Anne P.O.V
—Vamos Anne, atenda aquele rapaz. –Pablo disse me apressando.
—Já estou indo. –Bufei.
Peguei a bandeja que estava no balcão e segui até a mesa em que um senhor estava.
—O que vai querer? –Perguntei sem dar muita moral pra ele.
—Você, pode ser? –Disse com um sorriso malicioso.
—Não, até porque eu não estou á venda. –Respondi ríspida.
—É uma pena. –Balançou a cabeça negativamente enquanto mantinha o sorriso malicioso no rosto. –Você é muito gostosa, me chamou a atenção. Além do mais, posso te oferecer um bom dinheiro. –Ele falou enquanto me analisa dos pés a cabeça.
Aquilo pra mim tinha sido o máximo que eu aguentei no dia. Ouvir isso de um velho nojento só me fez sentir mais nojo ainda desse babaca.
Peguei um copo cheio de água que estava na mesa ao lado e joguei o próprio nesse senhor nojento.
—Você está louca? –Ele perguntou furioso enquanto se levantava.
—Não, quem está louco aqui é você. E isso é pra você aprender a não mexer mais comigo seu velho nojento. –Gritei.
—Anne, o que é isto? –Ouço uma voz por trás de mim, e já poderia suspeitar de quem era.
Me viro rapidamente e dou de cara com Pablo, meu patrão. Paralisei por alguns segundos. Maldita hora dele chegar! –Pensei.
—Ande Anne, estou esperando uma explicação. –Ele me tirou do meu transe, e pelo tom de falar não estava nada satisfeito com o que acabara de ver.
—Essa sua funcionária é uma louca, veja só o que ela fez comigo. –O senhor me interrompe quando eu iria falar, enquanto mostrava sua roupa toda molhada.
Pablo pede desculpas ao senhor e em seguida me encara.
—Anne me acompanhe até o escritório. –Disse e eu assenti.
Nos dirigimos até uma pequena sala, onde Pablo criou um escritório para comandar melhor o bar. Ele fez um sinal para que eu me sentasse em uma das duas cadeiras á frente da sua mesa e assim eu fiz.
—Anne. –Ele começou a falar. –Não é a primeira vez que tenho uma reclamação sua. –Pausou enquanto me encarava. –E dessa vez eu não poderei deixar em branco.
—Mas ele me assediou, ele me ofereceu dinheiro em troca de sexo. –Contei o que havia ocorrido na tentativa de me defender.
—Anne, você precisa ter mais paciência com os clientes, aqui é um bar, um local que é frequentado por homens.
—Eu tive, e muita senhor Pablo, ele foi o terceiro a me assediar só hoje. O TERCEIRO. –Aumentei o tom de voz.
—Anne, eu sinto muito, mas não há outra maneira. –Pausou novamente. –Você está demitida.
Senti meus olhos lacrimejarem naquele momento, o emprego não era um dos melhores, mas eu precisava, e não era pouco.
Passei as mãos pelo cabelo, respirei fundo e então o encarei novamente.
—Ok, se é pra ser assim.
—Entrarei em contato para acertamos tudo certinho. –Ele disse por final, e eu concordei com a cabeça. Em seguida sai da sala.
Troquei de roupa rapidamente, peguei minha bolsa e sai daquele lugar. Comecei a caminhar por Madrid, e logo vários pensamentos se juntaram a minha cabeça.
Eu estava definitivamente perdida, e tudo por causa de uma porra de um senhor. Desgraçado! –Pensei alto.
Já não bastava estar sozinha em Madrid, e agora pra piorar tudo, sem emprego também.
Caminhei alguns quarteirões e quando me dei conta, eu havia parado em frente a um bar. Não pensei duas vezes e entrei. Aproximei-me do balcão, me sentei e esperei o garçom me atender. Em seguida um moço senta ao meu lado.
—Me dê um maço de cigarros e uma vodca. –Pedi ao atendente.
