Rose estava de frente para a bancada enfeitando a salada de macarrão que ficara responsável por fazer. A morena vestia um maiô preto onde a parte frontal era frente única com detalhe de recorte vazado e o fechamento era posterior por amarração. Uma canga amarrada de lado em sua cintura lhe servia de saia. A matriarca também usava maiô, mas diferente da nora, ela vestia uma saída de banho. A loira trajava um biquíni vermelho e usava um short branco.

"Tia Tinker, eu com sede." - Roland mais uma vez tentou chamar sua atenção, mas a loira parecia ignora-lo - "Tiiiiia, fala comigo!" - pediu balançando as pernas dela.

"Meu nome não é Tinker." - disse por fim, sem encara-lo.

"Meu papa disse que pode chamar de tia Tinker."

"Seu pai é um idiota." - finalmente olhando-o a loira disse erguendo suas sobrancelhas.

"Meu papa não é idiota." - defendeu-o.

"É sim." - encarava-o sem piscar.

"Não é."

"É sim."

"Não é."

"Ele é um idiotão."

"Não é." - com força, ele bateu seu pezinho no chão - "Não chama meu papa de idiota." - disse já todo vermelhinho devido a irritação que começara sentir.

"Robin é idiota." - continuou a provocar.

"Paaaaara, meu papa não é idiota." - cruzando seus pequenos bracinhos frente ao corpo ele demonstrava quão irritado estava.

"Se estou dizendo que ele é, ele é." - a loira levava a frente sua implicância e tentava segurar o riso.

"Eu não gosto mais de você." - com a cara amarrada, ele declarou em voz alta.

"Gosta sim."

"Não, eu não gosto."

"Gosta."

"Não gosto nada."

"Seu pai é um idiotão e você gosta de mim, sim."

"NÃO E NÃO!" - batendo com os braços em suas próprias pernas, a criança logo passou a esfregar o rosto dando indícios que começaria chorar.

Martha que acompanhava a cena, podia jurar estar vendo não apenas uma, mas duas crianças ali na sua frente. Teve de se intrometer, pois sabia que a filha iria levar aquela provocação adiante caso não interrompesse.

"Tinker, dei... Ah, droga! Rose, deixa o menino." - chacoalhou a cabeça ao perceber a confusão que fizera ao se referir à ela. A loira se emburrou ao ouvir o apelido.

"Chora não, meu anjo." - Regina foi até o garotinho, pegando-o no colo - "Diz pra Gina o que você quer."

"Água." - respondeu ainda coçando os olhinhos.

"Coitado, Rose." - Regina riu olhando da criança para a cunhada.

"É divertido." - ela deu de ombros e continuou rindo.

"Já que está com tempo para gracinhas, vai arrumar a mesa lá fora." - ordenou Martha entregando-a uma toalha e alguns pratos.

"Sim senhora, mamazita." - assentiu com os objetos em mãos e se aproximou do sobrinho que estava no colo da morena bebendo água - "A tia estava brincando, ?" - indagou mirando-o nos olhos - "Seu papa é muito legal, mas não conta pra ele que eu disse isso, é segredinho nosso, okay?" - a criança acenou que sim, mas ainda mantinha sua feição fechada - "A tia te ama, seu lindo!" - deu um beijo molhado na bochecha dele que acabou rindo.

"Eca." - limpou o rostinho com a mão livre fazendo-as rir.

Saindo da cozinha pela porta dos fundos, a loira logo se aproximou dos demais.

"Fiu, fiu." - Gaston assobiou olhando-a de cima abaixo.

Incrédulo com o que acabara de presenciar, Robin deu um leve tapa na nuca do cunhado - "Tenha mais respeito fazendo favor, eu tô aqui." - irmão mais ciumento, Rose não poderia arrumar.

"Larga a mão de ser chato." - disse a loira entregando os pratos à ele para que ela pudesse forrar a mesa - "Só pode assobiar quando estivermos sozinhos, amor." - deixando claramente o tom malicioso transparecer em sua voz, Rose direcionou uma piscadela e um sorriso safado ao namorado que ficou sem jeito por estar na presença do irmão dela.

"Tinker, você me respeita que pra mim você ainda é criança." - o loiro estava atônito com a mais nova. Para ele era difícil admitir que aquela menininha loira que costumava pegar no colo havia crescido.

"Regina tem a minha idade, pra você ela é criança?" - disparou com sua pergunta, deixando-o perdido na hora de responder.

"Mas eu não cuidei de Regina desde que ela nasceu e nem passei talco na bunda dela." - a fala dele a fez revirar os olhos.

"Não importa. Nós temos a mesma idade e você a vê como mulher, assim como Gaston me vê." - retrucou.

"Ah, Tinker! Que seja." - bufou sabendo que ela tinha razão - "Okay, você está certa. Só que é muito difícil pra mim ter que admitir que aquela menina que costumava me fazer de cavalinho já não é mais tão menina assim." - relembrando um dos momentos da infância dela, o loiro suspirou alisando o rosto dela com o dorso de sua mão livre - "É complicado admitir que você cresceu e já não precisa tanto de mim como antes." - sorriu com carinho.

"Eu sempre vou precisar de você, seu chato. Você cuida de mim como se fosse o papai e eu te amo DEMAIS" - sorriu e se jogou nos braços dele, abraçando-o.

"Entrou um cisco no meu olho." - declarou o loiro emocionado.

"Um cisco... Sei." - ela sorriu e deu um beijo na bochecha do irmão para logo em seguida ir de encontro aos outros.

