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História Tróia (Yoonmin) - Imoral


Escrita por: InOzanan

Notas do Autor


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Capítulo 3 - Imoral


Fanfic / Fanfiction Tróia (Yoonmin) - Imoral

Enquanto engolia cada pedaço daquele pão que parecia ter sido amassado pelo próprio diabo, a criança, tão jovem, descobriu que nem sempre a comida é prazerosa, poderia ser algo tão doloroso quanto uma haste de metal cravada em seu peito.

O que mais poderia fazer ali?

Sua mãe estava morta frente a sua face, o último pedaço de pão desceu lentamente por sua garganta quase rasgando, não tinha sequer uma moeda de prata e menos ainda, animais ou produtos para troca.

Logo, iniciou a busca do pequeno por trabalhos. Começou em lojas no mercado perto do porto, mas como não aguentava pegar peso e quebrava facilmente produtos por causa da sua estatura e músculos minúsculos, frequentemente o enxotavam porta à fora.

"Não queremos prejuízo", os donos dos comércios diziam, enquanto expulsavam o menino do local.

Depois de tanta humilhação, ele não tinha mais para onde ir. Permaneceu por dois anos próximo à alguns pedintes, tentava pescar para se alimentar, estava extremamente sujo e seus cabelos, negros, estavam abaixo dos ombros.

Ainda assim, era um menino bonito, a pele clara embaixo de toda a sujeira das ruas o diferenciava dos demais e a delicadeza dos seus lábios hipnotizava adultos com o mínimo de bondade no coração que, ao ouvir seus pedidos, davam-lhe algo para comer, porém, algo fomentou uma idéia mórbida nos pensamentos de Isha, um velho putrefato e desonesto que mendigava uns trocados no mesmo local que Yoongi.

— Eu sei onde você pode conseguir dracma, garoto. - Isha se referiu às moedas de prata usadas na Grécia, as quais o pequeno, de origem pobre, nem se lembrava de ter visto.

— Se você sabe, porque não as têm e fica gordo de tanto comer, seu velho? - Era uma criança insolente e de poucas palavras.

— Você tem a língua afiada, será que você vai se manter assim quando esse rostinho liso for tomado por rugas assim como o meu e começarem a ter nojo de você, ganhando apenas alguns trocados por sorte do acaso? - Isha apertava brutalmente a bochecha do rosto pálido de Yoongi, finalizando com um tapa fraco no lado esquerdo.

— E como é que eu vou ganhar dinheiro? Não consigo trabalho braçal.

— Está vendo aquele navio? Ao anoitecer de amanhã ele irá partir para Micenas, você pode limpar o convés e fazer outros trabalhos para a tripulação, há outras crianças como você lá.

Poderia ser uma boa oportunidade, no navio ele teria trabalho, abrigo e caso quisessem expulsá-lo não iriam jogar uma criança ao mar, pensou ele erroneamente.

Naquele entardecer, a criança foi até o riacho tomar um banho e lavar suas roupas, queria se apresentar limpo e ser empregado, porém, mal sabia ele que não seria um emprego.

Horas antes da partida, Yoongi insistiu para Alexander - mestre do navio - o deixar trabalhar alí. Contudo, Alexander avisou que aquele trabalho não servia para crianças e o retirou do convés.

Yoongi era uma criança persistente que se escondeu em uma das caixas que entravam no navio e eram guardadas no porão. Era astuto, entretanto, fez uma escolha de pouca sorte.

Aquele era um navio de tráfico humano, logo encontraram o jovem em meio ao estoque de comida devorando todos os alimentos e o fizeram se juntar as outras crianças, todas escravas sexuais troianas. 

Sem demora, foram requisitados os serviços de uma delas, alí mesmo, na frente dos outros. Estavam em um navio recheado de pedófilos e tarados sexuais, mas nenhum deles quis Yoongi, até o capitão descer ao convés, olhar um a um e ver o único menino entre as meninas.

O capitão subiu aos seus aposentos e mandou um de seus criados-de-bordo levar Yoongi consigo, inicialmente o capitão pensou em jogá-lo ao mar, era apenas um garoto fraco, não teria utilidade nenhuma no mercado de prostituição ou venda de escravos se o capitão não tivesse uma pequena - para dizer o mínimo - atração por crianças indefesas.

Crápula! Não teve piedade! Mas por que o dono de uma rede de escravas sexuais teria? Afinal, um homem tem suas necessidades ao mar e ter aquele poder em suas mãos, de modo superior e dominante era seu deleite, os gritos de "pare" não foram suficientes, não, eram a sua motivação para aquele ato sombrio.

