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História Trinta Dias a Dois - SETE


Escrita por: muselicious

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 7 - SETE


  

 

Naruto não me pertence de forma alguma.

 

TRINTA DIAS A DOIS

 

 

Dizem que não faz bem um casal ir dormir brigado. O que era ótimo, porque não houve briga alguma entre os dois... e nem palavras.

Quando Uchiha Sasuke comunicou à esposa que estavam de partida, simplesmente virou-se e seguiu para a saída. A pobre ex-Hyuuga precisou correr para acompanhar o marido, pois ficara ainda um tempo parada, em choque, no mesmo lugar; mal percebendo Sakura puxar Naruto pela orelha, falando alguma coisa muito alto, completamente vermelha. Quando finalmente o alcançou, ofegante, chamando por Sasuke, ele não respondeu. Hinata suspirou de forma resignada e o acompanhou em silêncio.

Na beirada da avenida, Sasuke acenou até que um táxi parasse. Abriu a porta para que Hinata entrasse e então deu a volta no veículo, entrando do outro lado. Hinata informou ao motorista o destino e então a viagem foi extremamente silenciosa. De uma forma desconfortável.

Pouca coisa há para se contar sobre o restante do caminho, permeado de silêncio e constrangimento. Agora, estavam ali, deitados, no escuro, e Hinata tinha certeza de que Sasuke não dormia, mesmo que a única coisa que pudesse distinguir da figura masculina fossem as costas.

– H-heika – Hinata tentou, a voz saindo grossa por ter ficado muito tempo calada. Ela pigarreou, tentando controlar a sensação gelada e incomoda que se apoderara de seu corpo – Eu sinto muito que você tenha ficado chateado. Não foi minha intenção causar qualquer... desconforto. – Ela respirou fundo, movendo-se na cama até que estivesse de barriga para cima. Encarou o teto no escuro. Por que determinadas coisas eram tão difíceis? Nunca tinha parado para pensar que um dia teria aquela conversa com Sasuke. Mas também não poderia deixar de fazê-lo. – Mas, Sasuke, eu sou uma bailarina. Eu danço. E nem sempre é uma coreografia solo. As pessoas... Bom, as pessoas me tocam. E, olha... – Pausou mais uma vez. Muito embora Sasuke não a estivesse vendo, o rosto dela ficou tão vermelho janto maçãs maduras. Ela fechou os olhos, se concentrando para falar tudo o que necessitava – Se você... e... e e-eu... Se nós estamos m-mesmo flertando e t-testando um relacionamento r-real, eu preciso que você c-confie em mim quanto a isso. – Pronto. Não achou que conseguiria, mas, no fim, colocara tudo para fora.

Sasuke, naturalmente, não respondeu. A cabeça ainda fervilhava com a imagem das mãos de Naruto estando em toda parte pelo corpo de Hinata; do sorriso límpido que ela exibiu para aquele loiro idiota; da confiança e sincronia que os dois claramente possuíam. Claro, de forma racional, o Uchiha concordava com cada palavra que Hinata havia dito; afinal, se ele fosse reagir mal cada vez que Hinata dançasse com outrem, nunca teria paz. Mas, às vezes, como no momento, ele não conseguia ser racional. Tudo que atingia sua mente era a sensação amarga que escorregara por suas veias só de se lembrar daquela noite.

 

x

 

[20/04, 02:04] Naruto: Hina-chan

[20/04, 02:04] Naruto: desculpa pela confusão 😔😔

[20/04, 02:05] Naruto: eu achei que escolher o lugar onde a gente fazia aula seria legal pra relembrar a adolescência

[20/04, 02:05] Naruto: mas a Sakura-chan e o Teme não gostaram muito

[20/04, 02:04] Naruto: enfim, foi mal mesmo, não queria te causar problemas

[20/04, 07:30] Hinata U. 🌻: Tudo bem, Naruto, de verdade. Espero que esteja tudo certo entre você e a Sakura-chan também.

 

Hinata colocou o telefone de lado com um suspiro. Estava vestida em um robe salmão de seda, sentada sobre uma perna na poltrona da sala, os cabelos escorregando pelos ombros enquanto ela lia os e-mails no notebook que equilibrava em seu colo.