"O que foi? Vai ficar aí só olhando? Arrume esses pratos." - tentando recompor sua pose de durão, Locksley encarou o cunhado que riu dando de ombros.

Voltando sua atenção exclusivamente para a porta da cozinha, Robin analisou Regina dos pés à cabeça e não deixou de notar que sua perna esquerda estava mais amostra que a outra por conta da canga amarrada de lado. Faltou pouco ele babar com a visão que estava tendo. Seus cabelos estavam soltos e dançavam com o vento, estava andando distraída enquanto sorria e brincava com a criança em seu colo. Regina nem percebeu o olhar dele sobre ela.

"Já disse o quanto você é linda?" - sussurrou no ouvido dela assim que a morena se aproximou dele. Estava encantado com tamanha beleza, aquela mulher parecia mais um monumento.

"Acho que não." - sorriu.

"Pois você é." - deu um breve selinho nela.

"Você também não é nada mal." - disse como quem faz pouco caso.

"Nossa, fico grato pelo elogio." - disse de maneira gesticulada e debochada - "Ué, estava chorando?" - tirando seus olhos da namorada e passando a mirar o filho, o loiro estranhou ao perceber os olhinhos dele vermelho.

"Não chegou a chorar, foi quase. Não é, meu amor?" - indagou a morena para o pequeno.

"Uhum." - concordou ele.

"O que aconteceu?" - perguntou o homem.

"Não foi nada demais, apenas Rose de graça." - respondeu ela.

"Ôh meio metro, o que você estava fazendo com meu bebê, hein?" - gritando, Locksley perguntou para a irmã que havia se sentado ao lado de Zelena.

"Apenas uma provaçãozinha de leve." - gritou de volta para que ele pudesse ouvir. Sabia perfeitamente que era com ela que o loiro falava.

"Você está bem?" - questionou olhando bem fundo nos olhinhos da criança.

"." - sorriu - "Papa, eu tô com fome." - reclamou alisando sua barriga.

"É, realmente ele está bem." - constatou rindo - "Aqui está tudo em cima e vocês? Terminaram lá dentro?"

"Sim, vou lá ajudar sua mãe a trazer as coisas." - ele assentiu - "Vai com seu pai, anjinho." - dando um beijo no rosto do enteado, a morena entregou-o para Locksley que o pegou em seus braços.

Regina retornou para a cozinha onde estava há alguns minutos atrás e na companhia de Martha, ajeitou os recipientes com os alimentos sobre a mesa, servindo assim o almoço.

"Henry sai dessa piscina e vem comer." - chamando o filho, Arthur se levantou de onde estava sentado.

"Vem se secar para comer, meu amor." - Zelena tinha uma toalha em mãos e aguardava-o na beirada.

"Eu não estou com fome, mamãe." - o menino nadava de ponta à ponta. Mais parecia um peixe de tanto que gostava de água.

"Mas tem que comer."

"Vamos logo, Hen! Estão só nos esperando." - disse o pai.

"Depois você volta." - falou a mãe.

" bom." - se deu por vencido e se retirou d'água indo até onde a ruiva estava.

Unindo-se aos demais, pai, mãe e filho acomodam-se à mesa. Serviram-se todos e logo uma série de provocações e implicâncias foram iniciadas tornando o clima o mais descontraído possível.


"Sim, eu penso comigo, que mundo maravilhoso."



Bons minutos haviam se passado desde que o almoço chegara ao fim. Agora, ocupando o espaço ao redor da piscina, os adultos estavam dispersos pelo local enquanto as crianças brincavam na água. Alguns estavam nas espriguiçadeiras e outros encontravam-se sentados na beirara da cavidade que abrigava o líquido que refrescava-os no momento, molhando assim os seus pés. Conversavam em um tom de voz mais elevado por conta da música qualquer que ecoava pelo quintal.

Regina estava sentada na espreguiçadeira e suas costas apoiavam-se na mesma. Robin sentou-se no chão ao lado dela e seu braço esquerdo apoiava-se no móvel. Ao lado deles estava Rose que ao seu lado estava Martha.

"Morena, vamos mergulhar um pouco?" - recebendo um carinho em seus fios loiros, o loiro perguntou tombando sua cabeça para trás, captando o rosto de Regina.

"Vai lá, estou bem aqui." - lhe direcionou um sorriso.

"Não quer se molhar?"

"Não, prefiro continuar aqui sentadinha apenas observando." - mentiu. Estava morrendo de calor e daria tudo para estar com seu corpo sendo coberto e abraçado pela água - "Não se preocupe comigo."

"Está bem, vou lá então." - ela sorriu e assentiu. Locksley se levantou empolgado e lhe deu um selinho antes de ir.

Sob o olhar de Regina, o loiro caminhara em passos lentos. Mills acompanhava atentamente cada passo dado por ele e mesmo que não tenha feito de maneira proposital, acabou por reparar no corpo do homem. Robin estava sem camisa, dando a ampla visão de todos os seus músculos de seu peitoral definido, suas costas largas e possibilitando até mesmo a visão de suas coxas por conta do short de banho que usava. A peça ficava acima de seu joelho, era de tecido leve, muito confortável, mais até que as sungas ou calções. O shortinho tinha uma pegada retrô que lembrava os jogadores de futebol nas décadas de 70 e 80. Por estar um pouco justo, a peça demarcava também seu traseiro e que traseiro. Ela suspirou.

