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História Trust me - Dirige


Escrita por: LauraEllyse

Notas do Autor


OEEEEEEEEE OLHA EU AQUIIIIIIIIIIIIII

GENTE, nn voltamos pra programação normal ainda, mais uns cap e a gente volta a acompanhar a série, okok? dhsadushdushdsau

Capítulo 61 - Dirige


Naquela manhã de sexta feira, Stiles se levantou tarde, tomou apressadamente café com o namorado - trocando algumas poucas palavras com ele. - e saiu correndo para a escola sem nem olhar para trás. Derek tinha planejado conversar com o menor sobre o que acontecera na noite passada - não que ele soubesse exatamente o que deveria dizer, mas sentia que devia tentar. -, mas parece que os planos do outro eram justamente o oposto.

Stiles simplesmente não podia ter aquele tipo de conversa logo de manhã. Ou a tarde. Ou a noite. Na verdade, seria preferível que nunca tivesse aquela conversa. Mas, como queria um relacionamento saudável, e algo assim era baseado em honestidade e diálogo, passaria o dia todo na escola se preparando psicologicamente para ter aquela conversa, e então iria à casa de Derek, e que Deus o ajude.

Scott parecia bastante estressado quando Stiles se aproximou dele no corredor da escola. O Alpha mexia em seus livros no armário com certa brutalidade, como se eles tivessem feito alguma coisa de errado.

- Hey, Scott. - Stiles ergueu uma das sobrancelhas para ele, falando com certa cautela. - Como vai o seu dia?

- Ótimo. - bufou, definitivamente irritado. - Ótimo dia, e o seu?

- Tem certeza? - cruzou os braços. - Eu não tenho supersentidos de lobisomem, mas estou disposto a apostar que isso é mentira.

Scott suspirou, tirando a bolsa das costas e abrindo o zíper para guardar os livros ali.

- Desculpa. Acordei de mau humor hoje.

- Isso tem haver com o Isaac?

- O quê? - sua voz aumentou algumas oitavas. - Não. Quer dizer, é claro que não. Eu e o Isaac estamos bem. Muito bem.

- Aham. - assentiu. – Entendi. Então vocês brigaram.

Outro suspiro vindo do Alpha.

- Brigar é uma palavra muito forte. - fechou o armário e o trancou. - Eu só... eu sei que ele está escondendo alguma coisa de mim.

- O quer dizer?

- Ontem, ele chegou em casa tarde, e quando eu perguntei...

- Uau. - Stiles murmurou. - Vocês parecem velhos casados.

Quando eu perguntei onde ele estava, ele disse que tinha ficado estudando na biblioteca depois da aula.

- Mas vocês não voltam da escola juntos? Como é que...

- De quinta feira, minhas aulas terminem primeiro que as dele. Normalmente, eu espero ele pra irmos embora, mas ontem ele disse que podia voltar de ônibus, então eu saí mais cedo. Eu estava cansado.

- E o quão tarde ele voltou?

- Umas duas, três horas depois do que ele devia chegar.

- E você acha que ele estava mentindo sobre estar na biblioteca porque...?

- Porque eu acabei de ler o quadro de avisos, e está falando...

- Você leu aquilo? Ninguém lê aquilo.

E está falando lá que a biblioteca não está funcionando de terça e quinta porque o horário do bibliotecário não dá certo e não acharam ninguém pra cobrir esses dias ainda, alguma coisa assim.

- Uau, ah... - coçou a nuca. - Talvez tenham arrumado alguém pra substituir e esqueceram de tirar o aviso.

- É... - olhou para os lados, incerto. - Talvez.

- Qual é, Scott. Por que ele mentiria pra você? Acha que ele conseguiu arrumar tempo pra te trair enquanto nossas cabeças valem milhões? Você está sendo mais paranoico que eu.

O sinal tocou.

- Te vejo no intervalo? - Stiles levantou uma das mãos, esperando um high-five.

- Aham. - Scott deu o high-five.

***

Naquele dia, a última aula de Stiles era física, que ele fazia junto de Kira e Lydia, mas naquele dia, professor Keith teve que faltar - problemas com a esposa, ou a filha, ou a mãe, Stiles não prestou atenção realmente. -, então, de acordo com a regra dos quinze minutos, eles tinham a aula livre.