Escorei meus braços ao balcão e comecei a bater meus dedos no próprio. Ele então trouxe o meu pedido, guardei o maço de cigarros na bolsa e bebi uma dose da vodca.
—Não acha que ainda está muito cedo para beber vodca? –O rapaz que sentou ao meu lado disse sem tirar atenção de uma garrafinha de água que estava em sua mão.
—E desde quando precisa ter hora pra beber vodca? –Respondi sem olhar pra ele, depois tomei mais uma dose da própria vodca.
—Por que não escolhe uma água ou café, ao invés disso?! –Ele se vira pra mim, e aponta o dedo para a garrafa de vodca no “disso”.
—Porque eu não estou com vontade, algum problema com isso? –Pergunto o encarando.
—Claro que não. –Diz levantando os braços em sinal de rendição. –Sempre de bom humor assim?
—Não, só quando as pessoas ou algo me irrita muito. –Lancei um olhar provocativo.
—Então estou te irritando?!
—Convenhamos que sim, odeio que digam o que devo fazer. –Bebi a ultima dose.
—Me desculpa, só quis ser legal.
—Pode ser legal da próxima vez, mas se ficar calado. –Disse enquanto me levantava.
—Outra vez? –Ele também se levanta em seguida. –Vamos nos encontrar novamente?
—É claro que não. –Falo em um tom óbvio.
—É uma pena. –Passa uma das mãos pela barba.
Pego minha bolsa e saio de lá sem falar mais nada.
Era só o que me faltava, já não bastava a demissão por conta daquele velho, agora tenho que aturar um homem que eu nem conheço me dizendo o que devo ou não beber.
Ok, não posso negar que ele tinha um charme. Aliás, um grande charme! Sua barba o deixava totalmente sexy...
Pare com esses pensamentos Anne, você tem coisas muito mais importantes para pensar agora!
Andei por um pouco, até chegar ao meu apartamento, um mini apartamento na verdade, mas o suficiente pra eu viver. Peguei um maço de cigarros na minha bolsa e em seguida joguei a própria no sofá, fui até uma pequena sacada que tinha, e acendi um dos cigarros.
Comecei a pensar como seria a minha vida daqui pra frente, e com certeza, fácil não será. Aliás, nunca foi! Eu morava no Brasil, mas meus pais morreram em um acidente quando eu tinha dezesseis anos, então eu vim pra Madrid morar com uma tia, mas ela também acabou falecendo três anos depois por motivo de uma doença. E daí em diante eu passei a viver sozinha em um país que eu mal conhecia. Bom, eu acabei conhecendo um cara, que se tornou um irmão pra mim, Juan. Ele sempre me ajudou quando precisei, e continua me ajudando, ele é muito especial pra mim, e com certeza a pessoa que me da forças para viver em Madrid. Já pensei várias vezes em voltar para o Brasil, mas a minha condição financeira é o que me impede. Trabalhei em vários lugares aqui em Madrid, mas nenhum emprego durou muito. E o bar no qual eu trabalhava, era o único que eu consegui depois de tanto procurar, não foi o que eu sonhei pra mim, mas naquele momento a necessidade falou mais alto.
Dei mais uma tragada no cigarro, não sentia nenhum pouco de orgulho daquilo, como não sinto quando bebo, nunca senti. Mas ás vezes o momento pede algo para relaxar, e o que eu poderia oferecer era bebida e cigarro, duas coisas que sempre me sustentam e me acalmam quando estou nervosa ou ansiosa por algo.
Ouço meu celular tocar e vou até a sala para atende-lo, vejo que é Juan.
– Ligação ON –
—Oi Juan. –Falo ao atender.
—Oi Anne, o que aconteceu? –Perguntou preocupado.
Eu tinha enviado uma mensagem pra ele no caminho para casa, dizendo que precisava falar com ele o mais rápido possível.
—Eu fui demitida, Juan. –Abaixo a cabeça, fitando o chão. –E tudo por conta de um velho estúpido, nojento.
—Como assim? Explica-me melhor sobre isso Anne.