Sem notar, a morena tombou sua cabeça para o lado, para melhor ver, e levou seu polegar até a boca mordendo a pontinha de sua unha. Não conseguia tirar seu olhar dele e até estranhou esse seu comportamento, pois nunca havia reparado no corpo de um homem como estava fazendo naquele momento com ele.

"Amiga, limpa aí no cantinho que a baba está escorrendo." - a voz de Rose adentrou seus ouvidos fazendo-a corar de imediato.

"An... Ah, o que disse?" - coçando a nuca, ela fingiu não entender o que a outra acabara de dizer.

"Estava quase comendo Robin com o olhar." - arqueando uma sobrancelha, ela afirmou.

"De onde tirou isso? Eu hein." - dissetentando não transparecer nervosismo.

"Ah, pronto. Vai fingir que não." - riu.

"Sua imaginação é muito fértil, fadinha." - continuou a negar.

"Ah, tá." - riu mais uma vez após ouvir a fala da outra - "Por que não quis entrar na piscina?" - ela tinha ouvido a conversa.

"Por nada, só prefiro continuar aqui."

"Por que se engana? Dá pra ver que você está doida pra estar lá." - ergueu mais uma vez sua sobrancelha dizendo aquilo que era verdade.

"Eu sei lá." - suspirou.

"Está com vergonha, não está?"

"Como pode me conhecer tanto?"

"Não é tão difícil te desvendar."

"Eu vou ter que tirar a canga." - pressionou seus lábios um no outro.

"E daí?"

"E daí que eu vou ficar só de maiô." - disse o óbvio.

"E daí?" - repetiu a pergunta não entendendo onde ela queria chegar.

"Ele vai olhar."

"Ah, Regina!" - bufou - "Ninguém vai ficar te olhando nada não, deixa de paranóia."

"Robin vai." - mordeu a parte interna de suas bochechas.

"Sim, ele vai." - refletindo o que ela dissera, a loira concordou - "Mas é o Robin, teu namorado. Qual o problema dele te ver de maiô se ele já te viu pelada?"

"Ninguém me viu pelada não." - com um tom de voz baixo, ela proferiu de olhos arregalados.

"Não?" - suas íris claras se abriram mais que as escuras da amiga.

"Não." - afirmou.

"Espera aí." - disse tentando raciocinar - "Você e Robin nunca..." - não conseguiu terminar.

"Vamos mudar de assunto, por favor." - cortou a frase da amiga.

"Não, vocês ainda não dormiram juntos." - constatou por si - "Aliás, vocês só dormiram mesmo, nada mais."

"Já disse para mudarmos de assunto." - seus pés balançavam mostrando sua inquietude. Odiou-se por ser tão transparente.

"Bom, eu não conseguiria só dormir sem fazer nada, né? Mas cada caso é um caso." - continuou com o assunto ignorando totalmente a petição da amiga - "Se formos levar em conta o jeito que você estava olhando ele há pouco tempo e se ele for te olhar da mesma forma... Eu não duvido nada que em dois segundos vocês se agarrem a todo vapor dentro daquela piscina. É bem capaz da água ferver. - terminou a frase permitindo-se cair na gargalhada.

"Aí, Rose. Você só fala besteira!" - as orbes castanhas reviraram-se.

"Eu só falo a verdade, melhor dizendo."

"Ah, claro. Senhorita verdade." - debochou.

"Meninas venham jogar vôlei." - Hades chamou-as cortando o assunto.

"Agora mesmo!" - a loira se animou.

"Obrigada, mas eu prefiro ficar aqui." - disse a morena.

"Poxa, Regina. Só uma partida." - Zelena insistiu.

"Acho melhor ficar só olhando."

"Se mudar de idéia é só vir."

"Está bem." - ela sorriu.

Levantando-se e retirando o short, Rose logo se jogou na água.

"Vocês dois metem o pé que agora é brincadeira de gente grande." - disse ela aos sobrinhos.

"Então você não pode brincar." - Henry rebateu.

"Henry!!!" - a voz de Arthur soou como repreensão - "Respeita sua tia." - advertiu.

"Dêem logo licença." - disse Victoria para as crianças.

"Mas o que a gente vai fazer?." - perguntou Roland.

"Vão torcer pra gente." - respondeu Gaston.

"Eu não quero ficar só torcendo."

"É o que dá pra fazer, little monkey." - disse Zelena.

"Poxa..."

"Aqui está a bola." - Robin retornou com o objeto e uma rede.

"Como vamos dividir as equipes?" - perguntou Rose.

"Três de cada lado." - respondeu Victoria.

"Meninas contra meninos!" - sugeriu Henry, gritando com entusiasmo.

"Boa." - concordou Gaston.

"Quem vai ser o juiz?" - questionou a ruiva mais nova.

"Eu posso ser." - Hades se disponibilizou.

"Então fica eu, Gaston e Arthur contra Tinker, Zel e Vic." - disse Robin.

"Isso." - Rose concordou com o loiro.

"Henry e Roland vão torcer pra vocês e Regina e mamãe torceram pra gente." - instruiu Victoria e os garotos por fim concordaram.

A brincadeira começou, as crianças pulavam e gritavam a todo instante e Lola latia a cada vibração. Em um determinado momento, quando Robin marcara um ponto, Roland correu e pulou na piscina assustando Regina em níveis elevados. Ele estava sem bóia.

"Calma, morena." - pediu Robin vendo o corpo do filho flutuar enquanto o mesmo movimentava seus bracinhos e perninhas debaixo d'água.

"Ele sabe nadar?" - perguntou de pé, com a mão no coração por conta do susto.

"Sabe né, sua lerda." - respondeu Rose.