As garotas foram direto pra casa, mas Stiles disse que esperaria ali por Scott. A verdade, é que não queria ir embora ainda. Se fosse, teria que ir para a casa de Derek, e não tinha certeza se já estava pronto para encará-lo depois do que acontecera na última noite.

Então ficou na escola. Resolveu ir à biblioteca, podia estudar um pouco enquanto o sinal não tocava. Por ter perdido um mês de aulas, as matérias se acumularam a níveis gigantescos. E com tudo o que estava acontecendo, não era sempre que ele encontrava um ambiente calmo para poder se concentrar e estudar.

Não que ele achasse que teria total foco na biblioteca. Independente de onde estivesse, agora, mais que antes, não conseguia se concentrar em nada. Mais uma vez, lembrou a si mesmo que tinha que marcar uma consulta para poder pegar uma receita para o Aderall. Mal podia esperar para poder pensar em uma só coisa por um minuto inteiro outra vez. Suas notas estavam diminuindo - não que elas fossem altas antes. -, e os professores chamavam sua atenção cada vez mais por ele estar distraído. Isso com certeza não o ajudava a perder a fama de maluco, ou a fazer com que a direção percebesse que ele podia voltar ao time de lacrosse.

Então se sentou na biblioteca, no andar de cima, e abriu o livro de física. De todas as matérias, física era a que estava mais difícil para ele. Não que ele não se desse bem com a matéria, adorava qualquer disciplina de exatas, mas como o próprio professor dizia: "física é acumulativa". Você precisa entender um assunto para entender o seguinte, e Stiles havia perdido um mês de conteúdo.

Começou a fazer os exercícios. Por incrível que pareça, quando começava uma conta, conseguia se manter focado nela até terminar, seu cérebro funcionava bem com números. Ele só tinha que se cuidar para não começar nenhuma outra atividade ou pensar em qualquer outra coisa entre um exercício e outro.

Em algum momento uma cadeira de mexeu ao seu lado, fazendo-o se retrair com o susto. Quando se virou, viu uma garota parada com as mãos na cadeira, mirando-o com os olhos castanhos arregalados.

- Me desculpe! - parecia extremamente envergonhada. - Eu... eu posso me sentar aqui?

- Ah... - Stiles olhou em volta. A biblioteca estava praticamente vazia, e ela queria se sentar bem ao seu lado. Estranho. - Claro, pode sentar.

- Desculpa de novo, não queria te assustar. - ela sorriu e se sentou, abrindo um livro em cima da mesa. Não um livro didático como o de Stiles, parecia um romance.

Ele não se lembrava de tê-la visto antes na escola. Parecia ser mais nova que ele, tinha cabelo castanho ondulado comprido, um pouco abaixo dos ombros, e usava óculos quadrados. Talvez fosse por isso que Stiles não se lembrava dela, não tinha nada que a destacasse das outras, ela era a perfeita imagem de uma adolescente comum. Mesmo assim, ele sentiu uma sensação estranha no estômago. Tinha alguma coisa errada ali.

- Tudo bem. - o garoto deu de ombros, voltando à sua conta.

Mas aquele exercício ele não conseguia fazer. Mesmo sem estar olhando a garota, sabia que ela o encarava com o canto dos olhos, e sabia que estava sorrindo. Stiles se remexeu na cadeira, desconfortável. Quem era ela? O que é que ela queria?

- Eu estou incomodando? - ela pareceu perceber, porque sua voz adquiriu um tom de mágoa.

- Não! - sim. - Não, não, claro que não. Eu só...

- Só não gosta que fiquem te encarando. - ela arrumou os óculos no rosto. - Desculpa, é que...

Ela se ajeitou no lugar, abaixando a cabeça, como se estivesse com vergonha. Stiles franziu as sobrancelhas. O que estava acontecendo ali?

- Eu... - sua voz saiu baixa demais, então tentou de novo. - Isso é tão embaraçoso. Eu tentei ser discreta, mas aparentemente eu sou humanamente incapaz de fazer isso. - deu um riso nervoso. - Okay, ah... olha, eu só vou falar de uma vez, tá?

Ela parou de falar. Stiles levou alguns segundos para perceber que a gatota queria uma resposta. 

- Tá bom. - assentiu.

