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História Trust me - Coup de Foudre


Escrita por: LauraEllyse

Notas do Autor


OEEEEE GENTE!

* desvia de pedras e facas *

CALMA GENTE, DESCULPA!

* atiram tochas *

EU SEI, EU DEMOREI, ME DESCULPEM, EU TENTEI!

* mandam cachorros atras de mim *

GENTE, eu sei que eu demorei, aconteceu muita coisa ultimamente, mas eu voltei, assiti tudo de novo, e to de volta. Vou tentar ao maximo gente, alguem ainda lembra dessa historia? huahuahuahauhahu
Espero que me perdoem :(

Capítulo 32 - Coup de Foudre


- É verdade? - Derek insistiu, observando Stiles encarar o chão, procurando as palavras certas. - Stiles? Fala comigo.

Stiles respirou fundo. Como diabos ele ia começar aquela conversa? Aquilo era um desastre. Eram tantos problemas naquele momento que ele mal sabia por onde começar. O Nogitsune estava a solta. Lydia tinha sido levada. Ele era um garoto que estava gravido aos 17 anos. Basicamente, eles estavam na merda. E muito.

- Eu... - ele tossiu para limpar a garganta. - Eu não sei bem como isso é possível... mas... - fez uma pausa. - Mas aparentemente é.

-Então você está...

- Sim. -  assentiu, não olhando nos olhos incrédulos de Derek. - Por mais incrível e impossível que pareça.

Derek levou a mão até o rosto, massageando as têmporas. O menor imaginou que ele estivesse pensando onde diabos havia se metido, ficando com o único cara do mundo que podia trazê-lo aquele tipo de problema.

- Olha, Derek... - Stiles começou, sentindo seu peito pesar com as palavras que saíam de sua boca. - Eu entendo se você... se você quiser sair... você não tem que...

- Do que você está falando? - o beta franziu as sobrancelhas. - Se eu quiser o que? Te deixar?

Stiles abaixou a cabeça, não falando nada.

- Stiles. - Derek pegou o queixo do garoto, que ainda não olhava para ele. - Para com isso. Você sabe, ou pelo menos devia saber, que eu nunca vou te deixar. Não importa o que aconteça. A gente vai dar um jei...

- Dar um jeito? - a voz do menor subiu algumas oitavas e uma risada triste saiu de sua garganta. - Derek, o que eu vou fazer? Eu tenho 17 anos! E eu sou homem! Mas aparentemente eu também sou meio Kitsune! - agora o garoto estava andando de um lado para o outro na cozinha. - Ah, como eu vou explicar isso pro meu pai? A unica coisa que ele e disse pra não fazer nesse relacionamento era engravidar. Literalmente! Foi a única coisa que ele disse!

- Stiles, se acalma.

- Não tem como Derek! - o garoto parou na frente da pia, apoiando seu corpo nela, de costas para Derek. Sua voz ficou mais baixa. - Será que... tem como... tirar?

- Você quer... - a garganta do maior ficou seca. - Abortar?

- Que escolha eu tenho?! - Stiles se virou para o beta. - Como eu vou ter um filho? Vou criar ele? Dar pro orfanato? E sem falar que eu não tenho ideia de por onde ele vai sair, eu realmente espero que não seja pela...

- Stiles! - Derek correu até o menor, que estava quase caindo no chão. Seu corpo estava fraco, ele precisava sentar. - Vamos até o sofá.

- Eu estou bem, Derek. - Stiles arfou.

- Mal para em pé, você não está bem. - o beta o levou até a sala e o ajudou a se acomodar no sofá, se ajoelhando na sua frente. - Fique aqui, eu vou te trazer o melhor miojo que você já comeu em três minutos, okay?

- O pacote mente, leva cinco minutos pra ficar pronto. - Stiles sorriu de lado. - Senão fica um pouco duro.

- Você deve levar cinco minutos porque faz no microondas.

- Fica bom no microondas, ta bom?

- E não tem perigo de você queimar a casa.

- Eu não queimaria a casa!

- Só a cozinha então?

- Cala boca, Derek. - Stiles sorriu. O beta sentiu todos os seus problemas indo embora por um instante. Aquele sorriso era uma das coisas mais bonitas em sua vida cinza.

- Eu já volto. - o maior beijou de leve os lábios do outro antes de voltar para a cozinha.

***

- Você levou dez minutos pra fazer isso, Derek. - Stiles falava enquanto comia o miojo, fazia tanto tempo que não comia nada, aquele miojo parecia a melhor coisa do mundo naquele momento. - Não levou três minutos, nem cinco. Levou dez minutos, Derek.

- Se não quiser, é só não comer.  - o maior colocou seu próprio prato de miojo na mesa ao lado de Stiles e se sentou.

- Você não me deixaria passando fome, deixaria?

Derek apenas lançou um olhar debochado para o menor.

- Eu tenho que rever o meu conceito de "namorado". - Stiles fingiu um suspiro.

Derek sorriu. Sentia tanta falta daquilo. Daquele Stiles relaxado, sorrindo e brincando. Sabia que aquilo era temporário, com todos os problemas que eles estavam tendo, mas ia aproveitar o máximo possível.

Foi quando o beta ouviu um carro estacionar na frente da casa de Scott, e alguém descendo do carro e andando até a porta.

Era o xerife. John.

Assim que Stiles viu seu pai entrando pela porta da frente da casa de Scott, o garoto se levantou e correu até o homem, o abraçando com todas as forças. o xerife fez o mesmo, sentindo lágrimas brotarem em seus olhos.

- Desculpe a demora. - John sussurrou para o filho. - A mensagem que Scott estava muito confusa, eu não consegui vir mais cedo...

- Está tudo bem, pai. - Stiles deu um meio sorriso. - Está tudo bem.

- Acabou? - o xerife perguntou tanto ao filho quanto a Derek, que agora estava em pé e andava até eles.

O beta respirou fundo antes de responder.

- Ainda não. - aquelas palavras pesaram mais do que Derek esperava.

John suspirou, se desfazendo do abraço. Derek percebeu que o garoto teve que fazer um esforço para se equilibrar em pé sozinho.

- Nós emitimos um alerta no carro da Lydia. Estão procurando.

- Há algo mais que possamos fazer? - Stiles perguntou.

- Ainda é cedo, temos que esperar.

- Ele a levou por alguma razão, - Stiles falou mais com sigo mesmo do que com os outros. - Se pudéssemos descobrir porque, talvez descobríssemos onde...

