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História Trono de vidro (Hiatus) - Capítulo 11


Escrita por: PerroutAu

Capítulo 12 - Capítulo 11


Jimin ainda se sentia como se mal tivesse pregado os olhos quando a mão de alguém a agarrou-lhe a lateral do corpo. Ele resmungou e se encolheu quando as cortinas foram abertas para permitir a entrada do sol da manhã.

– Acorde. – Não era surpresa que fosse Yoongi.

O corpo do garoto deslizou novamente para baixo do cobertor, e ele cobriu a cabeça, mas o capitão segurou as roupas de cama e atirou-as ao chão. A camisola de Jimin estava enroscada nas coxas. O assassino estremeceu.

– Está frio – gemeu ele, apertando os joelhos contra o corpo. Pouco importava se restassem apenas alguns meses para vencer os outros campeões, ele precisava dormir. Teria sido ótimo se o príncipe herdeiro a tivesse arrancado de Endovier mais cedo; pelo menos Jimin teria algum tempo para recuperar as forças. Aliás, há quanto tempo ele sabia da competição?

– Levante-se. – Yoongi arrancou os travesseiros de debaixo da cabeça de Jimin. – Você está me fazendo perder tempo. – Se o capitão havia notado o quanto do corpo de Jimin estava à mostra, não demonstrou.

Jimin, resmungando, se arrastou até a beirada da cama e pendurou uma das mãos para tocar o chão.

– Meus chinelos – balbuciou ele. – O chão parece gelo.

Yoongi resmungou, mas o assassino o ignorou enquanto se colocava de pé. Ele cambaleou e se arrastou até a sala de jantar, onde um lauto café da manhã aguardava sobre a mesa. O capitão fez um gesto com o queixo na direção da comida.

– Coma. A competição começa em uma hora.

O que quer que tenha sentido, Jimin escondeu dele, deu um suspiro ríspido e exagerado e se jogou na cadeira mais próxima com a sutileza de uma fera gigantesca. Seus olhos percorreram a mesa. Outra vez, nenhuma faca. Com um garfo, serviu-se de um pedaço de salsicha.

Da porta, Yoongi perguntou:

– Por que está tão cansado, se é que posso perguntar?

Jimin engoliu o restante do suco de romã e limpou os lábios com um guardanapo.

– Fiquei acordado até as 4 horas, lendo. Escrevi uma carta para o seu pequeno principezinho, pedindo permissão para pegar livros emprestados da biblioteca. Ele permitiu e mandou sete livros da biblioteca pessoal dele com uma ordem para que eu os lesse.

Yoongi meneou a cabeça, sem acreditar.

– Você não deve escrever para o príncipe herdeiro.

A resposta foi um sorriso afetado, seguido de uma garfada de presunto.

– Ele poderia ter ignorado a carta, se quisesse. Além disso, eu sou o campeão dele. Nem todo mundo sente a obrigação de me tratar tão mal quanto você.

– Você é um assassino.

– Se eu disser que sou ladrão de joias, você me tratará com mais cortesia? – Antes que Yoongi pudesse responder, Jimin fez um gesto com a mão. – Melhor deixar pra lá. – O campeão enfiou uma colherada de mingau de aveia na boca, viu que estava insípido e jogou quatro porções de açúcar mascavo, sem cerimônia, à gororoba cinzenta.

Será que os competidores eram mesmo oponentes à altura? Antes de começar a se preocupar, Jimin examinou os trajes negros que cobriam o capitão.

– Você nunca usa roupas normais?

– Rápido. – Foi tudo o que ele disse. A competição esperava.

De súbito, Jimin perdeu a fome e empurrou a tigela de mingau para o outro lado da mesa.

– Então vou me vestir. – Ele se virou para chamar Tzuyu, mas se deteve. – Que tipo de atividades devo esperar para o torneio de hoje? Para me vestir de acordo, é claro.

– Não sei. Eles não dão nenhum detalhe antes de chegarmos.

O capitão se levantou tamborilando no cabo da espada e, enquanto Jimin voltava para o quarto, chamou uma serva. Atrás do campeão, Yoongi falou com a criada.

– Vista-o com calças e uma camisa, algo solto. Nada empetecado ou curto demais. E faça-o levar um manto.

A garota desapareceu para dentro do quarto. Jimin a seguiu e despiu-se desembaraçadamente, divertindo-se com as bochechas enrubescidas de Yoongi ao vê-lo em roupas de baixo antes de dar a volta e sumir.

Alguns minutos depois, Jimin corria pelo saguão atrás dele com uma carranca.

– Eu estou ridículo! Estas calças são absurdas, e esta camisa é péssima.

– Pare de choramingar. Ninguém dá a mínima para as suas roupas. –Yoongi abriu a porta do corredor bruscamente; os guardas do outro lado imediatamente entraram em formação.

– Além disso, você pode tirá-las na caserna. Tenho certeza de que todos adorarão vê-lo em trajes íntimos.

Jimin soltou um palavrão cabeludo por baixo da respiração ofegante, cobriu-se o melhor que pôde com o manto verde e seguiu Yoongi.