Aparentemente estava com problemas na academia de dança: a empresa onde sempre encomendava os cenários dos espetáculos simplesmente não tinha disponibilidade para montar o daquele ano. A Uchiha segurou a ponte do nariz por um momento, esfregando, em seguida, a franja, empurrando-a para cima na sequência. Por que as coisas davam errado todas de uma vez?

Ela abaixou a tampa do laptop, deixando-o no estofado ao lado e levantando-se. 

As aulas da academia se estendiam a turmas aos sábados, também. Geralmente, Hinata não aparecia lá nesses dias; confiava o andamento das turmas aos respectivos professores, afinal, ela raramente ficava à frente de alguma turma convencional.

Agora, não sabia se ia ou não à academia. Não era certeza de que conseguiria resolver alguma coisa quanto ao espetáculo no fim de semana... Mas também não sabia se ficava em casa, com aquele clima esquisito, sem saber sequer se iam continuar com o cronograma. A verdade é que estava tentando se enfiar na rotina de trabalho para evitar pensar no desentendimento com Sasuke. Não esperava ficar tão sensibilizada com aquilo.

– Hime, por que você tá parada, em pé, no meio da sala há cinco minutos?

Hinata piscou. Sasuke estava parado sob o portal da sala, segurando uma caneca de café e observando-a. Vestia uma calça jeans, uma camiseta de Star Wars e um coturno, e levava um óculos de sol emaranhado no cabelo. Ela abriu a boca para responder e rir e erguer as sobrancelhas e ter qualquer reação, qualquer uma. Mas não conseguiu fazer nada. Fazer o que? Não estava entendendo nada.

– Não vai se vestir para sairmos?

A mulher o olhou, e então acenou e saiu, confusa e aliviada.

 

x

 

– Vire à direita em. Cem. Metros. – A voz mecânica do GPS instruiu, e Hinata acionou a seta, seguindo o mapa online. Naquela manhã, ela dirigia de forma calma e tranquila, em silëncio. Os longos cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, e ela usava uma blusa mostarda de bolinhas brancas por dentro da calça jeans de cintura alta que tinha as barras dobradas nos tornozelos. Batucava os dedos no volante, pensativa.

Ainda agora, não haviam conversado. Não só sobre o ocorrido da noite anterior, mas sobre... nada. Hinata não sabia se deveria quebrar o silêncio, afinal, não tinha sido ela a instalar o clima estranho entre os dois; por outro lado, não era orgulhosa o suficiente para deixar a frágil intimidade entre os dois afundar por tão pouco. E não custava nada... Abriu a boca e puxou ar, pronta para começar um diálogo, quando a voz de Sasuke a surpreendeu.

– Você já teve algum animal de estimação? – Uchiha Sasuke, sim, era orgulhoso. Portanto, aquela fora uma atitude difícil. Mas também ele não achou justo que fosse a esposa a findar o silêncio, já que na noite anterior ela falara tanto e ele... Bom, ele, nada. Ele a observou, o olhar cinzento caindo surpreso sobre ele por poucos instantes antes de voltar à estrada.

– Hm... Não. Sempre quisemos, Hanabi e eu, mas papai nunca gostou. Eu queria ter um gato, queria um hamster, um cachorro... Na verdade, até um peixinho dourado servia! Mas otou-san sempre foi muito rígido quanto a isso. Quando eu descobri que o Kiba-kun tinha um cachorro, nossa! Acho que virei criança de novo. Rolava com o Akamaru no parque, dava banho nele, fazia a farra. – Ela respondeu, um fluxo de palavras que jorrou ao mínimo incentivo de Sasuke. E então corou, as bochechas queimando em vermelho. Por que ansiava tanto em conversar com o Uchiha? Balançou a cabeça, negando mentalmente várias coisas. Pigarreou. – E você?

E ele? No que estava pensando quando Hinata se empolgara falando de animais, contando várias coisas, animada? E no que divagava quando ela percebeu que disparara a falar e ficara adoravelmente vermelha?

