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História True colors - You and I.


Escrita por: shadesofselena

Notas do Autor


Capitulo saiu um pouquinho tarde mas aqui está. Boa leitura!

Capítulo 8 - You and I.


Fanfic / Fanfiction True colors - You and I.

 Justin Bieber Point of View.

 Não me era mais novidade o fato de eu sentir saudades de Selena. Não havia falado com ela desde o dia anterior, a onde havíamos saído do hotel após nossa primeira noite juntos e eu havia deixado-a em casa – que descobri que ficava apenas na rua atrás de onde eu morava -. Se ela estava tão exausta quanto eu, tinha certeza de que havia dormido o dia todo.

 Mas quando um novo dia amanheceu, decidi que iria ligar para ela mais tarde e talvez marcar algo. Podia estar agindo praticamente como um namorado, mas queria vê-la. Queria senti-la. Queria falar com ela. Sempre queria.

 Eu sorrio sozinho enquanto saia de casa. Rodo a chave de um dos carros de Ryan em minhas mãos enquanto me sentia leve, feliz e confiante pela primeira vez em anos.

 Quando estou me encaminhando para a garagem, acabo vendo a poucos passos de distância de mim a imagem de Selena caminhando. Eu sorrio novamente. Mal havia pensado nela e aqui a mesma se encontrava.

 Me aproximo mais, andando em sua direção, sentindo uma leve euforia tomar conta de meu corpo.

— Ei, cerise.

 Ela para de andar assim que chego em sua frente e seus lábios se esticam em um pequeno sorriso.

— Oi, Justin. Estava indo ver você agora mesmo.

 Essa era uma frase que mataria muitos homens de alegria. E definitivamente eu não ficava imune disso.

— Estava, é?

— Sim. Não nos falamos muito ontem e pensei que podíamos fazer algo hoje.

 Ela dá levemente de ombros, mas a forma que morde seu lábio inferior me faz saber que estava um pouco nervosa.

 Agora não sabia dizer o que me deixava mais contente, o fato de ela querer me ver ou ter pensado o mesmo que eu esse tempo todo.

— Eu estou de saída agora, mas... Quer vir comigo?

 Não tinha motivos para adiar nosso encontro para mais tarde. Ela ja havia vindo ate aqui.

— Claro. E onde estamos indo?

 Eu sorrio de canto.

— Vou fazer segredo por enquanto.

 Ela não havia vindo com Hope mas andava com uma bengala, eu tiro-o gentilmente de sua mão e o diminuo de tamanho. Em seguida seguro em sua mao livre, começando a andar com ela para a garagem de Ryan.

— Mas espere, eu estou vestida apropriadamente para sei lá onde vamos?

 Eu dou uma rápida olhada em suas vestes, apesar de saber que não precisava disso. Hoje Selena usava uma saia jeans de cintura alta e regata, com uma jaqueta jeans por cima e sapatilhas. Os cabelos estavam soltos, nada alem de um batom nude nos labios. Como sempre, estava linda.

 Assim que entramos na garagem, eu ligo um dos carros de Ryan. Vindo de uma familia com dinheiro, ele tinha três carros e uma moto, apesar de que nunca o vi usando nenhum carro. Ele emprestava sempre um deles pro Jaden ir trabalhar (e buscar a Maggie, já que ambos trabalhavam juntos em uma das sedes da Hollywood Records), e ele ia pro curso sempre de moto. De bom grado, me disse que eu poderia usar um dos carros dele se tivesse lugares para ir, desde que eu arcasse com os gastos estava tudo bem.

 Eu escolhi um Audi A5, porque convenhamos, não andaria em um desses tão cedo.

 Após ter aberto a porta para Selena entrar, me aproximei do ouvido da mesma e sussurrei:

— Você está perfeitamente linda.

 Pude observar seus ombros relaxarem com minhas palavras. Era incrível como eu conseguia notar cada um dos efeitos que minhas palavras ou ações tinham nela.

