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História Treat You Better. (Claribeth) - ;because you know I can


Escrita por: cakkenutshell

Capítulo 1 - ;because you know I can



Annabeth nunca odiou tanto estar agindo como uma menininha feito agora. Tudo bem que nunca agiu de fato, pelo o que lembrava e acreditava, com infantilidade, mas não havia possibilidade alguma de aceitar o que aconteceu. No início jurou que era coisa de sua cabeça, que Percy estava sendo só simpático como sempre era, mas nada justificava o jeito com que ele e Rachel estavam próximos na floresta, encostados em uma árvore, e para completar: o cabeça de algas falava sobre como Annabeth era impaciente e irritante a maioria das vezes.

Podia parecer bobagem, mas escutar aquilo magoou Annabeth, já que as únicas vezes que perdeu a paciência com ele foram através das atitudes infantis do mesmo.

A loira abraçava as próprias pernas enquanto observava sem atenção o treino de algum filho de Ares; talvez uma garota pelo rabo de cavalo se movendo. Pensava em como foi boba em aceitar namorar com Percy, um garoto imaturo e que acha que só porque ela não demonstrava se importar podia fazer e falar o que quisesse.

Se perguntou se um dia alguém entenderia ela.

- Como sou burra... - Annabeth desabafou, apoiando a testa no joelho. Um tanto irônico a filha da deusa da sabedora se chamar de burra, mas era como se sentia.

Não sabia porquê abriu seu coração àquele idiota, infantil, maldito filho de Poseidon...

- Assistindo meu treino, Annie Bell?

Annabeth virou-se assustada. Clarisse não estava treinando à pouco? Como ela apareceu repentinamente atrás de si? Devia estar avoada mesmo.

O famoso sorriso zombeteiro de Clarisse, antes carregado nos lábios, se desmanchou devagar ao notar a vermelhidão nos olhos tempestuosos.

- O que aconteceu?

Annabeth riu sarcástica, limpando rapidamente suas lágrimas.

- Duvido muito que você esteja interessada em saber. - disse, levantando-se e passando a mão no short para tirar a poeira. - Não estava assistindo seu treino, se é por isso que parou, La Rue. Pode continuar, já estou indo.

Annabeth lhe deu as costas e começou a andar em passos rápidos e pesados para o chalé 6.

- O que...? - Annabeth pôs a mão na adaga presa no cós da calça jeans automaticamente. Seu pulso havia sido segurado com força. - Me solta, Clarisse!

- Eu não me importo em ter plateia, Chase. Quem sabe me ver treinar te dê umas ideias de como lutar de verdade? - a filha de Ares sorriu sarcástica.

- Se eu tivesse em condições, te mostraria como se luta de verdade. - Annabeth peitou corajosamente. A última coisa que lhe põe medo é um filho de Ares. - Agora me solta!

- Pra você sair correndo atrás de Jackson e a outra namoradinha dele?

Annabeth a fuzilou pelo comentário infeliz, ao mesmo tempo em que seu peito doeu. Aparentemente, ela não era a única que percebia a proximidade dos dois.

- E ainda acha que devo te contar o que aconteceu? - perguntou seca.

Clarisse diminuiu o aperto, mas não a soltou. Por mais que quisesse, algo a dizia para manter Annabeth perto de si e arrancar a verdade dela.

- Eu posso ser uma boa ouvinte. - Clarisse não acreditou no que acabou de falar, tampouco Annabeth.

- Levando em consideração que seu emocional é de uma pedra. - Annabeth zombou, afim de não atrair a atenção de Clarisse para suas lágrimas, que continuavam a sair teimosamente.

- Annabeth, eu posso ser um pouquinho difícil, mas não sou um monstro.

A filha de Atena espantou-se com duas coisas extremamente incomuns; o interesse verdadeiro de Clarisse e ter sido chamada por seu nome. Em nenhum universo possível existiria uma Clarisse compreensiva e que acima de tudo gostasse de Annabeth o suficiente para escutar um desabafo.

Não devia dar voto de confiança a uma filha de Ares, principalmente aquela filha de Ares, mas não queria guardar seu lamento mais uma vez sendo que Clarisse parecia disposta a escutar o que quer que fosse de si.

- Percy. - Annabeth disse, esperando alguma gracinha de Clarisse. - Ele...

Não conseguiu segurar a tempo, seu nariz formigou e os olhos encheram de lágrimas, as quais Annabeth estava passando a odiar.

- Ele machucou você? - o tom de Clarisse tornou-se mais grave e assustador.

Annabeth novamente limpou as lágrimas teimosas, disfarçando o choque com a atitude estranha de Clarisse; afinal, a filha de Ares não lhe dirigiu a palavra desde que voltaram do Mar de Monstros e havia passado cinco anos desde o ocorrido.

Por alguma razão, Clarisse passou a ignorar sua presença totalmente quando seu namoro foi oficializado.

- Não... claro que não.

