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História True colors - True colors.


Escrita por: shadesofselena

Notas do Autor


Demorei um pouquinho para atualizar o capitulo final da fic, mas aqui está! É o maior capitulo até agora, então leiam no tempo de vcs. 💘 Boa leitura!

Capítulo 13 - True colors.


Fanfic / Fanfiction True colors - True colors.

Justin Bieber Point Of View.

 Enquanto saia do hospital e me dirigia ao estacionamento, eu não tinha uma palavra única para descrever como eu me sentia. Era um misto de intensas emoções correndo dentro de mim sem parar uma só vez.

 Estava devastado. Nervoso. Culpado. Desesperado.

 Tudo o que vinha em minha cabeça era Selena. E em como eu havia a feito sofrer. Nunca esqueceria as lagrimas que ela havia derramado por mim e a forma que ela me olhou.

 Minhas mãos tremem enquanto eu ando pelo estacionamento. Ao erguer meu rosto, tenho a visao de Alaska. Começo a andar em sua direção em passos mais decisivos e firmes do que imaginei, cego por uma emoção forte que eu sabia que não me faria parar.

 Até que ele aparece. Saindo do carro em seu terno que eu sabia que custava mais que cinco salários mínimos por mês.

— O que você está fazendo aqui? – eu pergunto, praticamente cuspindo as palavras enquanto parava a alguns passos dos dois.

 Meu pai me exibe aquele olhar.

 Aquele olhar que passei anos aguentando e tentando engolir.

 Aquele olhar que sempre dizia “você não é bom o suficiente, se esforce mais. Ainda não é bom como eu. “

— Cantando em uma banda? Namorando uma garota cega? – ela diz as palavras como se estivesse dizendo o nome de uma doença contagiosa. — Na primeira vez que ouvi isso achei que fosse alguma brincadeira de alguém. Que estivessem tentando caçoar da minha cara. Mas então, continuei ouvindo. Não me surpreendi por você ter descido a esse nível. Deveria esperar. Não te treinei bem o suficiente. Não te fiz um homem ainda.

 Meu maxilar se trava por suas palavras e volto a sentir minhas mãos tremerem. Aquela sensação se voltou ao meu peito. A sensação de me sentir pequeno. De não me sentir bom o suficiente para ele.

— Eu sou ocupado, você sabe. Voei para cá para tentar botar um bom senso na sua cabeça antes que seja tarde demais. Temos um vôo para pegar em uma hora e uma reunião marcada amanhã cedo. Vou te reintegrar na equipe novamente. Você vai concorrer ao cargo de vice presidente. – ele pausa em seu discurso, provavelmente esperando alguma reação minha. O cargo de vice presidente era o mais concorrido da empresa, e diga-se de passagem, ninguém o conseguia. Era passado de herdeiro para herdeiro, então era esperado que ele fosse meu algum dia. Mas eu nunca esperei. Nunca imaginei que meu pai poderia de fato, passá-lo para mim. — Isso, se claro, você continuar casado com a Alaska. – concluiu ele. — Negócios vão continuar sendo negócios. Você sabe tanto quanto eu que ela é importante e aposto que é uma esposa incrível, inteligente e respeitável. – ele abre a porta do carro para mim. — Vamos, filho. Todos os erros do passado serão esquecidos. Apenas entre no carro.

 Eu levo alguns segundos para assimilar tudo o que ele estava me dizendo e me oferecendo. Dou uma boa olhada em seu rosto e sabia que sua oferta era verdadeira. Olho para a Alaska, e tambem sabia que, de fato, ela me aceitaria de volta sem pensar duas vezes.

 Então eu sorrio. Tentando engolir um riso seco que quer escapar de minha garganta.

— Não.

 O olhar do meu pai se perde em um misto de surpresa e raiva.

— Como é?

— Eu disse não.

 Nego com a cabeça, apenas para dar ênfase em minha resposta. Eles não entendiam. Nunca iriam entender. Meu pai não viajava para me ver aqui em Boston, nunca, e a única vez que fez isso foi visando negócios. Eu era apenas isso para ele. Um negócio. Sempre fui, e sempre seria. Não um filho. Não alguem para amar, ensinar e proteger. Apenas um negócio.

— Justin, escute o Jeremy. – interveio Alaska, de um jeito gentil ao mesmo tempo que decisivo. Ela era assim. Transitava entre a simpatia e a frieza em dois segundos. — Nós podemos fazer isso. Vamos ser grandes. Crescer a empresa ainda mais. Vamos ter tudo o que sempre quisemos. Não é um sacrifício tão grande assim.

 Eu a encaro seriamente. Ambos deles.

— Vocês acham que eu quero isso? – pergunto, e não esperando pelas respostas apenas continuo. — Não! Eu não quero isso. Eu nunca quis isso. Pensei que pudesse fazer algo assim porque seria alguem importante. Poderia ser alguém bom, alguem que eu me orgulhasse. Poderia ser como você. – digo, apontando para o meu pai. — Eu costumava me espelhar em voce. Mas eu nunca fui feliz lá. Nunca fui feliz fazendo o que fazia. Nunca fui feliz casado com voce, Alaska. Eu estava me tornando cada vez mais como uma máquina de negócios e cada vez menos como eu.

 Eu respiro fundo, tentando colocar meus pensamentos e frases em ordens, apesar de já me sentir exausto apenas por essas poucas palavras ditas.

 Eu olho para o meu pai, tentando tomar coragem para lhe falar de uma vez tudo o que eu queria lhe dizer nesses ultimos dias.

— Eu costumava te admirar. Querer ser como você. Querer a sua aprovação para tudo. Mas isso era um sonho de criança, um sonho adolescente. E eu já não sou nenhum adolescente mais. Não preciso de sua aprovação para nada. E com toda a certeza do mundo, sei que não quero ser como você. Vindo para cá eu me tornei a melhor versão de mim que jamais achei possível que encontraria. Não preciso mais te admirar porque agora eu mesmo me admiro. Sei que sou o suficiente. Você pode falar mal de mim e da minha banda como se não fossemos grande coisa, mas eu sei que somos. Eu sei o nosso valor e acredito em nós. Acredito em mim. Coisa que jamais fiz enquanto estava com você.

 Eu olho para Alaska agora, pensando em tudo o que passamos juntos e em como ela havia tratado Selena. Queria sentir raiva dela, mas aquilo tambem era culpa minha. Não podia jogar tudo em suas costas como se eu tambem não tivesse agido errado.

— Você foi uma boa esposa. Você foi excelente. Mas nós fomos condicionados a isso desde pequenos. Sempre esteve nos planos deles que deveríamos nos juntar e casar algum dia. Para o bem dos negócios. Você não quer casar por amor? Por alguém que realmente te queira, cuide de você e te ame? Porque eu não te amo, Alaska. Nunca amei. A única garota que tem o meu coração foi aquela que você fez chorar naquele quarto de hospital. E ela é a única que vai receber alguma coisa de mim. – eu passo uma de minhas mãos por meu cabelo, cansado demais de continuar falando, e quase sem palavras. Minhas energias estavam esgotadas. — Nós não podemos mais fazer isso. Eu não quero isso. Não quero voce. E eu te respeito o suficiente para saber que você tambem merece mais do que eu.

 Eu esperei que ela dissesse alguma coisa. Mas Alaska manteve sua boca fechada. Seus olhos estavam marejados, mas ela não tentou me persuadir dessa vez, ou insistir no assunto. Depois de anos de amizade e algum tempo de casados, essa foi a primeira vez que eu a vi chorar.

 Eu dou as costas para ambos. Andando em direção ao meu carro e o ligando, querendo sair de lá o mais rápido possível.