Me lembrava da noite que havíamos passado juntos como uma maravilhosa memória inesquecível. Me lembrava do som de seus gemidos e da forma como ela arqueava o corpo toda vez que eu a tocava, como se estivesse implorando por mais de meu toque. Como seus lábios procuravam pelos meus com fome e euforia, e em como seu corpo de conectava tão bem ao meu.

 Precisei parar meus pensamentos aí antes que eu tivesse uma ereção. E para o lugar que estavamos indo, isso definitivamente estava fora dos limites.

 Eu entro no carro em seguida, começando a dirigir adiante.

— Eu escrevi músicas novas ontem.

 Ela diz, poucos segundos depois. Acabo sorrindo com as palavras.

— É mesmo? Alguma chance de voce me mostrar?

— O Ryan é a primeira pessoa que eu mostro minhas músicas. Ele analisa as letras comigo e eu o ajudo a criar uma melodia para música a partir daí... – me explica ela, o que eu compreendo — Mas acho que posso dar uma prévia para voce. Vou enviar em mensagem depois.

— Vou aceitar. E qual foi a inspiração para voce ter escrito ontem?

 Posso senti-la revirando os olhos enquanto solta um risinho.

— O tempo esta ótimo hoje. Você sabia que o Sol libera mais energia em um segundo do que todas as fontes de energia que a humanidade já consumiu em toda a sua existência?

 Não me surpreendido por ela tentar desviar de assunto usando mais uma de suas curiosidades comigo. Apenas sorrio, enquanto balançava minha cabeça.

— Vamos ouvir alguma coisa.

 Ela tateia a sua frente ate encontrar o rádio do carro, e então o liga.

 Começa a tocar o CD do The Cure, na canção Its Friday I'm in love, e ela parece empolgada com a música.

I don't care if Monday's blue, tuesday's grey and Wednesday too. Thursday, I don't care about you. It's Friday I'm in love. – ela canta, antes de fazer uma pausa. — Toda vez que saio com Ryan ele deixa tocando o CD do The Cure. Já decorei todas as músicas. É a banda favorita dele.

 Sabia que Ryan era o melhor amigo de Selena. Evidentemente mais do que Jaden, já que ela parecia muito mais intima do mesmo. E mesmo assim, ainda foi impossível que eu não sentisse uma pequena partícula de ciúmes. Igual a que eu senti no dia em que os vi cozinhando juntos.

 E podia parecer besteira, mas estarmos ouvindo as músicas dele, no carro dele, fazia parecer como se ele estivesse entre nós.

 Assim que paro o carro no sinal vermelho, pego meu celular e conecto ele ao rádio do carro, colocando em uma playlist com as melhores músicas do Michael Jackson, como sabia que Selena gostava. Ela parece animada com o novo tipo de música, o que me alivia e tambem me deixa contente.

— Por que não ouvimos um pouco dos seus favoritos, não é?

 Não sei se ela me ouviu, porque ela começa a cantar animadamente assim que a primeira música toca. E é toda a resposta que eu preciso.

 Volto a dirigir voltando a me sentir mais tranquilo, e acabando por cantar com Selena quase todas as músicas que tocava. Mas claro, ela era melhor. Era uma fã nata.


(...)


 Não leva mais que duas horas para chegarmos ao nosso destino. Eu estaciono o carro em frente o local, saindo do veículo e dando a volta para abrir a porta para Selena. Havia deixado sua bengala dentro do carro, então seguro na mão da mesma para orienta-la a andar.

— Vai me dizer onde estamos? – me pergunta ela, agora não contendo mais sua curiosidade.

 Eu beijo sua bochecha, andando em frente com ela.

— Você já vai saber.

 Podia sentir sua leve ansiedade, o que era engraçado levando em conta o quão curiosa ela era.

 Eu toco a campainha da porta a minha frente e espero.

 Quando a mesma se abre segundos depois, posso visualizar a linda mulher de cabelos morenos sorrindo abertamente ao me ver.

— Justin! Finalmente voce chegou, estava ansiosa demais para te ver desde que voltou para Boston!

 Eu rio baixo de sua animação, dando um passo a frente e me soltando de Selena por um segundo.

