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História Trono de vidro (Hiatus) - Capítulo 12


Escrita por: PerroutAu

Notas do Autor


Infelizmente hj não dá para trazer 2 capítulos como sempre... Sinto muito gente💜

Espero que gostem👑

Capítulo 13 - Capítulo 12


No instante em que Jimin se preparava para voar na direção do capitão com as facas de caça, alguém bateu com uma lança no chão e exigiu atenção. Ele se virou em direção à voz e viu um homenzinho atarracado e careca postado logo abaixo do mezanino.

– Sua atenção agora! – repetiu ele. Jimin virou-se para Yoongi, que fez um aceno positivo com a cabeça e tomou o par de facas das mãos dela. Assim como os outros 23 competidores, os dois encaminharam-se para formar um círculo ao redor do homem.

– Sou Wei Wuxian, mestre de armas e juiz desta competição. É claro que a palavra final sobre o fim que terão é de Sua Majestade, o rei, mas serei eu quem determinará dia a dia quais são dignos de serem considerados campeões.

Enquanto falava, a mão de Wuxian pousou diversas vezes sobre o cabo da espada embainhada, e Jimin não pôde deixar de admirar o belíssimo padrão dourado que adornava a manopla.

– Sou mestre de armas daqui há mais de trinta anos e vivo neste castelo há pelo menos outros 25. Treinei lordes e cavaleiros... e inúmeros aspirantes a campeão de Adarlan. Será muito difícil me impressionar.

Ao lado de Jimin, Yoongi permanecia de pé com os ombros arqueados para trás. A ideia de que Wei talvez tivesse treinado o capitão subitamente cruzou a mente da jovem. Considerando a habilidade que Yoongi demonstrara há pouco, se o mestre de armas tivesse mesmo sido seu treinador, então Wei certamente era merecedor do título que alardeava.

Jimin sabia melhor do que ninguém que subestimar oponentes com base na aparência era um erro.

– O rei já disse tudo o que precisam saber a respeito desta competição – disse Wei, agora segurando as mãos às costas. – Mas imagino que sintam uma comichão para saber mais uns sobre os outros. – O homem subitamente apontou um dedo para JeongHan. – Você, diga seu nome, ocupação e de onde vem. E diga a verdade. Sei que nenhum de vocês era padeiro ou artesão.

O sorriso insuportável de JeongHan ressurgiu.

–JeongHan, soldado do exército do rei. Venho das montanhas Canino Branco.

É claro. Jimin ouvira histórias sobre a brutalidade do povo daquela região; até encontrara alguns, vira a fúria que ardia nos olhos deles. Muitos tinham se rebelado contra Adarlan, e a maioria acabara morta. O que os compatriotas da montanha diriam se pudessem ver JeongHan agora? Jimin trincou os dentes. O que o povo de Terrasen diria se pudesse vê-lo agora?

Wei, contudo, não sabia ou não dava a mínima e nem sequer se deu ao trabalho de reagir à resposta de JeongHan antes de apontar para o próximo, à direita do primeiro. Jimin imediatamente gostou do mestre de armas.

– E você?

O jovem loiro, alto e esguio virou a cabeça para examinar os componentes do círculo, então riu com desdém.

–Lee Sung-Yeol. Mestre dos Ladrões de Melisande.

Mestre dos Ladrões! Aquele homem? Fazia sentido, considerando que o corpo delgado poderia muito bem ser de grande ajuda ao se esgueirar para dentro das casas das vítimas.

Bem, talvez não fosse um blefe.

Um a um, os outros 22 competidores apresentaram-se. Havia mais seis soldados experientes, todos dispensados do exército por comportamento questionável, e deveria ter sido bastante questionável, considerando que o exército de Adarlan era famoso pela brutalidade. Havia mais três ladrões, incluindo Oh Sehun, o jovem de cabelos escuros e olhos cinzentos do qual Jimin havia, de fato, ouvido falar por alto e que passara a manhã toda dirigindo sorrisinhos para ele. Os três mercenários pareciam prontos para cozinhar alguém vivo, e havia também dois assassinos, ainda presos por grilhões.

Como a alcunha sugeria, Yang Hyun-suk, o Devorador de Olhos, tinha por hábito devorar os olhos das vítimas. Tinha uma aparência surpreendentemente comum, com o cabelo pardacento, a pele bronzeada e uma altura mediana, e Jimin se esforçou para não encarar a boca coberta de cicatrizes do homem. O outro assassino era Ned Clement, que por três anos vivera sob o epíteto Foice, devido à arma que usava para torturar e esquartejar sacerdotisas do templo. Era inacreditável que não tivessem sido executados, mas as peles morenas indicavam que ambos tinham passado os anos desde a captura trabalhando sob o sol em Calaculla, o irmão sulino do campo de trabalhos forçados de Endovier.