- Okay, - o xerife cruzou os braços. - o que um Nogitsune iria querer com uma banshee?

- Eu não sei. - o melhor coçou a nuca. - Lydia é boa em achar cadáveres, talvez ele precise achar um corpo?

- Devíamos ligar pro Scott. - disse Derek. - Ele disse que ouviu a história inteira de Noshiko. Tudo bem que o que ela contou se passa na Segunda Guerra Mundial, mas...

- Espera, - Stiles interrompeu. - O que você disse?

- Noshiko o contou sobre um...

- Não, não, não. - o garoto balançou a cabeça. - Antes disso. Você disse "a história inteira".

Derek assentiu, não entendendo onde o menor queria chegar.

A mente de Stiles se voltou para uma garota que ele tinha visto na Eichen House.

 " - Não. - Stiles ouviu a garota dizer no telefone. - Não, eu acho que você está errado. Eu acho que devo contar a eles. Eles vão querer saber a história, a história inteira. - ela fez uma pausa. - Sim, eu acho mesmo que eles deveriam saber. Sim, eu acho. - sua voz diminuiu, ficando apenas um sussurro. - Um deles está parado bem atrás de mim. 

- Tem uma garota, - ele começou. - na Eichen House. O nome dela é Meredith. Eu acho que ela pode ajudar.

***

- Parrish? - John atendeu seu telefone. Ele tinha ligado para o policial e o dito para contatar  o centro psiquiátrico e arrumar um horário para que eles pudessem falar com a garota, Meredith. - O que conseguiu?

- Em primeiro lugar, senhor. Nós achamos o carro.

- Ligue para o Scott, passe o endereço para ele.

- Hãn...  - o policial pareceu confuso. - Não quer que eu mande uma viatura para lá?

- Não mande nenhum policial para lá, ligue para Scott McCall. Confie em mim, Parrish.

- Certo. E... não vai conseguir uma visita tão cedo, xerife. - disse o policial. - Meredith foi levada para a unidade fechada.

- O quê? Por quê?

- Problemas de comportamento.

- Que comportamento?

Parrish demorou para responder.

- Ela não parava de gritar.

O xerife ficou tenso por um momento, agradeceu o policial e desligou, se virando para Stiles e Derek.

- Eu vou pra lá.

- Nós vamos tamb...

- Não vamos não. - Derek nem deixou Stiles terminar a frase. - Você mal está de pé, Stiles.

- Mas eu tenho que ir também! Eu que disse sobre a Meredith!

- Você nos deu uma pista importante, filho. - o xerife pousou a mão no ombro do menor. - Deixa que eu vou. Derek está certo.

Stiles suspirou. Queria ir, mas pelo menos se ficasse, não tinha que ficar olhando para seu pai, que não tinha nem ideia do que o próprio filho passava, e se culpando.

***

Scott tinha certeza que seria retido se continuasse a faltar na escola daquele jeito, mas como recusar quando um policial te liga no meio da aula para te informar do carro de sua amiga desaparecida? Scott tinha problemas mais urgentes naquele momento.

- É. - Scott disse, se aproximando do carro azul abandonado naquele estacionamento vazio. - Esse é o carro da Lydia.

- O cheiro está impregnado de emoções. - Isaac seguia o menor na direção do carro.

- Raiva. - ele assentiu.

- É a cara da Lydia. - Isaac sorriu de lado.

Scott teria sorrido com aquilo também, mas ele simplesmente não conseguia. Mal estava conseguindo falar com o loiro. Primeiro ele foge do hospital, invade seu quarto a noite, eles ficam... intinos? Juntos? Que seja, eles transaram. Depois Isaac simplesmente some, não responde ligações ou mensagens...

Para com isso, Scott. - o Alpha disse para si mesmo. - Ele estava sendo controlado pelo Nogitsune. Não era ele de verdade.

Mas aquilo não tranquilizava Scott. Se não era mesmo o Isaac, então ele tinha tido sua primeira vez com quem? Com o...? Oh meu Deus, que horrível.

- Vamos ver o que mais achamos. - Scott disse abrindo a porta do carro.

Isaac assentiu. Olhou ao redor do carro, se abaixando depois para olhar embaixo. Scott se sentou no banco do motorista, do lado oposto do loiro no carro.

- Ah... Isaac? - o Alpha chamou incerto. - Posso perguntar uma coisa?

- Claro, o quê? - Isaac respondeu, ainda sem se levantar do chão.

- Você... ahn... você se lembra... de noite?

- Que noite? - Isaac se levantou, franzindo as sobrancelhas e abrindo a porta do carro do lado do banco do passageiro.

- Essa noite. - Scott olhou para a janela, fugindo do olhar do loiro, que agora estava sentado ao seu lado.

Isaac demorou um pouco para responder.

- É, eu lembro.

- E... era você? Sabe, você mesmo?

- Você queria que fosse outra pessoa? - Isaac levantou uma sobrancelha.

- Claro que não. - o menor sorriu de lado. - Eu só queria ter certeza, sabe, que era você mesmo que estava comigo.

- Sim. - dessa vez, o loiro não hesitou. - Era eu.

Scott sentiu um alivio tomar conta de seu corpo.

- E eu realmente me lembro. - Isaac pegou a mão do Alpha e a apertou. - E foi incrível, você foi incrível.

- Ah, cala boca. - Scott sorriu, olhando de volta para a janela.

Ele franziu as sobrancelhas. Havia algo no vidro da janela. Era como se tivessem desenhado nela. Scott soprou ar quente no vidro, embaçando-o. Agora eles podiam ler facilmente a frase que com certeza foi escrito por Lydia enquanto ainda estava no carro.

"Não me encontrem"

***

Stiles se levantou assustado. Mal podia ver para onde estava indo, mas sabia que tinha que correr. Tinha que ir para bem longe, tinha que fugir. 

De repente, ele foi agarrado. Entrou em desespero. O Nogitsune o tinha alcançado. Ele ia controla-lo de novo, tortura-lo, e talvez dessa vez, ele finalmente o matasse. Tinha que fugir.

Levou um tempo até ele perceber que era Derek que o segurava.

- Stiles! - o maior gritou, apertando o menor contra seu corpo, que agora estava parando de se debater. - Está tudo bem, se acalme.