— Oi, mãe.

 Eu a abraço de modo firme, sentindo ela retribuir com a mesma intensidade. De fato a pessoa que mais senti falta quando fui para França havia sido a minha mãe.

— Tão bom te ter de volta. Mesmo nessa casa nova que esta morando voce não pode me esquecer, tem que vir me visitar sempre.

— São duas horas de viagem, mãe. – eu resmungo, enquanto nos soltamos do abraço.

— O quê são duas horas perto dos nove meses que tive que te carregar? Eu te digo, nada!

 Podemos ouvir o baixo risinho de Selena soar, e eu volto a pegar em sua mão enquanto fazia ela se aproximar de minha mãe.

— Mãe, essa é a Selena. Selena, essa é a Pattie, minha mãe.

— É um prazer te conhecer, Pattie. – diz Selena suavemente, e posso notar por dois segundos os olhos de minha mae brilharem ao se passarem dela para mim, e então para nossas mãos juntas.

— Uma mulher? Minha nossa, tenho que admitir que Justin não traz uma mulher aqui desde... – ela me olhou — Desde quando você tinha sete ou oito anos, e trouxe uma menina aqui por acidente porque ela vestia as roupas do irmão e tinha cabelo curto e você achou que ela fosse um menino.

— Mãe... – eu advirto, mas Selena já estava rindo novamente, gostando da história.

— Me desculpe, não sei como reagir! – ela se volta para Selena — É uma surpresa maravilhosa no entanto, tenho que admitir. Vem, entre. O que você come? Tenho certeza de que posso te surpreender com meus doces. Você não é vegetariana, né? Não sei se consigo fazer um bolo vegano...

 Minha mae já havia pego a mao de Selena de mim, levando-a consigo para dentro e tagarelando sem parar, enchendo a coitada de perguntas. No entanto, Selena não parecia nem um pouco incomodada e falava tanto quanto minha mãe.

 Não precisou nem de dez minutos para eu saber que elas se dariam melhor do que eu havia imaginado.


(...)


 Estavamos todos reunidos à mesa. Minha mae havia caprichado em seus doces dessa vez. Ela não gostava tanto de cozinhar salgados – verdade seja dita, ela mal sabia fazê-los -, mas fazia um bom tempo de que não havia visto ela se empenhar tanto na preparação de doces como hoje. Havia feito um dos seus famosos bolos de torre, com três camadas e cheio de chocolate, e vários cupcakes de sabores diversos, além dos seus brownies que eram os mais deliciosos que eu já havia comido em toda a minha vida.

 Não perco tempo em atacar um deles. Minha mae me repreende com o olhar, sempre falava como deveríamos deixar as visitas comerem primeiro, mas estava faminto, além de ter sentido muita falta de suas comidas.

— Então Selena, sinto que estou falando a horas e nem sei muito sobre voce. Mora com seus pais?

 Selena corta um pedaço do bolo que minha mae havia servido para ela em um prato.

— Na verdade não. Meus pais morreram quando eu tinha oito anos, em um acidente de carro.

 Eu pisco. Me dou conta de que esse era um fato importante e eu nem sequer sabia. Na verdade, em questão da vida pessoal de Selena, eu não sabia nada alem de Maggie e.... Dos garotos que ela já se envolveu? De repente me sinto mal. Como se estivesse vendo tudo de forma superficial e não tão a fundo como gostaria.

— Sinto muito. Eu não sabia. – as palavras fogem de minha boca.

 Ela sorri gentilmente.

— Esta tudo bem. Gosto de pensar que eles me ensinaram tudo que podiam para eu me tornar uma boa pessoa antes de irem. – ela come um pedaço de seu bolo antes de continuar a responder minha mãe. — Fui morar com meus tios maternos, eu e minha irmã mais velha, Maggie. Eles eram ótimos, muito carinhosos e devotos. Quando Maggie ficou maior de idade, esperou que acontecesse o mesmo comigo para morarmos juntas. E estamos assim desde então. Meu tio trabalha em cruzeiros agora, como enfermeiro, então está sempre viajando, e dessa vez minha tia está acompanhando ele nas viagens. Ela também é enfermeira.

