1. Spirit Fanfics >
  2. Trust me >
  3. Acabou?

História Trust me - Acabou?


Escrita por: LauraEllyse

Notas do Autor


OEEEEEEEEEEEE suba eh sexta, ta TD bem

Capítulo 70 - Acabou?


- Scott. - Derek chamou o Alpha para um lado, afastando-os do pack de Satomi. Não adiantava tentar falar baixo com lobisomens, mas, talvez, se os outros não soubessem que estavam conversando, não estariam ouvindo. - Isso não vai funcionar.

- O que quer dizer?

- Eles podem ter presas e garras, mas não são lutadores.

- Eu sei. Por isso eu chamei você.

- E por isso eu chamei ela. - Derek apontou para Breaden, que estava sentada no chão, limpando uma de suas armas na outra sala. - Mas você tem que se lembrar que nenhum de nós tem presas e garras.

Kira de aproximou deles de repente, parecendo preocupada.

- Só eu que estou esperando que isso seja um alarme falso? - ela sorriu de nervoso. - É possível que fiquemos aqui a noite toda e nada aconteça, certo? - os lobisomens trocaram olhares céticos. - Certo?

- Teve notícias do Isaac? - Derek tentou ser o mais sutil possível. - Ou da Lydia?

- Ele está com o Stiles. - Scott assegurou. - Lydia ainda está falando com Meredith. Ela e o xerife estão tentando parar a lista.

- E se não tiver como parar? - Brett entrou na conversa. Derek, Scott e Kira se viraram para dele como se tivessem sido pegos fazendo algo errado. - E se não tiver um fim até todos estarmos mortos?

Todos pareceram parar. Todo o pack de Satomi focou sua atenção ali. Uma tensão tomou conta da sala. Derek viu Scott abaixar a cabeça, parecendo envergonhado.

- Vamos mandar um aviso. - disse Derek.

Tinha que dizer alguma coisa. Pior do que um exército fraco para entrar em batalha, é um exército fraco e desmotivado. Respirou fundo, não se intimidando por todos os olhares fixos nele. Olhares cheios de esperança. Olhares de pessoas que só queriam que ele dissesse a coisa certa e fizesse tudo ficar bem. Derek duvidava que conseguiria fazer isso, mas podia evitar que o clima de desespero dominasse todo o apartamento.

Então continuou:

- Vamos deixar bem claro para qualquer um que tiver uma cópia da lista: não importa se são assassinos profissionais, caçadores, ou um amador que acabou de pegar uma arma. Qualquer um que ache que pode nos caçar e nos matar por dinheiro será colocado em outra lista. Nossa lista. Serão um nome em nossa lista de morte.

***

Meredith estava sentada com a cabeça baixa, encarando suas mãos apoiadas na mesa da sala de interrogatório. Através do vidro, Lydia podia vê-la, assim como John, Parrish e Peter, que havia acabado de chegar, mas ela não podia saber que estavam ali.

- Ela? - Peter cruzou os braços. - Essa é a garota que roubou o meu dinheiro?

- Ela é uma banshee. - Lydia a defendeu, sem ter certeza do porquê. - São mais perigosas do que você pensa.

Ela pensou ter escutado uma risada cética vinda dele.

- Acho que ela pirou há muito tempo. - bufou. - Xerife, não querendo questionar a reputação imprescindível do seu departamento, mas você tem certeza absoluta de que é a pessoa certa?

- Que tal você ir até lá e ver o que ela tem a dizer? - foi a resposta impaciente de John.

***

- Vamos Lorraine. - a voz irritada de Brunski vinha do toca fitas.

- Me escuta. - ela suplicou. - Por favor, me escuta.Tem uma coisa que eu preciso fazer, uma coisa que eu tenho que impedir.

- Eu preciso te levar de volta para a Eichen House, Lorraine.

Stiles se inclinou para frente, aumentando o volume.

- Não, não... - sua voz se tornou trêmula. - Não acho que você vai me levar pra lugar nenhum. Eu posso ouvir o gravador no seu bolso. Está ligado, não está? Você está gravando uma fita, igual você gravou os outros.

Ele parou a fita.

- Isso não aconteceu na Eichen House.

- Uau, grandes habilidades dedutivas aí, Stiles. - Isaac assentiu ao seu lado.

- Você sabe onde foi, por acaso?

- A questão era "quanto é dois mais dois?" e você respondeu "não é sete". Não se dê tanto crédito.