 Não tinha mais nada a dizer. Tudo já havia sido esclarecido.

 Só podia esperar que eles tomassem a sabia decisão diante disso.



Selena Gomez Point Of View.


 Eu tinha todos os motivos do mundo para estar feliz.

 Estava enxergando.

 Estava com meus tios pela primeira vez depois de meses que eles ficaram longes enquanto trabalhavam no cruzeiro.

 Consegui ver todas as pessoas que eu amava. Contemplar suas belezas de perto enquanto tocava em seus rostos e sorria ao perceber a diferença de cada pequeno detalhe que cada pessoa obtinha. Fosse no formato do nariz; na grossura dos labios; no tamanho dos cilios.

 Vi Hope. De inicio ela estranhou o fato de eu leva-la para sair e saber exatamente para onde ir, sem que ela precisasse me guiar.

 Aprendi com Ryan a ler e escrever em letra de forma e de mão, o que foi um aprendizado rápido já que já haviamos treinado antes. Então pude finalmente assistir o tipo de série que todos comentavam e amavam.

 Nos primeiros dias eu lidava com algumas dores de cabeça pela visão restaurada, mas agora isso havia passado. Pude me deliciar vendo algumas coisas que sempre desejei, como o pôr do sol; assistir a chuva cair; ver o desbrochar de uma flor; observar a lua e as estrelas.

 Como eu disse: tinha todos os motivos do mundo para estar feliz.

 E ainda assim, eu não estava. Não completamente.

 Era como se essas pequenas vitórias se juntassem em alegrias momentâneas, mas que depois, em apenas uma lembrança de Justin ou sequer a citação do nome do mesmo, tudo sumisse.

 Eu sentia sua falta mais do que tudo. E doía, bem lá no fundo. Uma dor incômoda que estava sempre presente, não importava o que eu fizesse ou que deixasse de fazer.

 Havia passado só duas semanas desde a conversa do hospital, mas eu sentia como se fosse ontem. Ele tentava entrar em contato comigo, me ligando, mandando mensagens, mas só após ter vindo em casa pessoalmente uma vez e ter levado da Maggie um chute no saco foi que ele parou. Segundo ela, havia dito no calor do momento “ela precisa de um tempo, seu babaca! “ antes de tê-lo acertado. Seja suas palavras ou a agressao, ele pareceu finalmente entender que eu precisava mesmo de um tempo.

 A tour da banda pelo estado iria finalmente começar. Engraçado como antes isso era tudo que eu gostaria de fazer parte, e como eu iria amar assistir o sucesso da banda. Agora, estava fugindo disso como o diabo foge da cruz.

— Não será grande coisa. Podemos ficar juntas nos quartos de hotéis até isso tudo acabar. E eu não vou deixar ele chegar perto de você nem por um segundo. – me disse Maggie, enquanto eu a ajudava a fazer sua mala para ir viajar.

— Não, você vai ficar nos quartos de hotéis com o Jaden. – respondi, dobrando uma de suas muitas camisetas pretas. — Vocês precisam melhorar a comunicação do novo relacionamento de vocês, lembra?

— Bom, se nós dois ficarmos em um quarto nós iremos...

— Vocês vao conversar, não só transar! – repreendo, antes de ela terminar a frase, o que a faz me exibir um pequeno sorriso divertido.

— Sim, tudo bem. Mas ainda quero que você vá.

— Você não pode me manter longe dele pra sempre. Em algum momento ele iria me encontrar. E eu só não quero lidar com isso agora, entende? Não quero vê-lo, preciso digerir isso e ficar bem por mim mesma primeiro.

 Maggie assente antes de colocar o terceiro par de botas na mala. A essa altura já havia reparado que botas e coturnos era tudo que ela mais amava calçar. Seu estilo meio dark combinava com a sua personalidade, e por mais que eu fosse suspeita para falar, achava aquilo tudo lindo nela ao mesmo tempo que era super bad ass.

Nós éramos bem diferentes nisso. Eu ainda não havia descoberto meu estilo próprio, mas estava caminhando para isso. De qualquer forma, não achava que seria muito diferente do que eu já usava. Gostava de tons mais claros e alegres.

— Acho que essa é a primeira vez que vamos ficar longe por tanto tempo. – solto baixinho, mas estava tão feliz por essa viagem da banda que nem tinha porque ficar triste.

— Se você me fazer ficar sentimental vou me sentir mal de estar te deixando.

— Não se sinta. São só três semanas. Eu que devia ficar preocupada de te deixar a solta aí no mundo durante três semanas.

— Preocupada comigo?

— Claro que não! Preocupada com os outros!

 Maggie ri, enquanto me puxa para um abraço.

— Eu ainda sou a mais velha e responsável aqui!

— Sim. Mas tambem é claramente a mais explosiva. O mundo tem que tomar cuidado ao lidar com voce.

— Ah, no momento só o Justin precisa. – responde ela, me soltando devagar. A mera menção de seu nome fez meu coração apertar, mas ignorei a sensação.

— Você realmente chutou o saco dele ontem de manhã?

 Ela faz uma demonstração, erguendo seu joelho em direção a minha virilha mas sem realmente tocar.

— Uma ajoelhada, na verdade. Bem certeira. Foi fácil. Ele estava desprevenido.

— Qualquer pessoa estaria desprevenida para isso.

— Ele vai sobreviver. – ela deu de ombros. — Não fiz de uma maneira que vá impedir ele de gozar. Ou de ter filhos.

 Um pequeno riso escapa de meus lábios antes que eu desse conta. Já fazia um tempo em que eu não ria, que nem me lembrava mais do quão boa era essa sensação.

— E existe uma maneira de fazer isso?

— Ah, Selena... – ela me olha como se eu fosse a pessoa mais ingênua do mundo, antes de acabar soltando um baixo riso. — É claro que existe.


(...)


 Maggie saiu de casa por volta das 14horas. Jaden veio a buscar na Van, junto com todos os outros da banda, Ryan e Justin. Por mais que eu tivesse implorado, Scarlett decidiu não acompanhar eles nessa viagem e preferiu ficar comigo.

 Entao ela dormiria aqui e me faria companhia durante essas três semanas em que a banda estaria fora. Além de claro, os meus tios, que tambem iriam embora quando a mini tour da banda acabasse, e assim, voltariam ao seu trabalho no cruzeiro.

 Quando Scarlett chegou com a sua mala, antes mesmo de botar os pés na casa já pude notar sua expressão de compaixão. A interrompi na porta, colocando a mão sobre o seu ombro.

— Ok, antes de entrar tem que me prometer que não irá falar de Justin. Na verdade, o nome dele não pode entrar nessa casa de forma alguma. Se me prometer isso, eu te convido a entrar.

— O quê? Não posso falar dele aqui dentro?

— E nem fora! – concluo rapidamente. — Três semanas sem citar o nome dele para mim.

— Três semanas? Isso é muito tempo! Duas semanas são quatorze dias já, e três semanas são...

— Vinte e um dias. – respondeu minha tia, lá da sala.

 Scarlett me olhou aterrorizada.

— Vinte e um dias sem podermos tocar nesse assunto? Eu vou morrer.

— Tenho certeza de que irá sobreviver muito bem.

 Ela me fez uma cara de cachorro que cai da mudança, ao menos foi o termo que conheci. Mas não me abalei. Entao pude ouvir ela bufar e por fim, concordar.

— Certo. Não irei trazer o nome dele a tona. Eu prometo.

 Ela estende o dedo mindinho para mim, e apesar de achar isso divertido e infantil, junto o meu mindinho com o dela.