 Minha mãe exibe um sorriso de alivio ao fim da história, como se a preocupação de saber que Selena havia perdido os pais nova demais houvesse se dissipado.

— Certo, bem, isso é ótimo. Gostaria de poder conhecer sua irmã algum dia também.

 Selena ri, antes de comer outra garfada do bolo.

— Ela é bem diferente de mim. Acho que ela não se dá muito bem com pais, para ser sincera.

— Uma rebelde, então? Já passei por isso. Justin teve uma fase assim.

— Mãe... – ela me ignora.

— É verdade. No ensino médio do internato, lembra? Quando você e o Jaden ficaram brigados por um tempo. Você começou a andar com umas pessoas estranhars, fumava maconha, era chamado sempre na direção... – ela balança a cabeça em negação enquanto me aponta um olhar acusatório. — Muito ruim. Estava quase te tirando de lá pelos cabelos e te dando uma bela surra. – então ela volta a olhar para Selena. — Imagina só, eu, nessa idade, tendo que dar uma surra para um adolescente de dezesseis anos se comportar? Consegue imaginar isso, Selena? Lamentável!

 Selena apenas ri em resposta, enquanto terminava de comer o seu bolo.

— Fico feliz que esteja morando com Jaden. Gosto dele. Um bom garoto, apesar de ser muito libertino pro meu gosto. Mas um bom garoto. – ela deixa no prato de Selena dois cupcakes de baunilha com chocolate, que descobriu ser um dos sabores favoritos da mesma após terem conversado enquanto ela cozinhava. — Aliás, quando vou ouvir a banda de vocês tocarem? Nem sei o nome ainda.

 Decido evitar falar o nome para não acabar dando a minha mãe outro motivo de se relembrar de alguma outra história embaraçosa.

— Pode vir quando quiser. E pode trazer o Gus com você tambem.

— Ah, ele vai adorar!

 Gus, ou Augustus, era o namorado da minha mãe. Eles já estavam juntos a cinco anos. Era um ótimo cara. Respeitava e a amava mais que tudo. E eu também gostava dele. Não podia pedir nada melhor para a minha mãe.

 Eu já estava no meu quarto pedaço de brownie enquanto Selena devorava os cupcakes da minha mãe.

— Bom, não é? Sempre ganho os concursos anuais de cupackes. – ela se gabou, adorava dizer esse fato para todo mundo que pudesse ouvir.

— Não é atoa que você sempre ganha, estão incríveis! Poderia comer todos os dias da minha vida.

 Apesar de já saber disso, ate porque era dona de uma das melhores lojas de doce de Boston, minha mãe sorri com doçura pelo elogio, como se não o esperasse.

— Ah, Selena! Você é tão maravilhosa.

 Entao ela funga, e eu posso ver seus olhos marejados.

— Mãe?

— Pattie, você esta bem?

 Selena ergue a mao ate tocar o ombro de minha mãe, que funga novamente.

— Estou bem, estou bem. – ela diz, mas sua voz estava embargada. Ela se vira para mim. — Me desculpe, é que Selena é realmente maravilhosa, diferente da Alaska, ela era horrível. – eu travo diante do nome, mas Selena não exibe nenhuma reação e minha mãe continua a falar — E estou tão emocionada que vocês.... vocês.... Ah, Justin, por favor, não deixe Selena escapar.

 Minha mae sempre foi bastante sentimental, mas me surpreendo por ela parecer tao emocionada assim, quase se derramando em lágrimas no meio da mesa.

— Esta tudo bem. – Selena parece tranquila diante de toda aquela emoção, acariciando o ombro e a mão de minha mãe com gentileza. — Está tudo bem. Seu filho é um homem incrível, você o criou muito bem, e eu gosto muito dele.

— Oh, Selena!