- Derek? O que... - foi quando Stiles percebeu que tudo aquilo tinha sido um sonho, e que estava fazendo papel de idiota. Como sempre. Ótimo. O garoto abaixou a cabeça. - Ah... me... me desculpe por isso, Der, sério.

- Você está bem? - o beta analisou o rosto do namorado com um olhar preocupado.

- Estou, eu... - stiles coçou a nuca, olhando para o sofá onde ele acidentalmente tinha caído no sono. - Por quanto tempo eu dormi?

- Um pouco mais que duas horas.

- Onde está o meu pai?

- Ele foi pra Eichen House. Meredith fugiu. Ele está questionando todos, procurando por ela.

- Okay, okay. - enquano o menor falava, Derek percebeu que ele estava tremendo. - E quanto aos outros?

- Estão todos procurando a Lydia. Tem certeza que você está bem?

- Eu estou começando a achar que estamos esperando por um pedido de resgate. - o menor respondeu, ignorando a pergunta. O beta também percebeu que ele arfava enquanto falava. Sua respiração estava pesada, provavelmente pelo pesadelo que tinha tido.

- Nós vamos achar ela. - ele não sabia o que mais dizer.

Stiles começou a olhar em volta, procurando por algo.Até que ele achou. Uma jaqueta.

- Stiles, - a voz de Derek ficou séria. - você está bem?

O garoto suspirou enquanto colocava a jaqueta e a fechava em seu corpo.

- Eu... eu só não consigo me esquentar, por alguma razão.

- Senta um pouco, eu vou... - Derek se interrompeu. Tinha levado sua mão até a do garoto. E assim que seus dedos tocaram na pele fria do menor, ele sentiu suas veias se encherem da dor que veio de Stiles. - Você está com dor. - aquilo não era uma pergunta.

Stiles se encolheu, escondendo suas mãos.

- Não é tão ruim. - o garoto se sentou no sofá, ainda tremendo. - É só uma dor boba.

- Onde?

- Meio que... em todo lugar.

Derek se sentou ao lado do menor e tentou pegar sua mão novamente, mas Stiles se afastou.

- Stiles, você está congelando. - Stiles não respondeu. - O quanto realmente dói? E me diga a verdade.

Mas o menor não teve tempo de responder. Nesse momento, seu celular tocou. Só pelo toque, ele sabia que era Scott.

- Scott? - ele atendeu.

- Stiles! - a voz do amigo estava abafada, apesar de ele estar praticamente gritando.  Stiles imaginou que estivesse em sua moto. - Nós encontramos a Meredith!

- O que? Onde?

- Ela estava na escola. Na aula do treinador. Eu estou levando ela aí!

- Ela estava nos procurando. - Stiles disse para si mesmo. - Eu disse que ela podia ajudar!

- Eu estou chegando! - foi o que ele disse antes de desligar.

***

- Tive a sensação que você estaria aqui embaixo. - Chris disse, enquanto descia as escadas do porão. Allison estava ali, no meio de todos aqueles armários cheios de armas e equipamentos.

A garota sorriu para o pai. Ela estava de frente para uma mesa de metal, cutucando e mexendo em sua crossbow. Sempre arrumando algum parafuso para apertar, ou alguma parte para limpar ou lustrar.

- Eu precisava fazer alguma coisa.Odeio esperar. - voltou a apertar um dos parafusos, que ela mesma havia afrouxado. - E me sentir inútil. - acrescentou em voz baixa.

- Onde está Kira? 

Allison hesitou.

- Ela foi para a escola hoje. Aparentemente ela encontrou uma garota que pode ajudar. Porque a pergunta?

- Por nada. - Allison pensou ter visto o pai reprimir um sorriso. Chris levou a mão até a da filha, impedindo-a de continuar mexendo naquele mesmo parafuso. - Deixe isso por enquanto. Tenho outra coisa que você pode fazer. - ele se ajoelhou de frente para um dos armários e o abriu, retirando uma pequena maleta de metal de lá. - Algo que já devíamos ter feito a um tempo.

O caçador colocou a maleta na mesa e a abriu, mostrando um tablete prateado para a filha.

- É hora de você se formar.

***

- Eles vão me achar. - Lydia dizia ao Nogtisune. Ela estava encurralada no fim de um corredor. Tinha uma porta ali, mas estava trancada, ela não tinha como escapar. - Meus amigos vão me achar.

- Acha mesmo? - o Nogitsune se divertia com a garota tentando abrir a porta,sem nenhum sucesso. O que era engraçado, era que a porta não estava trancada. Lydia apenas achava que estava. - Eu mesmo estava imaginando o que eles estão fazendo agora. - fez uma pausa. - Que pista inútil estão seguindo? Eu me pergunto se talvez alguns deles tenham problemas maiores?

O monstro começou a andar até Lydia.

- Será que eles estão mesmo passando cada minuto procurando por você? Ou será que estão esperando escurecer? Focados em um gesto sem esperança para passar o tempo.

A garota suspirou, desistindo. Se virou de frente para o monstro no corpo de seu amigo, que agora estava parado a alguns metros dela.

- O que você quer? - sua voz estava cansada.

- Mais.

Lydia sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

- Mais o que? - sua voz tremeu levemente.

- As histórias de vigaristas são todas sobre comida, Lydia. - ele começou a se aproximar, se Lydia já não estivesse grudada na parede, teria se afastado. - O coiote. O corvo. A raposa. Eles estão todos com fome. - agora ele estava cara a cara com a ruiva. - Eu sou igual. Só que eu anseio por algo um pouquinho diferente. Como o que você sente. 

O Nogitsune prensou a garota contra a parede, colando o rosto na lateral do da garota.Lydia agora tremia, sua respiração era pesada e intercortada, e seus olhos ficaram marejados.

E eu sou insaciável

***

E lá estava Stiles de novo. Correndo. Fugindo. Dessa vez ele não tinha ideia de quem era. Ele só sentia a presença de alguém e sabia que aquela pessoa queria machuca-lo.

Mas, dessa vez, ele foi tirado do sonho bem antes que ele mesmo pulasse do sofá esperneando e gritando.

- Stiles? - uma voz grossa e autoritária o chamou, enquanto o sacudia.

Demorou para o garoto identificar o homem a sua frente.

- McCall? - o garoto se sentou no sofá, confuso. - O que você está fazendo aqui?

- Eu ia te perguntar a mesma coisa. - o agente pôs as mãos no bolso. - Por que não está na escola?

- Hãn... - o garoto esfregou os olhos. Ele olhou para os lados, procurando por Derek, sem sucesso. - Quando chegou aqui?