"Então por que diabos ele estava usando bóia?" - questionou perdida.

"Ah, eu sei lá."

"Eu gosto da boinha, Gina." - disse o menino movendo-se dentro d'água.

"Vai entender a cabeça dessa criança." - proferiu Robin, rindo.

"Gente, eu tomei um susto de verdade."

"Nós vimos." - disse Martha - "Foi só um mal entendido, fique tranquila que Roland está bem." - lhe direcionou um sorriso tranquilizador. Seu coração de mãe e avó se alegrou com a atitude da morena, ela realmente havia ficado preocupada com o seu neto.

"Agora que já está tudo resolvido, retomemos o jogo." - disse Victoria.

"Vê se não pula outra vez seu danado." - Rose encarou o menino que riu dando de ombros.

Logo a brincadeira se reiniciou. Todos se divertiam e vibravam a cada ponto marcado. A tarde seguia-se de maneira tranquila e harmoniosa. Sorrisos e semblantes de alegria estavam externados em cada um dos rostos ali presentes. A família estava tão destraída que os integrantes dela nem se quer perceberam, ou melhor, não podiam nem de longe imaginar, que estavam sendo observados.




☆-☆-☆




Se a cada um de nós fosse dado algum tipo de poder e nós pudéssemos ter o direito escolher qual poder seria esse, sem a menor sombra de dúvidas ela escolheria aquele que possibilitasse-a viajar no tempo. Ela escolheria voltar no tempo e mudar algumas coisas, ou melhor, algumas de suas escolhas. Se ela soubesse que hoje, naquele momento, ela estaria doida para se livrar da enrrascada da qual havia se metido, ela jamais teria aceitado aquela oferta, mas por outro lado, ela precisava aceitar pois além de ser boa, não dependia somente de sua vida, outras pessoas dependiam dela. Não teve culpa que as coisas não tinham dado certo e que nada saiu como o planejado quando resolvera se mudar em busca de uma condição de vida melhor para ela e para seus pais. Teve de se virar como pôde, se virou como pôde. Não orgulhava-se das coisas que fizera e que teve de se submeter e ainda se submetia, mas por mais que estivesse tentado não encontrou outra saída a não ser aquela.

Com as duas mãos segurando firmemente uma xícara que continha um líquido escuro e um tanto amargo pela falta de açúcar, ela tomava seu café e matutava com seus próprios botões tentando encontrar um jeito de se livrar daquela situação. No começo ela não se importava com quem iria prejudicar fazendo aquilo que estava sendo paga para fazer, mas as coisas mudaram e agora ela não queria mais seguir adiante com o plano, pois havia se apaixonado por quem ela devia de fato, ajudar a destruir.

Todos os seus devaneios foram interrompidos pelo soar da campainha que preencheu o vazio sonoro ao qual o apartamento estava entregue. A mulher se levantou e antes de abrir a superfície de madeira, ela espiou pela olho mágico e seus olhos verdes reviram-se ao constratar quem era do outro lado. Respirando fundo e sem a mínima vontade de atender a visita impertinente, ela levou sua mão até à maçaneta e assim a figura do homem a qual aprendeu a aturar, apareceu em sua frente.

"Isso é cara para receber uma visita ilustre como a minha? Tenha ânimo minha putinha, seu salvador chegou." - com a clara entonação de deboche, a voz firme e grossa do homem rasgou o silêncio e mais uma vez a loira respirou fundo. Queria não ter de olhar para a cara dele, mas infelizmente essa não era uma opção da qual ela poderia escolher.

"O que quer Facilier? Diga logo que não estou com paciência." - fechando a porta após ele entrar, Abigail disparou de forma agressiva.

Francis Facilier era um homem astuto e de gênio duvidoso. Capaz de tudo para alcançar seus objetivos tanto pessoais quanto profissionais, o homem não se importava com o quê ou com quem iria derrubar para conseguir aquilo que queria. Com uma estatura alta, costas largas e cara de poucos amigos, ele de fato impunhava medo a quem quer que o visse. Seu jeito malandriado de ser e sua falta de escrúpulos o ajudavam a se tornar uma pessoa da qual tinha a repulsa e desprezo de muitos, mas isso pouco o importava. Desde que tivesse aquilo que queria, no instante em que queria, de nada valia o que pensavam ou achavam dele. Facilier de certo era um homem de facilmente se odiar.

"Vamos com calma, vadia. Não tenho nenhuma pressa." - insulta-la se tornara um de seus passatempos prediletos e ele fazia sempre que possível. Desperdiçar a oportunidade para quê?

"E eu não estou com nenhuma vontade de ficar olhando para sua cara."

"Sinto muito, mas terá que olhar e terá que olhar por muito tempo se continuar fazendo corpo mole."

"Diga logo o que veio fazer aqui." - pediu retornando para onde estava e pegando sua xícara de café.

"Não está claro?" - questionou impaciente - "Vim ver o que está fazendo." - mexendo em algum dos pertences que a mulher usava para decorar a sala, ele disse de costas para ela.

"Como pôde ver, não estou fazendo nada." - suspirou farta do homem - "Era só isso? Já viu? Então pode ir embora." - direcionado-se à porta, a mulher de olhos verdes abriu-a para que ele se fosse.

"E é aí que está o problema, Abigail." - virando seu corpo para encara-la, ele falou demonstrando seu descontentamento - "Você não está fazendo nada, você não tem feito absolutamente nada." - sua voz resoluta a fez estremecer.

"Não diga asneiras, é claro que eu tenho feito." - batendo a porta com força, ela andou até o sofá e se jogou no mesmo após deixar a xícara na mesinha de centro.