- Okay, ah... uau. Okay. Você nem deve saber que eu existo. Quer dizer, antes. Antes de agora, porque agora você sabe. Enfim, eu tenho uma queda por você já faz um tempo. Desde o começo do ano, na verdade. E eu nunca tinha tido coragem de vir até você, mas aí aconteceram umas coisas... ah, é uma longa história. Vamos só dizer que foi uma grande experiência de vida e epifania existencial. - a cada palavra ela parecia falar mais rápido. - Então eu meio que apertei o botão do fod... ah... o botão do "eu não me importo", e eu vim falar com você. Até perguntei seu nome pra uma amiga que faz a aula de história com você, pra poder iniciar uma conversa e tal, mas essa estratégia não deu muito certo. Mas eu não me importo mais se vou levar um fora ou não, porque pelo menos eu tentei, não é? Já é uma vitória. Mas, assim, se você não for me dispensar, a gente podia sair um dia desses. Qualquer dia. O dia que for melhor pra você. - parou para respirar. - Menos de terça. Tenho curso de terça.

Quando ela finalmente parou, Stiles precisou de um tempo para se recuperar de toda aquela informação jogava de uma vez. Piscou e engoliu em seco, tamborilando os dedos na coxa.

- Ah... eu namoro. - fez uma pausa. - E eu sou gay.

A morena foi arregalando os olhos lentamente, fazendo um O com os lábios.

- Uau. - balançou a cabeça. - Eu tinha me convencido de que levar um fora não podia ser tão ruim quanto eu pensava. Eu estava errada.

Stiles não pode evitar rir de nervoso.

- Me desculpa. - encolheu os ombros. - Mas... ainda quer ser amiga?

- Bom, acho que você meio me deve depois dessa, não? - estendeu a mão. - Meu nome é Ana. Você é o Mieczyslaw, certo?

Aquela sensação em seu estômago pareceu tomar conta do corpo todo. Ana tinha dito que perguntara seu nome à uma amiga que fazia a aula de história com Stiles, mas ninguém, ninguém mesmo, o chamava por seu nome verdadeiro. Ela tinha até quase pronunciado certo, como se tivesse ficado ensaiando.

Ou ela era uma stalker, roubando e invadindo os registros escolares de Stiles para descobrir informações, ou...

O garoto engoliu em seco. Seu coração começou a acelerar e sua garganta secou.

Ou ela havia visto o nome na lista. Não era a toa que Stiles nunca a vira, ela não estudava ali.

- Hã... - ela balançou a própria mão, que continuava estendida no ar, esperando a de Stiles. - Vamos fazer isso, ou...

- Oh, desculpa. - Stiles tentou sorrir, finalmente apertando a mão de Ana. - P-prazer te conhecer.

- Falei o seu nome certo?

- Quase. - inspira devagar, expira devagar. Inspira devagar, expira devagar. Nada de ataques de pânico, não agora. - Tem um som de "F" no final.

- Uau, isso você não vê todo dia. Ele é o quê? Russo? Alemão?

- Polonês. Hey, o que você está lendo? - conversar com a assassina, tomar distância, mandar mensagem pro seu pai.

- "O Morro dos Ventos Uivantes", pra aula de inglês. - isso era pra Stiles acreditar que ela estava no primeiro ano?

- Eu lembro desse aí, tive que me esforçar muito pra conseguir terminar de ler. - ele não tinha lido. - Posso ver?

A garota assentiu. Stiles pegou o livro e folheou, fingindo procurar alguma coisa em específico.

- Olha, sem ofensa, mas essa versão não é muito boa. - se levantou. - A versão que eu li era bem mais... calma, vou ver se a biblioteca ainda tem o livro, fica aqui.

Muito bom. - elogiou a si mesmo. Tentou não andar rápido demais até uma estante de livros um pouco longe dali. Assim que saiu do campo de visão de Ana, tirou o celular do bolso. Por uma pequena brecha entre os livros, Stiles podia ver a garota, sentava na cadeira, folheando seu livro.

Por um momento, ele pensou se não estava exagerando em toda aquela situação. Encarou seu celular, lendo a mensagem que escrevera para o pai, mas ainda não enviara.

"BIBLIOTECA DA ESCOLA. COD 837. GAROTA CABELO ESCURO ÓCULOS BLUSA BRANCA CALÇA JEANS"

Se enviasse a mensagem e estivesse errado sobre a garota, imagine o que aquilo faria com sua fama de maluco da cidade. O código 837 era para cercar um local, estando o locutor da mensagem oculto ou desconhecido para o alvo. Pelo menos metade dos policiais estariam cercando a biblioteca atrás da descrição da garota que Stiles dera - que, a propósito, descrevia metade das meninas na escola.