 De repente minha mãe está chorando enquanto abraça Selena, e a cena é tanto esquisita quanto reconfortante. Era bom ver que elas já se sentiam intimas a esse nível e pareciam gostar uma da outra.

 Depois de alguns segundos quando minha mae já havia parado de chorar, eu me levanto e me aproximo dela.

— Ok, mãe. Acho que você precisa se acalmar um pouco. – beijo o topo de sua cabeça, esperando ela se soltar de Selena. Assim que ela o faz, digo: — Vou levar Selena para dar uma volta. Logo voltaremos, ok?

 Ela assente, fungando novamente, e eu toco na mão de Selena ajudando-a se levantar.

 Assim feito, ando com a mesma para fora de casa.

 Minha mae morava em uma casa na praia. Era mais reservada e longe de outras casas, assim como o local da praia era mais privado. Não havia ninguém aqui, e era perfeito.

— Me desculpe pela minha mãe. Ela se emociona muito e quase nunca consegue controlar as emoções.

 Selena exibe um sorriso gentil, e dá de ombros.

— Esta tudo bem. Eu a adorei.

 Fiquei feliz de ouvir isso, e apertei um pouco sua mão para tentar demonstrar isso.

 Enquanto andávamos pela areia, percebi que já estávamos próximos da água e entao eu paro.

— Vai precisar tirar os seus sapatos.

Ela pisca, antes de voltar a virar seu rosto em minha direção.

— O quê?

— Para entrarmos na água. Estamos na praia.

 Imaginei que ela já soubesse disso, pelo fato do aroma aqui ser diferente e pelos sons da água do mar. Selena assentiu, devagar.

— Sei disso, mas não achei que.... que iriamos entrar. Eu nem estou vestindo um biquíni.

— Não vamos nos molhar por inteiro. Só ate metade das pernas, talvez.

 Ela assente mais uma vez. Mas não faz nada. Observo-a morder levemente seu lábio inferior enquanto sua feição parece perdida por um momento.

— Cerise?

 Ela pisca, voltando seu foco em mim novamente.

— Huh?

— Os sapatos.

 Ela não os tira, continuando a ficar parada. E entao me dou conta de que de fato alguma coisa estava errada.

 Fico em sua frente, segurando suavemente em seus ombros.

— Qual o problema?

— Não posso fazer isso. – ela diz simplesmente.

— Tirar os sapatos? – eu franzo o cenho.

— Não. Entrar na água. Não posso fazer isso.

 Tento manter uma linha de pensamento, mas ela está vazia.

— Por que não?

— Eu sei que... as pessoas amam a praia, a água do mar e todas essas coisas. Mas eu não.

— Está bem... – murmuro, apenas para que ela continuasse a falar e eu fosse entender.

— Eu costumava amar. Quando ia com meus pais, antes de eles falecerem. Sempre ia a praia apenas com eles. Um dia, uns meses depois que morreram, eu fui a praia com a minha irmã. Estávamos juntas, ate que eu acabei me perdendo dela. Pedi ajuda a algumas crianças, e elas me disseram que sabiam onde ela estava. Entao me levaram para o mar, em um lugar afastado, bem para o fundo... – eu travo o maxilar quase como se já soubesse o que iria ouvir. — Elas mentiram, obviamente. Estavam brincando comigo. Então elas saíram rindo enquanto me deixavam lá, sozinha. Tentei sair, mas não sabia para qual direção andar. Não ouvia mais as vozes delas e nem de ninguém. Fiquei lá, sozinha e perdida, chorando enquanto esperava alguém me socorrer. A ajuda só veio horas depois.

 Eu aproximo mais meu corpo do seu, a abraçando forte como se pudesse tirar a dor daquelas lembranças de si apenas com o ato.

— Nunca senti tanto medo em minha vida. E ainda sinto. Nunca mais consegui entrar na agua do mar. Não consigo fazer isso.

— Eu sinto muito. – é tudo o que consigo dizer, enquanto a abraçava e acariciava suas costas. Sentia ela me abraçando tambem, seu corpo antes tenso começando a se relaxar contra o meu.

