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História Tragédia - "Quando te mostro meus demônios."


Escrita por: AlwaysEvil

Notas do Autor


Cheguei galerinha! Hoje o negócio vai ficar meio tenso por aqui 😬 Mas chegou a hora e ficar enrolando não vai nos levar à nada.

Amores, a história alcançou 100 favs e eu estou imensamente feliz por isso. Nunca imaginei que fosse chegar a tanto! Agradeço de coração a todas vocês que vem acompanhado a história e me incentivando a dar seguimento à ela. Gratidão me define neste momento. Vocês são demais!!!! ♥️

Na primeira e última cena, depois que começar a música, vai aparecer uns trechos dela em negrito. Já na segunda cena, aparece alguns flashes dos primeiros capítulos. Esses flashes são alguns fragmentos que fui deixando para trás, já pensando em quando fosse escrever esse capítulo. Eles darão uma base ao que será contado depois e estarão em itálico.

Por favor, ouçam as musiquinhas, principalmente a segunda e a terceira. Eles vão ajudar a envolve-las naquele climinha melancólico e já viu né? Lágrimas na certa kkkk.
São elas: Dive, Clouds (instrumental), Pureza (instrumental) e Take me Home. Link no final, fadas!

Pra não perder o costume, tá sem revisão.

Meu conselho à vocês é que esqueçam o lencinho de papel, ele é muito pequeno. Peguem logo um edredom de casal, de preferência de cama king, e vão na fé kkjsjksk.

Que Deus vos proteja e lhe dêem forças. Tenham uma boa leitura :)

Capítulo 22 - "Quando te mostro meus demônios."


Fanfic / Fanfiction Tragédia - "Quando te mostro meus demônios."

"Nossos maiores inimigos não estão lá fora, mas sim, dentro de nós mesmos." 

- Oziel Amaral.

O sol já se punha no horizonte, levando embora junto com ele, o entardecer. Logo o céu claro fora substituído por um tom de cor mais escuro, chegando assim, a noite. Ao lado de fora, a temperatura estava um pouco baixa, fazendo com que as pessoas usassem peças de roupas extras no intuito de manterem seus corpos aquecidos. Apesar de estar frio e estarem no inverno, naquele dia, não chovia e o solo não estava tão coberto por camadas de neve. O dia esteve bastante agradável por não ter esfriado e nem esquentado muito. Ficou na medida certa, do jeitinho que ela gostava e melhorou ainda mais quando junto do anoitecer, vieram algumas estrelas no céu. Não estava ele tão estrelado por conta de algumas nuvens densas, mas mesmo assim, algumas delas se sobressaiam por entre uma brecha ou outra.

Mesmo sabendo cozinhar e tentando ao máximo não acumular muita bagunça quando o fazia, a mulher sempre acabava tornando aquele pequeno cômodo num verdadeiro pandemônio devido a quantidade de louças que usava no preparo de cada alimento e naquele momento, não seria diferente. Ainda mais tendo de preparar dois pratos com dificuldade mediana. Eram suas especialidades, mas mesmo assim não deixou de ficar nervosa, pois não cozinhava apenas para ela, seu namorado lhe faria companhia aquela noite. E por falar nele, em poucas horas o homem estaria ali e a morena ainda nem tinha começado de fato a pôr literalmente a mão na massa. Apenas havia separado todos os ingredientes que iria ter de utilizar para o jantar.

Ela havia adiantado, ao máximo, seu trabalho para conseguir sair mais cedo e graças aos céus, conseguiu. Caso não tivesse conseguido, teriam de adiar o jantar que o loiro vivia lhe cobrando por conta do desafio que fizeram. Regina teria de provar que realmente era uma boa cozinheira e que não tinha apenas gogó.

"É hoje que você irá comer a melhor lasanha da sua vida, Locksley." - dizendo em voz alta para si mesma, a morena arregaçou as mangas de seu suéter rosê e prendendo seus cabelos num coque, ela respirou fundo indo em direção a bancada de sua cozinha. Seu rosto estava livre de maquiagem e para dizer que não usava nenhum tipo de cosmético, seus lábios eram enfeitados por um gloss meio avermelhado. Não que ela não fosse adepta à pinturas faciais, apenas não curtia muito usar sempre ou passar algo muito pesado para ficar em casa. Usava algo mais carregado e com mais informação, somente quando julgava necessário. Preferia mais seu rosto ao natural.

Decidindo o que iria preparar primeiro, a jovem secretária, pegou um recipiente onde pudesse misturar a manteiga, gemas de ovos e o açúcar, iniciando assim, o preparo da massa para a torta de maçã. Depois de colocar a farinha de trigo junto da mistura que preparara e misturar tudo por mais um tempinho até que se formasse uma massa leve que desgrudava das mãos, ela forrou uma forma de torta, já untada, e furou toda a superfície, levando ao forno logo em seguida. Enquanto isso, foi preparar o creme, colocando o leite, leite condensado, amido de milho e essência de baunilha numa panela e mexendo tudo até que viesse a engrossar. Numa outra panela, Regina colocou água e açúcar e levou ao fogo. Quando a água se tornara fervente, ela adicionou maçãs fatiadas e deixou cozinhar por dois minutos. Na mesma água em que a fruta fora cozida, ela adicionou uma gelatina e mexeu. Depois de tudo frio, a morena começou a montar a torta, colocando o creme sobre a massa e adicionando às maçãs cozidas por cima. Após, finalizou jogando a cobertura por cima de tudo e levou à geladeira para que pudesse descansar até o momento em que fossem comer.

Pegando uma outra tigela, Mills, pôs mais farinha de trigo e abriu uma cova no centro. Despejou nessa cova, ovos e um pouquinho de sal. Misturando tudo com a ponta dos dedos, a morena mexeu até que a farinha viesse a encorpar. Jogando farinha por cima do balcão, ela começou a trabalhar a massa energicamente por alguns minutos, até que a mesma ficasse lisa e elástica, e com a superfície repleta de pequenas bolhas de ar. Moldando uma bola, ela cobriu-a e deixou descansando. Enquanto isso, a morena foi cortar alguns temperos que usaria no preparo do molho. O tempo de descanso da massa passou, ela dividiu-a em três partes e abriu-as com um rolo até que ficasse na espessura desejada.

Regina cortava a massa em tiras, quando ouviu o barulho de chaves. Lola correu até a superfície de madeira e ficou a espreita esperando que a porta fosse aberta. Seu faro fazia-a reconhecer de longe o cheiro do loiro. A morena fitou um pequeno relógio que havia em cima de sua geladeira e estranhou. Ele devia ter chegado pelo menos uma hora depois de acordo com o horário que combinaram antes dela ir para casa. Logo a imagem imponente de Robin, surgiu em seu campo de visão e os latidos de Lola se fizeram presentes, enquanto a mesma pulava em cima dele.

"Você que será servida no jantar, mocinha?" - brincou com a cadela que tinha seus pêlos cobertos por farinha de trigo. Ele se agachou e começou a limpa-la.

"Ela não para quieta e ficou o tempo inteiro aqui comigo. Impossível não suja-la." - disse Regina, ao passo que colocava água salgada para ferver.

"Cedo demais?" - perguntou ele se achegando e reparando no que ela fazia.

"Uhum." - assentiu com ambas sobrancelhas erguidas.

"É que eu queria tirar a prova se realmente estava fazendo tudo ou se compraria todo o jantar e me diria que tinha sido preparado por suas mãos." - zombou fazendo-a revirar os olhos.

"Respeite meus dotes culinários." - disse com falsa indignação - "Já disse que vai ficar de boca aberta." - completou enquanto cozinhava, as tiras de massa, aos poucos.

"Quero só ver." - encarou-a por alguns segundos até que a mesma sorriu negando com a cabeça - "Boa noite, morena." - encurtando a distância que havia entre eles, Locksley depositou em beijo na bochecha da mesma.

"Boa noite, ladrão." - retirou rapidamente sua atenção daquilo que fazia e lhe deu um selinho molhado.

"Precisa de ajuda?" - perguntou indo até a pia para lavar as mãos.

