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História Trono de apostas - Termos


Escrita por: Eileenqueen

Capítulo 21 - Termos


Fanfic / Fanfiction Trono de apostas - Termos

Ririka Momobami

A coroa pesou na minha cabeça muito mais do que eu imaginei.

Não pelo título de Rainha, e pelas responsabilidades, governar está no meu sangue, faria isso de olhos fechados, mas por saber que era para ser da minha irmã.

Esse momento era dela e ela não está aqui. Não pode levantar sua cabeça coroada.

Essa era a coroação que era para ser dela. Foi ela quem planejou cada mísero detalhe.

Esse é meu primeiro aniversário sem ela. E o primeiro que os presente que ganho não são dados por minha irmãzinha.

Em meio às lágrimas e a dor e a solidão, a mão de Mary no meu ombro é um conforto bom. Saber que ela está ao meu lado, saber que ela irá governar comigo é reconfortante. Sinto que nunca estarei sozinha e que posso enfrentar essa dor.

As últimas semanas foram agitadas. Todo o exército — ou o que sobrou dele — procurou pelo corpo de Kirari por semanas incansáveis, mas não encontraram. Infelizmente isso acendeu em Sayaka uma esperança de que ela estivesse viva.

Mas eu estava lá e vi com meus próprios olhos. Tinha muito sangue, aquelas flechas foram certeiras e mesmo que ela sobrevivesse a isso… a queda era colossal, ninguém sobreviveria a aquela queda e se por um milagre sobrevivesse… o rio é cheio de pedras afiadas como lâminas e corredeiras traiçoeiras.

Mas logo Sayaka entendeu isso também e o luto a afundou novamente…

Devido a todos os acontecimentos Mary teve que adiar a visita aos pais, mas eles trocaram cartas e meus sogros virão em breve para uma visita. Aparentemente estão querendo não apenas conhecer a filha deles, mas também ter certeza que não estou aproveitando dela, porém mesmo com tais desconfianças eles mantiveram seus soldados, em nossas terras, que seguem as ordens de Mary.

Talvez eles os mantivessem para ficarem de olho em mim. Terei que conquistar o coração dos meus sogros em breve.

Quando a notícia sobre o ocorrido na noite do baile se espalhou foi uma grande confusão, novos conflitos ocorreram, militares e civis se voltaram contra Sayaka e a culparam pela morte da Kirari, e ficaram ainda mais revoltados comigo por defendê-la. Entretanto, com a ajuda da minha esposa consegui colocar todos os Estados em seus devidos lugares. Juntas, acalmamos a situação e livramos Sayaka da forca. Aparentemente ser casada com a futura rainha do reino mais poderoso do outro continente me torna alguém com grande influência, os líderes dos Estados se ajoelharam aos nossos pés.

Alguns dizem que nós duas juntas lado a lado poderemos conquistar o mundo para governar. Mas nenhuma de nós tem tamanha ambição.

— Já vai chover melhor voltamos para o castelo.

— Foram dezessete aniversários ao lado dela… — falo passando os dedos pelas letras na lápide — Mary… — Encaro a loira com meus olhos cheios de lágrimas — Sinto um vazio tão grande…

Minha esposa estendeu sua mão para que eu me levantasse e assim que o fiz ela me abraçou forte como se quisesse agarrar toda a minha dor e arrancá-la de mim, seria perfeito se isso fosse possível. Mas nem mesmo seu abraço poderia cobrir o vazio que sinto. A falta que minha irmãzinha faz. Eu deveria ter protegido-a. Deveria ter me esforçado mais. Deveria…

Minha lágrimas saíram aos tropeços.

— Eu quero minha irmã de volta…

— Eu sei. Mas você não pode mudar isso. — Ela acaricia meu cabelo — A única coisa que você pode fazer agora é ser forte e temos que ajudar Sayaka a superar isso. — Sim, porque ela não sai do quarto de minha irmã desde o enterro — Kirari não iria gostar de vocês duas sofrendo. Então seja forte pela sua irmã e vamos ajudar Sayaka.

— Kirari iria querer isso… — Minha voz sai embriagada.

— Sim meu amor. Sim. — Segurando meu rosto com ambas as mãos ela selou nossos lábios em um beijo calmo.

Um beijo de luz para me dar forças para continuar.