- Agora.

- E a casa estava vazia?

- Exceto por você, que ainda não respondeu minha pergunta. Por que não está na escola?

- Eu... - Stiles começou a ficar preocupado. Onde estava Derek? Ele não iria simplesmente deixa-lo ali sozinho, certo? - Nós... hãn... temos aula livre agora. Estamos fazendo um grupo de estudos. O Scott e o Isaac devem estar cheg...

Sua fala foi interrompida pela porta se abrindo. Scott, Isaac e uma garota entraram correndo. Stiles reconheceu a garota na hora. Meredith.

Uau, aquilo foi muito conveniente.

- Viu? - Stiles se levantou, cambaleando um pouco. - Olha eles aí!

- O que você está fazendo aqui? -a voz de Scott tinha um leve tom de irritação.

- Quem é ela? - o agente ignorou a pergunta do filho, apontando para Meredith.

- Ela? - Stiles andou até a garota. - Ela... ela é... ela é minha namorada. - então passou o braço pelos ombros de Meredith, trazendo-a pra perto.

- Ah, você não é meu tipo. - a garota negou com a cabeça.

Stiles ficou sem reação por uns segundos.

- Bem, - falou para o agente. - obviamente nós temos muito o que conversar. Nós devíamos... ir lá pra cima.

- Ele é meu tipo. - ela apontou para Isaac.

O loiro levantou as sobrancelhas, olhando para ela, e depois para Scott. Stiles suspirou por dentro.

- Tudo bem, Isaac pode vir com a gente também.

- Eu sei que você é gay, Stiles. - o agente cruzou os braços.

O menor arregalou os olhos. Como diabos ele sabia disso?

- Como pode ver, - a voz do garoto subiu algumas oitavas. - nós realmente temos muito pra conversar. - pegou a mão da garota ao seu lado e começou a andar até a escada. - Vem Isaac!

O loiro ficou m tempo sem reação antes de seguir Stiles, deixando Scott sozinho com seu pai.

- Olha, eu explico tudo isso depois, - disse o Alpha. - mas agora...

- Eu não ligo que não esteja na escola. Suas notas estão ótimas. Eu só quero conversar.

- Agora não é uma boa hora.

- Scott. - a voz dele era séria. - Precisamos conversar.

***

- Isaac, - Stiles se virou para o loiro assim que eles chegaram ao quarto de Scott. - Derek ligou para vocês?

- O que? - o beta franziu as sobrancelhas. - Não. A última vez que falamos com ele foi quando Scott ligou. Por quê?

- Ele sumiu. Eu vou ligar pra...

- Acho que isso aqui é mais urgente, não acha? - Isaac apontou disfarçadamente para Meredith, que estava sentada na cama de Scott, olhando para as paredes.

- E se ele também tiver sido sequestrado?

- Então essa garota vai nos ajudar duas vezes!

- Ah. - Stiles suspirou. Isaac estava certo. Ele se virou para a garota. -  Tudo bem. Meredith, onde está a Lydia?

Meredith franziu as sobrancelhas.

- Quem é Lydia?

***

- Lembre-se, você pode recomeçar. - Chris dizia enquanto manuseava a concha que ele estava usando para mexer a prata derretida. - Eu era um pouco perfeccionista nisso. Sempre queria que o selo ficasse certo.

Então ele mostrou uma de suas balas de prata. Ela tinha um selo perfeitamente posicionado no meio.

- Quantas você fez? - Allison perguntou examinando a bala.

- Seis. Usei todas, menos essa.

- Usou quando?

- Foi com uma bala de prata que eu quebrei a máscara daquele Oni, a muito tempo atrás. - ele fez uma pausa. - Mas só um aviso: apesar de todas as lendas, a prata não é tão precisa quanto chumbo.

O homem deixou a concha de lado e apertou o ombro da filha, começando a andar para a escada do porão.

- Pai, espera. - Allison se virou para o caçador. - Acho que eu devia usar meu próprio molde.

- Você tem um molde de balas? - franziu as sobrancelhas.

- Não, não de balas. Cabeças de flechas. O arco é a minha arma. Então, acho que eu devia fazer uma cabeça de flecha de prata.

Chris sorriu de lado, depositando um beijo na testa da filha, sentindo seu peito se esquentar. Não eram poucas as vezes que Allison o enchia de orgulho daquele jeito.

- Pai... - a garota abaixou a cabeça. - Se alguma coisa acontecer...

- Ei, ei. - ele a interrompeu. - Não precisa se preocupar comigo.

- Bem, sim. Eu não pude dizer nada a mamãe.

- Você não precisava dizer nada. E eu vou estar aqui por muito tempo ainda. Eu prometo.

- Bom, então leve isso como lembrança. - engoliu em seco. - talvez você não precise ouvir, mas eu... eu preciso saber que eu disse. - ela respirou fundo, vendo seu pai assentir. - Eu te amo. Eu me orgulho de você. Eu... eu me orgulho de nós.

***

- Lydia? - Meredith franziu as sobrancelhas. Estava sentada na cama de Scott, enquanto Stiles e Isaac estavam em pé a sua frente. - Está falando da garota ruiva?

- Sim! - Stiles sorriu. - Sim! Muito bom. Progresso. Agora, tudo o que você tem que fazer, é nos contar onde ela está.

- Okay. - ela assentiu. - Se ela me contar.

Stiles ergueu as sobrancelhas, surpreso.

- Se ela te contar? - Isaac cruzou os braços. - Pode perguntar pra ela?

- Já perguntei. - ela sorriu, como se estivesse orgulhosa de si mesma.

- Ótimo, ótimo. - disse Stiles. - O que ela te disse?

- Ela disse... que não quer ser encontrada.

Stiles suspirou.

- Isso é bom também.

***

- Pai, podemos fazer isso outra hora? Amanhã, talvez?

- Na verdade, - disse o agente. - isso é algo que eu venho dizendo a mim mesmo a muito tempo. Está vendo isso? - ele apontou para o chão na frente da escada. - Essa marca o chão? - houve uma pausa. - Isso é da sua cabeça.

Scott franziu as sobrancelhas, não entendendo onde o pai queria chegar.  O Alpha se abaixou, imitando o agente.