"Você não vai tocar em nada aqui. Vai que você diz que só ficou bom porque ajudou a fazer. Não quero correr o risco."

"Quem está correndo riscos aqui, sou eu."

"Risco de quê, posso saber?"

"Vai que você joga alguma porção mágica pra eu só querer saber de você e ficar agarrado à você durante 24hrs por dia."

"Até que não seria uma máquina idéia." - sorriu travessa e ele balançou a cabeça em negação.

"Então quer dizer que eu não posso tocar em nada aqui, não é mesmo?" - aproximando-se dela que já havia terminado de cozinhar a massa e agora mexia a carne moída que estava na panela, Locksley depositou ambas as mãos em sua cintura e sussurrou no ouvido dela - "Uma pena, não acha?"

"Robin..." - disse manhosa, sentindo as mãos dele subirem para seus braços, alcançarem as suas e se movimentarem junto das dela, mexendo o molho. Seu corpo se arrepiou com a aproximação dele e Regina acabou por suspirar de maneira mais pesada.

"O cheiro está bom." - ainda aos sussurros, ele proferiu vagando seu nariz pela nuca dela.

Regina não sabia se ele se referia ao cheiro do molho ou ao seu cheiro. Ela só sabia que estava ficando muito difícil manter-se atenta ao que fazia com ele ali atrás de si sussurrando em seu ouvido. Mais uma vez sua pele se arrepiou quando o homem depositara um beijo em seu pescoço.

"Não faz assim, vai." - pediu ela engolindo seco e com o corpo já quase não obedecendo mais a mente.

"E assim?" - sem aviso prévio, o loiro virou-a de frente para si e capturou seus lábios no mesmo instante, sem dar espaço para que ela pudesse raciocinar algo.

Suas bocas se chocaram uma contra a outra e uma corrente elétrica percorreu seus corpos. Sem demora, as línguas entraram em jogo e o beijo seguia-a ligeiro e ardente, fazendo ambos os corpos se aquecerem de forma absurda.  Com os corpos unindo-se cada vez mais, nada parecia ser capaz de interromper o ato que a cada milésimo de segundo se tornará mais e mais necessitado.

Tirando forças de onde não imaginou ter, Regina o empurrou com certa dificuldade.

"O molho." - disse voltando sua atenção para a panela que estava no fogo - "Vai queimar." - sua voz estava entrecortada e ela respirava ofegante, buscando o ar que houvera perdido.

"É só apagar." - falou o loiro dando um passo em direção à ela para que voltassem a se beijar.

"Aí." - vendo que ele se achegava, ela disse alto - "Fica paradinho aí e por Deus, não se aproxime." - pediu, pois sabia que se ele tocasse-a novamente não seria capaz de resistir e se entregaria aos beijos dele.

"Oras, que pedido mais descabido." - disse quase que ofendido, enquanto matava a distância entre os dois.

"Não, Robin." - esquivou-se das mãos do loiro - "Sossega."

"Regina!" - não estava acreditando que ela dizia sério.

"Regina, nada. Ou você fica aí quietinho e me deixa terminar ou então eu te deixo trancado lá fora e quando estiver pronto, você entra novamente." - disse mirando bem nos olhos azuis do namorado. Estranhou sua firmeza na voz, já que achou que a mesma entregaria o seu estado afetado naquele momento.

"Isso só pode ser brincadeira." - exasperou criando várias linhas em sua testa ao apertar o cenho.

"Não é não."

"Onde já se viu não poder beijar a própria namorada?" - se mantinha incrédulo e quem sabe até, indignado.

"Eu não disse que não podia, só disse para você sossegar e não me desconcentrar." - apontava a colher de pau, que estava em sua mão, na direção dele enquanto falava - "Você quem sabe." - finalizou referindo-se à escolha dele de esperar quieto ou esperar do lado de fora.

"Que opção eu tenho?" - bufou carrancudo e se sentou num banco próximo ao balcão.

"Toma aqui pra você se acalmar um pouquinho." - abrindo um dos armários, ela pegou uma garrafa de vinho.

"Desde quando aqui tem vinho?" - estranhou por saber que a morena não tomava bebidas alcoólicas.

"Não tem, mas como sei que você gosta, resolvi comprar." - o loiro sorriu bobo com a confissão dela. Após entregá-lo, a morena pegou um saca rolhas dentro da gaveta que ficava no armário ao lado da pia e o entregou também - "Ei, o que vai fazer?" - questionou vendo-o se levantar.

"Apenas pagar uma taça. Posso?"

"Deixa que eu pego. Não invente desculpas para chegar perto." - falou indo fazer o que ele faria.

"Você mesma que escolheu?" - indagou já degustando da bebida.

"Mais ou menos. O atendente da adega, muito simpático e atencioso por sinal, me deu uma aulinha sobre vinhos e me sugeriu esse. Só não sei se é bom." - ela começava a montar o prato no recipiente de vidro ao mesmo tempo que falava com ele.

"É bom sim." - disse tomando mais um gole - "Que adega é essa que você foi? Vou dá uma passadinha lá para ver se o atendente é atencioso com todo mundo ou se foi só com você." - falou todo enciumado.

"Ciúmes, Locksley?" - elevando seu olhar para ele, a morena indagou morrendo o lábio inferior e o encarando.

"Morena, você não me provoca não." - resmungou com os olhos vidrados na boca dela - "Sentado aqui sem poder me levantar, estou me sentindo o próprio Roland quando o coloco de castigo."

A comparação dele e a expressão de pobre coitado que o mesmo fizera, acabou por rancar uma gargalhada alta da morena. Robin apreciava demais aquele som e poderia passar o resto da noite ouvindo-o que não se incomodaria nem um pouco. Após retomar o fôlego, Regina sorriu em negação e o loiro lhe direcionou um piscadela e recebeu um beijo no ar.

Terminado de montar a lasanha e levando-a ao forno, os dois ficaram em silêncio e vez ou outra Lola chamava-lhes à atenção e lhe era concedida. Ambos estavam em extremidades opostas daquela cozinha e se encaravam a todo momento. A tensão que se instalou entre eles, era mais palpável que qualquer outro objeto do lugar. Robin tinha vontade de levantar-se de onde estava, agarra-la e beija-la por toda noite, mas se segurou. Mal sabia ele que a morena só estava esperando que ele o fizesse para enfim se render à vontade dele e a dela também.

Alguns minutos onde a troca de olhares era intensa, se passaram, o jantar ficara pronto e enfim, foi servido.

Locksley comia com gosto e Regina estava numa curiosidade só para saber se ele havia aprovado. O loiro fazia suspense e por mais que tentasse não o fazer, acabou por pedir mais um pouco.

"Eu disse que você ia querer mais, eu disse!" - exclamou sentindo-se vitoriosa.

"É porque estou com fome, ué."

"Nem vem. Eu arrasei, pode falar." - se gabou com o peito estufado, achando-se a própria masterchef. O loiro riu da empolgação dela.

"Sim, você arrasou." - admitiu se deliciando com a comida - "Nem me lembro qual foi a última vez que comi uma lasanha tão boa assim. Realmente está maravilhosa." - elogiou sincero.

"Fico feliz que tenha gostado." - ela sorriu toda contente por tê-lo agradado.

O jantar seguia tranquilo, exceto pela troca de olhares que não se dera por encerrada. O casal conversava sobre as mais diversas coisas e sorriam um para o outro. Sorrisos eram sempre fáceis quando estavam juntos. Depois de comerem a sobremesa e Robin mais uma vez elogiar os dotes culinários da morena, ambos iam retirando de cima da mesa, a louça usada por eles e levavam para a cozinha.


🎵Dive - Ed Sheeran 🎵


Trazendo os últimos objetos que restavam, Locksley colocou-os sobre a pia onde Regina estava parada em frente, apoiando o quadril na mesma.

"Será que agora eu posso te beijar?" - usando o indicador para contornar os lábios dela e logo depois entreabri-los, o loiro perguntou sem tirar os olhos daquela parte do corpo de Mills.