 

Sayaka Igarashi

Coloco a mão no vidro do aquário observando os peixes da Kirari, consigo ouvir perfeitamente a voz dela soando na minha cabeça.

“Nesse mundo os mais fortes sobrevivem, como rainha eu tenho que ser muito forte para que meu povo prospere, se eu falhar todos irão sofrer”

Metade da guarda real morreu e se não fosse por Mary e Ririka entrariamos em uma guerra civil terrível. Vida e mais vidas seriam perdidas por minha culpa, por ter feito Kirari seguir por um caminho errado.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, estou acostumada com elas, estão sempre presentes no meu dia durante as últimas semanas.

“O mundo tem um equilíbrio, se isso for abalado coisas ruins irão acontecer”

O equilíbrio que Kirari tanto lutou para manter, tantas coisas que ela sacrificou por isso e eu estraguei tudo, acabei com a estabilidade dela e isso a levou a morte.

Se eu tivesse ido embora, ela estaria viva.

Se eu não fosse tão teimosa, ela estaria nesse mundo.

Se não tivesse dito aquelas coisas terríveis para ela.

Minha culpa…

Kirari morreu por culpa minha!

Porque sou uma tola apaixonada.

Ela se sacrificou tanto e eu estraguei tudo.

Deuses, se eu pudesse voltar atrás…

Se pudesse mudar isso…

Eu faria qualquer coisa para tê-la de volta, qualquer coisa. Daria minha alma para o diabo.

Sinto a mão no meu ombro, viro me deparando com aqueles olhos verde-água, meu coração ameaça disparar. Mas a realidade bate em mim, esses não são os olhos de minha amada, mesmo assim coloco a mão no rosto dela, acariciando sua bochecha como eu gostaria de acariciar minha princesa novamente. Ela não recua ao toque, entretanto seus olhos enchem de lágrimas assim como os meus, pois reconhecemos a dor uma da outra.

Sempre que vejo a Ririka aquela ferida na minha alma, no meu coração, dói mais e mais, abre mais e mais, e sangra mais e mais. Eu não suporto vê-la.

— Você não foi jantar. — A voz dela é tão meiga e carinhosa, tão diferente da Kirari.

— Não estou com fome. — Tiro a mão do rosto dela e me afasto.

— Kirari não gostaria de vê-la assim.

— Com todo respeito, rainha. — Viro-me para ela — Kirari está morta. Por minha culpa sim, mas por sua culpa também! Você tinha que ter matado a Terano quando teve a chance! — Minhas palavras saem em um grunhido de raiva.

Ela fica em silêncio se acostumando com a dor que minhas palavras causam. Eu sei que Ririka tem uma lista com um monte de “e se” assim como eu. Sei que ela passa aquele dia na cabeça todos os dias a cada segundo, procurando seus erros, procurando descobrir o que ela poderia ter feito de diferente. Ela se culpa assim como eu e não precisa que eu jogue as verdades na cara dela.

— Sim, você tem toda razão, eu deveria ter matado ela. Toda a minha existência se resume em proteger a Kirari e falhei nisso. Mas Kirari que tinha que acabar com a Terano, ela queria fazer isso e tenho certeza que morreu satisfeita por ter matado aquela desgraçada.

— Porque era tão importante para ela?

Ririka respirou fundo antes de responder minha pergunta.

— Porque ela te sequestrou. Kirari nunca perdoaria isso.

As palavras da albina me atingiram como uma saraivada de flechas. Aquela princesa orgulhosa… Ela queria fazer Terano pagar por ter mexido comigo.

[...]

Sem conseguir dormir vim até o túmulo de Kirari onde venho passando a maioria das minhas noites. Ele é apenas simbólico, mas de alguma forma me sinto mais perto dela quando estou aqui.

Coloco flores de lírios em sua lápide. Lírios sempre foram as flores preferidas dela.

Escuto os passos se aproximando de mim, olho por cima do ombro vendo a loira.

— Ririka está muito preocupada com você. — Não a respondo, não tenho palavras para dizer a ela — Eu sei que dói…

— Você não sabe. Ririka está viva ao seu lado. Você não tem ideia da dor que eu sinto. Do vazio. — Viro-me para ela — O que vocês querem de mim? Que eu sorria e dance no túmulo dela?! Desculpa se eu to destruída porque a mulher que eu amo morreu! Ela foi assassinada! E minha alma foi com ela.

Mary fica em silêncio por um tempo.