— Bem vinda ao lar dos Gomez.

 Deixo que ela entre, e ela vem, carregando sua mala consigo.

— Já estive aqui várias vezes antes, Selena.

— Agora é diferente. Eu pus regras.

 Scarlett olhou para os meus tios sentados no sofá da sala.

— Ela também impediu vocês de falarem sobre você-sabe-quem?

 Meus tios assentiram, e Scarlett olhou para eles com pesar.

— Sinto muito. Ela costumava ser mais divertida antes.

— Ei! – eu bato em seu ombro. — Eu estou bem aqui.

— Viram o que eu estou dizendo? – ela aponta para mim, como se minha atitude anterior tivesse provado algum ponto. Em seguida volta a me fitar. — Você só precisa de uma coisa.

— Se voce for agir como a Maggie e dizer “pau” eu vou fazer você dormir com a Hope.

 Meu tio coça a garganta enquanto finge olhar para a tevê, mas deixando claro que estava ouvindo nossa conversa e que claramente não queria nos ouvir dizendo a palavra “pau” ou obscenidades em casa.

— Não! Você precisa de uma transformação, isso sim.

 Eu entorto os lábios.

— Não gosto muito dessas coisas.

— Você não pode dizer isso. Nunca experimentou antes, e agora tem a oportunidade de fazer isso, e ainda com alguem que entende. – ela aponta para si mesma. — Ou esqueceu que eu vivo no mundo da moda?

— Não vou ser o seu projeto de barbie doll, Scarlett.

— Com essas roupas não vai mesmo.

 Eu olho para o que vestia. Um macacão jeans e sapatilhas claras. Bom as sapatilhas estavam claramento desgastadas, assim como o jeans, mas decidi ignorar isso.

— O que tem de errado com as minhas roupas?

— Ah querida... – ela pousa sua mão sobre meu ombro, como se quisesse me confortar. E então me puxa pela mão, começando a andar comigo. — Vem, não temos tempo a perder. Onde está a sua bolsa, afinal?


(...)


 Horas depois e Scarlett realmente havia me mudado. E acima disso, mudado a visão que eu tinha de mim mesma agora.

 Meus cabelos não estavam mais tingidos em um claro tom de loiro. Havíamos voltado ele na cor natural, o castanho escuro. Agora eles combinavam com os meus olhos tambem. Desde a cirurgia, meu novo par de olhos eram de um tom escuro que combinava muito bem com a cor natural do meu cabelo, então eles realmente pareciam meus.

 Não entendia muito de roupas, mas Scarlett me ajudou a comprar coisas confortáveis, que definitivamente eram o que eu gostava de usar. Vestidos, saias e camisetas. Alguns ainda em tons claros, outros em tons mais ousados como o vermelho, roxo, e até mesmo preto. Descobri que eu ficava bem em todos eles.

 Sempre me imaginei como uma pessoa bonita, mas agora que eu realmente enxergava, podia ver que eu era maravilhosa. Fiquei satisfeita comigo mesma. Satisfeita com a transformação de Scarlett. Sempre ouvia nas músicas por aí o quanto era importante o auto amor, e agora sentia isso. Acima de tudo, sentia como esse auto amor estava fazendo eu me sentir bem, coisa que eu definitivamente não sentia a dias.

 Quando voltamos para a minha casa, depois de termos passado longas horas no shopping, eu provo o batom vermelho que Scarlett havia comprado para mim. Ficava bom e dava um belo contraste com a minha pele.

— Uh, olha só quem está sorrindo novamente. E isso porque você sempre temia usar batom vermelho. Agora vê como fica ótimo em você?

 Me lembro da primeira vez que havia usado um desses. Fora Scarlett quem havia passado em mim, na primeira vez em que acabei beijando Justin.

 Me lembro do elogio dele ao dizer que esse tom ficava bom em mim. Eu suspiro, agora retirando o batom com um lencinho.

— Você não é a primeira a me dizer isso.

—Aquele-que-não-deve-ser-nomeado tambem disse?

 Eu a encaro, exibindo um fraco sorriso.

— Não vai acabar com suas referências a harry potter?

— Nem vem, foi você quem me proibiu de dizer o nome dele, então estou tentando me divertir aqui!

 Eu reviro os olhos mas ainda sorria. A puxo para um abraço apertado.

— Obrigada pelo dia de hoje. Não sabia que precisava tanto.

 E realmente não sabia. Entao tinha certeza de que essas semanas com Scarlett seriam as melhores.



— BOSTON, 17:35


 Os dias passaram rápidos. Não achei que sobreviveria sem sentir nenhuma dor ou sem alguma lembrança vir me atormentar, mas foi exatamente pelo contrário. Senti tudo o que deveria sentir nos primeiros dias. Depois, a dor foi ficando cada vez menor, e sobrou apenas o incômodo dentro de mim e a saudades. Eu não estava mais com raiva. Não estava mais querendo chorar pelos cantos. Havia conseguido superar essa fase.

 Amanhã seria o fim das três semanas da turnê da banda pelo estado. Estava com tanta saudade de Maggie que mal podia acreditar. Esse foi o maior tempo em que ficamos afastadas.

— Hoje a noite é o último show da turnê. Eles vão dormir no hotel e amanhã cedo já estarão aqui. – me diz Scarlett, que havia acabado de sair da ligação com Justin.

— Isso é bom. – respondo, enquanto folheava a revista em meu colo. Sinto ela se sentar ao meu lado no sofá e respirar fundo.

 Eu continuo folheando a revista, até que ela respira fundo novamente.

— Algum problema? – eu a encaro, fechando a revista.

— Não, só estava pensando, em sabe.... como está sendo a turnê. Não é uma turnê pelo país ou algo assim, mas ainda é grande, sabe? Ainda é algo ótimo e não me conformo que estamos perdendo tudo isso.

 Eu semicerro os olhos em sua direção.

— Não te ouvi reclamar antes.

— Sim, mas eu não havia avaliado a situação da maneira que se deve. Você viu os videos no youtube, a turnê está sendo incrível, eles estao se divertindo muito e os shows estão sendo lotados, todo mundo está amando a banda. Não seria legal ver isso de perto?

 Por um lado Scarlett estava certa. Os shows estavam sendo incríveis e a energia de lá parecia indescritível. No fundo eu sabia que estava morrendo de vontade de estar lá. Queria fazer isso com eles.

— Você não pode deixar de viver isso só por causa de você-sabe-quem. Não é justo. Você faz tanto parte da banda quanto ele, e está perdendo algo incrível.

 Ela estava certa novamente. E eu poderia estar bem melhor agora, mas a ideia de vê-lo dobrava o meu estômago e me deixava nervosa.

 Minha tia coçou a garganta e interveio no debate.

— Sabe hija (filha), seria bom eu e seu tio termos uma noite sozinhos em casa. Para relaxarmos antes de voltarmos a trabalhar no cruzeiro.

 Ela tentou fazer de modo desperceptivo, mas eu reparei quando ela cutucou meu tio pelas costas. Ele estava sentado no sofá e quase teve um sobressalto.

— Ah, sim, sim. Queria mesmo ficar sozinho com a sua tia.

— E o que vocês iriam fazer sozinhos?

 Minha tia me olhou de um jeito malicioso que eu preferia não ter visto.

— Ah meu deus! Ok, ok, eu vou.

 Ergo minhas maos em rendição enquanto concordava. Scarlett pulou ao meu lado, me abraçando.