"Deve." - respondeu também mirando a boca dele.

Sem mais perder tempo, um beijo lento e apaixonado fora inciado.

"Isso é bom." - proferiu Regina, ao findar o ato.

"É, meu beijo é bom mesmo."

"Não, não é disso que estou falando." - ele arqueou ambas as sobrancelhas fingindo espanto e ela riu - "Vinho. Bom... Eu acho que é o gosto do vinho."

"Prova um pouquinho."

"E se eu ficar bêbada?"

"Você não vai ficar bêbada só com um gole de vinho." - disse rindo, enquanto a mesma ainda se mantinha incerta.

"Ah, sei lá né?! Vai que meu organismo é fraco pra bebida." - deu de ombros ao passo que caminhava rumo ao balcão onde a taça do loiro estava depositada.

"Certamente ele é, ainda mais levando em conta que nunca bebeu, mas fique tranquila que só um pouquinho não irá te fazer mal." - agora era ele quem estava com o quadril apoiado na pia e seus braços estavam cruzados frente ao corpo.

"Olha lá, hein Robin. Vou confiar em você. Se eu me sentir mal, a culpa é sua." - tomando a taça por entre os dedos, ela se debruçou na bancada e tomou um pequeno gole enquanto era observada por ele.

"Gostou?" - a voz dele se fez mais próxima e ela sentiu as mãos dele pousarem em sua cintura pela segunda vez naquela noite.

"É adocicado, só que desce queimado." - espremeu os olhos.

"Mais ou menos isso." - riu apoiando seu queixo no ombro dela.

"Mas não deixa de ser bom, só que o gosto fica ainda melhor quando sai da sua boca." - deixou as palavras saírem e quando se dera conta do que disse, sentiu suas bochechas esquentarem um pouco.

"Nossa! Fico lisonjeado em ouvir tal confissão, milady." - disse fazendo-a corar ainda mais.

"Posso tomar mais um pouco?"

"Você quem sabe. Só que prefiro que deixe para outra ocasião, te quero bem consciente esta noite." - seus braços passaram a contornar a cintura dela, prendendo-a num abraço.

"Ah, é? E por que quer isso, posso saber?" - perguntou escorando seu corpo nele.

"Eu quero você." - levando sua boca até a orelha dela, o homem disse baixo e sentiu o corpo da morena estremecer.

"Eu sou conhecido por dar tudo de mim e mergulhar com mais força do que dez mil pedras no lago..."

"Robin.. " - quase não conseguiu dizer algo, seu corpo parecia ter vontade própria e parecia ainda mais querer se render à ele.

"Eu quero muito você, Regina." - deixando bem mais que claro o seu desejo, o homem mordeu sensualmente a orelha dela.

Regina nada disse, seu corpo respondeu por si. Ele dava sinais de que também queria, de que também sentia desejo por ele, por seus beijos e pelo seu toque.

Apertando-a de leve contra si, Locksley afastou o cabelo dela para o lado, tendo assim, sua nuca livre para que pudesse beijar. Passando a deixar vários beijos pelo local, o loiro desceu suas mãos para a barra do suéter dela e adentrou o mesmo, acariciando a pele de sua barriga. Sentiu-a esquentar ainda mais com o contato. Necessitando fazer seus lábios se encontrarem com os dela, Robin virou-a gentilmente e ambos se encararam. Azul e castanho se encontraram e ambas as orbes exalavam desejo. Com a mão esquerda na cintura dela, por dentro da roupa, o homem subiu sua destra até alcançar-lhe a nuca e deu um leve puxão fazendo com que ela jogasse a cabeça para trás e engolisse seco. Os lábios entreabertos de Regina diziam o quão sedenta por um beijo ela estava.

Dando leves chupões pelo pescoço da morena, o loiro foi subindo, alcançou a garganta dela e no queixo deixou uma leve mordida, para enfim, chegar onde tanto queria chegar naquele instante. Ameaçou beija-la e ouviu-a murmurar por não ter feito.

"Ladrão, por favor..." - pediu com a voz falha e respiração pesada. Ele parecia estar torturando-a.

Não aguentando mais adiar o contato, Robin puxou de leve seu lábio inferior e logo depois uniu sua boca à dela.

Suas línguas se encontraram e passaram a bailarar juntas, numa dança só delas. Uma dança rápida, fulgaz e calorosa. As mãos dela foram parar uma de cada lado do rosto dele, enquanto as do loiro lhe seguravam pela cintura com firmeza ou subiam e pressionavam suas costas para que se unissem ainda mais. O beijo seguia-se veloz e só era interrompido quando realmente não tinha mais de onde arracanrem oxigênio.

Capturando os lábios dela outra vez, Robin começou a conduzi-la para o quarto. Ela andava de costas enquanto mantinha seus olhos fechados. Regina sentiu seu corpo se chocar contra uma superfície dura e pôde constatar que se referia a porta de seu quarto. Robin beijava incessantemente seu colo que subia e descia demasiadamente.

"Então não me chame de amor a menos que você esteja sendo sincera. Não me diga que precisa de mim se você não acredita nisso..."

"Amor, a porta." - foi o que conseguiu dizer antes da sua boca ser tomada para mais um beijo.

Entendendo o que ela queria dizer, Locksley, sem parar de beija-la, levou sua mão até a maçaneta e abriu a superfície de madeira, revelando a eles, o quarto. Entraram aos beijos e fecharam a porta novamente.

Agora quem andava de costas, era ele. O loiro cessou seus passos quando sentiu seu corpo encostar na cama.

De olhos fechados, seus lábios se afastaram um pouco e seus narizes roçaram um no outro. Com as testas ainda juntas, seus olhos se abriram e ambos se encararam. Paixão. Via-se paixão em seus olhos.

"Você é um mistério […] E não há nenhuma outra garota como você..."

Assim como Locksley, Regina fez suas mãos se adentrarem por baixo da roupa dele e sentiu sua mão praticamente pegar fogo de tão quente que ele estava. Se ao lado de fora estava frio, ali naquele quarto a sensação se fazia diferente e ela pôde ter certeza disso quando a boca quente dele entrou em contato com a pele de seu ombro. Um calor absurdo passou tomar seu corpo e ela pouco menos se importou quando o loiro puxara seu suéter para cima, retirando-o.

Robin se sentou na beirada da cama e Regina continuou de pé no mesmo lugar. Se olharam mais uma vez e mais uma vez viram que o desejo um pelo outro era real.

"Então, me deixe saber a verdade antes que eu mergulhe de cabeça em você..."

Robin analisou-a dos pés à cabeça e pousou seu olhar nos seios dela que estavam cobertos por um sutiã branco. Ela engoliu seco perante aquele olhar e aquele homem que a cada dia tinha mais sentimentos.

Estendendo sua mão à ela, o loiro trouxe-a para si e fez sinal para que a mesma sentasse em seu colo. A morena respirou ofegante e seguindo aquilo que ele queria, mesmo que um pouco sem jeito, pôs cada uma de suas pernas ao lado do quadril do homem.

Suas bocas buscaram por mais um beijo descomedido . Os lábios dele desceram para o colo da morena e logo alcançaram o vão de seus seios. Regina sentiu um calor ainda maior percorrer sua espinha ao sentir a saliva dele naquela area de seu corpo. Encontrava-se ofegante. Sua cabeça tombou para trás enquanto suas mãos pressionavam a cabeça do loiro em direção aos seus seios.

Num movimento inesperado, Robin mudou a posição, jogando-a na cama e passando a ficar por cima dela. Ele se mantinha empenhado em beijar os seios dela por cima da peça íntima. E ela por sua vez, não reclamava. Entregava-se a nova sensação que aquele ato lhe trazia.


"Recuando, observando [...] Qual é a sua história?"




☆-☆-☆




🎵Clouds - Ron Alan Cohen🎵


As carícias estavam a todo vapor. Regina se encontrava deitada com o loiro por entre suas pernas. Seus olhos se mantinham fechados. Sentia as mãos dele em seus seios e sua boca em seu pescoço. No momento em que pôde sentir, mesmo que por cima da roupa, a intimidade dele encostar na dela, tudo mudou.