 Então me recordo de como eu sabia fazê-la sentir. De como eu conseguia acalma-la e colocar um sorriso em seu rosto facilmente. De como eu conseguia fazer com que ela se sentisse bem.

— Você não acha que consegue entrar comigo? – pergunto, e imediatamente sinto seu corpo ficar tenso novamente. — Ei, calma. – sussurro, agora soltando-a do abraço, mas segurando em suas duas mãos. — Prometo ficar com voce o tempo todo e não te soltar nunca, nem sequer uma vez.

 Ela respira fundo, mas nega com a cabeça.

— Sei que não vou conseguir ir andando até lá.

— E se eu te carregar no colo durante o trajeto?

 Ela pensa por um instante. Ainda parece hesitante e desconfortável com a ideia.

— Só vou te colocar no chão quando você disser que tudo bem. Prometo.

 Calmamente, e muito devagar, ela assente. Por fim, tira os seus sapatos, e eu faço o mesmo com os meus.

— Preparada?

 Selena assente com a cabeça, sem dizer nada.

— Não vou me sentir confortável em fazer isso se não te ouvir em resposta, cerise.

— Só.... não me deixe cair, ok?

 Eu assinto entre um leve sorriso.

— Já se esqueceu da nossa noite no hotel? Nunca vou te deixar cair.

 Ela acaba exibindo um fraco sorriso, provavelmente se lembrando daquela noite como eu.

 E caramba, só agora havia me tocado de que ainda não havia a beijado hoje.

 Tomado pela vontade, eu seguro em seu rosto com ambas de minhas mãos, e colo nossos lábios, iniciando um beijo calmo com a mesma.

 Quando chega ao fim, incrivelmente Selena parece mais tranquila e menos ansiosa.

— E qual foi o motivo disso?

— Não havia te beijado hoje.

— Humm, entao finalmente você percebeu.

 Eu solto um riso, tocando em sua mão.

— Se voce tinha percebido entao por que não me beijou?

 Ela sorri, umedecendo os seus lábios.

— Estava deixando você fazer as honras.

— Certo. – passo meus braços por seu corpo, a pegando em meu colo por fim. Ela envolve seus braços ao redor do meu pescoço. — Está pronta?

— Tão pronta quanto uma mulher que está grávida e a bolsa dela estoura inesperadamente.

 Eu rio, começando a andar. Seu corpo volta a ficar tenso. Entao eu pergunto a primeira coisa que vêm a minha cabeça.

— Sabe alguns fatos de grávidas?

— Sim.

— Me conte eles.

 Sabendo que isso ajudaria Selena a pensar, falar, e esquecer um pouco o fato de onde estávamos e o que estávamos fazendo, supus que seria uma boa ideia distraí-la.

 E de fato ela começa a aparecer bem mais relaxada enquanto fala.

— Estima-se que 10% das gestações acabem em aborto espontâneo.

— Isso é horrível.

— Sim. Mas não é uma porcentagem tao grande. Em contra partida, a mais longa gestação humana já registrada foi de 375 dias, o que equivale a 12,5 meses.

— Não posso nem imaginar como seria ser mulher e ficar grávida durante um ano inteiro. Continue...

— Se durante a gestação a mãe tiver algum problema em seus órgãos, o bebê envia, de dentro do útero, células-tronco para resolver a questão.

— Então você esta me dizendo basicamente que um bebê tem tipo super poderes enquanto está dentro do útero?

 Selena ri diante do meu raciocínio e assente.

— Pode-se dizer que sim. Ah! Lembro de uma pesquisa que eu li, que revelou que mulheres que roncam durante a gestação tendem a gerar bebês menores.

— Deve ser por isso que não sou um homem tão alto. Agora ‘tá explicado.

 Selena ri novamente, enquanto nega com a cabeça.

— Você não é baixo. Na verdade, adoro seu tamanho. Quase combina perfeitamente com o meu.

 Eu sorrio, agora parando de andar. Já estávamos em uma distância boa, e a agua batia apenas em minhas coxas. E de fato toda a conversa havia funcionado. Selena já sorria novamente e seu corpo parecia bem relaxado.