- A noite antes de eu me mudar, sua mãe e eu estávamos brigando. Você saiu do seu quarto. Eu te agarrei pelo pulso, você tentou te soltar... e caiu. - ele respirou fundo. - Nós vimos você rolar pela escada. Você... ficou inconsciente por uns 20 segundos, e quando acordou não se lembrava e nada. Sua mãe me mandou sair pela manhã. Essa foi a última vez que eu tive uma bebida. E foi por isso que eu fui embora.

***

- Eu só estou dizendo... 

- Isaac, nos não vamos torturar ela. - Stiles sussurrou de volta para o loiro. Eles estavam um poucos afastados da garota, que ainda olhava para as paredes sentada na cama.

- Eu quis dizer assustar ela.

- Nós não vamos torturar ela psicologicamente também.

- Okay. - Isaac suspirou. - Que tal isso: você disse que ela ouve coisas certo? Isso significa que ela é como a Lydia? Uma banshee?

***

- Ta bom, pai. Deixa eu te mostrar uma coisa. - Scott se levantou, voltando até o centro da sala. -Está vendo a beira do batente da janela? - apontou. - Quando eu ganhei meu primeiro Skate, eu bati nela, quebrei a clavícula. Isso aqui era de vidro. - apontou para a mesinha da sala. - Até eu cair em cima dela tentando pegar a bola de lacrosse do Stiles. Levei três pontos na bochecha. 

Os dois se encararam por um momento.

- Essa casa é cheia de acidentes. - Scott continuou. - A escada? Talvez tenha sido um acidente. Talvez foi pior. Mas eu me curei. E eu não preciso das suas desculpas.

O agente pareceu que ia dizer alguma coisa, mas nada saiu de sua garganta.

- Então... - o peito do Alpha pesou com aquelas palavras. - Te vejo na formatura. Ou seja lá quando você vai decidir aparecer de novo.

E com isso, Scott deu as costas para o pai, estava prestes a subir as escadas, quando alguém entrou pela porta.

***

- Certo, - Stiles agora estava agachado na frente de Meredith, assim como Isaac. - tente focar nos sons ao seu redor. Em tudo o que está ouvindo. Só foque no silêncio.

- Ouça o silêncio. - Isaac disse dramaticamente.

- Focando no silêncio...

- Ouvindo o sil...

- Okay, me deixe lidar com isso, Isaac. Por favor? - Stiles bufou. - Eu só... eu tenho mais experiência com banshees.

- É, e com doentes mentais.

Stiles olhou para o loiro, pronto para retrucar, mas Meredith os interrompeu.

- Ninguém vai atender? - ela parecia confusa.

- Atender o quê?

- O telefone. - falou como se fosse óbvio.

- Que telefone?

- O telefone. - Isaac apontou para o celular de Stiles que estava no bolso da frente da calça.

Mas meu celular não está tocan... ah! - Stiles entendeu.

- Ah! O telefone. - ele levou a mão até o bolso e pegou o aparelho. - Meu telefone. Sim, é claro. - ele fingiu atender a ligação, levando o celular até o ouvido. - Alô. Sim, sim, ela está bem aqui, na verdade. É para você. - então entregou o celular para a garota.

Meredith o levou até a orelha, ficou menos de cinco segundos com ele, e depois o devolveu.

- Eles disseram "coup de foudre".

- Cu de quê? - Stiles arregalou os olhos. - Cu de fruta?

- É outra língua, seu idiota. - Isaac revirou os olhos. - O que será que é? Espanhol?

- Você nunca ouviu espanhol, ouviu? Não tem nada a ver com isso!

- E cu de fruta tem?

- Pelo menos parecia!

- Não é espanhol. - Scott apareceu na porta, junto com outra pessoa. - É francês.

Stiles se levantou, olhando espantado para o homem ao lado de Scott.

- Derek?

***

Allison? - uma voz surgiu de trás da caçadora.

Allison colocou a cabeça de flecha de prata de lado e se virou. Seu coração começou a acelerar. Era Kira.

- Kira? - ela franziu as sobrancelhas. - O que está fazendo aqui?

- Eu... - a garota parecia sem jeito. - Seu pai me deixou entrar.  A aula acabou, e eu não sabia bem o que fazer. Com toda essa história da Lydia. Fui pra casa, e me cansei de ficar me sentindo inútil lá, então eu vim ver o que você estava fazendo, e se eu podia ajudar.

Allison sorriu. Kira era adorável.

- Bom, eu não estou fazendo nada útil para ajudar. - a garota indicou as flechas na mesa.

- O que está fazendo? - Kira se aproximou, olhando interessada para a mesa.

- É... bom, é como um ritual de passagem de caçadores. - explicou. - Quando aprendemos tudo o que temos para aprender, fazemos uma bala de prata em juramento ao código. Mas, como a minha arma é o arco, eu decidi fazer...

Cabeças de flecha. - Kira sorriu.

- Exatamente. 

- Incrível.

- Não, não ficaram tão boas. - Allison pegou uma das cinco flechas que tinha feito. - Essa aqui está toda torta.

- Elas não tem que ficar perfeitas. Tem que ter significado.

- Elas tem, bastante.

- Vocês usam as balas de prata que fazem?

- Meu pai ainda guarda uma das que ele fez. Ele disse que prata não é muito precisa.

- Entendi. 

Kira se sentiu tola de repente. O que ela estava fazendo ali? Ela simplesmente tinha decidido que queria ver Allison. Com tudo o que estava acontecendo, ela estava se preocupando com sentimentos bobos.

Era um sentimento bobo, não era? Kira nunca tinha sentido coisas por garotas, mas Allison era... diferente.  Não era superficial, preocupada com seu cabelo, roupas e maquiagem. Ela era uma caçadora.

Talvez Kira tivesse se impressionado com a independência e força da maior, só isso.

E com a beleza também.

Ah sim, com certeza isso era bem impressionante.

- No que está pensando? - a voz de Allison interrompeu seus pensamentos.

- O quê?

- Ficou quieta de repente.

- Ah, nã-não é nada.

Allison ficou um tempo em silêncio.

- Meu pai perguntou de você mais cedo.

- Perguntou o quê?

- Onde você estava. Mas... foi como se... se ele achasse que nós tivéssemos algum tipo de conexão, ou algo assim.

- Conexão?

- Alguma coisa.

- Tipo o quê?

- Como se... sei lá, talvez nós... uma... gostasse da outra, ou algo assim, não sei.

- E você...

- Ah, não. Eu não disse que... não quis dizer que eu...

