História Truly, Madly, Deeply in Love - Revisit the past

POV Emily

Quando entrei na casa do meu pai sorri aliviada de ter saído do hospital depois de todas aquelas semanas que fiquei lá. Ainda andava com dor, ficar sentada por muito tempo forçava o local onde a bala foi retirada, mas nada superava o fato de ter saído daquele quarto de hospital, só por eu estar aqui em casa agora, já me deixava animada.

-É bom estar em casa – falo me sentando devagar no sofá. Louis e meu pai me acompanharam, Louis sentou-se ao meu lado, já meu pai ficou na poltrona a minha frente.

-Ainda dói? – meu namorado pergunta preocupado.

-Um pouco, mas o médico disse que era normal. Prometo seguir todas as recomendações para ficar novinha em folha o mais rápido possível – comento e Louis sorri – Bom, não tão novinha assim, já que a enfermeira falou que isso aqui vai me deixar com uma cicatriz enorme – resmungo com um suspiro.

-Isso é o de menos filha, o importante é que você está aqui conosco.

-É – sorrio.

-Filha, eu sei que talvez não seja a melhor hora, mas eu tenho algo muito importante para te falar – seja lá o que era, meu pai parecia preocupado e percebi Louis ficar tenso ao meu lado.

-Ok – comento insegura – É sobre o desafio das cadeiras? Eu posso te passar as anotações dos candidatos, não tem com o que se preocupar, todos são muito bons e eu confio 100% em seu julgamento.

-Fico muito feliz em ouvir isso, podemos falar disso mais tarde, mas não é sobre isso que precisamos conversar agora.

-Não é? – pergunto confuso – Sobre o que é então?

-É sobre a sua mãe – ele responde e eu já fico irritada.

-Eu nem sei o que é, mas não quero saber nada dessa mulher.

-Emily – Louis me chama e eu olho para ele – Vamos estar do seu lado, sempre, você sabe disso. Mas eu acho melhor você escutar primeiro e depois tomar uma decisão definitiva.

Olho seria para ele, depois observo meu pai, então respiro fundo antes de continuar.

-Tudo bem, o que é?

-Ela entrou em contato comigo, pediu-me para te ver, falar com você – diz meu pai, mas eu já não queria ouvir mais nada.

-Agradece por mim, mas diz que ela está alguns anos atrasada – respondo me levantando com certa dificuldade, eu já não queria falar sobre aquilo.

-Emily, você nem me deixou terminar de explicar e já está fugindo novamente – meu pai constata e eu reviro os olhos.

-Não, foi ela quem fugiu de mim quando eu tinha seis anos, não se lembra? Ela me deixou como se eu não valesse nada, entrou naquele avião e não olhou para trás, esqueceu que tinha uma filha – falo sentindo novamente toda a dor de quando ela me deixou naquele aeroporto implorando para que me levasse junto – O que aconteceu para de repente ela aparecer e querer me ver? – pergunto retoricamente, mas meu pai me interrompe.

-Ela está com câncer – ele declara e eu travo sem saber o que dizer. Aquilo era brincadeira né? Tinha que ser – Ela vai estar em Londres daqui alguns dias, não precisa decidir agora, apenas pense no assunto, talvez lá no fundo você queira vê-la – olho para os dois homens ali na sala, mas não encontro palavras para dizer. Apenas assinto e sai da sala.

POV Stela

-Filha, o papai precisa falar com você – ele diz com os olhos vermelhos eu o observo atenta.

-Tudo bem – ele me senta na cadeira do hospital e se agacha na minha frente, eu nunca tinha visto meu pai daquele jeito, então eu sabia que algo estava muito errado.

-A mamãe passou mal durante a sua apresentação e nós trazemos ela aqui para o hospital – ele começa a falar bem devagar, prestando atenção em cada movimento meu – Então é por isso que não pudemos ver você terminar de cantar, você entende?

-Sim papai – eu respondo com um sorriso – Vão ter outras apresentações e você e a mamãe vão poder me ver cantar novamente. E ela está bem agora? Eu posso ver ela?

-Stela, filha – meu pai parou de falar e respirou fundo, era como se ele estivesse tomando coragem para me dizer algo que o estava machucando – O papai vai te explicar uma coisa e você precisa prestar bastante atenção ta bom? – eu assinto confusa – Ok, querida, você sabe que o papai e a mamãe te amam, não sabe?

-Eu sei papai, mas porque você não me fala quando podemos ir ver a mamãe? – então eu vejo suas lagrimas escorrerem, eu não conseguia entender o porquê ele chorava – Não chora papai, eu prometo ficar quietinha se eu não puder ver a mamãe agora.

-Stela, presta atenção no papai – ele diz, se segurando para não chorar – A partir de agora você vai ver a mamãe de um jeito diferente.

-Porque?

-Você sabe aquelas estrelinhas que ficam no céu todas as noites? – ele pergunta e eu fico confusa, eu não entendia o que aquilo tinha a ver com a minha mãe, mas eu assinto mesmo assim – Hoje a mamãe virou uma daquelas estrelinha.

-Para de brincadeira papai – eu falo rindo achando que era uma piada – Nós podemos ver a mamãe agora?

-Filhinha – eu observo meu pai que agora tinha as lagrimas escorrendo por seu rosto mais uma vez – O papai não está brincando, a partir de agora nós só vamos ver a mamãe no céu, junto com as estrelinhas.

-Mas eu não quero papai – começo a chorar me atirando em seus braços – Eu quero ver a mamãe de verdade, me deixa ver ela, por favor....

Eu acordo e me levanto assustada e sentindo minhas lagrimas escorrerem por meu rosto, olho ao redor e percebo que estava no quarto de hotel, Niall estava deitado ao meu lado dormindo. Fecho os olhos e vejo aquelas cenas mais uma vez, meu coração doía, as lagrimas continuavam escorrendo, eu me sentia fraca mais uma vez. Como algo que havia acontecido a anos poderia fazer com que o sonho se tornasse tão real?

Respiro fundo e me levanto com cuidado para Niall não acordar, ele devia estar exausto da viagem, não precisava acordar com a minha crise no meio da madrugada. Vou até o banheiro e jogo um pouco de agua no rosto, me olho no espelho. Eu estava acabada.

Olho para a agua que saia da torneira e volto a me lembrar do dia em que perdi minha mãe, me lembro de ter chorado por vários dias seguidos. Tempos depois fomos embora do Brasil e nos mudamos para a Inglaterra, nunca voltei para meu país natal e agora estando aqui, depois de ter resolvido minhas coisas com o Niall, acho que era justo eu revisitar o passado. Precisava ir no tumulo da minha mãe antes de voltarmos para Londres.