Está exagerando. - disse para si mesmo. - É só outra das suas paranoias, você não pode... - interrompeu seu próprio pensamento. 

Ana havia sumido. Simplesmente desaparecido.

Stiles prendeu a respiração e olhou para os lados, assustado. Estava sozinho.

Não pensou duas vezes, enviou a mensagem. Então ligou para seu pai. Quando a chamada foi atendida,  desligou. Não queria falar com ele, só precisava que ele pegasse o celular. Mandou a mensagem de novo, só de garantia. Alguns segundos depois, o xerife lhe respondeu com um SMS que dizia: "Não saia daí".

Droga. Ele tinha que sair dali. Ana provavelmente desconfiara de alguma coisa, e agora estava escondida, esperando o melhor momento para chegar em Stiles, e não do jeito sexy. Respondeu o pai dizendo que não era mais um 837, tinha que sair dali.

Não esperou uma resposta. Checou de novo se estava sozinho e andou apressadamente até a escada para o piso da biblioteca, não se importando em deixar suas coisas largadas na mesa. Tentou agir o mais natural possível, considerando que estava fugindo de uma possível assassina de aluguel.

Suas chaves, celular e carteira estavam no bolso, era tudo o que precisava. Continuou marchando até até o estacionamento, sempre olhando discretamente para trás para garantir que não estava sendo seguido. Tentou não demonstrar o alívio quando chegou até o jipe. Abriu a porta com tudo e se jogou no banco do motorista, trancando o carro logo em seguida.

Soltou todo o ar que prendia desde a biblioteca. Estava tudo bem. Agarrou o volante e descansou a testa nele, dizendo a si mesmo para se acalmar.

Mas você ainda não está seguro. - pensou. - Você ainda está em um estacionamento vazio, e ainda é um alvo fácil.

Tirou a chave do bolso, colocando-a na ignição, mas sem ligar o carro ainda. Talvez devesse ir para o loft, ou talvez devesse esperar até os carros de polícia chegarem. Scott e Isaac ainda estavam na escola, e se fossem alvos também?

Ainda pode ser tudo paranoia sua. - lembrou a si mesmo. - Ou não.

Resolveu mandar uma mensagem para Scott. Alcançou o celular no bolso da frente, mas antes de sequer desbloquear a tela, ouviu um clique vindo de trás de si.

Seu corpo congelou no lugar. Conhecia aquele tipo de clique, era o barulho que armas faziam ao serem destravadas.

- Dirige. - a voz de Ana veio do banco traseiro. Pelo pequeno espelho de teto do jipe, Stiles podia apenas ver uma mão segurando uma arma, uns trinta centímetros do chão, quase encostando na base de suas costas.

Merda. - aquela garota havia se escondido no jipe. Claro, por que Stiles não pensou nisso? Ele não olhou para trás, mas ela parecia estar agachada no chão atrás do banco do passageiro, apontando a arma com silenciador com firmeza.

- Olá, Ana. - ele provavelmente devia ficar quieto, mas não ficou. Fez o que pôde para sua voz sair o mais firme possível. - Eu ainda posso te chamar pra sair se...

- Eu disse: - ela o cortou. - Dirige.

- Vai me levar pra fora da cidade pra depois atirar, é? - trincou os dentes. - Eu não acho boa ideia. Tem policiais vindo pra cá.

- Mais um motivo pra você começar a dirigir.

- Ou o quê? Você não pode me matar aqui.

- Olha em volta, seu idiota. O estacionamento está vazio. Te matar aqui só é um pouco mais difícil do que no meio da estrada, mas não é nem um pouco impossível, sou muito boa no meu trabalho. Agora, você prefere morrer de uma vez, ou esperar até estrada? Talvez você consiga bolar um plano de escape até lá, em? Que tal?

Stiles bufou. Girou a chave na ignição, ligando o carro.

- Me dá o celular. - dessa vez, ela tirou o rosto de trás do banco. Usava uma toca preta, que escondia qualquer cabelo que ela pudesse ter, um óculos escuro clichê, e até tirara a blusa branca. Por isso Stiles teve a impressão de que ela era igual a infinitas outras garotas, aquele era exatamente o objetivo. Até o nome que havia dito, Ana, era completamente genérico.