— Vai ser incrivel, você vai ver! – ela checa o horário em seu relógio de pulso antes de se levantar em um pulo. — Ok, a última cidade em que eles vao fazer o show hoje a noite fica a três horas daqui. Vamos chegar um pouco atrasadas, mas não vamos perder o show todo. Vá se arrumar, eu vou fazer o mesmo.

 Ela saiu correndo tão rapido que mal tive tempo de lhe acompanhar. Ainda estava processando suas ultimas palavras e o fato de que estaria vendo a banda, e consequentemente Justin em algumas horas.

— Vai ficar tudo bem. – ouvi minha tia dizer, enquanto me oferecia um de seus sorrisos gentis. Sua mão se tocou em meu ombro e ela o apertou levemente.

— E se não ficar, eu conheço uns caras. – disse meu tio, em um tom quase sombrio que poderia me assustar.

— Você conhece uns caras?

— Sim.

— E o que eles fariam?

 Ele me olhou por cima dos óculos de grau, semicerrando os olhos em minha direção.

— Você sabe.

 Sua resposta misteriosa não ajudava em nada, mas poderia ter uma breve noção.

— Sem violência nessa casa. – ouço minha tia repreender, e meu tio apenas da de ombros.

— Não seria aqui dentro. E estou apenas tentando ajudar.

— Sem violência. – ela repete.

 Eu me levanto, deixando um beijo na bochecha da minha tia, então me inclino ate o sofá onde meu tio estava sentado e faço o mesmo em si.

— Obrigada por tentarem me proteger, mas eu vou resolver isso sozinha. Eu amo vocês.

 Eles sorriram com confiança para mim, enquanto eu ia caminhando para o meu quarto e mentalmente tentava me dar palavras de conforto.

 Ok. Eu consigo fazer isso.


(...)


 Enquanto estacionava o carro, Scarlett deu uma checada em sua roupa pela milésima vez. Usava um vestido solto no corpo que balançava enquanto se movia, e batia um palmo acima de seu joelho. Era preto, e suas botas de cano alto cobriam toda a suas longas pernas perfeitamente.

— Acha que eu estou bem? É o último show deles, quero estar bem. E ainda posso encontrar o meu futuro namorado aqui. Não posso estar nem um pouco fora de ordem.

— Futuro namorado? – eu a encaro enquanto ela desligava o carro. — Quem disse isso?

 Ela tira o celular do bolso o desbloqueando e entao me mostra a tela.

— Aqui! Na previsão mensal do meu signo. Esse é o mês do geminiano ver alguém que será especial e abalará suas estruturas. “A pessoa irá retransformar todo o seu futuro”. E já que estamos no fim do mês, sei que vou conhecer o futuro amor da minha vida, Selena. Só pode ser isso.

 Sabia que não adiantaria tentar convence-la do contrário ou fazer ela não acreditar em uma previsão falsa, então apenas assenti.

— Você está absolutamente linda, Scar.

 Ela sorriu para mim, agradecida pelo elogio.

— Você tambem, baby.

 Nós saimos do carro, e eu dou uma breve olhada em meu look. Jeans apertados e meio rasgados nos joelhos, botas pretas de cano médio e uma regata branca. Nada de especial, mas definitivamente meu estilo havia mudado um pouco nos ultimos dias, graças a Scarlett. Roupas casuais me caiam muito bem. Meu cabelo estava solto, agora batia um pouco abaixo dos ombros já que eu estava pensando em deixa-lo crescer. Não usava nada no rosto além de rimel e um batom vermelho. Aprendi a amar essa cor mais do que um dia achei possível.

 O show já havia começado. Dirigimos por horas mas ao menos estávamos apenas trinta minutos atrasadas. Ainda conseguiríamos curtir boa parte do show.

 Nós já tínhamos entrada vip. Scarlett havia se encarregado disso junto com Justin, quando haviam falado no telefone antes.

 Então apenas entramos, indo direto para o local do camarote. Eu olho para o local do show, a plateia e um pouco dos assentos das arquibancadas. Estava realmente cheio assim como mostrava nos videos do youtube, e meu coração se encheu de orgulho por isso.

 Estava tão absorta na plateia cheia e nas pessoas parecendo tão felizes, que mal me dei conta que eu e Scarlett já havíamos andado o suficiente e agora havíamos chego a primeira fila da plateia do camarote. Estávamos tao na frente que se eu esticasse a mão conseguiria tocar no palco.

 Eles estavam se apresentando. Eu podia ouvir a música soar alta e gritante em meus ouvidos devido a aproximidade, mas ainda não tomei coragem de erguer o rosto e olhá-los.

 Ou sendo mais específica, de olhar para ele.

 Ótimo. Achei que seria forte o suficiente mas aqui estava eu, me sentindo patética e pequena.

 O medo consumia minhas entranhas. Minhas mãos começaram a ficar escorregadias pelo suor e precisei morder meu lábio inferior para tentar conter todo meu nervosismo.

 Droga.

 Eu penso por um instante... Eu deveria ficar? Deveria voltar para o carro e esperar o show acabar para ir embora com Scarlett? Deveria...

 Eu congelo quando a música acaba e a voz de Justin soa no microfone. Isso acaba tendo a atenção de todos.

 Inclusive a minha.



Justin Bieber Point Of View.


 Tudo o que eu estava sendo nessas três semanas era paciente.

Paciência já havia virado meu sobrenome. Deveria existir um prêmio para pessoas que alcançassem essa virtude, e eu com toda a certeza ganharia o troféu de ouro.

 Tentei não manter nenhum contato com Selena, da forma que eu sabia que ela preferia. Respeitei seu espaço. Mas, bem, indiretamente Scarlett vivia me contando tudo o que ela fazia. Cada passo, para onde ia, o que andava assistindo ou lendo, até mesmo quais eram as malditas piadas que ela ria.

 Deus, eu sentia saudades de sua risada.

 Me tornei obcecado por isso. Essas três semanas eram o maior tempo que havia ficado longe dela desde que nos conhecemos e toda essa distância estava me matando.

 Sabia que era por minha causa e a culpa me matava lentamente. Mas, ainda assim, tinha esperanças de que ela me perdoasse. Maldição, eu colocava todas as minhas esperanças nisso.

 Implorei para Scarlett fazer ela vir ao menos nesse último show. Ela precisava ver o que todos nós estávamos conquistando. Essa vitória da banda tambem era dela. Não aceitava o fato de que ela não viria a nenhum show apenas por mim.

 Quando Scarlett me contou que conseguiu faze-la concordar em vir, foi a notícia mais feliz que havia recebido em semanas.

— Talvez no fundo ela já tenha te perdoado. – me disse Jaden, tentando ser otimista.

— Ela não guarda rancor por ninguém. Essa é uma das melhores coisas nela. – respondeu Maggie.

 A essa altura ela já não me odiava mais. Depois de ter visto o quanto sofri nos últimos dias, de algum modo, ela se compadeceu por minha situação.

— Ela não viria se não achasse que estava preparada para te ver novamente. – concordou Ryan. — Talvez seja finalmente a hora de vocês se acertarem.

 Eu estava contando com isso. Estava acreditando neles.

 Mas quando Selena chegou com Scarlett e eu consegui botar meus olhos nela, soube que ela não estava de fato preparada em me ver.

 Ela se mantinha de cabeça baixa perto de Scarlett, mordendo o lábio nervosamente enquanto parecia estar se decidindo sobre o que fazer.

 Eu não podia deixa-la ir embora. Não podia deixa-la se afastar.

 Quando a música que eu estava cantando tem o seu fim, eu volto a pegar o microfone em um só fôlego para falar com a plateia.

— A gente deveria seguir a playlist e cantar a próxima musica agora, mas antes eu quero fazer um cover. Vocês gostam de covers?