Toda bagagem que carregava, toda dor que lembranças amargas traziam, tudo o que vinha tentando manter longe para que não viesse sofrer, veio a tona.

Distraído e enfeitiçado pelo momento, Robin não percebeu que a feição dela mudara. Seu rosto que antes demonstrava estar sentindo prazer, agora, estava diferente. Agora, demonstrava dor, amargura, repulsa...

Um enorme sentimento de angústia crescia em seu peito. Angústiava-se a cada toque. Angústiava-se a cada beijo que sentia ser dado em sua pele. Sentia-se suja, sentia todo seu corpo sujo. Ela estava suja.

**Cora não estava apta a cumprir seus deveres de esposa e viu que seu marido estava se afastando cada vez mais. Aquele homem bom e carinhoso deu lugar a uma pessoa fria e grosseira.

A Mills mais velha notou a mudança de seu marido e começou a prestar mais atenção nele. Tudo estava tão difícil de se lidar, mas piorou quando ela notou o olhar diferente de Gold em relação a sua filha, que até então estava com treze anos.

Ela não queria acreditar, não podia ser verdade. Ele sempre à tratara como uma filha, não seria capaz de tamanha atrocidade.

[...]

Ela conhecia aquele olhar malicioso e mesmo pensando que seu marido nunca seria capaz de cometer tal ato, Cora instruiu a mais nova a trancar a porta do quarto toda noite. Sem muito entender a menina assim o fez, deixando a mãe um pouco mais tranquila. (Capítulo 1)**

O choro se formava em meio a garganta. A respiração ficava mais e mais pesada. Parecia ter desaprendido de uma hora para outro de como levar oxigênio para os pulmões. Sua pele se contorcia ao ser tocada. Sua boca começara ficar trêmula e seu corpo não queria mais. Ele não queria mais que encostasse nele, não queria mais aquela aproximação toda. Não, ele não queria. Ele rejeitava toda e qualquer carícia que fosse mais íntima.

**Eu só queria um instante de tempo. Apenas um instante onde pudesse fugir dessa dura realidade, onde eu pudesse ter nem que fosse por pouco tempo um pouquinho de calmaria, bem longe de todo esse caos.

[...]

Por ela, qualquer sacrifício valia a pena.

[...]

Insensível. Mal sabe ele o que tenho que aguentar dentro da minha própria casa. (Capítulo 2)**

Um pranto contido se iniciou. Ela até tentou se concentrar e continuar. Tentou resistir e conseguir fazer sua mente não lhe trair fazendo-a se lembrar. Tentou aceitar aquele contato. Ela tentou. Tentou ao máximo se manter firme e não desabar ali mesmo, mas o fardo era pesado demais para que seus ombros pudessem carregar por toda uma vida. Não suportava mais carregar todo aquele peso de emoções e sentimentos ruins.

**"Não. A senhora não sabe como as coisas estão. A senhora não faz idéia de como tenho vivido. Sei que está tentando me ajudar, mas não pode. Ninguém pode mudar aquilo que já aconteceu. Ninguém tem o direito de me dizer que tudo ficará bem se têm a consciência de que isso não irá acontecer, a tendência é só piorar e a senhora sabe disso..." (Capítulo 2)**

O que antes começou contido, agora tomava proporções maiores. Robin à essa altura já notara a mudança dela. A essa altura, já se mantinha desesperado tentando fazer com que ela o ouvisse, mas Regina parecia não ouvir o som de sua voz. Ela se debatia e se contorcia em meio ao colchão como quem estivesse tendo um sonho ruim e quisesse a todo custo acordar dele e perceber que tudo não passara de pura imaginação.

**(Cora) Aguentava todas as humilhações calada, pois ele sempre dava um jeito de inserir sua filha no meio e ela não suportaria que ele a fizesse mais mal além do qual já vinha causando.

[...]

(Regina) Se lamentava por toda a situação em que se encontravam e por não o ser suficiente. (Capítulo 2)**

Segurando o corpo dela, que não parava de se debater enquanto a mesma derramava lágrimas incessantes, Robin continuava tentando acorda-la daquele horrível pesadelo. Regina parecia estar em um outro mundo e de fato, estava. Estava num mundo só dela, num mundo onde suas lembranças vinham para atormentar sua vida. E foi numa dessas lembranças que se recordou de uma das suas últimas conversas com aquela que amou mais do que tudo na vida.

**"Estou bem, querida." - disse em um fio de voz e ainda sem olha-la. Não tinha forças para isso. Ela não se achava digna do carinho e preocupação da filha depois de tudo o que a fez passar.

[...]

"Você sabe que não consigo, eu queria poder te encarar, olhar no fundo dos seus olhos, mas não dá. Não dá para fazer isso sem que a culpa venha me consumir. Sabe, filha... eu não me importo com o que aconteceu comigo, por ter ficado doente, mas já com você..." - balançou a cabeça em negação - "Perdão por tudo de ruim que te aconteceu, perdão por não ter sido boa o suficiente, por não ter te protegido quando mais precisava de mim. Minha filha, me perdoe por ter te feito crescer rápido demais. Eu só queria poder voltar ao passado e mudar as coisas, mas infelizmente não posso e isso está me matando por dentro." - Cora já estava chorando - "O que fizeram com a minha linda menininha sorridente que sempre via esperança em todos os cantos e nunca perdia o brilho no olhar?" - perguntou finalmete olhando nos olhos tristes da filha - "Como eu te amo, daria minha vida para salvar a sua, para ver a alegria presente em sua vida. Nada é capaz de expressar o tamanho de minha dor ao te mirar, ver quanto é infeliz e saber que tenho uma participação nessa sua tristeza." - concluiu aos prantos. Ela estava com o rosto roxo, Gold havia lhe dado um tapa e pela intensidade da marca foi um tapa bem forte.

[...]

"Não precisa pedir perdão mãe, sei que a escolha não foi sua, sei que se tivesse esse poder as coisas seriam muito deferentes das que são agora. A senhora é tudo que tenho nessa vida e se hoje sou forte foi porquê em ti encontrei minha força, essa luta não é somente sua, ela é nossa. Não me arrependo de nada que fiz para te ajudar e não a culpo por nada que aconteceu. Jamais te abandonaria por isso, a gente cuida daqueles que amamos e senhora não tem noção do quando eu te amo." - falou Regina alisando com delicadeza o rosto de Cora onde estava machucado. (Capítulo 2)**

Um grito de desespero saiu de sua garganta e atrás dele vieram outros. Gritava de dor, mas não a carnal, mas sim na sua alma. Sua alma clamava por socorro. Clamava por algo que a livrasse daquele tenebroso tormento. Estava mergulhada em meio a sua própria escuridão. Não sentia mais nada. Nenhum toque, nenhuma emoção que não fosse a angústia, nem mesmo o próprio corpo. Era como se estivesse inanimada.

Locksley estava ali sem entender o que estava acontecendo, buscando por algo que pudesse acalma-la, mas não sabia o que fazer. Não tinha noção do que se passava na cabeça dela e por mais que quisesse ajudar, sentiu-se completo e absoluto impotente. Ouvia o pranto doloroso que saia dos lábios de Regina e chorava junto. Chorava por estar vendo que ela sofria, chorava por vê-la desesperada daquela maneira.

Aos poucos os sentidos de Regina iam voltando, mas nem por isso seu choro se deu por encerrado. Seus olhos se abriram e mesmo que estivessem vendo a imagem de uma pessoa à sua frente, de fato ela nada enxergava, pois as constantes lágrimas que saiam de seus olhos lhe embaçavam as vistas. Começando a ouvir de longe uma voz lhe chamando, ela não suportou quando sentiu estar sendo tocada em seus braços.

"TIRE A MÃO DE MIM!" - gritou amedrontada, fazendo Locksley se assustar - "Não me toque." - disse com dificuldade devido aos soluços em meio às lágrimas pesadas.

