História Tratamentos Para Cabelo Naturais - Semana 4, Dia 2

Semana 4, Dia 2.

Querido diário,

Pois é, estou escrevendo cedo, e sim, acordei cedo. Não vai ser um hábito, mas sinto-me diferente e te escrever de manhã pareceu apropriado. Tenho um dia inteiro na frente que quero aproveitar.

Acordei a essa hora por causa do meu pai. Sei que ele ficou mal com o que aconteceu ontem, e eu não podia esperar para lhe dizer que não estou incomodado. Queria que ele parasse de pensar isso logo! Coloquei uns três alarmes e consegui me levantar no segundo — o cheiro do café da manhã é bem convincente, admito.

Quando desci, vi que era papai fazendo o café da manhã, e mamãe não estava em casa. Fiquei paralisado. Normalmente falo um bom dia alegre, só que não consegui, não naquele momento. Estava muito ansioso ao pensar no estado dele ontem. Tudo porque não consegui ficar quieto no meu quarto.

Enfim, desejei um bom dia, todo sério. Bom, eu tentei. Acho que o meu pai ia rir se a situação fosse outra.

Papai pareceu tão constrangido quanto eu. Claro, muito mais firme, queria ser como ele nesses momentos. Eu estava quase tremendo de tão mal que me sentia. Sabia que ele não me ia deixar pedir desculpas, então fiquei em silêncio.

Ele colocou um prato na minha frente e se sentou ao meu lado.

Depois, me perguntou porque eu estava chorando ontem.

Ainda não tenho ideia de como ele notou, sinceramente. Quando desci para chamá-los, já tinha terminado de chorar há alguns minutos e até lavei a cara direitinho! Pais são muito estranhos, dá medo.

Fiquei constrangido demais, porque naquele momento a última coisa na minha cabeça era o drama que fiz por causa do Shinki. Sério, não pensei nisso o resto da noite e dessa vez juro que não estou mentindo, diário. Falar disso pareceu muito estúpido. Claro que não ia mentir para ele e falei que não era nada demais, só algo que o Shinki falou.

Você sabe como é sempre estranho abordar o assunto Shinki com meu pai porque… bom, ele não pode me aconselhar como acho que quer, afinal, tecnicamente, não sabe que estou interessado no meu “melhor amigo”. Resultado: fica uma conversa constrangedora dele discursando sobre o Shinki como se fossemos amigos, e eu tenho que concordar porque ele é “apenas meu amigo e com certeza só o vejo como um amigo”. É um acordo silencioso entre nós que por vezes torna-se uma pedra no sapato.

Apenas não me incomodou pois não era sobre aquilo que eu queria conversar.

Então lhe falei que foi por isso que desci e interrompi a conversa e pedi desculpas por isso. Não queria continuar tagarelando sobre o Shinki, realmente não importava. Queria era livrar-me logo dessa tensão entre mim e o meu pai.

Acho que ele ia falar, até eu começar um discurso gigante sobre como não estava chateado e que percebia que tem coisas que não vou saber, e que não tem que se sentir mal, e que entendo, e — já falei que ele não tem que se sentir mal? Enfim, acho que papai estava contendo o riso no final, porque não parei até ele me tocar no ombro.

Sabia que devia deixá-lo falar, então me calei, embora ainda estivesse tremendo.

Então, diário, foi aí que eu descobri tudo.

Tá, não tudo. Sabe quando você descobre alguma coisa que sempre te deixou curioso — talvez não curioso, algo que sempre soube que não sabia — e depois a revelam? Foi isso que aconteceu.

Meu pai me falou quem era o tal de Hiashi.

Não me falou tudo, mas deixou isso claro. Ele realmente odeia esconder coisas de mim e, embora esteja grato por ele me ter contado, depois de saber, entendo o porquê. Sei que você deve estar curioso, a verdade é que falar disso ainda me deixa aterrorizado, então vou resumir um pouco.

O Hiashi foi o antigo líder dos Hyūga. Aparentemente, meu clã era muito diferente quando meu pai nasceu. Haviam duas casas o dividindo: a principal, que coordena a família; e a secundária, que serve de escrava para proteger e treinar aqueles da principal. Horrível, né?! Imagina eu ser usado para treinar, servir e proteger alguém a minha vida inteira apenas pela minha ordem de nascimento!

Pior que isso, se o clã ainda funcionasse assim, teria que servir e treinar o Boruto! Isso é ridículo, ele nem sabe um quarto das técnicas Hyūga que eu sei.

Em defesa do meu primo, ele nunca aceitaria uma injustiça dessas.

Pronto, divaguei. Enfim, meu pai vivia apenas para servir as filhas do Hiashi, e o pai dele também. Falou que foi bem pesado, também me poupou nos detalhes. No fim, Hiashi acabou por morrer na última guerra ninja e minha mãe se referia a isso: que papai ainda tinha o direito de estar magoado por todo o sofrimento que causou, mesmo que ele tenha tido uma morte digna pela nossa vila.

Eu concordo, mas acho que ficaria no lado do meu pai em qualquer situação.

Enfim… Eu nem imaginava, sabe? Pensar que meu pai passou por isso por tanto tempo e que ninguém fez nada me deixa muito mal. É uma injustiça muito grande. Não vou dizer que estou feliz por esse Hiashi estar morto… apenas que estou feliz por nunca o ter conhecido.