- Mas ele é o motivo de seu choro. - Clarisse insistiu. - Então de certa forma ele te machucou.

- Por acaso se importa com isso? - Annabeth perguntou friamente. - Até dois anos atrás você nos tratou como se não tivéssemos te ajudado, como se nenhum de nós existissemos... como se eu não existisse.

Clarisse cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha. Umedeceu os lábios, parecia estar prestes a contradizer a menor, mas algo a fez sorrir de canto.

- Minha atenção é tão vital para você, Annie Bell? Pensei que aquele cabeção tivesse ocupado totalmente sua mente.

Annabeth cruzou os braços também. Não era possível que Clarisse não levasse nada a sério.

- Prefiro ficar com aquele cabeção do que escutar você achando que tudo é motivo para rir da minha cara.

Clarisse riu em desprezo.

- Tem que estar com alguns parafusos a menos para preferir a princesa do mar.

- Eu estaria louca se preferisse a sua companhia. - Annabeth retrucou impetuosamente.

- Você é uma gracinha, Chase. - Clarisse apertou os olhos e lhe mostrou um sorriso amargo. - Mas eu não estou vendo o namorado que você tanto defende do seu lado.

- É assim que pretende ganhar minha confiança? Atacando meu ponto fraco?

Annabeth pouco se importa se havia declarado o motivo de sua fraqueza; mataria La Rue caso a mesma espalhasse isso.

- Jackson é apenas um babaca. Ele não te merece. - Clarisse disse seriamente.

- Quem é você para decidir quem me merece, La Rue? - Annabeth aumentou o tom de voz.

Clarisse deu um passo a frente erguendo o queixo, evidenciando que estava pronta para uma discussão.

- Perdedores como Jackson não são dignos de você. - Clarisse argumentou e Annabeth pensou ter escutado errado.

Clarisse realmente havia dito aquilo?

Procurou algum sinal de brincadeira no rosto da mais alta, mas não achou. Ela estava falando sério.

Annabeth não sabia se era porque estava sensível, mas seus ombros relaxaram e seu olhar orgulhoso desapareceu.

Entretanto, quando Clarisse se aproximou mais, seu corpo entrou em estado de alerta.

- E quem é digno de mim, La Rue? Você? - perguntou, sarcástica. No fundo, esperava que Clarisse a ofendesse, fizesse alguma brincadeira de mal gosto; qualquer coisa para quebrar o clima estranho dela ter sido pega chorando por um motivo besta.

Clarisse passou o dedão pela bochecha de Annabeth, onde uma lágrima solitária fazia presença. Olhou para o polegar molhado e o esfregou no indicador, como se estivesse tirando uma sujeira.

Tudo sob o olhar confuso de Annabeth.

- Ninguém nesse acampamento é digno o suficiente de você, Annabeth.

Annabeth esperou. Esperou que a filha de Ares fizesse alguma piadinha com isso, já que o tom irônico comumente usado não estava presente na fala.

Dez segundos se passaram e nada saiu da boca de La Rue.

Definitivamente, algo de errado estava acontecendo com Clarisse; chamar Annabeth duas vezes pelo seu nome sem gracinhas é o ponto máximo de coisa errada que se poderia esperar de Clarisse.

Eu não sou um monstro, foi o que Clarisse disse e Annabeth se sentiu terrível por fazer a filha de Ares cogitar que tal ideia passasse na cabeça dela, quando na verdade a loira sabia que, por dentro, Clarisse era mais do que aquela fama de arruaceira e fria que havia criado para si.

Annabeth desceu seu olhar para os ombros descobertos pela regata marrom, onde pequenos cortes cicatrizados na pele bronzeada da guerreira atraíram sua atenção.

Quanto menos mantesse contato visual com Clarisse melhor seria para sua reputação, já que estava fraca demais para revidar qualquer gracinha.

Não que Annabeth não aguentasse; ela só não queria que Clarisse continuasse a vendo tão frágil como estava. Podia até escutar o falatório entre os filhos de Ares no outro dia sobre a filha de Atena estar chorando por conta de Percy; seria tão Clarisse.

E novamente Annabeth deixava que seu conhecimento superficial de Clarisse se sobressaísse ao invés de dar-lhe um voto de confiança...

- Sinceramente, não sei como uma garota como você namora Jackson.

- Uma garota como eu? - repetiu, atordoada.

- Porra, Annie... - havia carinho na voz de Clarisse, e talvez doçura. - Acho que dispenso comentários.

- Não acho que deva dispensar. - movida pela coragem, Annabeth deu um passo a frente, olhando diretamente nos olhos castanhos de Clarisse.

Clarisse deixou escapar uma risada anasalada. Os dedos tocaram a mecha loira que vivia fora do rabo de cavalo de Annabeth, sentiu a textura e colocou atrás da orelha dela. Depois, tocou o colar de contas, sorrindo de lado ao constar uma conta a mais que a sua.