 Consegui ouvir todos gritarem em concordância. Bom.

— Bom, essa foi uma das primeiras músicas que eu cantei para uma mulher em especial. – não deixei de ouvir as meninas na plateia gritando com emoção por isso, o que me fez sorrir levemente. Selena ainda não me olhava, mas podia perceber que estava atenta ao que eu dizia. — Bom, acontece que eu pisei na bola com ela. Mas estou desesperadamente obcecado em tentar recuperá-la de volta. Ela é tudo o que eu penso quando acordo, quando vou dormir, quando canto. Está em meus pensamentos a cada segundo do dia. Já se sentiram assim antes? – novamente ouço a concordância vir da parte da plateia. — Bom, então vocês sabem como eu me sinto. Espero que ela possa me perdoar e perceber o quão absurdamente apaixonado eu sou por ela. Essa é pra você, cerise.

 Eu planejava cantar essa música com a banda por último. Já havia conversado com eles sobre isso, mas pelo que parecia iria cantar antes. Eu olho para eles. Jaden e Maggie eram os unicos que iriam tocar enquanto eu cantava.

 Assim que eles começam, eu sigo. Minha voz soando no silêncio da plateia enquanto eu cantava Because of You do Ne-yo. Essa foi a música que eu havia cantado quando fui fazer o teste para a banda, um dia depois de ter conhecido Selena.

 Ela ergue o seu rosto quando ouve a minha voz. Sou incapaz de tirar meus olhos dela, como estava fazendo desde que ela chegou.

 Ela estava diferente agora. Seu cabelo estava na cor natural e seu estilo de roupa havia mudado. Não achei que era possível ela se tornar ainda mais linda aos meus olhos, mas caramba, ela adorava me provar o contrário.

And I know this much is true, baby, you have become my addiction. I’m so strung out on you, I can barely move, but I like it. 

(E eu sei que isso é verdade, querida, você se tornou meu vício. Estou tão viciado em você que eu mal posso me mexer, mas eu gosto disso)

— So, then it’s all because of you (all because of you) So, then it’s all because of you (all because of you). And it’s all because of you (all because of you). So, then it’s all because... Never get enough, she’s the sweetest drug.

E é tudo por sua causa (tudo por sua causa). E é tudo por sua causa (tudo por sua causa). E é tudo por sua causa (tudo por sua causa). E é tudo por causa... Nunca me canso. Ela é a droga mais doce.

 Nós mantemos contato um com o outro durante toda a canção. Como se estivéssemos ligados. Como um imã. Nos versos finais do refrão, a plateia já cantava em coro junto comigo, parecendo curtir a música tanto quanto eu.

 Quando a canção chegou ao fim, eu estava nervoso e tinha certeza de que estava transpirando mais agora do que em todos os outros shows, apenas aguardando por alguma reação, qualquer que fosse.

 E foi quando ela sorriu para mim.

Depois disso, eu continuei o show no automático. Ainda estava dando o melhor de mim, mas eu apenas não via a hora de acabar com isso e poder correr para falar com Selena.

 E foi exatamente isso que eu fiz quando acabamos.

 Passei pelo camarim a onde eu sabia que ela teria ido com Scarlett, já que ela havia saido um pouco antes da música final. Imaginei que fosse querer chegar aqui antes de mim, e antes da aglomeração do fim do show se tornar chata pelo numero de pessoas que estariam tentando sair.

— A onde ela está? – eu pergunto, enquanto andava pelo camarim a sua procura. O segurança me olha de um jeito estranho.

— Uma morena. Usava jeans, regata branca. Tem os cabelos nessa altura – eu aponto para os meus ombros. — Estava acompanhada de uma loira.

 O segurança nega com a cabeça para mim.

— Não vi ninguém assim, senhor. Ninguém entrou aqui.

 Maggie, Jaden e Ryan entram no camarim no segundo seguinte. Maggie parecia estar falando ao telefone e o desliga após dizer um “ok, nos vemos depois então”.

 Em seguida ela me olha com pesar , e já posso imaginar o que ela irá dizer.

— Elas foram embora. Não queriam passar a noite aqui.

 Eu me sento no sofá do camarim, me sentindo completamente derrotado.

 Talvez Selena não tivesse me perdoado afinal de contas.


(...)


 Pela manhã todos já estavam na Van prontos para voltar para Boston. Mas eu não poderia voltar ainda. Havia prometido a minha mãe que passaria a semana na casa dela, já que ela era a pessoa que eu menos via entre todas, e ela sentia a minha falta.

 Então, depois de ter arrumado minhas malas, alugo um carro e começo a dirigir até a casa dela. Teria boas horas de viagem pela frente e eu ainda planejava chegar lá até o horário do fim da tarde.

 Estávamos em uma quinta feira, mas minha mãe daria uma festa na sua casa na praia no domingo, onde havia deixado todos os parentes e amigos saberem que seria uma festa a onde faria uma grande revelação. Revelação essa que nem eu, seu próprio filho, pode saber antes. Eu odiava surpresas porque sempre fui muito curioso, mas se tinha uma coisa que minha mãe era essa coisa seria persistente.

 Quando cheguei em sua casa lá pelo fim da tarde, ela me recebeu com um forte abraço caloroso. Notei quando ela olhou por de trás de mim, esperando poder ver Selena. Eu apenas neguei com a cabeça. Ela já sabia de toda história.

— Ela ainda vai voltar para você. Talvez só precise de mais um pouco de tempo, huh?

 Sabia que suas palavras eram para me confortar, mas eu apenas me sentia cada vez mais ansioso. Já estava quase aceitando a derrota.

— E se ela não voltar? – perguntei, em um tom de voz que eu me envergonhei por soar tão fraco e baixo.

 Minha mãe me deu outro abraço, dessa vez mais determinado.

— Não existe essa opção. Você vai lutar por ela até o fim, eu sei que vai. Ela é uma dessas poucas garotas que vale a pena você gastar até sua ultima gota de suor, não concorda?

 Ela sabia que sim. Eu concordava. Faria de tudo ao meu alcance se isso significasse ter Selena de volta.

 Quando minha mãe me soltou, estava sorrindo para mim de um jeito misterioso.

— Eu vou te ajudar, ok? Não se preocupe.



Selena Gomez Point Of View.


 É domingo à tarde. Eu encaro meu corpo pela milésima vez tentando decidir se o que eu vestia estava ok. Uma saia jeans de cintura alta, e um top azul. Pulseiras se encontravam em meus pulsos e meu cabelo estava solto, mas prendi uma mecha da lateral atras de minha orelha, para mostrar um pouco mais do brinco de argolas que eu usava. Scarlett dizia que eu me vestia cada vez melhor, e realmente sentia isso, mas por que então me sentia tao nervosa agora?

— Você está ótima. – me diz Maggie, enquanto saiamos do seu carro. Scarlett sai logo em seguida, e começamos a andar pela areia da praia, até o caminho em que levava para os fundos da casa de Pattie, mãe de Justin.

 Nem consigo me lembrar como ela havia me convencido de estar aqui. Havia recebido uma ligação dela a dois dias atras, me dizendo que faria uma festa surpresa em sua casa e que gostaria muito que eu e todos da banda do Justin estivessemos lá. Tecnicamente, ela ligou para cada um de nós separados pedindo que fossemos. Todos já haviam aceitado. Eu estava dividida, mas ela insistiu tanto e falou tão bem comigo ao telefone, em como estava com saudades e queria me ver novamente, que eu não fui capaz de negar.

 Agora aqui estava eu.