Stiles bufou e voltou alguns segundos na fita.

- Cala a boca e me ajuda a descobrir.

- Eu preciso te levar de volta para a Eichen House, Lorraine.

- Não, não... não acho que você vai me levar pra lugar nenhum.

- Espera. - Isaac voltou e aumentou o volume.

- ...Eichen House, Lorraine.

- Não, não... não acho que você vai me levar pra lugar nenhum. Eu posso ouvir o gravador no seu bolso. Está ligado, não está? Você está gravando uma fita, igual você gravou os outros.

- É o gravador. - o loiro pausou de novo.

- Que gravador?

- Aquele da casa do lago. - se levantou. - O que estava naquele escritório a prova de som bizarro onde a Lydia descobriu a primeira chave.

- Ela escapou da Eichen House pra escutar uma gravação?

- Ela era uma banshee! Banshees não fazem muito sentido.

- A única coisa que ela previu foi a morte de Maddy. Depois ela passou anos tentando prever outra coisa, mas...

- Mas e se ela conseguiu? E se ela previu tudo isso? E se ela foi pra casa do lago porque sabia que tinha alguma coisa lá que pudesse ajudar? Que pudesse parar a lista?

Stiles se levantou.

- Vamos pra casa do lago.

***

- Okay, Meredith. - Peter respirou fundo, impaciente. Estava, agora, sentado de frente com a banshee. Parrish montava guarda ao seu lado, a um metro de distância. Parecia alerta para qualquer coisa. - Onde está o meu dinheiro? Ou melhor, o que sobrou dele.

A garota não disse nada. Sua única resposta foi um movimento lento. Ergueu uma das mãos e inclinou o corpo para frente. Seus olhos percorriam todo o rosto do lobisomem, confusos, admirados, contemplados, impressionados, como se visse uma figura divina. Sua mão ficou a milímetros do rosto do mais velho. Quando finalmente a ponta de seus dedos raspou levemente na pele da bochecha, Peter atingiu seu limite. Agarrou o pulso de Meredith e o afastou, apertando-o com força.

- Larga ela. - a mão de Parrish alcançou a arma no cinto. Peter se manteve imóvel. - Larga ela!

O lobisomem abaixou o braço dela devagar, largando-o na mesa.

- Por que fez isso? - um rosnado rouco podia ser ouvido por baixo de sua voz.

- Elas sumiram. - sua voz era só um sussurro.

- O que sumiu?

- As queimaduras. - ela sorriu em admiração. - Todas sumiram.

Houve um momento de silêncio.

- Meredith - Peter parecia tentar conter o volume de sua voz. - você colocou a todos, inclusive ao meu sobrinho numa lista de morte. Não acha que nos deve uma explicação?

- Você me disse para manter segredo. - ela o olhava de baixo, como um cachorrinho amedrontado.

- Eu te disse? - Peter sorriu de indignação. - Eu que te disse isso?

A garota assentiu, o que deixou o lobisomem ainda mais irritado.

- Deixa eu te lembrar que nunca nos conhecemos antes. - sua voz aumentou.

- Você não se lembra? - ela parecia magoada.

- Não. - ele pensou por um momento. - Mas talvez você sim.

Num movimento rápido e bruto, Peter se levantou e partiu para cima de Parrish, jogando-o no chão. Pôde ouvir Lydia e o xerife do lado de fora da sala correndo para impedi-lo, então agiu mais rápido. Agarrou o pescoço de Meredith com uma das mãos e sacou as garras da outra, enterrando-as na nuca da banshee, sem nem se preocupar se ela ficaria bem depois daquilo.

***

Aquilo era um caos. Derek não imaginou que eles seriam tantos.

Estavam vestidos com coletes, capacetes e roupas especiais para se proteger. Carregavam armas grandes de disparo rápido, e atiravam repetidamente para todos os lados, sem se importar com quem acertavam ou não acertavam. Eram uma quadrilha, e tudo o que Derek tinha era aquele pequeno revólver e vários cartuchos de doze balas para recarregá-lo.

Usava a parede para se proteger. De longe, ele podia ver um corpo de um dos lobisomens de Satomi no chão. Respirou fundo, tentando se manter firme.

Sem seus poderes, talvez não saísse dali. Os outros poderiam levar tiros e se curar, ele estava vulnerável.