- Tudo bem, Allison. - Kira levantou as mãos, tentando acalmar a caçadora. - Tudo bem.

Houve um momento de um silêncio constrangedor. Tanto Allison quanto Kira não sabiam o que dizer. A caçadora coçou a nuca, se sentindo uma idiota.

- Bom... - ela começou. - Eu... quer dizer, talvez eu tenha...

A garota se interrompeu de repente. Seu olhar estava na mesa, onde a bala de prata que seu pai tinha feito estava. E ela se lembrou do que ele tinha dito mais cedo.

"- Quantas você fez?

- Seis. Usei todas, menos essa.

- Usou quando?

- Foi com uma bala de prata que eu quebrei a máscara daquele Oni, a muito tempo atrás. "

Allison já tinha visto o pai usar balas contra os Oni. Mas nunca tinha surgido nenhum efeito. Nunca tinha acontecido nada.

- Allison? - Kira a chamou, sem resposta.

O que eu estou perdendo? - a caçadora pensou, comparando a bala com a cabeça de flecha que tinha feito em suas mãos.

De repente, seu celular começou a tocar.

- Scott? - ela atendeu. 

- Sabemos onde Lydia está.

***

- Derek, onde você estava? - Stiles e Derek estavam num canto do quarto, um pouco afastados dos outros. Scott estava ligando para Allison, e Isaac para a Eichen House. Afinal, eles não podiam ficar com Meredith para sempre. - Eu acordei e você não estava aqui. O que aconteceu? Você está bem?

- Nós falamos disso depois. - Derek estava estranho, muito estranho. Stiles achou ter ouvido um pouco de culpa escondido em sua voz. - O que aconteceu?

- Ah... Sc-Scott e Isaac trouxeram ela pra cá. Só isso. Eu não entendi porque que o cu de fruta nos ajudou, mas...

- E agora sabem onde Lydia está?

- Scott sabe. Derek, tem certeza que está bem?

- Eu...

- Nós temos que ir. - Scott os interrompeu. - Já vai escurecer. Se não formos agora, não chegaremos a tempo.

- Vamos então. - Isaac se levantou da cama. - Um pessoal da Eichen House vai vir buscar ela.

- Meredith. - Stiles andou até garota. - Muito obrigado pela ajuda. Você salvou uma vida.

- Eu não tenho certeza disso. - a garota negou com a cabeça.

A sala ficou tensa.

- O-o que quer dizer? - a voz de Stiles era praticamente um sussurro.

- Gente, estamos perdendo tempo. - Isaac disse impaciente.

- Ele está certo. - disse Scott. - Vamos.

Todos já estavam andando em direção à porta, quando Stiles se pronunciou.

- Na verdade... - todos se viraram para o garoto, que estava agora sentado na cama. - Alguém deveria ficar aqui com ela, certo?

- Por quê? - Isaac franziu as sobrancelhas. - Já chamei o pessoal da Eichen House. E a Melissa vai chegar daqui a pouco.

- Ela não devia ficar sozinha aqui. - Stiles insistiu. - Eu fico com ela.

- Você não vai? - a voz de Scott tinha um tom acusador, mesmo que aquela não fosse a intenção. - Mas a Lydia...

- Scott. - o amigo o interrompeu. - É melhor assim.

- Stiles. - Derek andou até o menor, se ajoelhando a sua frente e olhando-o preocupado. - O que está fazendo?

- Derek, eu mal paro em pé. - a voz de Stiles abaixou. - Eu não posso ajudar. Eu não posso fazer nada.

A voz do Nogitune ecoou em sua cabeça.

Fraco. Inútil. Digno de pena.

- Isso não é verdade... - Derek tentou rebater, mas não conseguiu. - mas talvez seja mais seguro pra você aqui.

- E para vocês também. - Stiles disse amargo. - Você vai com eles, não vai?

Derek suspirou. É claro que ele ia. Era Lydia. Ele não era fã da garota, mas ela era a da melhor amiga de Stiles. Não que ele se sentisse bem deixando garoto ali. Mas era melhor assim. Ele estava muito fraco, parecia até doente. Sem falar que estava grávido. Então sim, Stiles estaria a salvo ali.

- É claro que eu vou. - ele beijou a testa do menor. - Fique seguro.

Stiles assentiu. Derek se levantou, lançando um olhar para Isaac e Scott, como se os dissesse para não falar nada. Então todos saíram do quarto. Deixando Stiles e Meredith sozinhos.

- Você o ama, não ama? - a garota perguntou, pegando Stiles de surpresa.

- Amo.

- Então não devia ter pedido para ele ir.

Stiles ficou tenso.

- Por que diz isso?

- Eu só... - a garota se virou para a parede. - Eu tenho um mal pressentimento.

***

- Allison? - ele atendeu.

- Eles a acharam. - a garota falava rápido e arfando, como se estivesse correndo. - Scott a achou, pai. Acharam Lydia. Estou a caminho.

- Allison, espere. Você tem que esperar.

- Não dá tempo, pai.

- Allison, me espere.

- Não tem tempo! Já é noite. Não tem tempo, pai.

- Allison, me espera! - e foi quando a garota desligou.

***

Derek dirigia em silêncio. O clima do carro era pesado. Scott olhava para Isaac, que estava no banco de traz, tentando se comunicar com o olhar.

"Fala alguma coisa."

"Fala você." - Isaac devolveu o olhar.

"Falar o quê?"

"Eu sei lá."

Scott revirou os olhos. Muito útil, Isaac. Muito útil.

- Então... - Scott limpou a garganta. Chamando a atenção de Derek. - Você está bem, Derek?

- Não precisa se preocupar comigo. - sua voz era dura.

- Tudo bem, eu vou falar. - Isaac se pronunciou. - Parece que Stiles está morrendo.

Derek rosnou, mas o loiro não parou.

- Tá todo undo pensando nisso. Ele está pálido, magro, e parece que está ficando cada vez pior.

- Cala a boca.

- Quado acharmos o outro, ele vai melhorar?

- O que acontece se o outo se machucar? - Scott perguntou.

Derek ficou em silêncio. Infelizmente, ele não tinha a resposta.

***

- Você está nervoso, não está? - Lydia sussurrou para o Nogitsune. Depois de horas e horas presa naquele lugar claustrofóbico com aquele monstro, finalmente tinha escurecido.

O Nogitsune a olhou de lado, mas não disse nada.

- Sabe que estão vindo. - ela continuou. - Você sabe que eles vão te matar.

