História Trouble boys - Aniversário de namoro

Aquele dia estava sendo realmente muito longo. Ainda não eram nem oito horas! Felix e Changbin se arrumavam em frente ao espelho do mais novo, com as energias já recuperadas. Porém a fadiga ainda era incomoda. 

— Hyung, e agora? — o Lee perguntou, puxando os fios para trás enquanto aplicava um produtinho.

— Como assim bebê? 

— Ah, é q-que... — gaguejou um pouquinho, fazendo Changbin finalmente olhar para si e entender. Ele riu. 

— Está com vergonha meu amor? — Felix bufou, escondendo o rosto. Changbin lhe beijou, fazendo-o ficar mais achanhado ainda. — Não fique assim ok? Agora que estamos namorando, vamos fazer muito isso e... 

— Changbin! 

[•••]

Hyunjin chegou em um Uber, já "arrumado" (com suas roupas de sempre e a terrível jaqueta do time) alguns minutos depois. A viajem foi curta e Felix se sentia cada vez mais nervoso. Não gostava de festas e muito menos de festas onde não conhecia ninguém, mas Hyunjin pegou em sua mão e disse que estava tudo bem. 

Vinte minutos depois de chegarem no local barulhento, o Lee já estava entediado. Não tinham muitas pessoas, mas era uma casa pequena, então parecia que estava lotado. 

— Quero ir 'pra casa. — o ruivinho fez bico, puxando de leve a barra da blusa do capitão que tinha um copo de cerveja nas mãos.

Changbin era um tantinho fraco, bebeu dois copos de cerveja e já estava um pouco alterado. Então ele não estava mais ali, e sim na cozinha fazendo drinks para si mesmo. 

— Nós já vamos ruivinho, me deixa só procurar o Jisung. Ele disse que queria te conhecer. — Falou meio gritando por causa da música alta. 

— O namorado do menino bonito? — o menino bonito era Minho. Felix tinha achado ele lindo.

— Eu sou mais bonito do que ele. — Hyunjin ainda não conseguia disfarçar seu desconforto com isso, mas sabia que era genuíno por parte do Lee. Felix riu. 

— Eu sei hyung, mas eu ainda quero ir embora. — voltou a insistir e Hyunjin suspirou, saindo dali em passos rápidos com um aceno. 

Felix voltou a ficar sozinho. Deu uma espiada em Changbin na cozinha e estava tudo bem, então resolveu procurar um lugar próximo para sentar enquanto o Hwang não voltava. Olhou ao redor e o único espaço que não havia três ou mais casais se beijando era ao pé da escada, então ele foi até lá e sentou no último degrau. 

Respirou fundo, olhando com tédio as pessoas ao redor. A música alta fazia seus ouvidos coçarem e o contato físico desnecessário o fazia sentir um pouquinho de nojo. Ele só queria ir até a sua casa e dormir o quanto antes. 

Viu Hyunjin conversando com Minho e outro menino mais na frente, e implorou em pensamentos para que ele não se distraísse e viesse logo até si.  Mas não adiantou, e alguns minutos depois Hyunjin já estava tão entretido na conversa que se afastava para poder sentar junto com os outros. O Lee bufou. 

Apoiou o braço nos joelhos e o queixo nas mãos, um bico enorme enfeitava seus lábios. Estava preguiçoso demais para ir até o (finalmente) namorado, mas queria muito ir embora e para isso tinha que chamá-lo. Ó Deus, porque é tudo tão difícil?

Se rendeu e levantou, mas antes que podesse dar um passo, Chan ocupou seu campo de visão. Ele não estava como aquele garoto apreensivo que Felix viu pela manhã, pelo contrário, o Bang bad boy estava ali. E ele estava bebendo, então não foi difícil deduzir que a conversa com Seungmin não tinha ido bem.

Ou não.

— Ah! Oi bebê, o que faz em uma festa? — O Lee sorriu. Bom, aquela pergunta era mil vezes melhor do que uma provável enciumada que ele faria, como "quem te trouxe aqui?" Ou "porque não me disse que viria? Eu queria ficar perto de você". Era bom saber que Chan estava lhe superando. 