— Bem... – sussurro, deixando um leve selinho sobre os seus lábios. — Chegamos.

 Ela mexe seus pés mas continua segurando em meu pescoço.

— Vai me deixar cair?

— Não.

— E se um tubarão estiver vindo em nossa direção?

— Eu corro com você em meus braços.

— Esqueça o tubarão. O oceano está cheio de predadores que não aparentam ser. Por exemplo o Stonefish (ou, peixe-pedra), é um ser escultural que se disfarça de pedra, mas não é tão duro quanto. Na realidade se trata do peixe mais venenoso de todo o planeta. Sua picada pode ser fatal ou, pelo menos, te deixar paralítico e, com certeza, você nem vai saber o que te atingiu até três horas depois. – então ela respira fundo antes de terminar sua sentença. — Se um desses te picar e você ficar paralítico você vai me deixar cair!

— Meu deus, da onde você tira esse tipo de coisa? – acabo rindo, surpreso com toda a sua linha de pensamento. — De qualquer forma, prometo ficar aqui parado e tentar não ser picado por nenhum StoneFish ou alguma outra espécie venenosa. Na verdade, não estamos nem tão fundos assim. Aposto que essas espécies vivem mais para o fundo do oceano, certo?

 Ela assente.

Touché. Certo, está bem... – ouço-a respirar fundo novamente antes de assentir. — Ok, esta bem. Pode me soltar.

 Eu começo a fazer isso, antes de ela gritar.

— Não! Espere! Ai meu deus!

 Volto a ficar parado. Ela respira fundo novamente, e de novo. Entao assente mais uma vez.

— Certo...

 Vou fazendo isso, mais devagar dessa vez. Após deixar Selena de pé no chão, continuo com meus braços ao redor de seu corpo, e ela continua abraçada ao meu pescoço, como se tivesse medo que me soltando o mar a levasse para longe.

— Está tudo bem. – eu a tranquilizo. — Eu estou aqui. Não vou a lugar algum.

 Acariciou sua pele, sua cintura e suas costas, ainda deixando nossos corpos colados o suficiente para ela sentir que eu estava consigo.

 Como ela não parecia relaxar tanto quanto antes, decido começar a falar.

— Eu cresci aqui, você sabe... Depois que meus pais se divorciaram. Quando não estava no internato, nas férias de fim de ano, sempre vinha aqui com meus amigos. Já cheguei a dar uma festa na casa da praia da minha mãe enquanto ela viajava com o namorado, o que não acabou bem já que o vaso e o conjunto de taças favorito dela acabou sendo quebrado e eu fiquei de castigo por 3 meses. Mas tive boas memórias aqui. As melhores, acredito. E não só por conta da praia...mas porque aqui é um lugar lindo. Onde você se sente bem e se sente seguro, independente da companhia.

 Aos poucos, ela solta meu pescoço devagar. Mas usa uma de suas mãos para segurar em meu braço, firmemente. Voltei a sentir seu corpo mais relaxado próximo ao meu.

— Podemos andar mais para o fundo?

 Eu assinto, ate me dar conta do nosso estado. A agua já batia quase em nossas coxas.

— E nossas roupas?

— Não me importo. Podemos esperar elas secarem antes de irmos embora no carro do Ryan novamente.

 Também não me importava, entao começo a andar com ela devagar pelo mar. Sabia que isso estava sendo um processo ainda mais delicado para Selena. Podia praticamente ouvi-la pensando, e ela sempre travava antes de dar mais um passo a frente.

 Já havia a feito contar algum fato interessante, conversei sobre mim, então tento pensar em uma terceira coisa que poderia funcionar para distrai-la.

 Sorrio ao me recordar da coisa mais óbvia. Que também fora o motivo principal que fez com que nos conhecêssemos e nos juntou.

 A música.

 Me lembro que quando costumava andar aqui durante a adolescência, sempre tocava no rádio Bubbly da Colbie Caillat, e era uma das músicas mais famosas daquela época. Entao começo a cantá-la baixinho.