Santo Kami, ele estava perdido.

– Tive uma chinchila quando era pequeno. – Sasuke respondeu quando finalmente conseguiu focar na pergunta. – O Sharingan. Era uma chinchila macho. Ele morreu de tristeza quando Itachi partiu.

– Heika – Ela disse, e olhou para ele brevemente, o olhar triste – Eu sinto muito.

– Tudo bem. Eu acho que eu não ia conseguir cuidar dele, porque ia me lembrar muito do nii-san, então...

– Desculpa. – Ela disse novamente, sentindo-se estranhamente triste. Deveria ser muito solitário crescer sendo a única criança da casa... Ainda mais se o pai do Uchiha fosse tão rígido quanto o seu próprio, o que parecia ser o caso.

Mas então ele colocou a mão displicentemente sobre o joelho dela, e ela deixou esses pensamentos irem embora e um novo surgir – eles estavam ali, agora, juntos de alguma maneira. E ela iria tentar mesmo fazer com que desse certo.

 

 

SETE – Dêem uma passeada numa feira de adoção de pets, para conhecer mascotes e quem sabe até mesmo levar um novo amiguinho para casa

 

Hinata colocou os óculos escuros grandes demais no rosto. Estava realmente muito claro do lado de fora. Sasuke de alguma forma conseguira tirar os óculos que estavam no cabelo rebelde e coloca-los também aonde deveriam estar, diante dos olhos.

A moça sentiu os dedos masculinos envolverem os seus, firmes e gelados, e então o polegar de Sasuke dançar carinhosamente pelas costas de sua mão. Por mais que aquele fosse um gesto corriqueiro, era estranho ocorrer de forma tão natural sem que houvesse alguém por perto observando-os. Era bobo, mas naqueles momentos Hinata se sentia uma adolescente tolinha e apaixonada.

Não que estivesse apaixonada, claro.

Sasuke viu uma criança correr bem próxima a eles, as bochechas gordinhas infladas com o riso e os bracinhos erguidos para frente, na direção do filhote de cachorro que ele perseguia, e não conseguiu evitar o sorriso que rasgou-lhe os lábios. Será que os seus filhos teriam dedinhos tão rechonchudos quanto aqueles do pequeno que corria? Esperava que sim. Adoraria ver a mãozinha pequena apertando os dedos quentes de Hinata.

Agora, desde quando Uchiha Sasuke Sasuke pensava com carinho em crianças e imaginava situações específicas envolvendo as suas futuras crias? Aquilo não era normal.

Era influência do clima familiar e alegre da feira de adoção, ele decidiu. Sim, definitivamente era isso.

Sua atenção voltou-se para frente quando sentiu sua mão ser puxada levemente, porque Hinata estava arrastando-o para um stand de cachorros.

– Meu Kami, que coisinhas mais lindinhas – Ela disse, abaixando-se para olhar os filhotes de cachorro mais de perto. As pequenas criaturinhas estavam de pé sobre duas patas, apoiadas nas grades de proteção, uns sobre os outros, latindo de um jeito feliz. Os rabinhos balançavam com tanta alegria que sacudiam o corpinho todo.

Andaram, passeando por filhotes gordinhos de cachorro, bebês esbeltos de gatos, miniaturas barulhentas de pássaros, versões jovens de hamsters e ratos de laboratório. Foram horas de passeio onde Uchiha Sasuke observou a esposa sorrir e se derreter, pegar no colo e fazer carinho, conversar com voz fininha e rir de novo. É claro, ele não deixara de sorrir também, muito embora não soubesse se a causa eram os filhotes ou Hinata.

– E então, Hime – o homem disse quando enfim visitaram o último stand –, vai querer adotar algum?

– Posso? – Ela perguntou e os olhos cresceram com esperança, a mão dela apertando a sua com expectativa. Sasuke pensou que parecia uma criança ganhando algo que queria muito.

– É claro que pode, meu amor – Meu amor. De onde aquilo tinha saído? Tão cheio de carinho, ternura e sentimentos inefáveis? Sasuke sentiu as bochechas esquentarem e desviou o olhar, sem deixar de segurar os dedos da Uchiha entre os seus.