 Já podia ver a multidão de algumas pessoas pelo espaço na praia, na parte de tras da sua casa. Todos pareciam estar conversando entre si, enquanto um churrasco estava sendo feito e servido, junto com mais algumas comidas que não consegui identificar de imediato.

Quando eu e as garotas nos aproximamos mais, já podíamos ver Ryan e Jaden. Eles vieram antes, para ajudar Justin e Pattie na festa.

 Jaden foi o primeiro a abrir um grande sorriso ao nos ver. Ou melhor, ao ver Maggie. A relação deles parecia bem melhor agora do que da ultima vez que eu os havia os visto juntos, que foi antes da turnê da banda pelo estado.

— Ei, baby.

 Ele diz, antes de se aproximar o suficiente para ela jogar seus braços ao redor de si, e puxa-lo para um beijo quente e caloroso. Sou obrigada a virar o meu rosto quando Jaden pega na bunda da minha irmã bem na minha frente.

— Ew! Modos!

 Scarlett ri ao meu lado.

— Vou acabar sendo tia mais cedo do que imaginei. Deixe eles, isso vai ser ótimo pro meu tempo livre.

 Maggie para de beijar Jaden apenas para olhar para Scarlett horrorizada.

— Não espere filhos de mim não. Jamais!

 Jaden a encara assustado.

— Jamais? Você não quer ter filhos?

— Eu não, você quer?

— Claro, um dia. Crianças são adoráveis.

— Crianças são ranhentas, fedem e só sabem chorar. – interveio ela, o que o fez negar o fato.

 E assim, em menos de trinta segundos, eles passaram de ser o casal meloso e pervertido para voltarem a discutir.

 Eu, Scarlett e Ryan seguimos adiante, ignorando eles como costumavamos fazer nesses momentos.

— Você está linda. – ele diz para mim, o que me faz sorrir diante de seu comentário.

— Obrigada. Você tambem. – eu digo, e realmente quis dizer isso.

 Não que a aparência física fosse algo realmente relevante para mim como era para outras pessoas, mas todos nós faziamos um grupo lindo. Jaden tinha a pele escura, era negro e usava o cabelo em um corte baixo, e parecia que todas as roupas ficavam bem em contraste com a sua pele, fossem elas claras ou escuras, apesar de ele optar mais pelas escuras. Maggie tambem ficava linda com aquele corte de cabelo, mas as fotos que ela me mostrou quando seu cabelo era grande e ela vivia o pintando de várias cores me provaram que ela ficava linda de qualquer jeito. Scarlett era modelo, o que já dizia muita coisa, mas ainda assim me surpreendi em ver o quão deslumbrante e excepcional ela era. Ryan tambem era lindo, e era um daqueles caras que as garotas diziam que tinha “presença “. E claro, tambem tinha Justin... Infelizmente me faltavam palavras para descrever o quão absurdamente belo eu achava que ele era. Desde os seus olhos castanhos, ate o formato de seu nariz e seus labios. Tudo nele parecia ser feito como uma obra prima pintada as mãos de deus. E eu não estava nem brincando.

— É uma pena. Estamos no último dia do mês e nada da minha previsão do signo rolar até agora. – ouvi Scarlett dizer enquanto caminhavamos pela areia.

 Eu quase nem lembrava mais de quando ela havia me citado a tal previsão, dias atrás quando estávamos no show da banda. E apesar de não acreditar em nada disso, toquei em seu ombro de modo complacente.

— Sinto muito. Talvez a do próximo mês acerte.

— Ou nós podemos visitar uma cartomante? Vou ter que voltar a viajar a trabalho logo, minhas férias por aqui estão acabando. Acho que vou arriscar saber como vai ser meu futuro daqui pra frente com uma cartomante.

 A ideia me parecia tao ruim quanto a da previsão de signo, mas assenti diante de sua animação irreparável.

— Eu acho isso de signo uma baboseira. Quer dizer, como eles podem prever uma previsão do seu futuro diante de... sei la, estrelas? Cosmos?

 Scarlett fez uma cara feia para Ryan pelo seu comentário.

— Ryan, vá ser um querido e traga uma bebida para mim e Selena, huh?

 Ele revirou os olhos antes de sair andando atrás do pedido de Scarlett, o que me fez rir. Ela podia usar a persuasão ao seu favor sem nem mesmo tentar muito.

— Homens, certo?

 Ela me diz com ironia, enquanto jogava seus belos cabelos longos para tras e bufava.

 Seu cabelo acaba atingindo uma mulher atras de si, que ao se virar, nos olha com surpresa.

— Ah meu deus! Scarlett! Selena!

 Scarlett solta um gritinho eufórico ao ver Ashley. E apesar de não ter gritado, eu sabia que o grande sorriso em meu rosto já falava por si só.

— Ai meu deus! Ai meu deus!

 Nós abraçamos Ashley, em o que parecia ser o abraço triplo mais desajeitado porem carinhoso de todos.

 Ashley costumava andar com a gente alguns anos atrás. Ela era a namorada de Ryan na época, mas eles terminaram quando ela teve que mudar de estado com os seus pais e eles decidiram que um relacionamento a distância não seria a melhor opção para ambos no momento. Foi uma decisão bem madura e mútua, e o término foi tranquilo. Mas nunca deixei de pensar que no fundo talvez os dois tivessem arrependidos daquela decisão e ainda quisessem ficar juntos. Já fazia um tempo em que eu não falava com Ashley, mas ela parecia ser o tipo de mulher que levaria Ryan em seu coração onde quer que fosse, e que nunca esqueceria o primeiro amor que ele foi.

— Quanto tempo! E vocês estão ótimas! Estava morrendo de saudades.

 Ela murmura, antes de me fitar com mais atenção e então soltar um gritinho parecido com o de Scarlett ao vê-la.

— Os seus olhos! Meu deus! Você está enxergando!

 Eu continuo sorrindo para si, e agora assinto com o que ela tinha dito.

— Eu estou.

— Amiga, isso é incrivel! – ela me puxa para um novo abraço, agora mais firme do que o anterior. — Estou tão feliz por voce. Parabens! É realmente maravilhoso!

— Obrigada, Ashley. Estou muito feliz por isso também.

 Quando nos soltamos, ela olha rapidamente ao redor.

— E onde está o resto da banda? Vi o video de vocês no youtube. Vocês estão incríveis! Ouço todas as musicas, e sou completamente apaixonada!

— Eles estão por aqui em algum lugar e... Ah! Aí está o Ryan! – eu digo, e o acompanho com o olhar enquanto ele vem andando em nossa direção, trazendo o meu copo de bebida e de Scarlett em suas mãos.

 Ele para de andar quando nos vê com Ashley, e antes que eu possa pensar que ele irá deixar a bebida cair no chão, Scarlett é mais rapida e tira os copos dele.

— Deixa eu só pegar isso aqui...

 Eu engulo um riso enquanto Ashley se aproxima dele e ele continua naquela pose de bobo. Ele sempre parecia ficar bobo com a Ashley, o que pra mim, os fazia serem tão fofos como da última vez que eu os havia presenciado. Agora observando-os a vista, podia notar como no fundo estava claro que eles ainda se amavam.

—Ashley... O que está fazendo aqui?

 Ryan quase trava em suas palavras mas consegue falar. Ashley sorri, e toca em sua mão com carinho.

— Minha mãe é amiga da Pattie, a dona da festa. Fiquei surpresa pelo filho dela ser o mesmo Justin que também faz parte da banda de vocês. – explica ela, antes de exibir um sorriso para ele. — É muito bom te ver! Na verdade eu acabei de me mudar de volta para Boston com minha mãe, então acho que iremos nos ver muito mais.

