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História Trono de vidro (Hiatus) - Capítulo 19


Escrita por: PerroutAu

Notas do Autor


Aproveitem!

Capítulo 20 - Capítulo 19


Sentada em uma cadeira próxima à lareira do salão principal, Chaeyoung observava o duque Kim conversar com a rainha Jeon em seu palanque. Era uma pena que JungKook tivesse saído tão rapidamente uma hora antes; Chaeyoung não tivera a chance de conversar com ele. Isso era especialmente irritante considerando que passara grande parte da manhã se vestindo para o cortejo: os cabelos pretos como penas de corvos estavam perfeitamente presos ao redor da cabeça, e a pele dela reluzia dourada devido ao sutil pó brilhante que colocara sobre o rosto. Embora os laços do vestido rosa e amarelo lhe esmagassem a costela e as pérolas e os diamantes ao redor do pescoço a estrangulassem, ChaeYoung mantinha o queixo alto, empertigada. Jungkook saíra, mas o surgimento do Duque Kim fora uma surpresa inesperada.

O duque raramente visitava a corte; aquilo devia ser importante. Chaeyoung se levantou da cadeira próxima à lareira quando o duque fez uma reverência para a rainha e se dirigiu à porta. Quando ela se colocou no caminho do Duque Kim, ele parou ao vê-la, os olhos reluzindo com uma luxúria que a fazia querer se encolher. O duque Kim fez uma reverência acentuada.

– Milady.

– Vossa Alteza – sorriu ela, enterrando toda aquela repulsão bem fundo de si.

– Espero que esteja bem – falou Kim, oferecendo o braço para conduzir Chaeyoung para fora do salão. Ela sorriu mais uma vez e o aceitou. Embora o duque fosse um pouco rechonchudo, músculos fortes cobriam o braço que oferecera a Chaeyoung.

– Muito bem, obrigada. E você? Sinto como se não o visse há dias e mais dias! Que surpresa maravilhosa que tenha visitado a corte.

Duque Kim exibiu um sorriso com dentes amarelados.

– Também senti sua falta, milady.

Chaeyoung tentou não se encolher quando os dedos peludos e gordos do duque roçaram sua pele impecável e, em vez disso, inclinou a cabeça na direção dele.

– Espero que Sua Majestade esteja em boa saúde; sua conversa foi agradável?

Ah, era tão perigoso investigar, principalmente porque Chaeyoung estava na corte sob a hospitalidade do duque. Conhecê-lo na primavera anterior fora um golpe de sorte. E convencê-lo a convidá-la para a corte – principalmente após insinuar o que o esperaria depois que a jovem estivesse fora da casa do pai e sem um supervisor – não foram tão difícil. Mas Chaeyoung não estava ali simplesmente para aproveitar os prazeres da corte. Não, ela estava cansada de ser uma lady inferior, aguardando para ser oferecida em casamento para o lance mais alto, cansada de política menor e de tolos facilmente manipuláveis.

– Sua Majestade está muito bem, na verdade – respondeu Kim, enquanto levava Chaeyoung para os aposentos. O estômago dela se contraiu levemente. Embora ele não escondesse que a desejava, não a havia pressionado para levá-la para a cama... ainda. Mas com um homem como Kim, que sempre conseguia o que queria... ChaeYoung não tinha muito tempo para encontrar um modo de evitar ter de cumprir a promessa sutil que fizera ao duque no início daquele ano. – Mas – continuou o duque – com um filho em idade de se casar, ela anda ocupada.

Chaeyoung mantinha o rosto inexpressivo. Calma. Serena.

– Podemos esperar alguma notícia de noivado em um futuro próximo? – Outra pergunta perigosa.

– Certamente espero que sim – murmurou o duque, o rosto tornou-se obscuro sob os cabelos desgrenhados. A cicatriz protuberante ao longo da bochecha de Kim se destacou de forma pungente. – Sua Majestade já tem uma lista de garotas consideradas apropriadas... –

O duque parou, lembrando-se de com quem falava, e Chaeyoung piscou os olhos para ele.

– Ah, sinto muitíssimo – disse a jovem, como um ronronado. – Não quis me intrometer nos assuntos da Casa Real. – Chaeyoung deu tapinhas no ombro de Kim, o coração acelerado como se galopasse. Jungkook recebera uma lista de noivas apropriadas? Quem estava nela? E como ela poderia... Não, pensaria naquilo mais tarde. Por enquanto, precisava descobrir quem estava entre ela e a coroa.

– Não há por que se desculpar – disse o duque, os olhos brilhando. – Venha, diga-me o que tem feito nesses últimos dias.

– Nada demais. Embora tenha conhecido um jovem muito interessante – falou Chaeyoung, de modo casual, levando Jungkook por uma escadaria ladeada por janelas na seção de vidro do castelo. – Um amigo de Jungkook, Sir. Taemin, foi como ele a chamou.