"Tem?" - questionou - "Não me parece. Como podemos ver, você está aqui e Robin... onde ele está? O que anda fazendo? Você deveria saber, não acha?"

"E eu sei, droga. Agora a pouco eu falei com o aquele homem lá que me indicou. Ele está de tocaia e me disse que Robin está em casa, ele e toda a família feliz dele."

"E por quê não está lá também?"

"Não me faça perguntas bestas como esta. Por que diabos eu estaria lá se eu e ele não temos nada." - admitiu não muito feliz.

"Mas você não abriu as pernas pra ele? Pensei que tinha consigo prende-lo. Que puta você é que não consegue nem prender um homem entre as pernas?" - andando até onde ela estava, ele dizia com desprezo enquanto gesticulava com a mão.

"Será que dá pra parar?"

"A verdade te ofende, Abigail?" - perguntou ficando defronte a ela - "Mas é isso que você é. Uma vadia qualquer que teve a sorte de encontrar alguém para te colocar onde está agora. E esse alguém sou eu."

"Eu não diria sorte, mas sim, azar." - bufou - "Já viu o que queria ver, agora me deixa."

"Vim porque o todo poderoso lá fica em cima de mim querendo saber como está indo o andamento do plano. Não estou aqui porque quero, pois se tivesse a opção não escolheria ficar de bate papo com uma prostituta de beira de esquina." - continuou insultando-a e ela buscava forças para não avançar no pescoço dele.

"Se ele quer saber que venha ele mesmo averiguar e pare de mandar o capacho."

"Você devia me agradecer por ter a vida que está tendo agora, afinal, eu que te escolhi dentre tantas mulheres do seu tipo." - seu olhar beirava a raiva, odiava ser chamado de capacho.

"Ah, Facilier. Faça-me o favor e para de encher meu saco." - gritou.

"Parar de encher o teu saco?" - encarou-a mais intensamente e com incredulidade - "Se não fosse por mim você já tinha rodado há muito tempo ou você acha que o chefe está satisfeito com o seu serviço?"

"Como assim, eu teria rodado?" - seu olhar entrara em estado de alerta e ela preocupou-se com o que ele acabara de dizer.

"Você não fez nada até agora e acha mesmo que ele está contente em só gastar dinheiro com você e não ter o retorno esperado? Não seja tola!"

"Como não? E as cópias de todos os papéis do colégio? Já foram alguma coisa. As cópias dos outros negócios também e todas as informações sobre a vida dele, sobre a rotina. Eu já forneci muita coisa para vocês dois." - levantou-se ficando cara a cara com ele.

"Papéis que de nada serviram. Informações que não podem ser usadas por serem totalmente irrelevantes."

"Eu não tenho culpa que não serviu pra nada. Eu entreguei a vocês o que me pediram, agora se seu colégio não é pário para o dele o problema já não é meu." - seus nervos estavam a flor da pele.

Facilier era dono de uma rede de escolas concorrente do Instituto Educacional Locksley e sempre ficava atrás deles. Sua falta de apreço por Robin veio daí e de uma outra história da qual também tiveram de 'concorrer' no passado e o loiro acabara levando a melhor. Queria destruir os negócios da família por simplesmente o atrapalharem a lucrar mais. Um dia um homem lhe fizera uma oferta irrecusável aos seus olhos, então viu ali uma oportunidade de conseguir afetar seu rival. Francis tinha seu próprio interesse individual e um interesse em comum na destruição do loiro que batia com o interesse desse outro homem e ambos uniram-se para que viessem obter êxito no plano. Abigail fora contratada por eles para servir de espiã dentro do colégio e lhes fornecer todas as informações necessárias para por fim no lugar. Facilier mentia dizendo que tinha apenas interesse nos negócios da família Locksley, mas era mais que isso só que ninguém além dele e seu parceiro tinham conhecimento. O outro homem carregava uma grande mágoa e ira do loiro, ele queria acabar com a vida de Robin, queria deixá-lo entregue a solidão e a falta de amor, assim como Locksley havia deixado-o quando o fizera sofrer ao perder sua preciosa riqueza. Ele queria vingar-se em busca daquilo que para ele, era o justo.

"Eu quero sim acabar com aquele maldito colégio, a qualquer custo. Só que você está se esquecendo que eu sou o menor dos seus problemas." - relembrou-a de que não estava sozinho.

"Já estou farta dessa história." - levando suas mãos até o rosto, ela esfregou-o e começou andar de um lado para o outro.

"Pensa que é apenas você? Estamos há meses na mesma e até agora nada que realmente prejudicasse-o foi feito. O chefe também está farto Abigail e não pense que ele engoliu essa história de você ter ido viajar de uma hora pra outra."

"Eu já expliquei que minha mãe não estava bem e eu precisava ir para lá." - parou de andar apenas para fita-lo, e em seguida retornou a vagar pela sala.

"E acha mesmo que ele se importa com isso? Ele só quer saber que te paga pra fazer uma coisa que você não está nenhum pouco empenhada em fazer." - seu olhar acompanhava os movimentos dela.

"Oras, o que querem que eu faça? - alterou-se - "Eu não sei o que é que posso fazer, droga."

"Robin tem um filho, não é mesmo?" - uma idéia nada boa surgiu na cabeça do homem.

"Nem vem, deixa o menino de fora disso." - recusou-se já sabendo o que ele iria propor.

"Calma, será apenas um susto. Não precisamos machucar o menino, pelo menos não muito." - sugeriu diabolicamente.