—Ele me assediou Juan, e você sabe como eu sou, não me segurei e joguei um copo de água nele, e na mesma hora o Pablo chegou. Concluindo, ele disse que não poderia aturar mais uma dessas minhas atitudes.
—Meu Deus! E agora, o que você vai fazer?
—Ainda não sei, mas vou dar um jeito, já estou acostumada com isso. –Ri sem humor.
—Sabe que pode contar sempre comigo né?! Para o que precisar meu amor!
—Obrigada Juan, por tudo. –Sorrio. –Eu te amo!
—Eu também te amo Anne. Mas, que tal melhorar esse humor ai hein?! Fiquei sabendo que vai inaugurar uma balada ótima aqui, vamos?
—Ah, não sei Juan... Não estou com cabeça para balada.
—Não vou te chamar novamente, passo ai para te pegar ás nove combinado?
—Não Juan, eu não sei se vou... –Percebo que estou falando sozinha, ele tinha desligado na minha cara. Juan e essa mania de desligar quando nego algo. Argh!
– Ligação OFF –
Jogo o celular de lado, e então decido ir me arrumar. Conheço o Juan muito bem pra saber que ele não irá desistir de me levar nessa balada. E quer saber, ele tem razão, depois de um dia chato como este eu preciso me divertir.
Isco P.O.V
Depois de passar em um bar próximo onde eu estava para comprar uma garrafa de água, e ter tido uma leve discussão com uma garota que eu nem sei o nome, segui para a casa de Cristiano, aonde eu e mais alguns amigos de time íamos jogar uma partida de FIFA. Cheguei á própria, apertei a campainha e logo Cristiano á abriu.
—Até que enfim, só faltava você. –Disse assim que me viu, em seguida permitindo a minha passagem.
—Desculpem-me, o trânsito não estava dos melhores. –Menti. Como disse, Cristiano tinha dado permissão para entrar, e assim fiz, dando de cara com Sérgio, Benzema e Bale. —E aí galera. –Digo ao vê-los. Os próprios me respondem com um “e aí” em coro. —Bora jogar? –Pergunto me jogando no sofá.
—Só estávamos esperando a florzinha chegar. –Bale disse jogando o celular no qual mexia no sofá.
—Ai, obrigada pela consideração, mas a florzinha aqui já chegou, então partiu FIFA. –Digo com a voz afetada, fazendo todos rirem, inclusive eu.
Cristiano colocou o jogo e nós decidimos quais iriam ser os primeiros, e ficou assim:
1º Eu x Bale
2º Cristiano x Benzema
O ganhador de cada jogo se enfrentaria, e o ganhador dos dois jogos, jogaria com Sérgio.
O jogo começou, e depois de alguns minutos Bale fez um gol.
—Isso aí Gareth Bale. –Sérgio levantou comemorando junto á ele.
—Que isso Sérgio?! Pensei que estava torcendo para mim. –Disse balançando a cabeça negativamente.
—Eu estou torcendo para quem fizer gol e ganhar. –Disse erguendo as mãos em redenção.
Depois de cinco minutos eu empatei.
—Isso ai Isco, agora vira essa porra aí. –Sérgio gritou comemorando e todos riram.
Faltava menos de cinco minutos para acabar, e o jogo ainda estava empatado em 1x1. Até que quando faltava menos de três minutos, eu consegui fazer um gol.
—Aah porra. –Gritei comemorando.
—Ai sim, Isco mostrando como que se faz. –Benzema disse.
O jogo acabou, e eu venci o Bale. Em seguida, Benzema e Cristiano deram início a outra partida.
Benzema não precisou de muito tempo e já fez o seu primeiro. Cristiano demorou um pouco, mas empatou, o Francês saiu na frente de novo, e depois de cinco minutos ampliou a vantagem fazendo três gols. O placar ficou então 3x1 para Benzema.
—Cristiano só é bom para mostrar suas habilidades dentro de campo, na vida real mesmo.
—Sérgio disse enquanto balançava a cabeça negativamente.