Acabei bem sensível — sim, sim, já sou, eu sei — e fiquei tão engasgado com tanta revelação que, logicamente, fui falar de mim. Desculpe as piadas, não sei bem como reagir a notícias tão sérias. Não estou acostumado, e acho que meu pai sabe disso e quer manter as coisas assim. Por isso lhe agradeço.

Eu lhe agradeço por tudo.

Então… Não consegui ficar quieto e contei para o meu pai, sem rodeios, que gostava do Shinki, tipo, romanticamente. Como eu falo com você, apenas muito menos constrangedor. É, contei-lhe porque achei que era mais do que apropriado e porque também deve ter sido tão horrível falar uma coisa dessas para o filho que achei melhor lembrá-lo que o meu maior problema na vida ainda é uma queda por meu “melhor amigo”.

Adivinha quem ficou surpreso? Meu pai não foi, com certeza!

Ele pareceu bem feliz por eu lhe ter contado — talvez aliviado por mudarmos de assunto —, e foi muito bom finalmente falar sobre isso. Também me aconselhou a deixar de fazer drama por coisas tão pequenas, de pensar que todo o mundo vai ser como eu. Shinki é diferente e passou por coisas distintas, ele não vai demonstrar que gosta de mim do jeito que eu espero.

Foi bom ouvir isso.

Ah! E pode ter a certeza que ele me puxou a orelha por ter chorado pela mensagem onde ele esperou que eu estivesse bem em ao invés de perguntar.

Ai, olhando para isso agora, é tão insignificante e estúpido!

Falámos por um bom tempo e foi muito legal. Senti-me mais leve e acho que ele também. Deveria ter-lhe contado mais cedo. Devo falar para a mamãe mais tarde, nem me importo se ela finalmente vai se sentir no direito de troçar de mim diretamente. Até acho que vai ser divertido! Ela ficou na loja desde manhã, penso que é porque papai queria conversar comigo sozinho.

Enfim, sabe o que eu vi quando cheguei no meu quarto depois de tudo?

Uma mensagem do Shinki perguntando se eu estava bem! Sim! Com ponto de interrogação!

Claro que respondi na hora e falei que sim, que estávamos treinando bastante e que vai ser difícil vencerem os genins de Konoha — para o provocar. Notei que não lhe fiz uma única pergunta… bem… isso é constrangedor. Espero que ele não chore!

Bom… Percebi com o meu pai que sou muito novo ainda, e o Shinki também. Ele pode nem gostar de mim agora e gostar no futuro. Ele pode nunca gostar de mim, eu posso deixar de gostar dele… Ainda é tudo tão novo, não tenho que me preocupar com nada!

A verdade é que, aconteça o que acontecer, estou feliz com a minha amizade com o Shinki do jeito que ela é. Estou falando a sério!

Você não o conhece, porém, já te falei que o Shinki é muito fechado, reservado. Ele basicamente só tem a mim como amigo para além dos colegas do time dele, mas não os trata como me trata. Não toleraria zoarem dele do mesmo jeito, não iria aturar alguém tão desajeitado, nem insistir em visitar uma vila distante apenas para me ver.

A verdade é que Shinki me escolheu, seja apenas como amigo ou mais que isso. Nós temos algo muito especial, só nosso, e isso me deixa feliz, termine como terminar.

Sou provavelmente a única pessoa desse mundo que pode falar que já o fez rir, você tem noção disso?

E, bem, não vou deixar de ser dramático de um dia para o outro, nem nunca, apenas vou tentar escolher melhor quando fazer drama. Quase nada na minha vida merece um drama, especialmente depois de saber tanto sobre o passado da minha família.

Sinceramente, queria nunca ter descoberto  que papai passou por tanto, ou como as coisas eram terríveis no passado. Só que não posso ignorar que aconteceu apenas por ser conveniente para mim. Afinal, não fui eu passando por isso.

Os exames chūnin estão chegando e quero passar as próximas semanas focado nisso. Sim, falei que não iria me esquentar com os exames e não estou. Apenas quero levá-los mais a sério, porque não posso tomar como garantido as coisas estarem tão em paz como estão agora. Quero conseguir me defender, e que meus pais fiquem orgulhosos de mim.

Escolhi ser ninja, afinal, e amo muito sê-lo. Acontece que, até agora, tenho feito tudo como se fosse um hobby. Não há nada de errado com isso, papai também não quer que eu fique me esforçando que nem um louco. Apenas quero começar levando as coisas mais a sério.

Sinto que esses exames vão mudar muita coisa. Sei lá, exames chūnin são sempre uma viagem. Para além disso, vai incluir todas as vilas, o Shinki vai estar lá….

Tá, não mudei tanto assim.

Mesmo sem mudar, isso não quer dizer nada, minha vida está apenas começando, e eu tenho muita sorte de começar desse jeito, tendo como maior preocupação uma queda por meu amigo. A pior coisa que pode acontecer é não ser correspondido e posso confiar que o Shinki não vai me deserdar da sua companhia se souber e não estiver interessado.

Okay, tenho mesmo de ir, Metal vai arrombar a porta do meu quarto daqui a pouco.

Ah! Claro!

Cabelo: 10/10

Não tem como estar melhor amanhã!

Amor, Tenji.