Não tinha saída e nem chance de sobrevivência caso pulasse do navio, para onde olhava tinha apenas água salgada, infestadas de animais tão perigosos quanto tubarões, no entanto, talvez, fossem mais misericordiosos que o animal de pé em sua frente, porque pelo menos eles o matariam.

Isso se conseguisse se desvencilhar das cordas que prendiam seus pulsos e tornozelos, tão apertadas que marcavam linhas vermelhas na pele branca do pequeno, marcas que sangravam com a tentativa falha de se soltar.

As lágrimas não caíram, as últimas que haviam em suas glândulas secaram, após a morte de sua mãe.

Para ajudar a manter sua mente sã, repetia insistentemente em seus pensamentos que sobreviveria e viveria sem problemas, como sua mãe um dia desejou, se vingaria de todos aqueles que o fizeram sofrer, teria força e poder para arrancar aquela cabeça algum dia.

As pernas rígidas não facilitaram, mas não foram grande obstáculo para um homem de trinta e poucos anos, foi repugnante, a tortura foi relativamente rápida para o capitão, durando alguns minutos por dia, mas para Yoongi; durou horas, dias, meses. De forma literal, mesmo com o capitão longe daquele cômodo, as mãos nojentas tocando seu corpo não saíam da sua mente e aquela risada terrível o atormentava em seus pesadelos.

Quando Yoongi chegou próximo aos seus dez anos de idade, perdeu utilidade; parou de pedir ajuda, parou de tentar fugir, se tornou uma casca vazia e sem alma. Sem sinal de resistência, deixou de ser o favorito e de parecer atraente. Foi usado por todos os marujos do navio e depois descartado como um pedaço de lixo em qualquer rua lamacenta de Micenas.

A cidade perto do porto estava em obras e a rainha de Micenas estava preparando sua mudança para seu palácio de frente para o mar.

Por conta disso, a demanda por escravos era alta. Aliás, guerreiros também, pois Éris expandia seu reino em grandes escalas governando com punho de ferro. Uns diziam que ela era um gênio em estratégias do campo de batalha, outros diziam que ela era apenas uma mulher forte e de muita sorte. De qualquer modo, tudo conspirava ao seu favor, pois ela tinha poder.

Yoongi permaneceu na beira da estrada durante horas com sede e com fome, torcendo para ser atropelado por uma carruagem ou que um cavalo esmagasse sua cabeça, somente assim seu sofrimento teria fim.

— Você consegue andar, criança tola? - A voz saiu do lábios de um homem no qual todos olhavam com medo.

— Água, por favor... - O menino clamava desesperadamente por aquilo que seu corpo necessitava, até que perdeu as forças e desmaiou.

Após dois dias ele acordou, com a visão turva nos primeiros momentos, devido a claridade do sol. Não estava acostumado como antes da viagem no navio, porque sempre ficava no porão escuro.

Olhou em volta e notou que estava em um quarto espaçoso, sobre uma cama macia, com lençóis e roupas limpas, e um belo prato de comida sobre a mesa ao lado. Cheirou a comida antes de atacá-la como nunca antes, sua língua era inundada por tantos sabores que nem sonhava que existia, experimentou carne vermelha pela primeira vez, um item caro no lugar onde veio e em meio a tudo aquilo, a porta do quarto se abriu rapidamente, revelando quem o resgatou naquela rua lamacenta.

Com vestes banhadas em requinte e trejeitos elegantes, cabelos que por sua vez eram longos fios negros, um homem outrora nomeado como besta negra por seus inimigos, pois não havia clemência com qualquer um que se metesse em seu caminho, menos se esta fosse sua rainha, Éris.

Este homem era Yesung.

— Pretendia sujar todo o meu quarto enquanto comia como um animal estúpido? São itens bem caros, esse tapete sujo que você pisa como se fosse grama do pasto, inclusive.

— M-me perdoe, eu não fiz para irritar você, por favor, não me bata. - O menino se ajoelhou aos pés de Yesung que o olhava de cima, de queixo levantado e uma cara nada boa.

— Te bater? Eu tenho algo melhor para fazer. - Yoongi paralisou, por ter ouvido de um capitão várias vezes a mesma frase. - Estou ocupado durante o dia inteiro, chame alguém para limpar essa bagunça toda, voltarei ao anoitecer e levante-se, não se humilhe para ninguém! Nem mesmo para mim.

— S-sim. – O pequeno se levantou do chão, tentando entender o que estava acontecendo.

— Quando eu voltar vou te explicar a situação que você se encontra. Até lá, coma, tome um banho e espere meu retorno. - O barulho da porta batendo foi ouvido e aquela criança pôde respirar direito depois da saída de Yesung.




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