Pensou em Stiles antes de sair de trás da parede e começar a atirar. Esperava poder vê-lo de novo.

***

- Não toquem neles! - Lydia entrou na sala de interrogatório gritando. Parrish e John já estavam com as armas em posição, ambas apontadas para a cabeça de Peter. - Se quebrarem o elo podem matar os dois!

- E o que fazemos então? - perguntou o xerife.

- Eu... - ela engoliu em seco. - Eu não sei.

Os dois policiais hesitaram por alguns segundos, então abaixaram as armas, destravando-as.

- O que ele está fazendo com ela? - foi a vez de Parrish perguntar.

A resposta veio de Meredith. Ela abriu a boca e puxou ar, arregalando os olhos. Seus lábios começaram a se mexer, mas nada parecia sair deles.

- Ela está dizendo alguma coisa. - John se inclinou para frente.

- Você consegue entender? - Parrish se virou para Lydia, que assentiu devagar.

- Consigo. Cada palavra. - ela inclinou a cabeça para o lado, parecendo ficar em sua audição. - Ela estava no hospital. No mesmo hospital que Peter. Foi logo depois do incêndio. Os dois estavam em coma, mas Meredith o escutava.

- Escutava o quê? - o xerife franziu as sobrancelhas.

- Tudo. Escutava todos os seus pensamentos. Era como se estivessem no mesmo comprimento de onda. Tudo que passava pela mente dele, passava pela mente dela. Por semanas, talvez meses. Era como se ele estivesse bem do seu lado, falando sobre o incêndio. Sobre vingança.

Lydia podia ouvir a voz de Peter mas memórias de Meredith. Gritando, rugindo, completamente enlouquecido. Tanta raiva, tanto ódio, tanta dor.

Eu previ isso.

Eu disse a Talia que isso aconteceria.

Eu disse que alguma coisa ia acontecer.

Eu disse que não estávamos a salvo.

Eu disse que viriam por nós.

Os Argent, eu disse que viriam por nós.

Vão nos queimar vivos. Eu disse...

Nos queimar vivos. Ela escutou?

É claro que não.

Mas todos escutaram ela.

Ela disse que tudo ficaria bem, que todos estávamos a salvo.

Seguros.

Mas ela nos enfraqueceu.

Ela nos fez fracos!

Sabe o que acontece com os mais fracos? Eles são dominados pelos predadores!

Nós costumávamos ser os predadores.

Até Talia nos transformar em ovelhas.

Mas eu vou recomeçar.

Sim... como um Deus vingativo eu vou acabar com tudo isso aqui! Vou atacar a todos eles! Todos os sobrenaturais!

Vou acabar com os fracos, e reconstruir o sobrenatural de Beacon Hills à minha imagem.

E eu não vou precisar fazer nada. Vou contratar gente pra fazer isso. Assassinos.

Usarei o dinheiro do cofre. Os títulos. Usarei cada centavo se precisar.

E vai funcionar.

Eventualmente, todo mundo vai tentar, porque todo mundo pode ser corrompido pelo dinheiro!

Então Peter arrancou as garras do corpo de Meredith, cambaleando para trás.

***

- Isaac, o que estamos fazendo? - Stiles bufou, se virando para o loiro ao seu lado.

- Estamos escutando. - o loiro se inclinou para trás e apoiou as mãos no chão atrás de suas costas para segurar seu corpo.

O menor piscou, indignado. Estavam ali pelo que pareciam horas - mas, para ser justo, tudo parece levar horas quando se tem hiperatividade -, sentados no chão do escritório da casa do lago, escutando um disco de vinil antigo girar no toca discos e não emitir som nenhum. O mesmo que Lydia havia feito para conseguir a primeira chave, e o mesmo que Lorraine fizera quando fugira da Eichen House.

Só tem uma variável errada aqui. - pensou. - Não. Somos. Banshees.

- Isso não foi feito pra gente! - ele se levantou, irritado. - Precisamos de gente como Lydia ou Meredith, não vamos conseguir nada ficando aqui e escutando um toca discos que não toca nada! - levantou a agulha, interrompendo qualquer chance que o disco tinha de fazer algum som. - Anda, tem mais um monte de coisas inúteis que poderíamos fazer.

Então o garoto se virou e começou a andar para fora da sala. Quando já estava quase na porta, Isaac o chamou de volta:

- Stiles, espera. - o garoto parou no lugar, esperando o loiro falar mais alguma coisa. - Eu ainda estou ouvindo.