Ela estendeu a mão livre, nunca parando de apontar a arma destravada para o garoto.

- Essa é uma das suas táticas de flerte? Se você queria meu número, era só...

- Esse foi o segundo strike. - seu tom era de aviso. - Você sabe o que acontece com o terceiro.

Stiles engoliu em seco. Se ele pudesse enrolar mais um pouco, talvez até a polícia chegar, talvez...

- O celular! - gritou, fazendo Stiles tremer no lugar. - Agora!

Ele entregou o aparelho, que foi jogado no chão atrás de seu banco. Ouviu um pequeno ruído abafado da arma disparando - satisfazendo qualquer dúvida que tinha sobre o revólver estar carregado ou não. -, e o barulho do celular se quebrando. Ótimo. 

- O cinto de segurança. - a garota bufou, recarregando a arma e voltando a aponta-la para Stiles. - Coloca o cinto.

- Está preocupada com a minha segurança, agora?

- Estou dificultando uma possível fuga. Coloca o cinto.

Stiles olhou ao redor, procurando por qualquer sinal de vida ali, mas não encontrou nenhum. As aulas terminariam em uns dez minutos, o que era muito para esperarem, e os policiais já deveriam estar cercando a biblioteca, não havia motivo para irem ao estacionamento. O plano de ficar ali e esperar ajuda tinha porcentagens gigantes de dar terrivelmente errado.

- Agora! - ela falava cada sílaba como uma ameaça. - Coloca o cinto, e dirige.

Mais uma vez, Stiles sentiu aquela sensação, como quando estava na mira da arma daquele professor maluco que o envenenou. Uma sensação de que não fazia aquilo por ele. Não era a si mesmo que queria proteger. Talvez se fosse apenas a sua vida em risco, seria mais corajoso, mais ousado, teria tentado lutar, responder, resistir. Mas ele apenas assentiu, colocando o cinto de segurança. 

- Bom menino. - Ana parecia estar sorrindo. - Agora dirige.

Respirou fundo, não podia ter um ataque de pânico, não naquele momento. Provavelmente teria um quando aquilo tivesse acabado, quando se livrasse da garota.

Se você sobreviver a isso. - pensou.

Não. - balançou a cabeça. Não podia ouvir nenhum dos pensamentos, não naquele momento. Haviam vidas em perigo, ele tinha que bloquear as vozes de algum jeito, qualquer jeito. Se as ouvisse, não conseguiria conter o ataque.

Puxou o freio de mão, começando a dirigir. Saiu do estacionamento, que caía direto numa grande avenida. Antes de se afastar da escola, viu de longe o que parecia ser um carro de polícia. Talvez antigamente ele teria pensado em alguma forma de usar aquilo ao seu favor, mas parecia tão arriscado.

É mais arriscado cooperar com o seu sequestro. - se repreendeu. - Quando foi que você ficou tão covarde? Ela vai te matar!

Ana foi dando as direções, nunca abaixando a arma. Stiles estava tão rígido que mal conseguia respirar, o que era bom de certa forma, porque tinha certeza que aquela era praticamente a única coisa impedindo o ataque de pânico. Passados cinco minutos, Stiles percebeu para onde iam, a estrada que levava para fora da cidade. Ela provavelmente o faria sair da estrada em algum ponto, entrar no meio das árvores, onde ninguém os veria, então o mataria, tiraria uma foto e sairia para gastar seus quinze milhões.

Quando saíram da cidade, Stiles começou a hiperventilar. Ele tinha um plano, um péssimo plano, mas ele tinha que fazer alguma coisa antes que Ana mandasse, tinha que pega-la de surpresa.

Engoliu em seco. As chances de sair vivo dali abaixavam a cada segundo. Começou a acelerar o carro, não de uma vez, gradativamente, para não levantar muitas suspeitas. Foi também inclinando o jipe para o lado da estrada. Pronto, tudo o que precisava fazer agora era virar o volante com tudo.

Sentiu uma vontade quase incontrolável de se encolher e se esconder. Seus olhos marejaram. Não queria morrer, não podia deixar todos. Quer dizer, sabia que ultimamente ele havia sido um problema para todo mundo, mas sempre pensou que teria tempo para recompensar por tudo o que fez, por tudo o que causou. Não podia simplesmente ir daquele jeito. Não gostava de quais haviam sido suas últimas palavras para Scott, ou Derek, seu pai... oh, Deus, como seu pai poderia viver com isso?