— I've been awake for a while now. You've got me feeling like a child now. ‘Cause every time I see your bubbly face, i get the tingles in a silly place...

 Para a minha surpresa, Selena me acompanha na música.

— It starts in my toe, and I crinkle my nose. Wherever it goes, i always know... That you make me smile, please, stay for a while now. Just take your time, wherever you go...

 Eu sorrio com a sua voz. Quando havíamos cantado Michael Jackson na praça sua voz estava acompanhada com a do cantor original e a melodia da música, entao não pude ouvir tão claramente como agora.

 Mas agora que ouvia, a voz de Selena era doce e serena. Ela era afinada na medida, e soava como um pequeno anjo cantando.

 Ela tinha uma voz especial.

 Eu continuo cantando a próxima parte da música, e logo estávamos em coro, cantando juntos enquanto caminhávamos pela água.

 Quando chegamos ao fim da letra, a água do mar já batia próximo ao meu peitoral, e Selena não segurava mais tão firmemente em meu braço. Ao invés disso, sua mão agora estava segurando na minha. Ela parecia muito tranquila ao meu lado, como se um peso tivesse saído de seus ombros e nada mais pudesse a afetar.

 Eu observo seu rosto. Ela tinha um sorriso radiante e aliviado em seus lábios. Entao ela se vira em minha direção, envolvendo suas mãos em meu rosto e me beijando, com firmeza, desejo e alegria.

— Obrigado. – ela sussurra sobre os meus lábios. — Obrigado, Justin. Obrigado.


(...)


 Havíamos nos secado em meu antigo quarto na casa da minha mãe. Eu troquei de roupa, não havia crescido tanto da adolescência pra cá e algumas coisas ainda serviam. Emprestei para Selena um camisetao meu, que havia ficado tão grande em si que não precisou de nada mais por baixo. E de fato, fiquei feliz de que não precisou pois vestindo apenas isso ela se tornava a visão mais sexy que eu já havia visto desde a que tinha visto nua.

— Tem o seu cheiro... – murmura ela, parecendo contente por tal coisa.

— Espero que seja um elogio.

— Você sempre cheira bem. E agora vou ter esse cheiro em mim.

 Eu me aproximo de si, deixando um leve beijo sobre seu ombro.

— Eu acho isso ótimo.

 Selena ri, umedecendo os seus lábios.

— Eu sei. Eu também.

 Nós acabamos nos despedindo de minha mae poucos minutos depois. Ela nos fez prometer que voltaríamos logo antes de entrarmos no carro do Ryan e eu começar a dirigir de volta para o centro de Boston.

 Já estava começando a escurecer, e apesar de querer ficar ainda mais tempo com Selena, sabia que ela tinha que voltar para casa antes de Maggie voltar.

 Mas o nosso dia em si havia sido perfeito. Havia gostado de cada momento que passei ao seu lado, e sabia que não mudaria nada. Adorava o tipo de pessoa que nos tornávamos juntos, o tipo de sentimento que existia entre nós e de como nos dávamos tão bem. Era quase algo sobrenatural. Como se nossas almas se conectassem melhor que qualquer outra coisa.

— Justin?

 Eu quase tenho um sobressalto. Não notei que o carro estava silencioso ate Selena se pronunciar. Eu a fito rapidamente, agora tendo uma estranha sensação crescendo no peito. Ela parecia pensativa e quase ansiosa.

— Cerise?

— Sobre antes... – ela começa a dizer, quase nervosamente. — Quando estávamos na mesa com a sua mãe. Ela citou uma garota chamada Alaska... – eu já sabia o que ela iria perguntar, e ainda assim, esperei que mudasse de assunto. — Quem é Alaska, Justin?


Notas Finais


Lembrando vocês que essa é uma mini fic, e já estamos na metade dela. Nao sei quantos capítulos faltam ate a estória acabar, mas chuto que talvez mais uns seis a mais. (?)
É isso, amores. Comentem e me digam o que estão achando! 💙💙
Twitter: @asweetdrug


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