História Tragic Symphony - Guns n' Roses

Definitivamente, ter ido aquele show foi perturbador e a pressão dele em ter um status pro nosso relacionamento me incomodava em um momento em que eu estava insegura. Há alguns meses, eu não tinha ninguém pra pensar e agora eu me sentia com a consciência pesada só por ter ficado distraída com outro cara, que no caso era irmão dele. Queria distância de todo mundo por umas semanas.
Eu morava sozinha, não dependia de ninguém e sabia viver sem estar presa emocionalmente. Queria muito permanecer durona assim, mas o coração apertava toda vez que via uma mensagem ou ligação perdida dele. Será que não dava pra apagar da minha mente tudo o que aconteceu nos últimos meses? Eu estava com medo de mim. 
Nesses dias longe, eu pensava nele com carinho e no irmão com perigo. Seria engraçado se não me deixasse ao mesmo tempo tão angustiada. Não tinha como separar os dois... Podia evitar, mas eu não podia simplesmente parar de graça e ficar com ele, sem pensar nadinha sobre o Zac? Esses pensamentos só me davam mais receio de como eu reagiria quando visse os dois. Sabe aquele crushzinho que a gente tem pelo primo mais velho e gato? Você só quer esquecer porque não vai dar certo de jeito nenhum e ele nem imagina o que se passa na sua cabeça. Era isso! Ia passar.

(...)

Um mês depois...

Eu estava em casa, em Fort Smith, e o telefone vibrou logo de manhã. Ele sabia que eu acordava sempre muito cedo e checava as mensagens, embora não respondesse. Eu limpei todas as notificações pra não saber o que ele tinha falado na noite anterior. Não aguentava mais fazer isso. A quem eu estava querendo enganar? Estava morrendo de saudade dele. 
Precisava de mais café! Levantei pra encher a xícara de novo e ouvi o telefone vibrar com outra notificação. Sentei à mesa de volta e ouvi baterem na porta. Me distraí entre a mensagem e a curiosidade de saber quem batia na minha porta sem ter sido avisado.

- A gente podia, por favor, conversar? - foi o que ele disse.

Sim, o Taylor. Bem ali na minha porta às 7 horas da manhã. Eu vestia uma camiseta surrada do Guns n' Roses com um shortinho e o cabelo num coque todo zuado. Que ótimo!
Eu fiquei muda.
Só consegui abrir a porta e fazer sinal pra ele entrar com a mão que segurava a xícara, porque a outra ainda não tinha soltado a maçaneta da porta. Ele passou por mim, entrou e foi em direção ao sofá. Eu não fazia ideia de como começar essa conversa. Ele estava bravo comigo, triste? Ia terminar o que nem começou direito? Sei lá.

POV Taylor

Fui até à casa da Michelle de surpresa. Ela não me atenderia se eu tivesse avisado. Deixei pra mandar a mensagem assim que cheguei em frente a porta do apartamento dela. Mas parece que ela atendeu a porta sem ter lido a mensagem antes. Não faz diferença. O importante é que fui até lá. Nunca pensei tanto numa garota sem poder fazer nada. Eu poderia ficar com quem quisesse. Se seria bom, se seria verdadeiro, eu não faço ideia. As garotas com que eu tinha ficado e até minha ex- mulher eram muito impressionadas pelo que eu representava pras outras, como um troféu. Eu gostava? Às vezes. Mas tinha hora que eu me sentia um animal de zoológico, elas queriam um momento comigo pra me mostrar pros outros depois. Honestamente, eu não sei o que a Michelle pensava, mas uma coisa eu já tinha observado: ela era muito reservada. Quando a gente tava junto era só eu e ela. 
Não entendi porque ela quis se afastar de mim de repente. Tentei lembrar se tinha feito ou falado alguma coisa, mas nada vinha à minha mente. 
Essas semanas foram difíceis porque eu não conseguia pensar em outra coisa. Nunca fingi nada , sempre falei a verdade pra ela. Precisava saber se ela queria ficar comigo ou se eu deveria esquecer isso tudo.

POV Michelle

Depois de esperar que eu falasse alguma coisa, olhando pra mim, ele disse: 
- Michelle, vim aqui saber como você está?

- Você podia só ter ligad... Não, desculpa. Não precisava ter vindo aqui. - perceber que ele se importava, acabava comigo. A voz tremeu.

- Você não me atende, não responde. Eu não vou ser inconveniente. Você quer falar? Porque eu posso ir embora, se você quiser.

Primeira vez que o via tão vulnerável. Ele me respeitava tanto, que esse tratamento que eu escolhi dar a ele parecia ridículo. Quem faz isso com alguém que #1 declaradamente gosta de você; #2 é incrivelmente lindo e #3 é o Taylor Hanson? A besta aqui.

- Você me pressionou! Eu não queria rótulo, só queria ficar com você. Me senti mal. - falei ainda de pé, olhando pra ele sentado no sofá. Isso me dava um ar de superioridade embora fosse só aparência.

- É esse o problema? - não era.

- É... é esse o problema.

Não era só esse o problema. Mas eu só poderia saber quando encarasse Zac de novo. Ainda que ele me ignorasse. Isso se o Taylor ainda quisesse saber de mim.

- Tudo bem, vamos fazer do seu jeito? - Estendeu a mão pra mim pra ficar "de bem".
Eu sorri pra ele e estendi a mão de volta. Ele se levantou e me abraçou.

- Ahh, não me mata de saudade - e deu um beijo na minha cabeça. Eu fiquei ali, na altura do peito dele, de olhos fechados e pensando que eu havia feito tempestade em copo d'água.