O menor franziu as sobrancelhas, se virando para ele.

- O quê?

- Eu ainda estou ouvindo.

- Mas está desligado.

- É, eu sei disso, gênio. - revirou os olhos, se levantando. - É outra coisa. Tem... tem alguma coisa girando.

Ele deu alguns passos até a parede atrás do toca discos. Encostou a lateral da cabeça nela, como se escutasse através dela. Stiles só pôde pular de susto quando Isaac socou o papel de parede com força, abrindo um buraco com facilidade. O beta então começou a expandi-lo, arrancando a parede toda quase completamente.

- O que você está fazendo? - Stiles correu até ele. - Isaac! O que... wow.

Dentro da parede havia três grandes caixas de metal. Mas não eram caixas, eram um daqueles grandes computadores antigos, com botões por todos os lados, fios, algumas luzes, e cada um deles tinha dois discos, um em sobre o outro, girando em velocidades diferentes.

- O que diabos é isso? - Isaac deu um passo para frente.

- A lista de morte.

***

- Wow, wow, wow. - por sorte, Stiles segurou o braço de Isaac a tempo. - Você não pode simplesmente socar e destruir tudo. Se isso está sendo usado para disseminar a lista, talvez continue rodando até todos estarem mortos.

- Então é só destruir que a lista para de rodar.

- Ela vai parar de rodar, não de existir.

- Isso não faz sentido.

- Eu não sei, Isaac. Mas eu acho que quebrar não é a solução. Isso precisa de um comando, um código, alguma coisa assim.

- Isso não é um computador normal.

- Eu sei que não, mas deve ter algo que...

- Tem. - o loiro apontou um ponto específico da máquina do meio. - Uma chave.

***

- Vocês fizeram o que com a parede?! - a voz de Lydia saiu estridente na chamada de vídeo. - Essa casa está a venda, Stiles! Vocês não...

Ela se calou assim que Stiles virou a tela do celular para o buraco, mostrando para ela os três computadores antigos.

- Está vendo? - falou alto, sabendo que o microfone de seu celular não era tão bom. - Essa coisa está espalhando a lista. Deve ter algum jeito de parar, né?

Ele virou o celular de volta para seu rosto. Lydia estava boquiaberta na tela.

- Ah... - ela olhou para os lados e começou a andar, nervosa. - Eu não sei. Não sei nada de computadores de 1970.

- Bem vinda ao clube. - Isaac apareceu atrás de Stiles. - Eu ainda acho que é só quebrar.

- Me mostra o monitor.

- Lydia, não tem monitor. - Stiles tentou não soar tão frustrado quanto se sentia. - Tem botões, manivelas, luzes, mas não tem monitor.

- Espera. - ela parou de andar, aproximando o celular do rosto. - Me mostra o chão.

- O quê? - os dois garotos falaram em uníssono.

- O chão! - ela não tinha a preocupação de esconder suas emoções. - Me mostra o chão!

Stiles fez uma careta, mas fez o que ela mandou. Virou a tela do celular para o piso completamente coberto de carpete branco na sala. O garoto se sentiu culpado ao ver algumas de suas pegadas de terra ali. Não era culpa dele se cortar caminho pela grama era mais rápido do que seguir o caminho cimentado da rua até a casa - vidas estavam em jogo ali! -, mas agora estava tudo sujo. Quem foi o idiota que colocou um tapete branco ali?

- Onde está a mancha? - a ruiva parecia falar consigo mesma.

- Mancha? - agora ele estava confuso. Ela estava brava pelas pegadas ou não?

- Devia ter uma mancha vermelha gigante aí. Mancha de vinho.

Oh.

- Não tem nada. - deu de ombros.

- Mas isso não faz sentido... - ela começou a andar de novo. - Eu dei os quinhentos dólares que eu ia usar pra pagar a limpeza pro Brunski.

- Lydia, o que o vinho tem a ver com isso?

- Vinho tinto não some assim. - ela pensou um pouco. - A menos que não fosse vinho.

- O quê?

- As cinzas não eram cinzas. O escritório não era um escritório. O gravador não era um gravador. Então, talvez, o vinho não fosse vinho.

- Lydia...

- Stiles, você tem que encontrar o vinho. Encontre a garrafa, deve ter alguma coisa.

- Que vinho? Qual o nome?