**A Mills mais nova, conhecia bem o padrasto que tinha e sabia que por mais que ele tivesse deixado, não sairia de graça, pois os "favores" de Gold sempre vinham com um preço e ela sabia muito bem qual era. (Capítulo 2)

[...]

(Neal)"Portanto, vamos ao questionamento mais importante do dia: Preparada para ficar no lugar de sua querida mãezinha?"

[...]

"Bem, você sabe o que irá te acontecer a partir de hoje, qual será o seu papel naquela casa. A única coisa que posso te desejar é boa sorte e seja muito infeliz como a nova mulher do meu pai." (Capítulo 4)**

Arrastando-se pela cama, a morena alcançou a cabeceira da mesma e se sentou toda encolhida, escorando-se ali. Ela abraçava suas pernas e olhava para o chão.

Seu olhar era distante, frio... Seu peito subia e descia de maneira descompassada devido ao momento intenso que estava vivendo naquela noite.

Tudo que guardou, tudo que achou ter se esquecido se fez presente fazendo-a desabar em meio ao choro e gritar diante de  toda amargura que se encontrava seu espírito.

Robin tentou se aproximar mais uma vez, só que ao senti-la se encolher ainda mais, não o fez. Viu medo. Viu no olhar de Regina, que ela estava com medo. Seu coração se despedaçou naquele mesmo instante. Ela estava com medo dele? Não podia ser. Ele jamais faria algo para feri-la.

Alguns minutos, onde o lugar só não fora entregue ao total silêncio devido aos soluços da morena, se passaram. Locksley continuava observando-a encolhida no canto, abraçando o próprio corpo. Parecia um filhote acuado quando separado de sua mãe.

Sentando-se no chão na direção em que ela olhava, o loiro analisou os traços e feições que Regina fazia. Seu olhar sem vida e seu rosto marcado pelas lágrimas foram os fatores que mais lhe fizeram sofrer. Como uma mulher ainda tão menina  como ela, era capaz de trazer tanta amargura em seu olhar? O que a vida lhe fizera para que ela estivesse daquele jeito. Queria ajudar, queria muito fazer algo por ela. Mas como fazer quando ela não te quer por perto?

"Ei..." - sua voz calma e bastante preocupada, chamou-a e Mills continuava a mirar o chão - "Está me ouvindo?" - ela apenas assentiu ainda distante - "Sou eu, Robin. Estou aqui com você, não vou te machucar." - com um tom embargado, o loiro dizia tentando fazê-la deixar-lhe se aproximar.

Regina sabia que era ele, mas sua mente encontrava-se uma bagunça. Um turbilhão de coisas se passavam por sua cabeça e ela não conseguia ao certo raciocinar muitas coisas, não sabia destinguir uma da outra e dentre essas coisas, estavam o fato de que nem todo mundo era ruim, que nem todo mundo lhe faria mal.

"Quer alguma coisa?" - ela negou - "Precisa de algo? Qualquer coisa. Só me diz o que eu posso fazer para te ajudar." - pediu não aguentando vê-la daquela maneira e ficar apenas observando de mãos atadas.

"Só faz parar." - sua voz saiu cortada entre uma palavra e outra - "Faz parar de doer." - todo seu corpo tremia enquanto mais uma vez o choro vinha com força.

Locksley se manteve sentado no chão e uma de suas mãos, mesmo que receosa do afastamento dela, encaminhou-se para se encontrar com a dela, num sinal de que ele estava ali. Regina sentiu o toque dele e dessa vez não recuou. Sentiu a mão firme, afagar a sua.

"Olha pra mim, por favor." - assim ela fez. Seu olhar se encontrou com o dele e viu-o sorrir fraco - "Me diz o que está acontecendo, o que está sentindo. Me diga o que te deixa assim. Não é a primeira vez que vejo medo em seu olhar, então apenas diga. Estarei bem aqui com você." - apertou de leve sua mão na dela, tentando passar o máximo de conforto e confiança.

"Você não vai entender." - disse, quase que sem voz.

"Eu quero esconder a verdade, eu quero proteger você. Mas, com a fera dentro, não tem lugar para se esconder..."

"Então me explique. Me faça entender o que te deixa desse jeito. Me mostre suas dores, Regina." - suplicou do seu eu mais profundo, enquanto mirava as orbes castanhas que estavam muito mais escuras que de costume.

"Quando você sentir o meu calor, olhe nos meus olhos. É onde meus demônios se escondem, é onde meus demônios se escondem! Não se aproxime demais, é escuro aqui dentro."

• Demons - Imagine Dragons.



☆-☆-☆



🎵Pureza - Edom Oliveira 🎵


Sentindo a água vir de encontro ao seu rosto, a morena lavava o mesmo com a água que saía da torneira que estava na pia de seu banheiro. Tinha colocado seu suéter novamente e agora tentava levar embora ali, naquele simples lavar, toda dor presente em sua face. Pelo menos essa era a intenção.

Ela pediu um tempo à ele. Pediu que esperasse-a ao menos tentar se recompor e se acalmar. Locksley concordou ainda preocupado e apreensivo com ela. Regina foi para o banheiro em busca de alguma paz, ou conforto, qualquer coisa que acalmasse todo aperto que se instaurou em seu peito. Respirava com um pouco mais de tranquilidade, mas isso não queria dizer que toda aquela tensão havia se esvaído. Sua história ainda estava ali, nunca deixaria de estar. Jamais deixaria de existir.

Fechando a torneira e enxugando o rosto com uma pequena toalha, Regina passou a se encarar em frente ao espelho. Era capaz de enxergar a sua própria dor, era capaz de ver sua agonia e desespero. Seus olhos, assim como o nariz, estavam vermelhos e inchados. Sua boca ainda se mantinha trêmula e um filme se passava por sua cabeça. Um filme do qual ela sabia tudo o que acontecia e por mais que voltasse a fita milhares e milhares de vezes, sempre  choraria. Choraria por não ser apenas ficção. Choraria, pois esse filme era a sua vida. Era o filme mais cruel que pôde assistir e vivenciar. Um filme regado de atrocidades e sofrimentos.

Sua vida, sua história... não foram nenhum conto de fadas, passou bem longe disso. Muito apanhou, muito amadureceu, muitas lágrimas derramou e muito socorro pediu, mas ninguém veio lhe salvar. Ninguém fora capaz de notar tamanha tristeza em seus olhos. Ninguém estava lá pra lhe estender a mão nos momentos em que mais precisava de ajuda. A única que realmente se preocupou e sofreu junto com ela, não tinha forças para lhe proteger, por mais que quisesse, ela não tinha. Ambas estavam entregues as vontades do ser mais repugnante que faziam-as sentir a maior repulsa existente sobre a face da terra.

Ainda com os olhos vidrados no espelho, Regina levou seu indicador à sua cicatriz. Não tinha apenas marcas internas sobre a pior fase de sua vida, apesar delas serem as que mais lhe traziam dor, tinha também marcas como aquela em que podia ver e tocar. Aquela cicatriz ficaria ali para sempre. Estava ali para a todo instante lhe relembrar o que passou e o que viveu. Não podia mais ignora-la, não podia mais tentar fingir que nada aconteceu. Tinha que lidar com ela, tinha de enfrenta-la. Estava na hora de falar, estava na hora de se abrir de uma só vez, de se libertar, de colocar pra fora... expulsar todo e qualquer demônio que existia de dentro dela, que se alojava em seu interior.

O momento de se despir de todas as armaduras que criara e contar a sua história, de mostrar as suas marcas e seus tormentos, havia chegado. Robin pediu-a para que mostrasse suas dores e ela mostraria. Ele merecia uma explicação, ele precisava saber o terreno do qual estava adentrando e decidir se iria ir ou ficar. Não era justo com ele, não era justo com o relacionamento que vinham criando ao longo dos dias. Não era justo não falar e afasta-lo de si toda vez que suas recordações viessem lhe assombrar.

Respirando fundo e se olhando pela última vez na superfície espelhada, ela saiu do banheiro e fitou o loiro sentado na cama. Ele estava com o corpo inclinado para frente e seus cotovelos estavam apoiados em seus joelhos. Preocupação transbordava dele.