— Eu vim conhecer um tal de Jisung, mas até agora ele não apareceu. — Deu de ombros. — Hei, como foi a sua conversa com Seungmin hoje de manhã? — o mais velho pareceu confuso por um instante, mas logo voltou ao normal e um suspiro frustrado deixou seus lábios. 

— Não consegui conversar com ele. Quando eu ia tocar a campainha Jeongin chegou e implorou pedindo para que eu deixasse ele conversar com ele primeiro, então eu vim embora. Fiz certo em confiar? — Felix sabia que isso tinha deixado o mais velho irritado. Ele odiava traições, e principalmente, quando elas eram mantidas em segredo. 

— Acho que sim. Jeongin disse que está preparando um modo de contar e ele sem estragar mais as coisas. Mas a culpa não é sua. — fez questão de lembrar, sorrindo pequeno junto com Chan. 

De longe, Changbin, que voltava da cozinha, amassou o copinho de plástico em mãos ao ver Felix com Cristopher. Não era um idiota ciumento possessivo, mas Chan lhe causava o famoso 'medo de perder'. E ele não confiava em deixar o Lee sozinho com ele. 

— Amor, você já quer ir? Quero dormir abraçadinho com você. — murmurou alto o suficiente, abraçando Felix por trás e fingindo não ter notado o Bang ali. Felix sentiu as bochechas quentes, acanhado pelo namorado indiscreto. 

— Já vou, Lix. — Cristopher murmurou, saindo de fininho tão incomodado. 

Changbin o soltou, beijando sua bochecha e indo à sua frente. 

— Você já quer ir? — o menor assentiu, voltando a ficar esperançoso. — Me espera lá fora tá bom? Eu só vou chamar o Hyunjin. Outro dia marcamos para que você e Jisung se conheçam. 

O mais velho saiu, parecia um pouco cambaleante, mas nada que uma boa noite de sono não resolvesse. Felix achou a porta da frente e saiu, caminhando até o outro lado da calçada para se sentar no meio fio enquanto esperava. 

Enquanto estava atravessando a rua, sentiu algo colidir com suas costas, e rapidamente pensou no pior, mas felizmente (?) era só uma garota bêbada, que foi ao chão com o impacto um tanto forte. 

— Aí meu Deus, você está bem? — Se abaixou para juntar a menina, e engoliu em seco ao ver que era Yeri. Não iria negar ajuda a ela, mas tinha meda de ela arrancar a sua mão fora. 

Por sorte, ela apenas aceitou a ajuda, se apoiando nos braços do ruivinho quando lhe foi permitido. 

Yeri continuava linda, se não fosse por seus modos ninguém diria que parecia bêbada. Não era possível que nem mal hálito ela tinha, Felix se sentia pequeno perto dela. 

— Você... — A Kim se afastou um pouco, olhando bem nos olhos temerosos do menor e depois desabando em um choro silencioso. Felix ficou sem muita reação, então apenas deixou que ela apoiasse a cabeça em seu peito para chorar. Arrastou-a do meio da rua e sentou no meio fio junto dela. — Você tem que me contar! — limpou suas bochechas, voltando a olhar o menino nos olhos. — Tem que me dizer o que tenho que fazer. Como você consegue? 

— Desculpa Yeri, do que você está falando? — quase suspirou de alívio por não ter gaguejado, e esperava que aquilo tudo não fosse alguma brincadeira de mal gosto dela. 

— Como você consegue conquistar tudo mundo? O Chan, o Hyunjin e até o namorado dele. — bufou, passando as mãos pelos cabelos e começando a prende-los em um coque enquanto falava. O rímel borrado. — Me diz, por favor, eu paro até de implicar com você, eu só quero uma dica. Desde que me entendo por gente eu tô tentando algumas coisa com o Hyunjin e nunca consegui nem um abraço dele! — soltou os fios morenos frustrada por não conseguir prende-los, seus olhos nunca desgrudando dos de Felix, por mais que ele tentasse desviar. 