- Droga, Annabeth. Você é tão impetuosa, mandona, irritante... isso te faz adorável em certas ocasiões. Se eu não te conhecesse, pensaria até que seria uma filha de Ares. - riu de seu próprio comentário, vangloriando o próprio chalé.  - Quer saber mesmo que tipo de garota você é? - Annabeth acenou lentamente. - É o tipo que qualquer garoto teria sorte de ter ao lado, tanto como amigo quanto como namorado. Jackson é só um moleque, você já é uma mulher, Annabeth. Não deveria perder tempo com quem não sabe te tratar como tal.

De todos os momentos em que ficou sem palavras, a loira podia dizer que esse se enquadraria em primeríssimo lugar. Não sabia o motivo de Clarisse estar sendo tão gentil - mesmo que do jeito dela - mas estava gostando e isso era absurdamente estranho; a aprovação e gentileza de Clarisse nunca foram algo que em sã consciência Annabeth gostaria de conquistar.

Automaticamente, Annabeth corou, pondo a mecha que havia escapado de sua orelha de volta no lugar.

- Você é incrível, Chase... sinceramente, qualquer um trataria você como a mulher que é, se tivesse a mínima noção. Eu sei que eu trataria. - Clarisse lhe lançou um sorriso torto, afundando-se em pensamentos, mas logo após fez um careta ao se dar conta do que havia acabado de falar. - Quer dizer...

Annabeth analisou bem o rosto de Clarisse; morreria consigo, mas achava a guerreira a mais bonita dos filhos de Ares e com a aquela aproximação Annabeth pôde concluir que Clarisse era a pessoa mais bonita e atraente que já havia conhecido.

Se não fosse pelo jeito truculento, temperamental, mandão e sarcástico ao extremo, Clarisse seria absolutamente encantadora com apenas sua beleza.

Fora o jeito como estava sendo tratada; sentia-se bem com as simples palavras e presença da filha de Ares mais que toda sua trajetória de namoro com Percy.

Estava sendo a única ocasião em que Annabeth conseguira enxergar "outra" Clarisse.

E nem mesmo a filha de Ares estava se entendendo. Ver a sabidinha tão vulnerável lhe fez sentir coisas estranhas. Não sabia de onde veio a vontade de abraçar a loira e protegê-la de tudo que houvesse risco de machucá-la.

- Trataria? - Annabeth sussurrou.

Mandando tudo às favas, La Rue deu mais um passo, cortando a menor distância entre elas, podia sentir a respiração de Annabeth mudar e os olhos cinzentos lhe encararem com algum tipo de expectativa. A filha de Ares passou suavemente a mão pelo quadril de Annabeth, permitindo-se nesse ato de coragem acariciar o queixo da loira com a outra mão. Annabeth fechou os olhos com o contato, seus lábios se entreabriram, em seu âmago desejava uma ação específica de Clarisse; ação essa que poderia despertar coisas antes nunca sentidas pela sabidinha.

- Chase... - fora a última coisa que sussurrou, antes de encostar os lábios nos de Annabeth, deixando um pequeno estalar, sem se afastar da loira. Ela arfou pesadamente antes de acabar com o mínimo espaço que ainda existia entre suas bocas.

- Annabeth!

A loira se afastou rapidamente ao escutar a voz alta de Percy a chamando.

Clarisse girou o tronco, dando alguns passos para trás, pondo as mãos na cintura. Aquela fora a única maneira que institivamente encontrou de disfarçar, apesar de que não tinha como disfarçar o que acabou de acontecer. Queria matar Jackson por sempre estragar tudo para ela... e por fazer Annabeth chorar.

- Ei. Você tá legal? Groover me disse que te viu saindo da floresta e parecia triste...

- Tá. Eu tô legal. - Annabeth resmungou, se desvencilhando do toque.

- A gente pode conversar? - Percy mostrou uma feição culpada. Ao notar a presença de Clarisse, ficou desconfiado. - O que está acontecendo aqui?

Clarisse fechou o punho preparada para acabar com o rosto do maldito filho de Poseidon por interrompê-la quando estava a um passo de ter Annabeth por alguns segundos, até que caiu a ficha.

Annabeth namorava. E Clarisse a odiava.

Sempre foi assim, nada mudou, nada mudaria. E por que essa mudança ocorreria? Um simples encostar de lábios não faz diferença, não faria diferença, não podia fazer...

Clarisse olhou para Percy com um costumeiro desdém, depois olhou para a namorada dele, sentindo os olhos cinzentos da filha de Atena lhe fitarem desde que afastou-se dela.

- Parece que seu problema já se resolveu. - soou sarcástica.

Annabeth a olhou confusa. Tanto pelo momento que acabara de ocorrer quanto pela fala.

Quando passou pelos dois, Clarisse fez questão de esbarrar em Percy. Escutou um pequeno gemido de dor do filho de Poseidon e aquilo a agradou. Mas seria difícil esquecer os lábios quentes de Annabeth nos seus.





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