Ele não percebeu, mas uma lágrima pingou de seu olho. Levou uma das mãos até a barriga, agarrando o tecido da blusa ali, e fez um pedido de desculpas silencioso, mesmo não sabendo exatamente o porquê.

- Mãos no volante. - Ana esbravejou. - Agora!

Como se saísse de um transe, Stiles piscou e franziu as sobrancelhas.

- Eu disse. - ela falava pausadamente. - Mãos no volante.

O garoto respirou bem fundo e obedeceu, as pontas de seus dedos tornaram-se brancas pela força com que Stiles apertou o volante, seus olhos fulminando de raiva. Talvez seu plano fosse estúpido e perigoso, mas era tudo o que tinha, não ia passar mais nenhum segundo naquela situação.

Firmou o pé no acelerador.

Escolheu uma árvore para ser o alvo. Quando se aproximou o suficiente, girou o volante com toda a força que conseguiu.

***

Stiles não ouviu as vozes de primeira. Sentiu seu corpo ser sacudido, e então houve a rápida transição de inconsciente para em pânico.

Arregalou os olhos e puxou o máximo de ar que conseguiu com a boca. Tentou se mexer, mas não conseguiu sair do lugar, o que o fez se debater ainda mais. Demorou para perceber que era o cinto de segurança o prendendo, e que continuava dentro no jipe.

Oh, meu bebê. - foi a primeira coisa que pensou, triste. O carro havia atingido em cheio a árvore, toda a frente estava amassada, e parecia sair um pouco de fumaça do capô, ou talvez aquilo fosse só imaginação de Stiles. - Desculpa, você não tinha culpa, mas salvou minha vida hoje, amigo.

Que cheiro horrível. - foi seu segundo pensamento. - Talvez seja cedo pra falar que sua vida foi salva, Stiles.

 Ele olhou em volta, foi quando percebeu a mulher parada ao seu lado. Pulou de susto, mas então percebeu que não era Ana. Era uma mulher loira, parecia ser mais velha, e mirava Stiles com um olhar assustado.

- Moço? - ele finalmente ouviu a voz dela. - Moço, você está bem? Vocês sofreram um acidente, meu marido já chamou o 911.

Levou mais alguns segundos para que se orientasse, então levou a mão até o prendedor do cinto, tentando solta-lo, mas era como se suas mãos rejeitassem ordens de seu cérebro.

- Eu ajudo. - a mulher soltou o cinto, e Stiles sentiu imediatamente que conseguia respirar melhor. - Meu nome é Claire, qual o seu?

- Ana... - se virou para trás com dificuldade, mas não viu a garota. - Ana...

- Seu nome é Ana?

- A garota que estava aqui. - ele tentou sair do carro, mas teve que ser apoiado por Claire para não cair. - Onde ela está?

- Ah! Phil tirou a menina do carro. - Stiles usou a porta de trás do jipe amassado para se segurar em pé, se soltando da loira. - Parece que ela bateu a cabeça bem forte.

Stiles olhou na direção em que ela apontava. A uns três metros dali, Ana jazia inconsciente no chão, seu sangue havia se espalhado pelo rosto e pelos cabelos, que agora estavam livres da touca, mas ela parecia estar respirando. Ao lado dela estava um homem alto e de cabelos escuros, aquele devia ser Phil, o marido.

- Que bom. - o garoto grunhiu, abrindo a porta de trás. Procurou pelo banco e no chão do carro por aquela droga de arma, encontrando-a embaixo do banco do motorista.

- Wow, wow, wow. - Claire arregalou os olhos e levantou as mãos, dando alguns passos para trás. - O que está acontecendo aqui?

- Tá tudo bem. - tirou as balas do revólver, jogando o cartucho no chão. - Está tudo bem. A arma não é minha, é dela. Ela estava me sequestrando.

- O quê? - foi a primeira vez que Phil se pronunciou. - Tem certeza? Ela parece tão doce.

- Eu também achei. - levou a mão até o bolso, mas então se lembrou de que não tinha mais um celular. - Ah... Claire, né? Posso usar seu celular. Sabe, pra... ligar pra policia. Denunciar meu sequestro e tal...