Notando a presença dela, o homem elevou seu olhar e passou a acompanhá-la. Ela andava de um lado para o outro de maneira apreensiva. Mills tentava encontrar uma forma de por onde começar.  Ele nada disse, apenas ficou esperando o momento em que ela iria falar e esse momento chegou.

"O que eu tenho pra te contar agora, se refere à pior e a mais difícil época da minha vida. Por mais que me doa dizer isso, eu vou entender se achar que é demais para você e não quiser ficar." - disse com pesar, sabendo que ele poderia escolher ir embora por não suportar todo caos que era.

"Não vou a lugar nenhum, eu juro."

"Não faça juramentos sem antes saber de tudo." - pediu com amargor em suas palavras. Não sabia qual seria a reação dele depois que soubesse de toda verdade, depois que a conhecesse da forma mais profunda, depois que visse todos os seus monstros.

Caminhando para onde Robin estava, a morena se sentou ao seu lado e à uma certa distância.

"Desculpe se te assustei agora há pouco. Não foi minha intenção."

"Sei que não foi." - direcionou um sorriso acolhedor em direção à ela que apenas assentiu.

Mais uma vez naquela noite, Regina respirou fundo e sentiu seus pulmões queimarem ao prender o oxigênio ali. Ela soltou o ar antes de dizer tão duras e ressentidas palavras.

"Eu já fui abusada." - não tinha coragem de olhar nos olhos dele, por isso, fitava suas próprias mãos - "Já fui abusada da maneira mais sórdida e cruel que uma mulher poderia ser." - limpando as lágrimas que começara derramar, ela continuou - "Quando eu tinha uns três anos, minha mãe conheceu um homem e pouco tempo depois, eles se casaram. Eu era nova quando fomos morar na casa dele e por nunca ter conhecido meu pai, acabei o considerando como um. Ele já tinha um filho e nós nos tornamos uma família. No início tudo era bom, ele era bom, eu o chamava de pai e considerava o filho dele como um irmão de verdade. Ele demonstrava amar minha mãe e eu via alegria nos olhos dela, só que um dia tudo acabou. A felicidade deixou de existir e então, começou o tormento. Minha mãe descobriu que estava com câncer..." - disse sentindo lágrimas em seus olhos. Locksley recordara da noite de Natal, onde Regina lhe contou sobre sua mãe, sua doença e em como Cora fora uma mulher forte e guerreira - "Nos primeiros meses, ele esteve ao lado dela, ajudou a cuidar e tudo mais, pois assim como eu, ele acreditava na sua melhora. Mais aí o tempo foi passando e ao invés de melhorar, ela ia só piorando e isso se tornou um fardo para ele. De uma hora pra outra, todo ser bondoso e atencioso que ele se mostrará ser, desapareceu. Ele mostrou-se ser um verdadeiro mostro. Palavras doces foram substituídas por várias e várias grosserias e ele alegava não estar mais suportando viver ao lado de uma mulher doente que não era nem sequer capaz de cumprir com seus deveres de esposa." - sorriu amargurada enquanto balançada sua cabeça em negação por tamanho absurdo da parte do padrasto - "Logo, ele arrumou uma mulher na rua e passou a chegar mais tarde em casa e fazia questão de dizer à minha mãe onde estava e o que estava fazendo. Dizia para vê-la sofrer ainda mais e se sentir menos mulher por não poder satisfazer os seus desejos. Um dia, eu não sei o que deu em minha mãe, mas ela ficou estranha e passou a me obrigar a trancar a porta de meu quarto todas as noites. No início eu não entendi muito bem, mas depois de um tempo eu pude notar, eu conseguia perceber o olhar dele em mim, então minha ficha caiu."

Robin ouvia suas palavras e sentia o sofrimento que vinha de cada um delas. Sentia seu coração se apertar diante da declaração e seus punhos cerrarem diante da indignação que passara sentir. Como um homem podia ser tão ardiloso, a tal ponto? Pensava enquanto ouvia-a falar.

"Comecei a ver em seus olhos desejo e tentava ignorar ao máximo. Até que um dia ele tentou me agarrar, eu consegui correr e me trancar no quarto novamente. Na hora ele ficou possesso, mas depois veio me pedir desculpas dizendo que se arrependeu. Porém, eu sabia que era mentira da parte dele, ele só queria se reaproximar de mim. Depois disso, sempre que tinha alguma oportunidade, ele passava a mão em mim, tentava me alisar e eu estava sempre esquivando. Ele e minha mãe vivam em pé de guerra por conta disso, pois eu nem precisava contar nada à ela, porque ela já sabia. O tempo foi passando e eu fui aprendendo a tomar cuidado, à ficar em alerta e a me policiar naquilo que fazia ou vestia. Sempre estava atenta para que ele não viesse entender as coisas como algum tipo de insinuação ou provocação. Foram três anos assim. Três anos onde eu tinha de ficar em alerta dentro da minha própria casa." - suspirou incrédula ao dizer aquilo. Sua casa deveria ser o lugar onde encontrasse um refúgio, mas não. Era ali onde ela passava por seus maiores tormentos - "Gold continuou traindo minha mãe e ela passou a não mais se importar. Mais algum tempinho se passou até que ele teve de largar seus casos extraconjugais por quase ter sido pego. Ele era um homem muito importante e respeitado na cidade e se aquilo se espalhasse, toda reputação dele iria pro lixo. Foi aí que as coisas dentro de casa pioraram, as perseguições dele se tornaram mais contínuas e ele passou a ficar ainda mais cruel. Ele passou a agredir minha mãe por obriga-lo a viver sem suas necessidades de homem satisfeitas e então, ela passou a viver machucada. Uma noite..." - todo seu corpo entrou em estado de choque e um tremor tomou conta dele. Seu peito passou a subir e descer descompassadamente e sua voz fora tomada por dor e angústia ao passo que o choro vinha de forma descomedida - "Eu estava na cozinha preparando o jantar quando ele chegou. Ouvi quando ele subiu e começou a gritar com minha mãe. Depois ele desceu furioso e minha mãe ainda gritava muito de lá de cima. Assim que ele entrou na cozinha, já veio com tudo me agarrando. Ele começou a rasgar minha roupa e me pressionar contra a geladeira... Eu só conseguia gritar e implorar para que ele me largasse, para que ele parasse... mas ele não parou. Ele me jogou no chão e..." - não conseguiu dizer. Suas mãos começaram a esfregar o próprio rosto enquanto um pranto alto e doloroso saía de seus lábios. Tamanho nojo passou a sentir de si mesma. Começou a se esfregar, pois para ela, seu corpo estava sujo.

Num rompante e totalmente transtornado, Locksley se levantou da cama e passou a vagar de uma estremidade à outra, enquanto tentava digerir o que acabara de ouvir. Ela não precisou completar a frase para que ele viesse entender o que havia acontecido. Não precisou continuar para que ele viesse compreender tamanha crueldade. Olhou na direção onde a mesma continuava sentada e um enorme pesar fez morada em seu peito. Ela ainda tinha sua cabeça baixa e seu corpo se mantinha trêmulo. Olhava para aquela mulher tão fragilizada, tão nova... Só conseguia sentir desprezo por quem a fizera tanto mal, por quem feriu-a tão profundamente daquela maneira. Indo até ela, o loiro abraçou-a e o choro de Regina era derramado com mais força, enquanto a mesma se agarrava fortemente à ele buscando uma forma de se livrar da dor. Longos minutos onde o silêncio perdurou, se passaram. Locksley, com lágrimas nos olhos, afagou o rosto sofrido e marcado pelas lágrimas dela, antes de se pronunciar.

"Não precisa continuar se não quiser." - disse, vendo o quanto contar-lhe aquilo estava fazendo-a sofrer.

"Mas eu preciso. Tenho que continuar." - disse, desfazendo o abraço. Regina estava decidida, iria até o fim. Iria se despir de todas suas armaduras e contaria tudo de uma só vez. Por mais que remexer naquela parte de si doesse, ela continuaria até que tudo fosse revelado e assim pudesse voltar a seguir com sua vida.

