História Trouxa Por Você: A saga de um Bruxo e sua Flor - III - Quando descobre versões do nome (Dente-de-leão I).

- Escuta só esse, Geralt! Além de Dandelion* também pode ser Blow Ball*. Não soa legal?

- Não – Geralt resmungara em resposta.

Como sempre, o bruxo tinha que fazer todo o trabalho: montara o acampamento e estava caçando alguns peixes no lago com uma rede para poder cozinhar e jantarem. Enquanto isso, Jaskier se encontrava cheio de risinhos irritantes, deitado de bruços na grama, com as pernas sacudindo para o alto em empolgação enquanto ele lia um livro misto entre botânica e linguística – o que, na verdade, lhe parecia completamente inútil.

Igual ao bardo.

- Olha esse! Pissenlit*. Não é bonitinho? Pisssss-senlit.

- Não – rosnara pelo que deveria ser a décima vez, ocupado demais com seus esforços físicos.

- E que tal...

– Por que você não lê algo útil? – interrompera o bardo, quem já tinha conseguido extrapolar os limites de sua paciência.

- Ei! Foi você quem disse que não queria mais meu nome associado com o seu depois... Daquele pequeno incidente com meu nome na taberna. Lembra?

Ah, sim... Aquele maldito incidente com Jaskier bêbado esquecendo o próprio nome cujo qual Geralt chegara a cogitar a possibilidade de matar todos os que estavam lá naquela noite para que não houvesse testemunhas.

Não tinha como não lembrar daquela mancha.

- Era para você sumir, não mudar de nome.

- Mas o que seria de você sem a sua flor, não é mesmo?

Geralt parara de puxar a rede para lançar um olhar ameaçador na direção do bardo, quem rira como uma criança travessa e lhe soprara um beijo.

- Vou deixar você sem comida – ameaçara.

- Você não deixa nem a Plotka sem comida.

- Ela é mais útil do que você – retrucara, voltando a puxar a rede. Na verdade, até mesmo Plotka estaria o ajudando naquele momento, caso ela fosse capaz de compreender a necessidade.

- Ah, Geralt! Tem um excelente aqui! Dente-de-leão. Não tem uma sonoridade linda? Dente-de-leão – ele repetira mais devagar.

Não tinha ideia do porquê de Jaskier não agir como uma pessoa normal e usar um nome de gente.

- Hm – resmungara sem vontade, mais preocupado em puxar a rede, ciente de que se continuasse em negação, receberia mais e mais nomes até que concordasse com algum.

- Então fala, vai! Dente-de-leão.

- Não.

- Mas não é bonito? Soa tão... Poético. E marcante. Dente-de-leão - Jaskier testara a sonoridade, pronunciando as sílabas lentamente.

Abaixara-se, sacando a faca e começando a estripar o peixe, descontando sua frustração ali.

- Melhor escolher algo mais curto.

- Mas aí é que está! Ninguém vai decorar, ou saber pronunciar, além de nós. Então nunca vão poder espalhar histórias como aquela de Jaskier.

Lançara um olhar desconfiado por sob o ombro para o bardo logo atrás.

- Desde quando você não quer que lembrem seu nome?

Jaskier ainda estava deitado, com o queixo apoiado na mão e um sorriso de pura inocência – fajuta – nos lábios.

- Pelo meu bruxo eu até posso me apagar um pouquinho.

Já estava cansado de mandar Jaskier se foder, então resignara-se a voltar ao seu trabalho de estripar o peixe, então levantando-se e levando ao fogo.

- Fala, Geralt! “Dente-de-leão”. Eu quero ouvir se é bom mesmo.

- Não.

- Você deveria aprender a pronuncia enquanto estamos a sós. Não quer correr o risco de alguém falar a língua e você errar na frente, não é?

Frustrado, Geralt vira-se sem saída pela primeira vez. Jaskier tinha um bom ponto. Se não cedesse e pronunciasse aquele nome teria que chamá-lo de Jaskier na frente de todos e ser identificado como “o bruxo que deu nome de flor ao seu bardo”.

- Faça algo de útil e pegue mais galhos, Dente-de-leão.

O sorriso de maníaco que Jaskier lhe lançara naquela hora seria bem preocupante, se Jaskier já não fosse estranho o suficiente. Ele levantara com uma animosidade ainda mais questionável, afinal, o normal era Jaskier se fazer de surdo até que o bruxo se frustrasse e realizasse a tarefa por conta própria.

- Qualquer coisa por você, Geralt querido – ele debochara antes de ir buscar os galhos.

Tinha certeza de que algo estava errado ali. E, no entanto, se fosse se preocupar com cada besteira estranha que Jaskier fazia, Geralt acabaria sem tempo para mais nada.

 Já considerava até que pensava demais no bardo, para seu próprio gosto...