Em seguida, apresentaram-se dois homens silenciosos, cobertos de cicatrizes, que pareciam ser comparsas de algum senhor da guerra de um reino distante; depois, vieram os cinco assassinos.

Jimin esqueceu-se imediatamente dos nomes dos quatro primeiros: um garoto arrogante e desengonçado; um brutamontes corpulento; um nanico presunçoso; e, por fim, um idiota lamuriento de nariz aquilino que afirmou ter afinidade com facas. Nenhum pertencia à Guilda dos Assassinos – não que Arobynn Hamel fosse aceitá-los, é claro. Tornar-se um membro exigia anos de treinamento e uma ficha mais do que impressionante. Mesmo habilidosos, nenhum dos quatro exibia o tipo de refinamento que Arobynn esperava dos seguidores.

Jimin teria de ficar de olho neles, mas pelo menos não eram os Assassinos Silenciosos das dunas do deserto Vermelho. Aqueles seriam dignos dele – faziam-no suar um bocado. Jimin passara um mês treinando com eles durante um verão escaldante e ainda sentia dor nos músculos à mera lembrança dos exercícios impiedosos do grupo.

O último assassino, que se identificou apenas como Seungri, chamou a atenção de Jimin.

Magro e baixo, o rosto do homem exibia uma expressão que costuma fazer as pessoas virarem o rosto rapidamente. O homem havia entrado no salão usando grilhões e somente os teve removidos quando seus vigias – todos os cinco – lhe deram avisos rigorosos. Mesmo naquele momento, os guardas ficavam próximos, vigiando-o incessantemente.

Quando se apresentou, Seungri exibiu um sorriso seboso que revelou dentes marrons. O nojo de Jimin não melhorou quando Seungri percorreu o corpo dele com os olhos. Um assassino como aquele não se contentava em matar, especialmente quando a vítima era uma mulher. Jimin se obrigou a sustentar olhar faminto do homem.

– E você? – Wei se dirigiu a Jimin.

– Lee Taemin – respondeu Jimin, erguendo o queixo. – Ladrão de joias de Enseada do Sino.

Alguns homens soltaram risinhos, fazendo com que Jimin rangesse os dentes, furioso. Se soubessem seu verdadeiro nome ou que era capaz de esfolá-los vivos com as próprias mãos, certamente não achariam tanta graça.

– Muito bem – respondeu Wei, acenando com a mão. – Vocês têm cinco minutos para devolver as armas às estantes e recuperar o fôlego. Depois terá início uma corrida obrigatória para vermos como estão de resistência. Os que não conseguirem completar a corrida voltarão para casa ou para as prisões onde seus guardiões os encontraram apodrecendo. Este será o primeiro teste em cinco dias. Considerem-nos misericordiosos por não os termos feitos antes.

Após essas palavras, o círculo se desfez, e os campeões cochichavam com os treinadores quais competidores pareciam representar maior ameaça. JeongHan ou Seungri, mais provavelmente.

Com certeza não seria uma ladra de joias de Enseada do Sino. Yoongi permaneceu ao lado de Jimin, observando os outros competidores caminharem para longe. Ele não passara oito anos construindo uma reputação e um ano trabalhando em Endovier para ser desconsiderado daquela forma.

– Se tiver de me apresentar como ladrão de joias de novo...

O capitão franziu a testa.

– O que você fará?

– Sabe como é insultante fingir ser um ladrão desconhecida de uma cidadezinha de Charco Lavrado?

Yoongi o encarou em silêncio por um instante.

– Você é tão arrogante assim?

Jimin estremeceu, e ele prosseguiu:

– Foi idiota lutar com você aqui. Admito que não esperava que fosse tão bom. Por sorte, ninguém reparou. E quer saber por que, Taemin? – Diminuindo a distância com um passo, o capitão emendou em voz baixa: – Porque você é só um menino bonitinho Indefeso. Porque é Apenas um ladrão de joias desconhecido de uma cidadezinha em Charco Lavrado. Olhe em volta. – Yoongi virou-se para que o garoto pudesse ver os outros campeões. – Alguém está o encarando? Algum deles está avaliando você? Não. Porque não representa ameaça real. Não é você que os separa da liberdade ou da riqueza ou do que quer que estejam atrás.

– Exato! Isso é insultante!

– É inteligente, isso sim. E sua boca permanecerá fechada durante toda a competição. Você não se exibirá, não espancará esses soldados, ladrões e assassinos sem nome. Seguirá firme e constante pelo meio-termo, onde ninguém prestará atenção em você, pois sua presença não representa perigo; todos pensam que você será eliminado mais cedo ou mais tarde e que devem voltar a atenção para se livrar de campeões maiores, mais fortes e mais rápidos como JeongHan.