Robin retornou para onde estava e se sentou ao lado da morena.

"Depois desse dia, minha vida acabou." - ainda com dificuldade, ela continuou - "Tive que me afastar de tudo e de todos. Ninguém podia saber o que se passava na minha casa, então me isolei do mundo. Me afastei até mesmo de uma professora que eu considerava como uma segunda mãe para mim. Se continuassemos próximas, ora ou outra ela descobriria. - a jovem até teve vontade de se abrir com Ingrid e pedir ajuda, mas se lembrou das ameaças que o homem fazia e não podia arriscar. Era sua vida e a vida de sua mãe que estavam em jogo - "As coisas não faziam mais o mesmo sentido que antes, não conseguia sentir mais nada além de nojo dele e até de mim mesma." - engoliu seco - "Uma vez, eu estava na sala assistindo televisão e minha mãe dormia no quarto. Ele chegou e já veio diretamente à mim, achando que eu cederia depois do que ele fizera na cozinha, mas eu tentei fugir e por conta disso, ele me deu um tapa tão forte, mais tão forte que eu acabei caindo em cima da mesinha que tinha ali e me cortei." - levou seu dedo até a cicatriz em sua boca - "Quando vimos que ficaria a marca, ele me disse que era pra eu me lembrar do que ele era capaz de fazer caso eu continuasse relutante. Foi assim que eu consegui, essa é a história." - elevando brevemente seu olhar até o loiro, Mills disse, fazendo-o se relembrar do dia em que perguntara qual a história por trás de sua marca no lábio superior. Robin sentiu seu peito arder perante a declaração - "Foi nesse momento em que eu vi que não tinha mais jeito, que eu seria obrigada a fazer tudo o que ele quisesse, pois além de me machucar, ele também machucava ela. Então, eu parei de resistir, pois quanto mais eu gritasse, quanto mais eu me debatasse implorando para que ele me soltasse... Mais ele parecia gostar." - suspirou e seu coração ficou ainda mais apertado com o que diria a seguir - "Passei a aceitar aquela condição para que ele não nos ferisse ainda mais. Ficava imóvel até que ele fosse embora e eu pudesse me trancar novamente." - seu peito doía e o ar parceria faltar devido à forma desesperada que ela o buscava - "Minha mãe foi piorando mais rápido por conta do que vinha acontecendo, era como se toda tristeza fizesse-a se definhar ainda mais. Pode ser que o sofrimento tenha agravado consideravelmente a doença." - ponderou - "Ela se sentia culpada por não conseguir me proteger dele, mas ela não tinha culpa dele ser o mostro que era. Como poderia me proteger se nem ao menos conseguia se manter de pé?" - indagou mais para si que para ele - "Pouco tempo depois ela faleceu e aí que o mundo não tinha mais importância para mim. Só que eu havia prometido à ela que seguiria com minha vida e que deixaria todo o inferno, que vivemos na mão dele, para trás. E eu ia fazer isso, eu ia seguir em frente, pois na minha cabeça eu não tinha mais obrigação de me submeter aquilo para que ele não agredisse-a mais." - referiu-se à Cora - "Ela já havia partido, então tudo estaria acabado. Como fui tola ao pensar assim." - constatou com amargura por não ter percebido antes o que ele realmente queira dela - "Ele jamais me deixaria ir embora, ele jamais me libertaria daquela prisão. Ele me queria para sempre." - abraçando o próprio corpo, ela se contorcia começando a lembrar da noite do acidente - "Eu já tinha preparado tudo para sair de lá, não tinha mais motivos para continuar naquela casa. Acabou uma cerimônia que fizeram em homenagem à minha mãe e depois de algumas pessoas ficarem um tempo na recepção que teve depois, todos foram embora, ficando só eu e ele na casa. Ajeitei tudo da forma mais natural possível para que ele não desconfiasse que no dia seguinte eu fugiria dali. Fui para meu quarto e me tranquei lá. Ele veio atrás de mim e queria que eu o deixasse entrar, mas eu não deixei, não precisava mais deixar. Ele ficou com raiva e arrombou a porta. Mais uma vez, ele conseguiu o que queria e eu não suportei mais aquilo. O desejo dele era que eu tomasse o lugar dela, que eu ficasse no lugar que antes foi ocupado por minha mãe. Ele me queria como sua mulher." - olhando para o alto, ela respirava com dificuldade por conta do choro pesado. Puxava o ar de forma descontrolada, como se estivessem apertando seu pescoço e ela buscasse a todo custo um jeito de sobreviver - "Aquilo era demais para mim, era muito mais sujo que tudo que eu pudesse imaginar e então, não aguentei. Naquela noite enquanto mais uma vez ele abusava de mim, minha maior vontade era que ele parasse. Eu precisava fazer ele parar. Eu precisava fazer ele parar de me tocar, eu precisava escapar dali. Um pouco tarde demais, eu lembrei do revólver dele que estava comigo e minha única reação foi pegá-lo. Minha intenção era apenas assusta-lo e fazer com que ele me largasse, mas quando dei por mim, já tinha atirado. Ele caiu morto em cima de mim!" - a essa altura ela já não aguentava mais chorar, não aguentava mais gritar e se desesperar. Estava se sentindo fraca, impotente. Estava esgotada de tudo aquilo. Se tremia sem cessar e sentia que a qualquer momento seu corpo entraria em pane por não aguentar tamanha carga emocional.

"Eu o matei, mesmo que sem querer, eu o matei." - pela milésima vez naquela noite, ela levou ambas as mãos ao rosto em um claro sinal de desespero - "E fui presa por isso." - Locksley olhou-a surpreso pelo que acabara de ouvir. Como uma pessoa poderia ter sido presa por estar apenas se defendendo? - "Fui condenada como assassina, sendo que na verdade, eu estava apenas me defendendo dele. Ninguém daquela cidade acreditou em mim, exceto a algumas pessoas se tornaram verdadeiros amigos. Ninguém além deles, acreditou que eu dizia a verdade... Mas quem acreditaria numa garota esquisita, que não tinha amigos e que vivia dentro de casa? Era minha palavra que não valia nada, contra o legado e reputação dele. Era um duelo já ganho e o que contribuiu ainda mais para minha condenação, foi o fato do filho dele, Neal, testemunhar contra mim dizendo que eu havia planejado o homicidio com interesse na minha parte na herança. Nessa disputa, eu perdi. Mais uma vez, eu perdi para ele." - não chorava mais, porém seu olhar se mantinha triste e distante - "Fiquei três anos presa e pode até parecer loucura, mas lá, atrás de verdadeiras grades, eu me sentia mais livre que naquele lugar que um dia foi meu lar. Os amigos que acreditaram em mim, não me abandonaram depois da condenação. Criamos laços afetivos e eles fizeram aqueles três anos não parecem tão ruins. Dentro do presídio também conheci pessoas que me ajudaram e uma delas se tornou minha protetora, me puxou de volta para a vida quando eu mesma, já havia desistido dela." - pela primeira vez, depois que começou a mostrar a ele sua história, ela conseguiu sorrir ao se lembrar de Kristin - "Se não fosse por ela, eu não estaria aqui hoje." - sentia-se grata por ter encontrado uma amiga tão leal como Malévola - "Cumpri a pena e fiquei mais dois anos em condicional. Depois que me vi livre da justiça, me mudei pra cá, recomeçei a minha vida, conheci sua irmã e o restante você já sabe." - finalizou exausta.

Queria olhar nos olhos dele, queria saber a reação dele depois de saber de tudo, mas tinha medo. Tinha medo dele não suportar todo caos que era sua vida e partir. Tinha medo de olhar nos olhos dele e ver que ele não a aceitaria depois de conhecer seu passado. Não tinha coragem de mira-lo, pois não suportaria decifrar em sua face que aquele fardo era pesado demais para carregar junto dela.