O duque ficou definitivamente retesado.

– Você o conheceu?

– Ah, sim... ele é bastante gentil. – A mentira rolou pela língua da jovem. – Quando falei com ele hoje, mencionou o quanto o príncipe herdeiro gosta dela. Espero que para o próprio bem esteja na lista da rainha. – Embora quisesse alguma informação a respeito de Taemin, não esperara isto.

–Sir. Taemin? É claro que não está.

– Pobrezinho. Suspeito que ficará de coração partido. Sei que não é minha posição indagar– continuou Chaeyoung, e o duque ficava cada vez mais vermelho e furioso –, mas soube faz uma hora do próprio Jungkook que...

– Que o quê? – Um calafrio percorreu o corpo de Lady Park diante da raiva de Kim... não raiva dela, mas de Taemin. Da arma que Chaeyoung, por acaso, tivera a boa sorte de encontrar.

– Que ele é muito apegado a Sir. Temin. Possivelmente está apaixonado por ele.

– Isso é um absurdo.

– É verdade! –Chaeyoung deu um aceno triste com a cabeça. – Que trágico.

– Tolice, é o que é. – O duque parou no fim do corredor que levava ao quarto de Chaeyoung. A raiva lhe fazia soltar a língua. – Tolice e loucura e impossível.

– Impossível?

– Algum dia explicarei por quê. – Um relógio soou desafinado, e Kim se virou na direção do instrumento. – Tenho uma reunião do conselho. – Ele se inclinou próximo o bastante para sussurrar no ouvido de Chaeyoung, o hálito dele era quente e úmido contra a pele dela. – Talvez a veja esta noite? – O duque arrastou uma das mãos pela lateral do corpo da jovem antes de ir embora.

Ela o observou partir e, quando o homem desapareceu, Chaeyoung emitiu um suspiro e estremeceu. Mas se ele pudesse aproximá-la de Jungkook...

Chaeyoung precisava descobrir quem eram suas concorrentes, mas ainda precisava encontrar um jeito de arrancar as garras de Taemin do príncipe. Com ou sem lista, o garoto era uma ameaça.

E se o duque o odiava tanto quanto parecia, Chaeyoung poderia ter aliados poderosos quando chegasse a hora de se certificar que Taemin soltasse Jungkook.

(...)

Jungkook e Yoongi não disseram muito conforme caminhavam para o jantar no salão principal. A princesa Jisoo estava a salvo nos aposentos, cercada pelos guardas. Fora rapidamente acordado que, embora fosse tolice Jimin lutar com a princesa, a ausência de Yoongi era indesculpável, mesmo com o campeão morto para investigar.

– Você parecia bastante amigável com Park – disse Yoongi, a voz fria.

– Está com ciúmes? – provocou Jungkook.

– Estou mais preocupado com sua segurança. Ele pode ser bonito e pode impressioná-lo com sua inteligência, mas ainda é um assassino, Jungkook.

– Você parece meu pai.

– É bom-senso. Fique longe dele, campeão ou não.

– Não me dê ordens.

– Só estou fazendo isso para sua segurança.

– Por que ele me mataria? Acho que gosta de ser paparicado. Se não tentou fugir nem matou ninguém, então por que o faria agora? – O príncipe deu tapinhas no ombro do amigo. – Você se preocupa demais.

– É meu trabalho me preocupar.

– Então terá cabelos brancos antes dos 25 anos, e Park certamente não se apaixonará por você.

– Que besteira está dizendo?

– Bem, se ele tentar escapar, o que não fará, então partirá seu coração. Você será obrigado a jogá-lo na masmorra, a caçá-lo ou a matá-lo.

– Jungkook, não gosto dele.

Ao perceber a irritação crescente do amigo, Jungkook mudou de assunto:

– E quanto ao campeão morto... o Devorador de Olhos? Alguma ideia de quem tenha cometido o crime, ou por quê?

Os olhos de Yoongi ficaram sombrios.

– Estudei diversas vezes nos últimos dias. O corpo estava totalmente destruído. – A cor desapareceu das bochechas de Yoongi. – As entranhas puxadas para fora e desaparecidas; até mesmo o cérebro estava... desaparecido. Enviei uma mensagem a seu pai a respeito, mas continuarei investigando enquanto isso.

– Aposto que foi apenas uma briga de bêbados – disse Jungkook, embora tivesse, ele mesmo, participado de diversas brigas de bêbados e jamais soubera de ninguém que removesse as entranhas da outra pessoa. Um arrepio de medo se formou na mente do príncipe. – Meu pai provavelmente ficará contente porque o Devorador de Olhos morreu de vez.

– Espero que sim.

JungKook sorriu e passou um dos braços sobre os ombros do capitão.

– Com você investigando, tenho certeza de que tudo será resolvido amanhã – disse o príncipe, guiando o amigo até o salão de jantar.



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