"Já disse que não e o chefe foi bem claro quando disse que tinha interesse somente em Robin, portanto eu não vou tocar em um fio de cabelo daquele garoto."

"Ele não precisa saber disso."

"Não e se insistir nesta idéia irei eu mesma até ao chefe relatar este absurdo e você sabe que ele não irá se agradar disso. Apenas Robin, ninguém além de Robin." - frisou o que fora combinado no início, mas a idéia também não lhe agradava pois teria de prejudicar o loiro.

"Não sei porque isso. Se quer acabar com ele, acaba logo com tudo."

"Eu não sei se quero continuar com isso." - ela parou de andar e disse mirando-o nos olhos. Estava arrependida de ter aceitado a trabalhar para eles.

"Como?" - mesmo entendendo o que ela dizia, ele perguntou pois não podia acreditar que ouvira mesmo aquilo.

"Pra mim já deu." - bradou passando as mãos pelo cabelo em sinal de exaustão.

"Escuta aqui." - indo até ela e agarrando-a firmemente pelos braços, Facilier apertou-a fazendo-a encara-lo - "É tarde demais para desistir, pensasse nisso antes de aceitar a entrar nessa e aceitar o dinheiro."

"Eu não quero continuar com isso. Eu não quero machucar Robin." - estava aflita.

"Mas terá! Ou prefere que seu querido pai saiba o que você fazia quando chegou na cidade. Qual seria a reação dele ao saber que o dinheiro que recebia da filha era dinheiro que ela ganhava com o próprio corpo?" - relembrando-a do que teve que se submeter, ele continuava a pressiona-la.

"Não estava lá porque quis, não fiz porque quis. As coisas não saíram como imaginei e eu tinha que ajuda-los de alguma forma." - Abigail havia ido para a cidade em busca de um emprego que no final das contas não dera muito certo. Seu pai já tinha uma saúde debilitada e sua mãe não ficava muito atrás. Eles precisavam de dinheiro para cuidar da saude de ambos e o senhor acabou por pegar emprestado à juros e passaram a viver sob ameças. Abigail precisava de dinheiro urgente para quitar a dívida e tirar sua família da mira dos agiotas, acabou por encontrar facilmente nas noites novaiorquinas.

"Será que seus pais pensarão assim? Será que eles irão querer te ver novamente depois que descobriam que a filha deles não passa de uma prostituta?"

"Eles nunca irão saber."

"Se você colaborar, certamente não. Mas caso contrário, saberão e eu acho que o coração do velho não aguentará tamanho desgosto."

"Você é um cretino." - bradou empurrando-o para longe.

"E você uma vadia."

"Robin não merece isso que querem fazer com ele. Ele é bom, atencioso e sabe como tratar bem uma mulher, bem diferente de você."

"Oras, era só o que me faltava. A piranha se apaixonou." - riu em claro sinal de deboche.

"Não consigo entender o porquê querem tanto assim destruí-lo."

"Consegue, claro que consegue. Ou quer que eu refresque sua memória relembrando o canalha que Locksley foi?"

"Isso já passou, dá pra vê que ele se arrependeu e nada do que fizerem vai poder mudar o que aconteceu. Era bem mais fácil desistir logo de tudo."

"Não! Ele tem que pagar e ele vai pagar. Custe o que custar, Robin vai pagar pelo o que ele fez." - sua irritação estava em níveis elevados.

"Eu não sei mais o que posso fazer, já disse." - gritou vendo-o abrir a porta para ir embora.

"Se vira, mas faça alguma coisa de útil e relevante. Não irei ficar limpando sua barra sempre, Abigail. Caso não cumpra o combinado, prepare-se para encarar as consequências." - ameaçou irritado e cheio daquela conversa. Ele saiu batendo a porta deixando-a sozinha outra vez.




☆-☆-☆




Anoiteceu e junto do céu escuro, veio a calmaria e até um certo cansaço devido ao dia cheio de diversão. A casa que em algumas horas atrás encontrava-se em uma verdadeira bagunça e era preenchida por risadas, e diversas vozes já muito conhecidas, agora, era mergulhada no mais completo silêncio. Causava até uma certa estranheza aquela ausência de sons, ainda mais se tratando de uma casa com uma criança, que por sinal era muito bagunceira. Só que mesmo assim aquela quietude não era de todo um incômodo.

A temperatura havia caído um pouco, fazendo com que todo o calor de mais cedo cedesse lugar para um clima mais ameno, causando até um certo friozinho. A janela aberta possibilitava que uma corrente de ar circulasse por todo o quarto trazendo uma sensação refrescante para a morena que estava sentada na beirada da cama.

Respirando calmamente, Mills mantinha seus olhos fechados e suas mãos estavam apoiadas no colchão enquanto seu pescoço movia-a em movimentos circulares tanto no sentido horário quanto no sentido anti horário. Buscava por um pouco de alívio para seu cansaço físico. Correr com as crianças poderia até ser divertido, mas causava um cansaço que fazia seu corpo reclamar e pedir repouso.

De costas para a porta, ela ouviu o barulho da mesma se abrindo e se fechando novamente. Não virou-se para olhar, pois já sabia quem era. Aliás, estava na casa dele, então só podia ser ele. Sentindo o colchão atrás de si afundar, pôde constatar que o homem estava bem atrás de seu corpo. A presença do loiro ficou cada vez mais próxima, trazendo com ela todo calor que aquele corpo quente emanava. Seus ombros puderam sentir o toque das mãos dele, e logo, uma massagem lenta fora iniciada nos mesmos. Ela soltou um sorriso ainda de olhos fechados e suspirou sentindo o alívio chegar. As mãos de Robin desfaziam todos os nódulos de tensão em suas costas e por mais firmes que fossem, sempre tocavam-na com carinho e gentileza. Estava entregue aquela massagem que mais parecia estar sendo feita por mãos de anjos, estava fazendo-a relaxar tanto que a qualquer momento poderia pegar até mesmo no sono.