— Sayaka, eu posso não saber como você está se sentindo, mas eu entendo, consigo te entender porque eu sentiria o mesmo. O que Riria e eu queremos é te ajudar. Saiba que pode contar com nós. — Ela se aproxima pegando minhas mãos trêmulas, olho bem no fundo de suas orbes douradas encontrando compaixão ali. — Sou sua amiga, pode contar comigo.  

Afirmo com um aceno segurando minhas lágrimas para não chorar. Ela espera um minuto, tempo esse para que eu dissesse alguma coisa, porém, como não falo nada ela entende que preciso de tempo e se vira para ir embora. Mas tem algo que preciso saber, algo que me atormenta todas as noites.

— Você perdoou ela? — Minha pergunta fez a rainha parar e se virar para mim, não precisava de explicação, ela sabia exatamente do que estou falando. As costas delas, as chicotadas.

Mary mudou o peso de um pé para o outro como se considerasse suas próximas palavras, como se as escolhesse cuidadosamente.

— Ririka não sabe disso, nunca contei para ela porque sei que ela jamais vai perdoar a Kirari e se eu contar isso só pioraria e nunca quis que ela odiasse a irmã. Mas… — Ela faz uma pausa como se quisesse me dar tempo para me preparar — Todas as noites quando fecho meus olhos eu vejo os de Kirari, frios, cruéis, cheios de raiva e ódio, perdidos. Escuto aquele chicote estalando contra minha pele, sinto o sangue quente escorrendo e escorrendo até que a dor passa a ser tão forte que não sinto mais nada. Mas o cheiro do meu próprio sangue me fazia querer vomitar e eu estava tão cansada que tudo que eu desejava era que ela cortasse minha garganta. — A voz dela fica embriagada pela dor das lembranças — Ririka tem a maldita mania de estalar os dedos, ela nunca percebeu como eu tremo quando ela faz isso, e eu tremo porque toda vez que escuto isso sinto o chicote nas minhas costas. — Ela limpa uma lágrima que escorre — Kirari me destruiu de uma forma que não sei se vou me recuperar ainda mais porque tenho que sufocar isso, porque não posso contar para Ririka. E quanto mais sufoco essa dor, esses medos, mais forte eles ficam. — Sinto minhas próprias lágrimas — Então não, não perdoei e nunca perdoaria. Mas você e a Ririka tiveram o privilégio de conhecer uma Kirari que mais ninguém no mundo conhece. Todo mundo tem seus monstros, Kirari usava esse lado dela para se proteger do mundo.

Ela se vira e vai embora. Volto meu olhar para o túmulo. E sinto meu coração se aquecendo mesmo com a dor das palavras de Mary. Eu dentre tantas pessoas tive o privilégio de conhecer a Kirari de verdade. Ajoelho-me colocando a mão na lápide.

— Porque eu?

Olhei para as estrelas como se a resposta fosse vir de lá. Eu quero saber porque eu fui especial para ela. Porque ela deixou eu ver o melhor lado dela. As estrelas brilharam mais forte e a resposta veio para minha alma. Porque eu de alguma forma despertava o melhor nela. Porque ela confiou em mim assim como confia em sua gêmea para abaixar todas as suas barreiras. Sorrio sussurrando para o universo o meu amor por ela.

— Sayaka.

Olho por cima do ombro encontrando aqueles cabelos branco como luar, os olhos verde-água como um mar de saudades, meu coração disparou e minha alma brilhou mais forte que as estrelas sobre nós. Levantei correndo, disparando pelos metros que me separam dela e me joguei em seus braços sentindo seu calor.

— Pelos deuses eu juro que se você for a Ririka eu vou te matar.

Ela gargalhou, uma risada como nunca vi antes. Kirari não ri dessa forma, nunca ouvi esse som saindo dela. Segurei seu rosto com ambas as mãos olhando bem no fundo de seus olhos. Ela parou de rir me encarando profundamente em meus olhos, nossas almas pareciam querer se abraçar.

É ela, não tenho dúvidas é ela.

— Eu preciso que você me diga que não é a Ririka.

— Você não precisa de uma resposta. Sabe que sou eu. — Ela colocou sua mão no meu rosto acariciando minha bochecha e deuses como amei esse toque — E isso não é um sonho.

