Escrita por: Ackermanns
Seu olhar correu todo o corpo da mulher nua, suspensa por ganchos presos na carne das suas costas e braços.
Respirou fundo, certo do que estava fazendo.
O mal dos relacionamentos está na falta de caráter das pessoas. Sinto pelos maridos dessas mulheres, mas sei que se sentirão melhores pela morte delas do que pela traição baixa e inescrupulosa.
Os olhos amendoados da ruiva se abriram e novamente o terror tomou conta do seu corpo e mente.
O sorriso charmoso pelo qual encantou-se no bar agora assumia um aspecto gentil, de compaixão e cuidado.
A mão firme e ao mesmo tempo delicada de Armin acariciou o rosto de Petra.
- Por que? - perguntou em meio às lágrimas.
Parou de mover-se no momento em que sentiu sua carne sendo rasgada pelo ferro enfiado nela. Ainda esperava algum milagre que a tirasse dali.
- Vocês são a parte podre dos romances. O mal enraizado e profano. A culpa é toda sua, eu só estou fazendo um bem a você e seu marido.
Com um lenço branco e delicado, enxugou as lágrimas da mulher.
Como em todas as suas sextas à noite, saiu pela cidade em busca de justiça. Flertava com mulheres casadas a fim de testar sua fidelidade. Aquelas que o rejeitassem, iriam embora. Aquelas que cedessem, eram levadas sob a promessa de uma noite inesquecível.
E, de fato, era.
Petra havia sido a vítima da noite. Doce, gentil e, agora, exposta.
Armin tirou a belíssima faca do cinto. Brilhante, afiada e encostou no rosto da mulher.
- P-por favor... Me deixa ir embora. - implorou em meio aos soluços e o loiro sorriu.
- Quero, nesse momento, que pense em como você foi ruim. Pense no seu erro. Veja o rosto do seu marido, o homem pelo qual jurou seu amor e fidelidade. Pense nele como a verdadeira vítima, pois tudo isso é consequência dos seus atos. Eu jamais ficaria com alguém tão imunda quanto você.
Apesar da dureza, as palavras saíam carregadas de carinho.
- Estou lhe fazendo um favor. Agora, preciso que fique quietinha. - sorriu sádico. - Ou vai doer mais.
O grito saiu agudo da garganta de Petra quando Armin abriu sua boca.
Debater-se proporcionava mais dor ao seu corpo mas era inevitável.
A lâmina afiada e pontiaguda adentrando sua boca e cortando sua gengiva, tirando dente por dente.
O brilho frio presente no olhar azul demonstrava certa felicidade envolta por um fio de tristeza.
"Apertou mais as mãos ao redor do pescoço fino de Annie. O corpo esguio já ficando fraco abaixo do seu, os olhos perdendo a vida, derramando lágrimas solitárias que doíam em seu coração mais do que a própria traição.
A hesitação querendo assumir espaço, mas sua mente revidando com lembranças dela sobre o moreno, completamente nua. Ainda podia ouvir os gemidos satisfeitos e luxuriosos dela.
Apertou com mais força e sentiu a mão fria dela tocar seu braço, puxando a manga da sua camisa.
- Você partiu meu coração, Annie. Jamais deveria ter feito isso."
Tirou o último.
Afastou-se e analisou a cena como uma verdadeira obra de arte: o desespero nítido nos olhos praticamente mortos, a boca aberta e ensanguentada sem nenhum dente jorrando sangue pelo belíssimo corpo nu, suspensa no ar como um pássaro.
- Que linda cena. - voltou novamente para perto da garota e segurou seu rosto entre as mãos com carinho. - Alegre-se, moça. Está morrendo de forma poética. Arrepende-se dos seus atos?
Os olhos praticamente fechados pela dor que já a deixava inconsciente, saboreando o próprio sangue.
- Bom, não precisa responder. Sei que sim. Infelizmente não poderá ser perdoada, mas lhe farei a bondade de não deixar rastro da sua traição; apenas da sua morte inoportuna. Isso acalentará o coração de quem lhe espera em casa.
Recolheu os dentes caídos no chão e os levou até a pia de metal, limpando todo sangue ali presente. Guardou todos dentro de um plástico transparente, etiquetado com uma foto polaroide da mulher ainda no bar; sorridente.
Foi até a parede e soltou os suspensórios, permitindo o corpo da mulher cair no chão.
Caminhou até ela e fechou seus olhos.
- Descanse em paz.
"A dor da traição pulsando em seu peito, a confiança quebrando-se como vidro e rasgando sua pele.
O loiro soltou o pescoço de sua mulher morta e a abraçou. Colocou-a no seu colo e ninou para que ela morresse em paz.
- Eu nunca vou perdoar você."
[...]
Livrou-se do corpo em um local confiável, apagando qualquer prova que ligasse a si próprio.
Não por acreditar ter feito algo errado, mas sim por saber que infelizmente as pessoas normais não entendem a necessidade de eliminar traidores da sociedade.
Por sorte, eu entendi cedo. Estou fazendo um bem; deveriam me agradecer.
No porão, guardou o saco com os dentes de Petra dentro do seu cofre, totalizando agora oito vítimas após a sua esposa.
Todas traidoras. Merecem queimar no fogo do inferno.
Voltou até o centro do ambiente para recolher as roupas dela; como todas as outras, queimaria. Entretanto, o celular tocou, revelando mensagens daquele que seria o seu marido.
"Eu sei que fui idiota, me perdoe ter traído você. Não quero assinar esse divórcio. Não podemos conversar?"
A ficha caindo aos poucos e o horror tomando conta de si mesmo.
- O que eu fiz?
Correu de volta para o carro e dirigiu até o terreno onde a deixou. Com a mesma pá que a enterrou, desenterrou o corpo completamente sem vida.
Deitou Petra no chão arenoso e iniciou as massagens cardiotorácicas, deixando sua consciência esvair-se e ter totalmente dominada pela loucura.
- Merda... Merda... MERDA! PORRA! ACORDA!
Continuou os movimentos e nada; não havia mais o que reviver.
A fúria de si próprio dominando seu peito; passou as mãos pelo próprio rosto, puxando sua pele e permitindo-se a dor.
- ANNIEEE! - levantou do chão e pegou a pá.
Toda raiva acumulada de sua esposa que nunca fora superada, canalizou em força e ódio ao começar a bater no corpo já morto, desfigurando-o por completo.
- A culpa é sua. A culpa é sua! Desgraçada! Maldita! Vagabunda!
Jogou o instrumento ao lado do corpo e ali sentou, mais calmo; contido.
Acendeu um cigarro e ficou observando a lua.
Eu sinto muito. Jamais seria injusto. Acredite, me odeio por matar você; infelizmente acreditei que você fosse o mal, mas obrigado por me levar até ele. Agora posso encontrar seu marido e fazer que ele pague por isso. A justiça será feita.
Após aquela noite, o primeiro homem seria adicionado à sua lista de vítimas.
A culpa fez-se presente. Ser injusto era o que mais odiava, mas sua própria mente lhe colocava em apuros.
No final, tudo seria culpa de Annie.
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