"Muito cansada?" - uma voz baixa e carinhosa ecoou por seus ouvidos e ela não pôde deixar de sorrir outra vez perante a preocupação dele para com ela.

"Só um pouquinho. As crianças acabaram comigo hoje, meus pés estão me matando." - suspirou olhando para seus próprios pés.

"Também pudera, não parou um minuto." - disse meneando a cabeça negativamente enquanto ria.

"Por um momento eu esqueci de que não era mais criança e quando vi já estava correndo com eles."

"Eu vi." - riu outra vez - "Roland adorou a farra."

"Ele está dormindo?" - perguntou sentindo-o sair de trás de si e tomar sua frente se sentando no chão.

"Sim, ele estava exausto e logo adormeceu. Agora está lá, ele e Lola babando." - riu sendo acompanhado pela morena.

"Lola me troca facilmente por ele. Não pode ver Roland que até esquece que eu existo."

"Ela é carinhosa e superprotetora com ele, está sempre ao seu lado." - Locksley cruzou as pernas ficando na posição dos índios e pegou um dos pés da morena em suas mãos, apoiando-o em seu colo.

"O que vai fazer?" - seu cenho franzido demonstrava sua confusão perante o ato executado por ele.

"Aliviar seus pés. Não disse que estavam te matando?" - indagou fazendo-a recordar-se de sua fala de poucos minutos atrás.

"Amor, não precisa disso. É sério." - sua voz doce foi de encontro ao loiro, arrancando um sorriso do mesmo.

"Mas eu quero. Gosto de cuidar de você..." - pegou novamente o pé dela e pôs sobre suas pernas já que Regina havia retirado-o - "Gosto de te fazer sorrir..." - começou a massagear de leve o calcanhar da morena, trazendo um pouco de alívio e conforto - "E tudo que eu puder fazer para te ver bem, eu farei!" - com o corpo apoiado em seus joelhos, o loiro elevou-se e deu um selinho nela para logo a seguir, retornar para sua posição anterior.

Ambos ficaram em silêncio. Locksley mantinha-se concentrado tocando os pés dela. O loiro ainda trajava seu short de banho e permanecia sem camisa. Regina ainda vestia seu maiô e canga. Estava criando coragem para ir se ajeitar para dormirem antes dele chegar.

"Quer que eu prepare seu banho?" - Robin perguntou sem tirar sua atenção daquilo que fazia - "Posso encher a banheira pra você. Assim pode relaxar um pouco mais." - sugeriu.

"Está falando sério?" - desde quando viu a peça de mármore no banheiro dele, teve vontade de se banhar ali.

"Sim, morena. Você quer?" - indagou voltando sua atenção para ela que assentiu sorrindo - "Quando eu terminar aqui, vou lá. Está bem?"

"Okay."

Novamente o silêncio se faz presente entre eles, porém não era incômodo. Palavras não precisavam ser ditas naquele momento, o carinho, a preocupação e o cuidar já diziam por si só. Regina não conseguia parar de sorrir quando estava na companhia do homem que a cada dia lhe ensinava algo sobre estar junto, sobre companheirismo e sobre o amor. Sim, a cada dia seus sentimentos ganhavam mais clareza e novas sensações surgiam. Ali, naquele simplório gesto dele, ela conseguia ver todo carinho dele para com ela, todo instinto de proteção que ele sempre demonstrava. Era impossível não sorrir diante daquilo, impossível não sentir o coração cheio de coisas boas quando estava junto dele. Sem que tivesse a intenção de o fazer, ela o encarava com intensidade. Ele parecia destraído demais para perceber.

"O que tanto olha?" - não, ele não estava tão destraído como ela imaginou estar. Aliás, até estava, mas sentia o olhar dela sobre ele. Suas íris azuis vão de encontro às castanhas e ambas estabelecem um contato logo que se encaram.

"Estou com muita vontade de te beijar." - com a garganta seca, Regina declarou ainda encarando-o.

"Pois então não fique só na vontade." - a fala dele foi a gota que faltava para que o copo viesse a transbordar.

Avançando na direção do loiro e ficando ajoelhada na frente dele que continuava sentado no chão, Regina tomou seu rosto por entre as mãos e de maneira urgente uniu seus lábios aos dele no intuito de matar a vontade que tanto estava sentindo. Sua língua logo que de imediato pediu passagem para adentrar a boca dele e a abertura fora concedida rapidamente. Beijavam-se com pressa e urgência, como se o mundo fosse acabar a qualquer momento e que aquele fosse o último beijo trocado por eles. As mãos dela adentraram os fios claros do loiro, enquanto as dele alcançaram as costas da morena juntando mais seus corpos. Suas línguas travavam uma intensa e constante batalha. Suas mãos começavam a vagar pelo corpo do outro. Seus corpos aqueciam-se a cada toque.

Logo o ar se fez rarefeito e o beijo teria de se findar. Quando seus lábios se separaram, ambos voltaram a se encarar. Ela estava ofegante demais e respirava com a boca entreaberta. Regina mordeu o lábio inferior sem saber que aquele gesto o levaria à loucura e o loiro viu ali sua completa perdição.