- Oh, claro, claro. - a mulher pegou o celular desajeitadamente de dentro da calça e o entregou a Stiles, que discou 911 sem pensar duas vezes.

Enquanto chamava, Ana se moveu no chão. Todos ali se assustaram e deram um pulo para trás, como se ela fosse atacar, mas ela só mexeu a cabeça e resmungou de dor. Os três se entreolharam, como se tentassem decidir o que fazer. E se ela fugisse?

Ana se apoiou nos cotovelos, agora com a consciência completamente recuperada. Precisou de alguns segundos para se recompor e entender o que estava acontecendo. Levou uma das mãos à cabeça, fazendo uma expressão de dor. Stiles imaginou que a garota podia ter tido uma concussão séria, mas não se sentiu mal por ela, não realmente.

Ela tentou se sentar, mas Stiles apontou o revolver em sua direção, fitando-a com raiva.

- Não se atreva. - esbravejou. Sim, a arma estava vazia, mas Ana não sabia daquilo.

911, qual a sua emergência? - aquela voz finalmente chegou do outro lado da linha. Stiles não mudou de posição, mas respirou fundo, percebendo que tremia um pouco, e não era bom tremer com uma arma na mão.

- Lilian? - quando seu pai é xerife, você acaba conhecendo as pessoas que atendiam emergências daquele tipo. - É o Stiles. Eu preciso que você rastreie esse celular.

- Stiles? - sua voz ficou urgente. - Acabaram de emitir um alerta de procura por você. O que...

- Eu fui sequestrado, você tem que rastrear esse celular, eu não sei onde...

- Me dá. - Claire tirou o celular da mãos do garoto. - Oi, nós estamos...

- Espera! - Ana interrompeu de repente, olhava de Phil para Claire repetidamente. - O que está acontecendo? Vocês tem que me ajudar! Ele que estava me sequestrando!

Claire e Phil pareceram paralisar no lugar, trocando olhares. Stiles se manteve firme, agora segurando o revolver com as duas mãos.

- Qual é. - ele bufou, sentindo a raiva tomar conta de seu corpo. - Ninguém vai acreditar nisso.

Senhora? - a voz de Lilian veio do celular. - Senhora, nós rastreamos a ligação, três carros de polícia estão indo até vocês. Por favor, mantenha-se na ligação.

- Por favor! - Ana começou a chorar. - Vocês têm que me ajudar! Ele é maluco! Eu quero ir pra casa...

- Claire... - Phil chamou, em tom de aviso.

- Não! - Stiles arregalou os olhos. - Ela está mentindo!

- Phil, eu acho que ele está falando a verdade. - Claire ergueu uma das mãos para o marido, como se sinalizasse que se acalmasse.

- Você tem que acreditar em mim! - Ana agora gritava. - Ele é louco! Por favor...

- Ela está mentindo! - a respiração de Stiles começou a ficar entrecortada. - É uma assassina de aluguel! Ela...

Ele não conseguiu falar mais, invés disso, um grito rasgou sua garganta. Uma dor de repente explodiu em sua barriga, e ele se curvou para frente, encolhendo os braços. Tentou continuar com a arma apontada, mas mal conseguiu manter suas pernas firmes. Caiu de joelhos no chão, conseguindo evitar um grito de dor.

- Oh, meu Deus. - Stiles ouviu a voz de Claire, mas era estranho. Parecia meio coberta e distante, apesar da mulher ter se aproximado dele. - Emergência? Precisamos de uma ambulância!

- Ele está fingindo! - também ouviu Ana gritar, mas sua voz foi cortada por seus próprios gritos.

Sentiu alguma coisa subindo por sua garganta e inundando sua boca, sangue começou a escorrer por seu queixo. Começou a tossir tanto que mal podia respirar, seus olhos lacrimejaram. A dor tomou conta de tudo, de seus sentidos, seus movimentos, tudo era dor e sangue. Tudo o que podia escutar era um zumbido e seu sangue pulsando nos ouvidos. Teve a sensação de que estava se movendo, ou talvez ele estivesse sendo movido, de qualquer jeito, aquilo dificultava ainda mais a respiração.

Então finalmente perdeu a consciência. Talvez por falta de ar, ou como um mecanismo de seu corpo para suportar tanta dor. Não que isso importasse.


Notas Finais


sabe, eu senti falta de fazer capítulos assim husahdsusadhsudha
comentem!me digam o que acharam! :3


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