O capitão da guarda atravessou a passos largos o castelo, o qual ainda estava gélido com a bruma da manhã, e os dois logo entraram no quartel. Guardas em vários tipos de armaduras os saudaram. Por uma porta aberta era possível ver um grande refeitório, onde muitos soldados faziam o desjejum.

Yoongi enfim se deteve. O enorme salão retangular no qual entraram era do tamanho do salão de baile. Pilares alinhados pelo chão quadriculado em preto e branco sustentavam um mezanino, e imensas portas de vidro, que tomavam uma parede inteira, permaneciam abertas, permitindo que uma brisa suave vinda do jardim agitasse o cortinado translúcido. A maioria dos outros 23 campeões já estava na sala, aquecendo-se com o que só poderiam ser os treinadores dos patrocinadores. Todo o ambiente era atentamente observado por guardas vigilantes. Ainda assim, ninguém se incomodava em olhar para Jimin, exceto um belo jovem de olhos escuros e feições agradáveis que sorriu com o canto da boca antes de voltar a atirar flechas num alvo que, mesmo do outro lado da sala, era atingido com uma precisão enervante.

Erguendo o queixo, Jimin começou a averiguar uma estante de armas.

– Você espera que eu use uma clava uma hora depois de o sol nascer?

Seis guardas surgiram na porta atrás deles, unindo-se às dezenas que já se encontravam na câmara com as espadas em punho.

– Se tentar algo idiota – disse Yoongi, bem baixinho –, eles estarão aqui.

– Sou só um ladrão de joias, lembra-se?

Jimin deu um passo e se aproximou do cavalete. Decisão muito, muito idiota a de deixar todas aquelas armas ali expostas. Espadas, adagas para quebrar espadas, machados, arcos, piques, facas de caça, clavas, lanças, adagas de arremesso, bastões de madeira... Embora em geral preferisse a furtividade das adagas, Jimin conhecia todas as armas ali. Seus olhos percorreram a sala de treinamento, e ele tentou esconder uma careta. Todos os competidores também pareciam conhecê-las, ao que parecia. Enquanto estudava os demais, Jimin percebeu um movimento no canto do olho.

Jeonghan irrompeu na sala, flanqueado por dois guardas e um homem corpulento coberto de cicatrizes, provavelmente o treinador. Quando o competidor se virou e começou a avançar na direção de Jimin, abrindo os lábios num sorriso largo, a jovem se endireitou.

– Bom dia – disse Jeonghan, com a voz gutural e áspera, serpenteando os olhos negros pelo corpo de Jimin antes de encará-lo de novo. – Achei que você já estaria correndo para casa a esta altura.

A resposta veio acompanhada de um sorriso discreto.

– A diversão está apenas começando, não é?

Teria sido tão, tão fácil. Tão fácil saltar girando o corpo e agarrá-lo pelo pescoço, então atirá-lo de cara no chão. Jimin nem percebeu que tremia de raiva até que Yoongi entrou em seu campo de visão e disse com firmeza, mas suavemente:

– Guarde para a competição.

– Vou acabar com a raça dele – falava Jimin, respirando asperamente.

– Não, não vai. Se quiser calá-lo, vença-o. Ele é só um bruto do exército do rei, não gaste sua força ódio.

A discussão fez Jimin revirar os olhos.

– Muito obrigado por interferir a meu favor.

– Você não precisa que eu o salve.

– Ainda assim teria sido legal da sua parte.

– Você pode lutar as próprias batalhas. – Yoongi apontou com a espada para a estante. – Escolha uma. – Os olhos dele brilhavam diante do desafio enquanto o garoto desamarrava o manto verde e atirava-o para trás. – Vamos ver se sua espada é tão habilidosa quanto sua língua.

Jimin calaria a grande boca de Jeonghan... em um túmulo sem lápide por toda a eternidade. Mas não agora... Não, agora era hora de fazer Yoongi engolir as próprias palavras.

Todas as armas tinham um acabamento de altíssima qualidade, e o metal de que eram feitas cintilava à luz do sol. Jimin as eliminava uma a uma, avaliando cada arma de acordo com o dano que causaria ao rosto do capitão.

Com o coração acelerado, o dedo de Jimin corria lentamente pelas lâminas e manoplas. Ele se viu dividido entre as facas de caça e uma rapieira com guarda-mão ornada – com ela seria possível arrancar um coração de uma distância segura.

A espada assobiou quando foi puxada do suporte e parou em riste na mão de Jimin. Era uma arma excelente: firme, suave, leve. O assassino não tinha permissão nem para usar facas de pão, como podiam permitir que pusesse as mãos naquilo?

Por que não cansá-lo um pouco antes?

Yoongi atirou a capa sobre a de Jimin, flexionou os músculos por trás da malha negra da camisa e sacou a espada.

– Em guarda! – O capitão assumiu uma posição defensiva, e Jimin o encarou entediado. Quem você pensa que é? Que tipo de gente diz “Em guarda”?

– Você não vai nem me mostrar o básico antes? – perguntou ele, baixo o suficiente para que apenas Yoongi ouvisse, segurando a espada com displicência. Os dedos de Jimin percorreram o cabo e contraíram-se na superfície fria. – Eu fiquei um ano inteiro em Endovier, entende. Poderia muito bem ter esquecido tudo.