 Enquanto eu e Scarlett nos afastavamos um pouco para dar privacidade a eles, ela solta um som de espanto antes de cutucar o meu ombro.

— Ai meu deus, Selena! É isso!

 Eu a encaro como se ela fosse louca.

— Isso o que? Qual o problema?

 Ela tira o seu celular do bolso da jardineira jeans que vestia e abre na sua pagina de signos, me mostrando aquela previsao de novo.

— “O geminiano irá ver alguém que será especial e abalará suas estruturas. A pessoa irá retransformar todo o seu futuro”.

— Sim, mas você não viu ninguém assim. – eu digo, e ela me olha como se eu fosse burra por meio segundo.

— Eu não, mas o Ryan sim! Ele tambem é geminiano, lembra? A Ashley o encontrou e está de volta na cidade. Ela com certeza é especial e abala todas as estruturas dele. Alem de que, nós duas sabemos que ela vai mexer com o futuro deles daqui pra frente. É isso! – Scarlett parece eufórica e feliz demais.

 E ate eu tinha que admitir que aquilo fazia um pouco de sentido assim.

— Bom, a previsão não aconteceu com você mas ao menos aconteceu com o Ryan.

—É. – ela suspira, antes de guardar o celular e voltar a me olhar. — Pelo menos eu sei que dos filhos deles eu vou ser tia. Com certeza eles vão ter filhos, não acha?

 Eu acabo rindo de Scarlett e de sua empolgação sobre os relacionamentos alheios.

— Sim, Scar. Com certeza eles vao ter filhos.

 A atenção da festa é tomada quando começam a chamar as pessoas para irem para dentro da casa. Aparentemente, Pattie estava lá e queria anunciar a todos qual era a sua grande surpresa.

 O local da praia começou a se esvaziar a medida em que todos iam entrando em sua grande casa. Estava segurando no braço de Scarlett porque sentia novamente aquela sensação de ansiedade me dominar. Sabia que Justin estava aqui em algum lugar, e como eu e ele ainda não haviamos tido nosso momento, isso poderia acontecer a qualquer instante.

 Eu fico com Scarlett em um canto, encostada na parede. Mordo meu lábio inferior devido ao nervosismo, mas no fundo tambem estava querendo muito vê – lo. Sua apresentação para mim no último show me fez ter vontade de subir no palco e me jogar em seus braços. Quando voltei para casa quase chorei só de pensar no quanto eu o amava.

 O video de sua apresentação pessoal já estava em todo canto na internet, e estava fazendo fama. Aparentemente, as mulheres gostam de ver um cara que reconhece que errou e estava arrependido.

 Deus, até eu gostava.

 O comodo foi se silenciando quando Pattie começou a falar. Eu ergui meu rosto para poder vê – la em meio a tantas pessoas e sorri. Ela era parecida com Justin em alguns aspectos. Apesar dos cabelos serem escuros e os olhos claros, ele tinha o sorriso dela, e definitivamente um pouco do jeito dócil tambem.

— Primeiro quero agradecer a todos por terem comparecido. É sempre ótimo ver tantos amigos e familiares meus reunidos em um lugar só, e eu amo todos vocês! – disse ela, e eu tenho certeza de que assim como eu, todos conseguiam sentir seu afeto e carinho por nós. — Bom, vocês logo poderão voltar para a festa, apenas quero dar uma noticia antes. – ela se virou para o homem ao seu lado. Não o via visto antes, mas me lembrava de Justin ter me dito que ela morava com um namorado, então imaginei que pudesse ser ele. — Eu e o Gus já estamos juntos a algum tempo. E é de conhecimento geral o quanto esse homem me faz feliz. Vocês sabem, eu sou louca por ele. – ela soltou um breve riso envergonhado, e a forma que ele beijou o rosto dela com carinho me fez sorrir. — E agora ele acaba de me fazer imensamente mais feliz. Descobri isso a algumas semanas e estou pronta para compartilhar com todos voces. – ela volta a olhar para todos, parecendo radiante. — Eu e o Augustus estamos oficialmente aumentando o número da nossa família. Eu estou grávida.

 O ambiente se enche de aplausos e assobios, antes que Augustus puxe Pattie para um breve beijo. Em meio a tudo isso, consigo ver quando Justin aparece e ergue Pattie do chão, rodando-a em um abraço apertado e emocionado. Ele tambem parecia estar sabendo da noticia só agora como o resto de nós, mas já parecia tão feliz e radiante quanto a mae. Ver essa cena dos dois me fez sorrir mais ainda. Eles eram lindos juntos e seriam uma familia incrível.

 Scarlett me cutucou e apontou para fora.

— Estou morrendo de sede. Vamos beber algo?

 Eu apenas assinto, deixando aquele espaço da multidão e começando a andar para os fundos da casa com ela. Quando chegamos de volta a área da praia, caminhamos para o bar montado e ela pede duas sodas para nós.

 Quando a minha chega, bebo apenas alguns goles antes de sentir algo cutucar as minhas pernas.

 Eu olho para baixo, vendo uma mini pessoa sorrir para mim.

— Isso é pra voce. – diz o menininho, me entregando um pequeno envelope.

 Eu o pego de sua mão, mas antes que possa perguntar alguma coisa, ele some.

— Mas o que....

 Eu abro o envelope. De lá sai um pedaço de papel, qual eu começo a ler.

Vá para a área da praia que fica na frente da casa. Onde nós estávamos da última vez.

Ah. Você está linda.

 Eu sorrio, voltando a guardar o bilhete de volta no envelope. Me viro para Scarlett, mas ela já me olha como se soubesse o que iria acontecer.

— Vá. Eu aposto que você está tao louca para ver ele quanto ele está para ver você.

 Eu beijo sua bochecha antes de sorrir mais uma vez e começar a andar.

 Chego a parte da frente da casa em pouco tempo. Essa área da praia estava vazia, já que a festa estava acontecendo do lado de trás da casa. Caminho pela areia, mas não consigo encontrar Justin.

 É então que eu vejo pousado na areia mais um envelope. Eu me abaixo para pega-lo, abrindo-o e encontrando outro bilhete ali dentro.

Fizemos algo louco aqui da última vez. Me pergunto se você faria de novo...

Entre na água se confia em mim”.

 Eu congelo por um momento, voltando a fechar o envelope enquanto pensava no desafio.

 Eu havia confiado nele naquele dia. Ele havia me acalmado e me feito vencer o meu pior medo.

 Mas agora eu estava sozinha. Sabia que poderia entrar na agua desde que alguem estivesse comigo, mas sozinha? Não sabia se seria capaz disso.

 Eu respiro fundo, tentando me recordar das coisas que ele havia me dito aquele dia.

 Tiro minhas sapatilhas, deixando-as na areia enquanto começava a me aproximar da agua do mar em passos lentos.

 Quando sinto a água sobre os meus pés eu volto a congelar, sentindo aquela sensação de medo da primeira vez.

 Olhando para a imensidão do mar agora parecia muito pior. Quando eu era cega, sentia que o mar era imenso e que podia ser ruim. Mas eu apenas imaginava isso. Agora eu conseguia ver.

 Era realmente assustador. Ele não parecia ter fim.

 Tento voltar ao que senti quando estava aqui com Justin, mas sabia que não conseguiria trazer o sentimento de volta enquanto encarava aquele mar aterrorizante.

 Então fechei os meus olhos. Me ceguei novamente.

 Respirei fundo e dei o primeiro passo.

 Me lembrei de Justin e dei o segundo. E o terceiro. O quarto.