- Bem, - ele se apoiou na parede, prendendo a garota contra ela. - e é por isso que eu estou te mantendo tão perto.

***

Aquele lugar era horrível. Parecia que ninguém ia ali a décadas. Mas, de algum jeito, aquilo fazia Kira se sentir melhor. Afinal, aquele era um campo de concentração para nipo-americanos.

Oak Creek.

O lugar onde tudo começou. O lugar onde sua mãe esteve aprisionada décadas atrás. O lugar onde tantas mortes aconteceram. E onde o Nogitsune havia agido pela primeira vez.

Estava completamente abandonado. O mato já tinha tomado conta da frente do lugar, deixando-o digno de filmes de terror bons. Eles se separaram em dois grupos. Scott e Isaac iam pelos fundos, procurando Lydia pelo cheiro, enquanto ela, Allison e Derek iam pela frente, como uma distração.

Kira respirou fundo, tomando coragem enquanto ela e seus amigos passaram pela porta. Aquela porta não estava trancada. Havia uma corrente partida com um cadeado no chão. Alguém tinha entrado ali pouco antes deles. E Kira sabia quem era.

Sua mãe, Noshiko, estava parada no pátio daquele campo de concentração. Atrás dela, pelo menos cinco Oni estavam parados como estátuas. Como soldados esperando ordens.

- Kira, vá para casa. - Noshiko ordenou. - Leve seus amigo com você.

- Sinto muito mãe, não posso. - Kira a enfrentou.

***

- Ela está aqui. - Scott apontou um corredor para Isaac. - É por aqui.

Isaac assentiu, correndo junto com o menor pelo corredor escuro e sujo.

***

Allison colocou uma flecha em seu arco, apontando-a para a cabeça de Noshiko.

- Mande-os parar. - sua voz era firme, mas a Kitsune não recuou.

- Você acha que podem pega-lo vivo? - o tom da mulher para a filha era de deboche. - Acha que pode salva-lo?

- E se pudermos?

- Tentei algo assim setenta anos atrás. Se amigo se foi.

- Tem certeza? - Kira deu alguns passos para frente. - Ou talvez Stiles não tenha que morrer. Talvez Rhys não tivesse que morrer também.

Atrás da mulher, os Oni ergueram as espadas, ficando em posição de ataque. Noshiko sorriu.

- Eu vejo que não sou mais A Raposa, Kira. Você é. Mas o Nogitsune ainda é meu demônio para enterrar.

Então os Oni despareceram no ar.

***

- Eles estão aqui. - falou Lydia. Ela observava o Nogitsune olhando para os lados,para as paredes. Agora eles não estavam mais no corredor, estavam em uma sala circular. As paredes eram brancas e encardidas. Ele parecia preocupado, quase com medo. - E eu não preciso gritar para saber que eles vão te matar.

- Bom. - ele respondeu. - É exatamente por isso que eu te trouxe aqui. Eu precisava saber quando estariam perto o suficiente. - de repente, Lydia percebeu algo nas mãos dele. Era uma espécie de faca negra. - Quando minha morte estivesse perto.

De repente, Onis encheram a sala. Cinco deles.

Lydia precisou de um segundo para processar tudo. Quando o fez, correu para trás dos Oni, deixando o caminho deles livre para o Nogitsune. Os demônios ergueram suas espadas, estavam prontos para atacar.

- Só quando eles estão perto o suficiente, - ele disse, ainda falando com Lydia. - que eu posso fazer isso.

Foi quando o Nogitsune quebrou a pequena faca negra.

***

Noshiko se curvou para frente, como se tivesse levado um soco no estômago. Sua expressão de poder e controle, de repente se transformou em confusão e medo.

Ela abriu a palma de sua mão. Um pequeno vagalume piscava fraco nela, até se desfazer em sombras.

- Mãe? - Kira franziu as sobrancelhas.

- O que foi isso? - Allison ainda apontada o arco para a Kitsune. - O que significa?

Derek não se pronunciou. Ele sabia o que significava. Noshiko havia perdido.

- Significa que houve uma mudança de dono. - a voz de Stiles veio de trás deles, fazendo todos tremerem. O Nogitsune estava parado alguns metros dele, com as mãos juntas na frente do corpo, quase parecia inocente. Atrás dele, os cinco Oni, que deviam mata-lo, estavam parados, como se aguardassem algo. Como se esperassem por uma ordem. - Agora eles pertencem a mim.

***

- Lydia? - Scott correu até a menina, sendo seguido por Isaac. Ela estava trancada em uma pequena sala redonda, a porta era um grade. - Você está bem?

Isaac forçou a grade, derrubando-a.

- Não. - Lydia negou com a cabeça. - Não, não, não, não. Por que estão aqui?

- Estamos aqui por você. - Scott disse como se fosse óbvio.

- Não deviam estar aqui. Não receberam minha mensagem? - Lydia tremia.

- Lydia, o que está acontecendo. - Scott sentiu um medo se espalhar por seu corpo de repente.

- Quem mais está aqui? - uma lágrima escorreu pelos olhos da ruiva. - Quem veio com vocês? Quem mais está aqui?

***

A luta foi imediata. O Nogitsune ficou em um canto, afastado de todos. Apenas observando e se divertindo. Com os Oni sob seu control agora, não tinha nada o impedindo de fazer o que ele fazia de melhor: se alimentar. De dor. Caos. E conflito.

Aquelas crianças eram insistentes. Kira, a Kitsune mais fraca que ele tinha visto em seus novecentos anos, lutava com tudo o que tinha. Ele tinha certeza que ela só sabia pegar em uma espada por seu sangue sobrenatural, pelo instinto de Kitsune. Por que tudo o que ela fazia, era desviar. Não tinha técnica, ataque, nada. Ela só estava sobrevivendo aos Oni.

Mas a outra garota, Allison, ela sim tinha treinamento. Ela sabia o que estava fazendo. Atacava, lutava, e tirava flechas com precisão, as vezes usando até o próprio arco como arma. O Nogitsune se perguntou por um momento se devia se preocupar com ela, mas decidiu que não. Ela era só uma humana bem treinada.

Derek era uma figura. O Nogitsune tinha aprendido a ter uma espécie de gosto pelo lobisomem enquanto estava no corpo de Stiles. Ele entendia por que o garoto gostava dele. Pelos padrões dos humanos, ele era bem bonito. E era forte. Ele podia levar quantos golpes fosse, mas não parava de lutar. Ele adorava isso. E também, Derek tinha tanta dor e sofrimento guardados dentro de si, isso atraía a atenção do Nositsune.