Sorrio admirando seu rosto. Minha princesa, minha Kirari…

Minha amada…

— Como? Você deveria estar morta…

— Eu não sei. Só me lembro de estar me afogando, lembro da água manchada de vermelho e eu apaguei, quando acordei estava na beira do rio, meus ferimentos estava com curativo e… — Ela tirou do bolso da capa uma pedra lilás no mesmo tom de meus olhos — do meu lado estava essa ametista. Eu acho que algum Deus shippa a gente.

Rio chorando e a abraço forte sentindo seu corpo contra o meu, seu calor. Ela me puxa e sela nossos lábios em um beijo. Sem medo esse beijo foi mágico. Aquela ferida na minha alma e coração se fechou.

— Ririka vai ficar tão feliz e… — Ela me interrompeu colocando o dedo indicador nos meus lábios.

— Eu voltei por você. Ririka… eu sei que minha irmã está sofrendo, talvez eu seja egoísta, mas ela não pode saber que estou viva, ninguém pode.

Franzo as sobrancelhas.

— Kirari… você é a rainha por direito.

— Não. Ririka é. Ela merece esse cargo. Ela faz isso melhor que eu.

— Você sempre quis isso…

— Sim, eu sempre quis isso e para isso me tornei o monstro que machucou a Mary daquela forma. — Ela não escondeu a dor no seu olhar com frieza, ela escutou minha conversa com Mary e aquilo dói nela — Tudo que quero é você. Não preciso da riqueza, do luxo e do poder, só preciso de você Sayaka.

É isso que está diferente. Ela está tão leve, porque o peso da coroa a destruia, mas agora sem ele…

— Então vamos embora?

— Quero viajar o mundo com você. Você me disse uma vez que queria ter coragem para isso.

— Com você do meu lado tenho coragem para qualquer coisa. — Dou um beijo de leve nela — Você está diferente… está…

— Feliz? — Questionou abrindo um sorriso.

— Está?

— Estar morta não é tão ruim como parece. — Caio na gargalhada e ela me acompanha — Então, vamos Sayaka? — Ela estendeu a mão para mim, mas meu olhar foi para o castelo atrás dela.

Pensei que passaria minha vida toda nele. Mas o destino trouxe essa surpresa, não irei passar minha vida como Dama Real servindo a mulher que amo e sim viajando com ela pelo mundo, conhecendo lugares novos e conhecendo essa Kirari que não é uma princesa herdeira e sim uma mulher, apenas uma mulher, mas a minha mulher, minha Kirari.

Seguro a mão dela, mas não saio do lugar quando ela me puxa.

— Eu aceito, mas temos que discutir os termos.

As sobrancelhas dela arquearam incrédula, tive que segurar muito a vontade de rir.

— Termos?

— Sim. Ou você acha que pode simplesmente ressuscitar e me arrastar para o mundo?

Ela sorriu assentindo.

— Tem toda razão, vamos negociar seus termos.

— Não são muitos.

— Assim espero.

Dou um leve tapa no ombro dela.

— Primeiro, vamos nos casar no templo de Artemis antes de irmos.  Como você está tecnicamente morta aceito que esse casamento não tenha uma sacerdotisa. — Ela afirma concordando — Segundo, vamos viajar, entretanto quando encontramos um lugar que possa ser um lar calmo iremos construir uma casa e vamos adotar nossos filhos. — Ela ri — No mínimo quatro.

— Quatro?! — Ela faz o número com os dedos como se quisesse confirmar, apenas afirmo. — Tudo bem, vou adorar encher nossa casa com crianças catarrentas.

— Não chame nossos futuros filhos de crianças catarrentas. — Rimos — Terceiro, vamos contar para Ririka e ela e Mary serão as testemunhas do nosso casamento.

— Sayaka…

— Ririka não merece viver pensando que você está morta. Se ela te ver como eu estou vendo agora irá ficar muito feliz e poderá viver a vida dela em paz sabendo que você está nesse mundo feliz. Não vamos cometer mais erros.

Ela me analisa pensando, ponderando se irá levar em consideração minhas palavras.

— Eu aceito seus termos, Sayaka Igarashi.

 


Notas Finais


TROLLEEEEEEEIIIIIIIII 😜😜😜😜😜😜😜😜😜😜 KIRARI NÃO MORREU!
Deixa o comentarios de vcs! Só mais um capitulo para finalizar!

Se tiver algum capista ai afim de fazer caridade para mim me procure na dm.


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