 Comecei a andar enquanto me recordava de suas palavras e da maneira que ele havia me acalmado e me transmitido toda a sua confiança e segurança.

 Acabei parando de andar quando já senti a agua do mar bater em minhas coxas, molhando apenas a barra de minha saia.

 Fiz um esforço e abri os meus olhos.

 A imagem que eu vi me deixou de queixo caído.

 O tempo já havia mudado, e o sol estava se pondo. Me lembro de quando estávamos aqui e Justin me contou que gostava de ver o por do sol, de ter esse tipo de vista.

 Agora eu entendia o que ele quis dizer. Era realmente incrível.

 Tons alaranjados pareciam tocar a água, enquanto o amarelo do sol se tornava mais fraco a medida em que ia sumindo pelo horizonte.

 Eu sorri com a visao. Sentindo meu coração quentinho pelo o que aquela paisagem me proporcionava. Era a coisa mais linda que já havia visto ate agora.

— Você gostou?

 Eu tenho um leve sobressalto ao ouvir a voz dele soar ao meu lado. Estava tao focada no pôr do sol que nem o ouvi chegar.

 Mas sorrio para si, assentindo.

— É maravilhoso!

 Ele sorri de volta para mim. A água do mar batia em seus joelhos, e senti-lo tao próximo de mim fez o meu coração dar saltos significativos dentro de meu peito.

— Imaginei que fosse gostar. Achei que era algo que definitivamente valia a pena você ver.

 Eu umedeço os meus labios, voltando a fitar o horizonte.

— Obrigada por isso.

— Você entrou sozinha na agua...

 Dessa vez, solto um leve riso antes de voltar a fita-lo.

— Sim, bem, estava pensando em você. Em nós, da última vez que estávamos aqui.

— Eu estava te observando de longe. Se precisasse de mim eu iria vir. Quase vim de imediato, na verdade. Mas você conseguiu entrar sozinha.

 Ele parecia orgulhoso disso. E levando em conta de como sabia do meu trauma, eu acreditei.

— Parabens por sua mãe. Sei que vai ser um ótimo irmão mais velho. – murmuro, e realmente pensava isso. Sabia como Justin poderia ser protetor, carinhoso e transmitir segurança. Seria tudo que o bebê precisaria.

— Sim, isso vai ser incrível! Sempre fui filho único e imaginava como seria ter um irmão.

— E sua mãe?

— Ah, ela sempre quis ter mais filhos tambem. Então sei que vai adorar.

— Eu nem falei com ela ainda... – murmuro, agora me sentindo um pouco culpada pelo fato.

— Já imaginava. É dificil falar com ela quando ela dá alguma festa. Sempre está rodeada de gente.

— Acha que eu devo entrar agora e dar os parabéns?

 Já estava prestes a dar meia volta e ir para a casa deles, mas Justin segura em minha mao, me impedindo de ir.

— Não ainda. Queria falar com você.

 Eu me arrepio ao sentir o seu toque sobre mim. Era bom no entanto. Sempre era.

— Você saiu tão rápido aquele dia no show que nem tive tempo. Sei que ainda esta brava...

— Eu não estou. – eu o corto, não gostando dele ter pensado aquilo. — Não estou mais brava com você.

 Ele quase me exibe um fraco sorriso, mas parece se lembrar de algo importante. Observo quando ele tira do bolso um papel e me entrega o mesmo.

— Queria que soubesse por mim dessa vez.

 Consigo ler que era o papel de seu divórcio. Seu nome estava assinado ele.

 E para a minha surpresa, o de Alaska também.

— Eu confrontei eles. Meu pai e Alaska. Ela assinou o divórcio a algumas semanas atrás. Eu estava em turnê, como você sabe, então não pude ir até você antes. Mas é isso. Acabou.

 Era isso.

 Eu quase ofego e choro no mesmo segundo.

 Ele definitivamente não era mais um homem casado. Eu sabia no fundo que eu era realmente importante para ele. Que ele me amava e me desejava como sempre havia me mostrado tal fato. Sabia que o que tivemos foi real. Eu estava lá, eu senti.

 Mas pegar o papel do seu divórcio em minhas mãos era como a prova concreta de que eu tambem valia a pena todo aquele esforço. Que ele me amava tanto quanto eu o amava.

 Eu o devolvo o papel, não conseguindo dizer nada por um momento.

— Sei que estraguei tudo entre nós. Sei que errei o bastante para fazer voce não confiar em mim nunca mais. Mas eu te amo, Selena... e... – ele ri sem humor, passando sua mão por seu cabelo em um gesto quase desesperado. —Caramba cerise, ficar todas essas semanas sem você foi um completo inferno. Eu não quero isso. Nunca mais vou querer passar por algo assim. Eu quero você. Eu amo você.

 Eu podia ver em seus olhos que ele estava falando a verdade. Podia notar em seu tom de desespero o quanto ele realmente estava sofrendo. E ele ainda podia ser lindo como o inferno, mas estava nítido em seu rosto que ele havia passado por maus bocados durante essas últimas semanas, assim como eu. Que esteve em dor.

— Eu estou tão feliz que você pode enxergar novamente, mas estou triste por não ter estado lá por você nos primeiros momentos, nos primeiros dias. Ter te mostrado e te apresentado tudo o que eu conheço... – ele volta a tocar no bolso de seu jeans, tirando de lá mais outros dois papéis. — Eu quero fazer isso agora. Se você deixar. Se vir comigo.

 Eu encaro os papéis quando ele me entrega.

 São duas passagens para França. Nos locais em que eu havia dito para ele que gostaria de ir conhecer um dia, quando eu estivesse enxergando.

 Meus olhos ficam marejados no mesmo instante. Sabia que não conseguiria segurar as lágrimas agora.

 Eu me aproximo de Justin com facilidade, abraçando seu pescoço antes de meus lábios se chocarem contra os seus e minhas pernas estarem em volta de seu corpo.

 Eu o beijo com vontade, com desejo, com saudades. O beijo da mesma forma que vi todas aquelas mulheres beijando seu par romântico no final dos filmes de romance. O beijo como se o perdoasse por tudo e estivesse pronta para recomeçar a nossa história mais uma vez.

 E eu estava pronta. Estava finalmente pronta.

— Eu te amo. – sussurro contra os seus labios, enquanto ele me segurava firmemente contra si. Então separo o beijo para dizer ainda mais alto. — Caramba Justin, eu te amo!

 Ele ri contra o meu rosto, encostando sua testa na minha enquanto voltava a fechar os seus olhos.

— Então isso é um sim?

 Eu assinto.

— Isso é um sim! Claro que é um sim!

 Consigo sentir o seu corpo se aliviando por minha resposta antes que ele volte a abrir os seus olhos e me fitar novamente. Ele parecia tão feliz agora que isso fez com o meu próprio sorriso se aumentasse em meu rosto. Eu também estava feliz. Agora, completamente.

— Então, parece que agora eu vou nos apresentar o outro lado da França.

— Estou louca para você ser o meu guia pessoal.


 Fim

 


Notas Finais


Olá meus amores, finalmente chegamos ao fim da fic mais leve e bonitinha que eu ja escrevi kjkkk
Vou admitir que amei escrever ela, amei todo o enredo que criei, assim como a personalidade dos personagens. E espero que vocês tenham amado tanto quanto eu! 💘
Não sei se irei continuar escrevendo fics Jelena novamente, então me sigam no wtt, pois caso eu escreva uma nova história é mais provavel que seja uma original e eu passe a postar lá.
É isso! Espero por vocês nos comentários, estou ansiosa para saber o que acharam! Beijos! 💘

Twitter: @asweetdeug
Wtt: @asweetdrug


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