Robin se mantia quieto e aquilo estava matando-a por dentro. Desejava mais que tudo que ele falasse alguma coisa e lhe tirasse da aflição que sentia ao esperar algo da parte dele. Quando o loiro se levantou e deu alguns passos se afastando da cama, o choro voltou a dar indícios de aparição.


🎵Take me Home - Jess Glynne🎵


"Desesperada, tão consumida por toda essa dor. Se você me perguntar o por quê, não saberei por onde começar..."

"Eu não sei o que está se passando na sua cabeça, mas você não tem obrigação nenhum de ter de lidar com isso. Eu vou entender se não quiser ficar." - segurando suas lágrimas, ela disse com dificuldade. Ele já havia feito sua escolha, estava tudo acabado.

"Raiva, amor, confusão... Não me levaram a nada. Eu sei que existe um lugar melhor, porque você sempre me leva lá..."

"Por que eu não ficaria, Regina?" - virando-se para ela, perguntou com lágrimas nos olhos - "Como eu poderia ir, deixando para trás a mulher que eu amo?!"

"Cheguei á você sem esperança. Você me deu mais que um aperto de mão, me segurou antes que eu caísse. Me diga que eu estou segura, você me tem agora..."

Ouvindo as palavras dele, Regina soltou o ar que prendia em seus pulmões e começou a chorar. Como ele poderia dizer-lhe que amava-a depois de tudo que acabara de contar? Não conseguia entender. No momento em que ele se levantou, podia jurar que ele sairia dali. Mas não, ele não iria embora.

"Quando te disse que não iria a lugar nenhum, eu falava sério. Antes mesmo de saber o que iria me contar, mesmo sem ter idéia do que iria ouvir, eu já tinha feito minha escolha. Eu já havia escolhido ficar." - declarou vendo-a aos prantos.

"Você tomaria a direção se eu perdesse o controle? Se eu me deitasse aqui, você me levaria para casa?"

"Você é bom, você não merece alguém como eu." - não conseguia acreditar que estava ouvindo aquelas coisas. Estava tão acostumada a tomar rasteiras da vida que era difícil crer que alguma coisa boa estava acontecendo com ela.

"Assim, como?" - ficou sem compreender o que ela quis dizer com aquela frase.

"Eu sou suja, Robin." - disse com pesar, baixando o olhar e encarando o chão.

Tais palavras fizeram o coração do loiro se despedaçar. Não aguentou mais a distância que havia entre eles. Desesperado, Robin foi até ela e mais uma vez envolveu-a num abraço repleto de carinho e amor. Ouvia o choro dela contra o seu peito e chorava junto. Chorava por ver sofrimento nos olhos dela, chorava por ver quão machucada ela foi ao longo de sua vida, chorava por não poder tirar toda dor existente dentro da mulher que seu coração começou admirar e amar.

Ajoelhando-se de frente para ela, Locksley secou as lágrimas presentes no rosto da morena e afagou afetuosamente o mesmo. Fez com que ela o olhasse para então viesse a falar novamente.

"Por favor, nunca mais diga isso." - suplicou angustiado - "Não se sinta assim, Regina." - pedia com o peito ardendo e ela negou com a cabeça, voltando a mirar o nada - "Olhe pra mim, por favor." - mesmo que relutante, ela o fez. Seus olhos estavam cheios. Tristeza e sofrimento faziam morada neles - "Você não é suja. Você não teve culpa de nada que aconteceu. Você, Regina, você foi a maior vítima disso tudo." - dizia encarando-a intensamente. Sua destra acarinhava o rosto abatido - "Eu não fazia idéia de tudo que passou e eu realmente sinto muito por todas as coisas ruins que te aconteceram. Queria muito poder aplacar sua dor. Queria muito que nada disso tivesse acontecido com você, só que por mais que eu queira, não posso fazer nenhuma dessas coisas. Tudo o que posso fazer por você neste momento, é ficar ao seu lado e te ajudar a superar esse terrível trauma. Estou aqui, morena. Sempre estarei." - disse com sincero e emocionado. Não a abandonaria por uma coisa que claramente não teve culpa.

"Você cuidaria de uma alma quebrada? Você me abraçaria agora?" - perguntou, deixando lágrimas de alívio molharem seu rosto.

"Eu sempre vou cuidar de você. Aceito todas as suas marcas, aceito todas as suas dores e a alma quebrada? Vamos conserta-la." - sorriu apaixonado e com o coração cheio de amor.

"Você realmente existe?" - perguntou com um sorriso elusivo em seu rosto. Ele era bom demais pra ser verdade.

"Me belisca pra ver." - brincou arrancando mais um sorriso dela - "Eu tenho muito orgulho de você." - declarou não contendo o sentimento.

"Orgulho de mim?" - estranhou.

"Sim." - afirmou sorrindo - "Será que não se enxerga? Será que não consegue ver a pessoa maravilhosa que se tornou?" - indagou - "Você é uma sobrevivente, Regina. Você sobreviveu a tudo de ruim, sobreviveu da escuridão. Mesmo não tendo motivos, mesmo com a vida te empurrando para o outro lado, você escolheu ser boa. Você escolheu luz ao invés de trevas. Você poderia ter guardado rancor, poderia ser uma pessoa amargurada e viver triste pelos cantos, mas não, você não é assim. Você é gentil, você é doce e delicada... Você sabe amar!" - dizia completamente encantado - "Tem noção do quão engrandecendo isto é?" - suas íris celestes transbordavam fascínio - "Você encontrou luz em meio às trevas e decidiu segui-la. Sim, eu tenho muito orgulho da mulher forte e extraordinária que és!" - seus dedos tocavam o rosto dela com desvelo e muito cuidar. Regina nada disse, apenas permitiu-se sorrir e se encher de alegria com as palavras dele.

O silêncio se fez presente e eles ficaram ali apenas se olhando. Robin afagava, cuidadosamente, cada parte do rosto dela que ainda estava vermelho por conta do choro. Seus olhares estavam conectados e conversavam particularmente entre si. Declaravam seus sentimentos e sorriam de maneira especial um para o outro. Castanho, que antes estava escuro e sombrio, agora brilhava. Azul, que pouco tempo atrás se encontrava pesaroso e tempestuoso ao ouvir tantas atrocidades, agora encontrava-se reluzente e exalava paixão. Misturados, azul e castanho formavam a combinação mais perfeita de todas. Suas cores misturas, tornavam-se únicas e intransponíveis.

"Dizem que casa é o lugar onde nos sentimos bem e eu me sinto bem nos seus braços." - a voz meiga da morena adentrou os ouvidos do loiro - "Me leva pra casa, Robin?" - pediu sorrindo.

"Sempre!" - respondeu emocionado.

Ali, naquele simples abraço, mais uma parte de Regina se desabrochava para os mais lindos e encantadores sentimentos. Ali, naquela noite, mais um elo fora criado. O elo do amor e da confiança. Regina confiou suas dores à ele e juntos se livrariam de todas elas, pois a alegria adentraria ainda mais em suas vidas e não haveria lugar para nenhum tipo de dor ou sofrimento.

"Cada minuto fica mais fácil. Quanto mais você fala comigo, mais você desvenda meus pensamentos sombrios. Sim, você os liberta. [...] Você vai me levar para casa?"


☆-☆-☆



Notas Finais


Alguém vivo??? Peguei pesado, eu sei. Até tinha pensado em mudar, mas desisti. Se vocês relerem os capítulos iniciais e prestarem um pouquinho mais de atenção, verão que já dava a entender o que havia acontecido pra Regina ser tão triste.

"Carol, Regina quase não falo dos migos, não gostei." CAAAALMA, era muita coisa pra um cap só. Ela falará mais deles em outra situação.

Músicas:
Dive:
https://youtu.be/Wv2rLZmbPMA

Clouds:
https://youtu.be/ISi7jBPYFxU

Pureza:
https://youtu.be/oj8yWVa2QXU

Take me home:
https://youtu.be/oj8yWVa2QXU

Xingamentos poderão ser depositados nos comentários e no twitter @_tragedia ou @starparrillax

Por hoje é só, meus amores. Beijão de luz e até qualquer dia! ✨


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