—Desculpa aí rei do FIFA, nos mostre tuas habilidades no final então fodão. –Cristiano respondeu irônico.
—Aguarde e verá meu caro amigo. –Sorriu convencido, dando de leve alguns tapas no ombro de Cristiano.
Depois foi a vez de eu e Benzema tomarmos a posse do jogo. Mais de dez minutos e nenhum tinha feito nenhum gol ainda, e continuou assim até faltar seis minutos para acabar, quando finalmente eu consegui fazer um gol.
—Até que enfim. –Disse logo em seguida, comemorando.
—Ainda dá tempo de eu conseguir pelo menos empatar. –Benzema disse focado no jogo.
Mas acabou que não deu, e eu ganhei, por 1x0.
—Quem sabe na próxima Francês?! –Pergunto o provocando.
— aguarde Espanhol. –Ele disse, e eu ri.
Sérgio pegou o controle e sentou ao meu lado.
—Agora eu quero ver esse Sérgio Ramos mostrar toda a sua habilidade no vídeo game. –Cristiano falou o provocando.
—Ronaldo, você vai ver e aprender comigo. –Ele disse confiante, que fez todos caírem na gargalhada.
—Não entendi o motivo da graça. –Ele falou sério enquanto nos olhava.
—É só você prestar atenção no que acabou de dizer. –Bale disse ainda rindo.
—Esse Ramos está de brincadeira com a gente, nunca foi bom nem no jogo do Mario, muito menos no FIFA, e agora quer bancar o fodão. –Benzema disse, também rindo.
Sérgio ainda continuava sério, mas no fundo estava com uma vontade enorme de rir. Entreguei a ele um dos controles e assim começamos o jogo.
A partir dos cinco minutos de jogo, eu abri o placar, e os meninos comemoraram mais do que eu mesmo.
—Ué, pensei que o Sérgio foda Ramos, iria abrir o placar e já começar a golear... –Bale foi o primeiro a provocar.
Ramos não respondeu nada, apenas voltou a prestar atenção ao jogo.
Continuamos com esse placar, até que quase no finalzinho eu marquei mais um, fazendo assim que o placar ficasse no 2x0. Eu nem o zoei, os meninos já estavam fazendo isso o bastante.
—Parece que não sou só eu que não tenho habilidade no vídeo game. –Cristiano disse, com um sorriso irônico no rosto.
— muito fala, pouco faz. –Benzema disse rindo.
—Já acabaram? –Ramos bufou. –Isco que está com sorte hoje, isso sim.
—Sorte né?! Com certeza. –Concordei com um sorriso irônico.
—Ai galera, vai ter uma inauguração de uma boate aqui perto, partiu? –Cristiano disse enquanto olhava algo no celular. –James me disse que vai ser bom o negócio, lotado, cheio de mulheres gostosas. –Abriu um sorriso malicioso no rosto.
—Opa, mulher gostosa? Partiu. –Benzema foi o primeiro a concordar.
—Também, to precisando me divertir. –Bale sorriu animado. –Isco? Sérgio? E vocês? Vão com a gente?
—Eu nem vou, combinei de ir jantar com a Pilar.
—O Sérgio eu já imaginava que não iria, mas e você Isco, está dentro?
—Não sei não, acabei de terminar com Victória, não estou muito animado para balada.
—Que isso, Isco? Você precisa se divertir. –Cristiano disse.
—Concordo, bom que assim você para de pensar um pouco nessa história.
—Vamos logo Isco, tudo indica que vai ser bom pra porra. –Insistiu Bale.
—James disse que é pra você ir, caso contrário ele vem aqui e te leva á força. –Ronaldo pareceu ler a mensagem que James dizia isto.
—E eu ajudo. –Benzema disse.
—Ok, ok. Vocês venceram. –Sorri fracassado. –Eu irei.
Pode-se ouvir uns gritos de comemoração, esses três não valem nada.
Balancei a cabeça negativamente, rindo da reação deles.
E como Bale disse, que seja uma noite boa pra porra.
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