Arfando algo desconexo, Locksley puxou-a pela nuca e assim mais um beijo se iniciava. O loiro prendia-a por entre seus braços e ela não reclamava, afinal, estava gostando da maneira avassaladora como estavam se beijando naquele momento. Levando suas mãos fortes até a cintura da morena, Robin agarrou de ambos os lados e impulsionou o corpo dela para cima fazendo-a se sentar na beirada da cama, outra vez. O loiro ficou por entre as pernas de Regina que apoiou suas mãos nos ombros dele. Os beijos desceram para o pescoço da morena e logo foram substituídos por leves chupões por toda pele daquela área até o colo. As mãos de Regina desceram até o peitoral de Robin e começaram a vagar por ali sentindo os músculos e o quão quente a pele dele estava. Ambos mantinham seus olhos fechados e entregavam-se ao momento. Apoiando suas mãos nos joelhos dela, Robin foi subindo devagar até suas coxas e ali começou a alisar e apertar com desejo. Seus lábios buscaram novamente um pelo outro para mais um beijo quente e necessitado. Levando ambas as mãos até o nó da canga de Regina, Locksley o desfez tendo ampla visão das coxas dela. A pele da morena arrepiava-se com cada toque. Tombando a cabeça para trás, Mills respirava ofegante enquanto o loiro lambia seu pescoço. As mãos dele continuavam empenhadas em sentir cada centímetro de coxa da morena. Uma fagulha acendeu-se em ambos. Ela estava quente. Ele estava quente.

"Não, não." - com dificuldade, ela  disse com a voz aflita. Locksley resmungou algo que ela não fora capaz de compreender - "Para. Por favor, para." - pediu com os olhos cheios. Não estava mais conseguindo aproveitar das carícias que antes estava achando prazerosa. De uma hora para outra fora como se um estalo estivesse dado em sua mente fazendo-a travar. Não, ela não queria mais continuar com aquilo.

"O que foi, morena? Estávamos indo tão bem." - o loiro interrompeu os beijos que antes dava em seu colo e ficou sem entender, pois para ele, Regina, também estava gostando.

"Só para, por favor." - pediu mais uma vez, sentindo um bolo se formar em meio a garganta - "Acho melhor eu ir embora." - disse com angústia e um tanto amedrontada.

"Ir embora?" - continuava sem entender.

"Sim, é melhor eu voltar pra casa." - amarrando novamente a canga em sua cintura, ela se levantou apressada, mas quando se virou para ir em direção à porta, Locksley segurou em sua mão.

"Não vá." - pediu se pondo de pé - "O que foi? Me diz o que está acontecendo para querer sair daqui assim." - sentiu seu coração se apertar ao ver quão aflitos seus olhos estavam. Haviam ficado negros e angustiados.

"Me deixe ir, por favor." - pediu sentindo seus olhos marejados.

"O que aconteceu? Eu fiz algo de errado? Só me fala." -  pediu em tons de preocupação -  Está com medo? É isso?" - sua destra foi de encontro ao rosto dela, enquanto a esquerda continuava segurando um das mãos da morena.

"Me desculpa, mas eu não posso. Eu não consigo." - disse esperando que ele entendesse. Levando a sua mão até a dele que estava depositadada em seu rosto, ela retirou-a dali e dando alguns passos para trás, se afastou dele. Mills, voltava a ficar ofegante devido ao choro que se desdobrava para prender. Não queria chorar na frente dele, não queria desabar ali diante de seus olhos.

"Ei, não precisa se desculpar por nada." - aproximando-se  novamente dela e retomando a posição anterior, sua mão começou a acariciar o rosto abatido - "Tudo bem se não quer isso agora, eu jamais irei te forçar a fazer algo que você não queira, Regina." - dizia sincero. Nunca passou por sua cabeça a obriga-la a algo, ainda mais aquilo que há pouquíssimos minutos atrás, achou que iriam fazer.

"Não está bravo por isso?" - perguntou engolindo seco. Seu olhar era triste. Achou que ele fosse ficar irritado por ela negar, mas graças aos Céus ele parecia não estar.

"É claro que não, meu amor. Não vou ficar bravo contigo por conta disso. Se não quer isso agora, está tudo bem, respeito seu espaço, você que decide o que quer fazer com você mesma. Eu só não quero esse olhar novamente. Só não quero que sinta medo de mim." - declarou fitando-a nos olhos. Suas palavras saem com sinceridade.

"Pensei que ficaria zangado porquê eu travei." - confessou baixando o olhar.

"Pensou errado. É sério, está tudo bem. Okay?" - questionou e ela o encarou outra vez.

"Okay." - assentiu sorrindo sem mostrar os dentes e os dois se abraçaram.

Regina suspirou um pouco mais aliviada após as palavras dele. Por um momento quis dar esse passo, mas não conseguiu. No fundo se sentiu frustrada e mal por ele, mas Robin era um homem extraordinário que fazia-a bem, fazia-a se sentir bem.

"Vou preparar seu banho." - falou ele se desvencilhando dela. Antes de sair em direção ao banheiro, o loiro depositou um beijo na testa dela que acabou sorrindo com o gesto. Ele se foi deixando uma Regina um pouco menos tensa e pensativa para trás.


☆-☆-☆



Notas Finais


Música:
What a Wonderful World:
https://youtu.be/F-3ox-6WhBA

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Qualquer coisinha é só chamar no: @starparrillax ou @_tragedia

Beijos de luz, amores. Até qualquer dia! ✨


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