– Pela quantidade de mortes que houve na sua seção das minas, duvido muito que tenha esquecido algo.

– Aquelas foram com uma picareta – respondeu ele, com um sorriso selvagem se alargando lentamente. – Tudo o que precisei fazer foi abrir a cabeça de alguém ou perfurar um estômago com a arma. – Felizmente nenhum dos outros campeões prestava atenção aos dois. – Se considera essa coisa sem graça equivalente à esgrima... que tipo de luta você pratica, capitão Min? – Jimin levou a mão livre ao peito e fechou os olhos, enfatizando a mensagem.

O capitão da Guarda avançou rosnando. Como já esperava por isso, os olhos de Jimin se abriram assim que as botas dele roçaram no chão. Com um giro do braço, Jimin posicionou a espada para bloquear o ataque e preparou as pernas para o impacto quando as laminas se chocassem. O ruído era estranho, quase mais doloroso do que o golpe, mas Jimin nem pensou nisso quando o capitão investiu pela segunda vez e ele bloqueou a arma dele com facilidade. Os braços de Jimin doeram ao serem acordados do torpor, mas ele continuou a desviar e bloquear.

Um duelo de espadas é como uma dança – determinados passos devem ser respeitados ou tudo desmorona. Depois de ouvir a batida, tudo voltava à mente. Os outros competidores desvaneceram em sombras e luz solar.

– Bom – disse o capitão entredentes, bloqueando um ataque que o forçou a assumir uma posição defensiva. As pernas de Jimin latejavam. – Muito bom – exclamou ele, com um suspiro. Yoongi era muito bom, mais do que bom, na verdade. Não que Jimin fosse dizer isso em voz alta, claro.

As duas espadas encontraram-se outra vez com um tinido, e os dois forçaram as lâminas uma contra a outra. Ele era mais forte, e Jimin gemeu com o esforço necessário para segurar a espada contra a de Yoongi. Por mais forte que fosse o capitão, no entanto, não era rápido o bastante.

Jimin recuou e fez uma finta, flexionando as pernas, os pés presos ao chão com a graça de um pássaro. Desprevenido, o capitão só teve tempo de desviar, o bloqueio foi inútil devido a sua altura.

Jimin impulsionou o corpo para a frente, desceu o braço repetidas vezes, girando-o e virando-o; Jimin amava a dor sutil no ombro conforme a lâmina se chocava contra a de Yoongi. Jimin se movia rapidamente, como um dançarino¹ em um ritual, como uma serpente do deserto Vermelho, como a água que desce a encosta de uma montanha.

O capitão se manteve de pé, e Jimin permitiu que ele avançasse antes de retomar a posição. Yoongi tentou pegá-lo desprevenida com um golpe no rosto, mas a fúria do jovem despertou e ele ergueu o cotovelo e desviou, acertando o punho do capitão e obrigando-o a baixá-lo.

– Algo que deve se lembrar quando lutar comigo, Park – disse Yoongi, ofegante. A luz do sol atingia os olhos castanhos-dourados dele.

– Hmm? – murmurou Jimin, esforçando-se para defender o último ataque.

– Eu nunca perco. – O capitão abriu um sorriso largo, e, antes que Jimin desvendasse o que ele dissera, algo lhe deu uma rasteira nos pés e...

Jimin teve a sensação nauseante de queda. Ele arquejou quando as costas colidiram com o mármore e a rapieira voou de suas mãos. Yoongi apontou a espada para o peito de Jimin.

– Venci – suspirou ele.

O jovem apoiou o corpo sobre os cotovelos.

– Você teve de apelar para uma rasteira. Isso dificilmente é vencer.

– Não sou eu quem está com uma espada apontada para o coração.

O ar estava saturado com o ruído de armas se chocando e respirações ofegantes. Jimin piscou e virou-se para os outros campeões, todos envolvidos em combates. Todos, claro, exceto Jeonghan, que abriu um sorriso que fez com que Jimin trincasse os dentes.

– Você tem a habilidade – disse Yoongi –, mas alguns dos seus movimentos ainda são indisciplinados.

Os olhos de Jimin pararam de encarar JeongHan e miraram o treinador.

– Isso nunca me impediu de matar – disparou Jimin.

Yoongi gargalhou diante da agitação de Jimin e apontou a espada para a estante uma vez mais.

– Escolha outra. Algo diferente. E interessante também. Algo que vá me fazer suar, por favor.

– Você estará suando quando eu o esfolar vivo e esmagar seus olhos com os pés – murmurou Jimin, empunhando a rapieira outra vez.

– Esse é o espírito.                                

Jimin praticamente jogou a espada de volta na estante e sacou as facas de caça resoluta. Minhas velhas amigas.

Um sorriso sinistro abriu-se em seu rosto.


Notas Finais


¹ Não poderia faltar essa comparação do Jimin com um dançarino ne?

Link para conversas, Data de atualização e Spoiler um tempo antes: https://chat.whatsapp.com/CXmggbtw8lg7tMdVPEZKKC


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