- Como paramos eles? - Derek gritou para Noshiko.

O Nogitsune riu por dentro. Noshiko estava parada, afastada da luta, assim como ele. Olhava desesperada para tudo aquilo, provavelmente se perguntando o que diabos tinha feito.

- Não tem como! - ela gritou de volta. O monstro no corpo de Stiles sorriu. Que mulher idiota.

Aquilo chamou a atenção dos Oni para Derek. Três de uma vez, todos focados no beta. Stiles ria das tentativas de Allison, que atirava flechas uma trás da outra, tentando ajuda-lo. Flechas não adiantavam, nada adiantava.

Apesar do Nogitsune ter uma atenção especial por Derek, estava se divertindo muito. O beta era atingido por golpe atrás golpe. Corte após corte de espada. Nenhu muito fatal, o que aumentava seu sofrimento.

Derek caiu no chão, não aguentando ficar em pé. Stiles respirou fundo, se preparando para ver o golpe final.

Mas então, quando sua atenção devia estar na morte certa do beta, seu olhar se desviou para Allison novamente. A caçadora pegou a última flecha que tinha em sua aljava, colocando-a em seu arco. De repente, um mal pressentimento atingiu o Nogitsune. Aquela flecha...

Então ela disparou. A flecha cortou o ar, se enterrando na barriga do Oni que estava com a espada levantada, pronto para matar Derek com um golpe. O Oni parou. Diferente das outras flechas, aquela pareceu realmente afeta-lo. Aquela flecha o feriu.

A espada caiu de sua mão. Ele agarrou o cabo da flecha, tentando puxa-la para fora. Uma luz saiu do ferimento. Houve uma explosão. Todos pararam. O Oni havia sumido. Se transformou em sombra, se espalhando pelo ar.

Allison tinha matado o Oni.

Allison tinha descobrido.

A ordem do Nogitsune foi imediata.

Matem-na!

Não levou nem um segundo. Um Oni apareceu do lado da caçadora. Ela mal teve tempo de virar antes que a espada atravessasse seu corpo, fazendo-a se curvar para frente.

Seu arco caiu de suas mãos.

Ao longe, o Nogitsune podia ouvir Lydia gritando o nome da caçadora.

Foi quando Scott chegou àquele pátio.

***

Scott não conseguia processar o que estava acontecendo.

Allison sendo atravessada por uma espada.

Os Oni e o Nogitsune sumindo.

O silêncio.

O medo.

Scott correndo.

Allison caindo em seus braços.

Scott estava sentado no chão, a caçadora tremia em seu colo, respirando rápido e com dificuldade. Scott não sabia o que fazer. Tinha tanto sangue...

- Você achou? - a voz da garota era áspera, e não passava de um sussurro. - Lydia está a salvo?

- Ela está bem. - Scott assentiu, tentando tranquiliza-la. - Está sim.

O Alpha levou a mão até a de Allison. Ela estava segurando sua barriga, onde o sangue escorria livremente. Ele a apertou, mas nada aconteceu.

- Eu... - ele franziu as sobrancelhas. - eu não consigo. Eu... eu não consigo tirar a sua dor.

O olhar de Allison era difícil de decifrar. Mas Scott podia ver a profunda tristeza neles.

- É porque não dói.

Scott sentiu como se tivesse levado um soco. Ele negou com a cabeça. Não. Aquilo não podia estar acontecendo. Uma lágrima escorreu pelo rosto da caçadora, que assentiu.

- Não. - os olhos de Scott se encheram de lágrimas. - Não.

- Está tudo bem. - Allison sorriu sem forças.

- Allison...

- Está tudo bem. - o rosto de Scott se contorceu de dor, as lágrimas escorriam por seu rosto. - Está tudo bem. Está perfeito. E-eu estou nos braços... do meu primeiro amor. A primeira pessoa que eu amei. A pessoa que eu sempre vou amar. - mais lágrimas escorreram pelo rosto de ambos. - E-eu te amo.

Com muita dificuldade, a garota levou a mãe até o rosto do Alpha, acariciando-o. O rosto da garota era triste, porém, sereno. Ela tinha aceitado. Tinha aceitado sua morte.

- Scott. - ela sussurrou. - Scott McCall.

Allison teve que apoiar a mão em seu colo. Não tinha forças para mante-la erguida. Scott não podia acreditar. Tinha tanta coisa que ele queria dizer.

"Eu também te amo".

"Vou sentir sua falta".

"Precisamos de você".

"Eu preciso de você".

- Não. - foi tudo o que Scott conseguiu dizer. - Allison, por favor, não.

- Você tem que contar pro meu pai. - ela arregalou os olhos de repente. - Você tem que contar pro meu pai. Conta pra ele.

Scott ficou atento, esperando para ouvir o recado, mas ele nunca o ouviu. Allison nunca conseguiu concluir a frase. Tudo o que saiu de seus lábios ensanguentados foram sons de engasgo e os últimos suspiros dela.

Então os olhos de Allison se fecharam. Seu corpo ficou mole e pesado nos braços do Alpha. A mão da caçadora caiu de seu colo, tombando sem vida no chão.

As lágrimas agora escorriam livremente dos olhos de Scott. Ele abraçou o corpo da garota, seus braços estavam tremendo. Ele podia ouviu Lydia chorando. Podia sentir toda a tristeza e o desespero naquele lugar, o sufocando.

Ele olhou para os lados, como se esperasse para alguém fizesse alguma coisa. Que alguém ajudasse. Mas ninguém se mexia. Todos o olhavam com a mesma expressão vazia. Ninguém podia fazer nada.

Os lábios da garota estavam vermelhos por conta do sangue, mas sua pele estava pálida. Aquele rosto. Ninguém nunca mais a veria sorrir. Ninguém nunca mais ouviria sua voz. Ninguém nunca mais veria seus olhos doces.

Scott segurou a cabeça de Allison, beijando sua testa, do mesmo jeito que ele sempre fazia quando namoravam, mas Allison nunca soube, pois era sempre enquanto ela dormia.

Mas Allison não estava dormindo.


Notas Finais


E AI, O QUE ACHARAM? comentem <3 e nn me xinguem, pfv. TAVA NA SÉRIE, sorry, mas tinha que acontecer, fiquei triste tbm :(


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