“Mas você perdurará – continuou Yoongi. – E quando seus adversários acordarem na manhã do duelo final e descobrirem que você é o oponente, que você os derrotou, o olhar nos rostos deles fará com que todos os insultos e o descrédito tenham valido a pena. – O capitão estendeu a mão para que fossem para o lado de fora. – O que você tem a dizer sobre isso, Lee Taemin?

– Posso cuidar de mim mesmo – disse ele, suavemente, tomando a mão de Yoongi –, mas preciso admitir que você é brilhante, capitão. Tão brilhante que ganhará de presente uma das joias que planejo roubar da rainha esta noite.

O capitão riu alto, e os dois caminharam até a área da corrida.

[...]

Os pulmões de Jimin queimavam, as pernas pareciam pesadas, mas ele continuava correndo, ocupando sempre a mesma posição à margem do grupo de campeões. Wei, Yoongi e os outros treinadores, além de trinta guardas, os acompanhavam a cavalo pelo parque de caça. Alguns dos competidores – Seungri, Ned e Hyun-Suk entre eles – corriam atados por longas manilhas. Jimin imaginou que seria um privilégio não ter sido acorrentado por Yoongi também. Mas, para sua surpresa, JeongHan liderava o pelotão, quase 10 metros à frente do resto deles. Como conseguia correr tão rápido?

O crepitar das folhas sob os pés preenchia o ar do outono misturado à respiração pesada, ofegante, e Jimin fixou os olhos nos cabelos negros encharcados e reluzentes do ladrão que corria alguns metros à frente. Um passo após o outro, inspirando, expirando. Respirar, tinha de se lembrar de respirar.

À frente, JeongHan fez uma curva e rumou para o norte, de costas para o castelo. Como uma revoada de pássaros, o grupo o seguiu. Um passo atrás do outro, sem diminuir a marcha. Deixe que todos vejam JeongHan, que tramem contra ele. Jimin não precisava vencer aquela corrida para provar que era melhor – ele era melhor sem qualquer tipo de aprovação que o rei pudesse dar! O jovem ficou sem fôlego por um instante, os joelhos trepidaram, mas ele se manteve firme. A corrida acabaria logo. Logo.

Jimin sequer ousara olhar para trás para ver se alguém tinha ficado pelo caminho. Os olhos de Yoongi o acompanhavam, lembrando-o sempre de que deveria se manter no meio-termo. Pelo menos ele confiava e Jimin.

As árvores ralearam e o campo que separava o parque de caça dos estábulos surgiu. O fim do caminho. Jimin sentia a cabeça girar e teria xingado a dor que lancinava lhe a lateral do corpo se ainda tivesse pulmões para isso. Precisava ficar no meio-termo. Fique no meio-termo.

JeongHan deixou as árvores para trás e ergueu os braços, triunfante. Ele correu mais alguns metros, diminuindo o ritmo para esfriar os músculos, e o treinador comemorava pelo concorrente. A única reação de Jimin foi continuar correndo. Poucos metros. O brilho do sol refletido no campo aberto aumentava cada vez mais. Pontos de luz piscaram nos olhos da jovem, preenchendo sua visão. Precisava ficar no meio-termo. Anos de treinamento com Arobynn Hamel a haviam ensinado os perigos de desistir cedo demais.

Por fim, as árvores terminaram, e o campo aberto cercou Jimin com uma explosão de espaço, grama e céu azul. Os homens à frente reduziram o passo e pararam. Para não desabar sobre os joelhos, Jimin desacelerou lentamente, obrigou os pés a caminharem, permitiu-se tomar fôlego aos poucos conforme mais e mais luzinhas invadiam sua visão.

– Bom – disse Wei, refreando o cavalo para observar de perto os primeiros que chegaram. – Bebam água. Vamos treinar mais depois disto.

Através dos pontinhos na visão, Jimin viu Yoongi parar o cavalo. Os pés dele movimentavam-se sozinhos, levando-o na direção do capitão e, depois, para dentro do bosque.

– Aonde você vai?

– Deixei meu anel cair – mentiu ele, esforçando-se para parecer apenas relapsa. – Só preciso de um minuto para encontrá-lo. – Sem esperar por aprovação, os pés de Jimin a levaram na direção das árvores, ao som dos risinhos e zombarias dos campeões que ouviram a conversa. O ruído de passadas e folhas quebrando-se indicava que outro competidor se aproximava. Jimin se escondeu atrás dos arbustos, tropeçando conforme o mundo escurecia, depois se iluminava, então começava a girar. O garoto mal tinha se apoiado quando começou a vomitar.

O estômago de Jimin se contraiu diversas vezes até que não restasse mais nada dentro dele. O campeão retardatário passou. Sem forças, ele se postou de pé usando uma árvore como apoio e tentou endireitar-se. O capitão Min assistia à cena da trilha, comprimindo os lábios.

Jimin limpou a boca com o dorso da mão e não disse nada quando passou por ele ao sair do bosque.



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