— An... — o Lee não fazia ideia do que responder, e a mais velha levou aquilo como uma deixa para tentar adivinhar qual seria o "segredo de conquista" do mais novo. 

— Só uma palavrinha. É seu perfume? Você cheira muito bem, se você quisesse eu te beijava. — fez bico, se aproximando para tentar cheirar o pescoço do menor, que a afastou da maneira que podia. — Já sei, é seu cabelo ruivo né? Talvez se eu pintar o meu também... — murmurou a última parte como se fosse para si mesma mesma. 

Felix suspirou. 

— Yeri, pare! Já parou para pensar que talvez não seja você? Hyunjin é gay! E namora a anos. Por que você nunca desistiu? — Sua voz foi ficando mais calma gradativamente. Estava tentando entende-la, por mais tolo que parecesse. — Tem várias pessoas tão bonitas quanto ele por aí, que com certeza vão querer uma chance com você! Para de insistir num erro. 

— E-eu... — "gaguejou, perdeu o argumento" Felix pensou, mas apenas mordeu os lábios em culpa. Às vezes sua mente o traía. — Eu não sei só... argh! 

— Eu posso te levar 'pra casa, você parece cansada. — ofereceu, genuinamente preocupado. Não é como se odiasse a menina. Yeri negou. 

— Eu não estou bêbada, se é o que acha. Não bebo. — fez uma careta, como se só lembrar o gosto do álcool lhe desse ânsia. Olhou o garoto de cima a baixo, limpando da forma que podia a maquiagem que borrava suas bochechas e engolindo em seco após um suspiro. — Eu já vou. 

E saiu, voltando a esbarrar em alguém. Seu corpo entrou em pane quando olhou para cima e viu Hyunjin, que pelo visto já estava a um bom tempo observando os dois. Mas logo voltou ao normal, arrumando as roupas e saindo apressada, sem nem notar que ele não estava sozinho. 

Felix acompanhava ela com o olhar e corou quando deu de cara com seus namorados, juntamente de Minho e quem poderia pré julgar como Jisung. Eles pareciam ter escutado tudo e mesmo que não tivesse motivos para se envergonhar, ficou. 

— Irra! — Minho riu alto, seu braço sendo estapaeado pelo namorado. — Eaí Felix? — cumprimentou, e o ruivinho apenas se deixou ser abraçado por Hyunjin, escondendo o rosto no peito dele. 

— Tá tudo bem amor. — ele sussurrou para o mais novo, que lhe olhou de baixo e recebeu uma confirmação. — Jisung, esse é o Felix, meu namorado, e bebê, esse é o Jisung, nosso amigo e namorado do Minho. 

Felix o soltou, recebendo timidamente as saudações e aos poucos se deixando levar pela conversa animada que o Han tinha. Nesse meio tempo, Changbin lhe arrastou do meio da rua e novamente se via sentado no meio fio da calçada. 

Conversa vai, conversa vem, o Seo impressionado com a facilidade que Jisung teve de deixar Felix a vontade. Já estava tarde, o pequeno bocejava e coçava os olhinhos enquanto trocava números com o Han, que riu do jeito fofo do menino. 

— Desculpa gente, acho que já vamos. — Hyunjin levantou, enquanto Changbin pediu um carro pelo celular. — Vou colocar meu neném 'pra dormir. — voltou a abraçar Felix da mesma forma de antes, este que apenas murmurou um "sim" manhoso, cansado demais para se achanhar. 

Minho revirou os olhos.

— Ele é seu namorado, não seu filho.

— Aí, para de ser chato. — Changbin retrucou, beijando os cabelos macios do mais novo. — Não tem problema não é bebê? — perguntou a Felix, que apenas abriu os olhinhos devagar e o encarou sem entender. Ele estava quase cochilando nos braços quentes do Hwang. Changbin e Jisung riram. — Nada não.