Meu amor. A mulher sentiu algo quente crescer de seu estômago para seu coração e se espalhar em ondas por seu corpo. As pernas de repente viraram gelatina, as bochechas de repente tornaram-se em tomates. E ela sorriu. Não se lembrava de ter dado um sorriso desses antes, tão cheio de sentimentos que ela sequer conseguia nomear.

Às vezes, surtos de coragem ocorrem; e são mais fortes se acontecem simultaneamente a momentos de felicidade intensa.

Hinata estava muito feliz.

Expressou aquilo lançando os braços ao redor do pescoço do marido, colocando-se nas pontas dos pés e plantando um selinho sorridente nos lábios de um surpreso Sasuke.

Era fácil fazer Hinata feliz, ele percebeu. E era bom, também. Ótimo, inclusive. Antes que ela se afastasse, ele firmou uma mão na base das costas dela e a outra, emaranhou nos fios negro-azulados, mantendo-a ali, junto a si. E então aprofundou o beijo.

Beijar Hinata era sempre bom. Perceber ela se soltando, saindo de tímida a entregue, era uma percepção única. Os lábios dela se abriram para receber a língua dele, e ele, de forma devagar porém ávida, explorou cada cantinho da boca feminina.

Hinata estava derretida sob o toque do marido, as borboletas em festa ameaçando sair do estômago e voar corpo afora. Enrolou os dedos nos cabelos rebeldes da nuca de Sasuke, puxando levemente, como  se pudesse trazê-lo mais para perto de si. E podia, percebeu, quando sentiu a mão grande do marido descer até sua bunda e pressioná-la mais de encontro a ele.

Sasuke achou que Hinata se afastaria imediatamente. Hinata achou que explodiria de tão quente ficara. E então o ar faltou, e os dois se afastaram, Sasuke com um sorrisinho provocante no canto dos lábios e Hinata com o rosto e pescoço vermelhos.

– Vamos resgatar nosso novo pet? – Sasuke disse casualmente, deixando uma mordida no queixo da esposa. Quase tinha esquecido como era prazeroso provocar Hinata e observar as reações dela.

– V-vamos – Ela se repreendeu mentalmente por ainda gaguejar e pegou novamente a mão dele, virando-se e desbravando a exposição de forma rápida porque, além de ser uma desculpa para não ter que ficar encarando Sasuke, não queria perder o bichinho que queria adotar para outra pessoa.

Pararam em frente a um stand simples. Uma pequena grade mantinha dois gatos, adultos, um preto e um branco, bem calmos; e na grade ao lado alguns filhotinhos gordinhos, rajados, amontoados um por cima do outro. Uma moça estava sentada num banquinho, usando o telefone.

– Bom dia – Hinata chamou, parada diante dela com um sorriso.

– Bom dia – A moça respondeu, olhando para Hinata por cima do telefone – Os filhotes estão com três meses de idade, já comem ração e já usam caixinha de areia. Tenho um macho ainda, e quatro fêmeas.

– Certo... Mas e sobre esses aqui? – A Uchiha questionou, agachando-se diante da grade dos gatos adultos, esticando a mão para fazer carinho atrás das orelhas do gato preto.

– Ah... É um macho e uma fêmea, o Yin e a Yang. Os dois são castrados, tem dois anos de idade e estão para adoção conjunta, só pode levar um se for levar o outro. – A explicação veio no momento que a moça finalmente abaixou o telefone para encarar o casal diante de si. Era muito difícil que alguém se interessasse pelos gatos adultos quando podiam levar filhotes.

As pérolas de Hinata brilharam na direção de Sasuke, que encarou a moça responsável pelos bichanos por um breve momento.

– Vamos adotar.

E foi dessa forma que a pequena família Hyuuga-Uchiha começou a crescer.


Notas Finais


Acho que derramei um pouco de açúcar demais aqui, desculpa. KKKK
Muito obrigada por todos os favs e as reviews! Vocês são fantásticos. Vou responder cada um deles com amor, tenham calma. <3
Não deixem me dizer o que acharam comentando!
Beijão, até breve!


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