- É um Cotes du Rhones, 1982.

***

- Eu achei! - Stiles entrou correndo no escritório, agitando a garrafa de vinho nas mãos. - Tá fazendo barulho, eu acho que tem alguma coisa dentro. Será que eles tem algum abridor, ou...

Isaac não o deixou continuar. Tomou a garrafa de suas mãos e a atirou no chão com força. Stiles deu um pulo para trás enquanto o vidro se estilhassava e se espalhava pelo carpete branco.

O loiro se agachou e analisou os cacos, até encontrar algo diferente no meio. Estendeu a mão e pegou uma pequena chave do chão, erguendo-a na altura de seu rosto.

Ele e Stiles trocaram olhares estupefatos. Isaac se levantou com um pulo e correu até o buraco na parede, procurando pela fechadura. O menor correu atrás dele, chegando a tempo de vê-lo colocar a chave na máquina do meio e girar.

Os seis discos começaram a rodar mais lentamente, até finalmente pararem. As luzes foram se apagando uma a uma, até as máquinas se desligarem completamente.

Os dois se olharam, confusos.

- Então... - Stiles limpou a garganta. - Acabou?

***

- Isaac?

- Scott! Você está bem? Os caçadores foram atrás de vocês?

- É, eles... - sua voz morreu por um momento. - Eles vieram. Mas eles... se foram. Os contratos foram cancelados, vocês acham que Lydia...

- Fomos nós! - Stiles entrou na conversa. - Nós paramos a lista!

- Você está no viva-voz.

- Como vocês...

- Eu explico depois. - Isaac o cortou. - Estão todos bem? Você, Kira, o pack da Satomi... - Stiles lhe deu uma cotovelada nas costas. - Ouch. Ah... o pack, Sr. Argent, Derek. Você sabe, todo mundo. Não estou perguntando de ninguém ninguém específico por causa de um alguém específico.

- Estão todos bem. - ele parecia estar sorrindo. - Derek está bem.

- Graças a Deus. - Stiles murmurou. - E agora?

- A gente devia dormir. Tem escola amanhã.

***

Stiles deixou Isaac na casa de Scott antes de ir para o loft.

- Então, - o loiro disse antes de descer do jipe. - o que vai fazer agora?

- Ir pra Disney.

- Deus, como você é irritante. - revirou os olhos. - Vai falar com Derek?

- Sobre o quê?

- Sobre o assunto não traumático que conversamos.

O garoto focou o olhar no volante a sua frente, demorando alguns segundos para responder.

- É... - sorriu de lado. - Vou sim.

- Já posso te chamar de "papai" já?

- Você não. - ele olhou para baixo, agarrando o pano de sua blusa com uma das mãos. - Ele vai.

Isaac sorriu, balançando a cabeça.

- Não tem como você saber que é menino.

- Quer apostar?

- Considere apostado. - os dois apertaram as mãos. - Você é um idiota. - o loiro sorriu mais, colocando a mão no peito de forma teatral. - Eu estou tão orgulhoso.

- Cala a boca, Isaac.

- Não, é sério. - abaixou a cabeça. - Eu nunca achei que você fosse abortar. Sei lá, eu só sabia que não ia acontecer. E eu sei que eu falei bastante isso, e que te disse o que fazer, mas a verdade é que... bom, se fosse eu, eu não faria isso.

Stiles franziu as sobrancelhas.

- O que quer dizer?

- O que você está fazendo? É corajoso pra caralho. Eu te admiro muito, sério. Eu não faria.

- Se continuar falando assim eu vou dar pra trás de novo.

- Não vai não. - o loiro abriu a porta do jipe, colocando um pé para fora. - Você é teimoso demais pra isso. E... sobre o outro assunto. Vai contar pra ele?

Essa Stiles demorou para responder.

- Vou, mas não hoje.

Ele assentiu e saiu do carro. Ia fechar a porta, mas parou no meio do caminho e a abriu de novo, colocando só a cabeça para dentro do veículo.

- Hey, ah... - mirou o banco, sem jeito, mas então voltou o olhar para o amigo. - A gente fez uma boa parceria hoje.

Stiles piscou, surpreso. Um sorriso involuntário se formou em seus lábios, e, por incrível que pareça, ele não tentou escondê-lo.

- Se você chama me seguir por todo o lado e me atrapalhar constantemente de "pareceria".

- Esse é o único tipo de parceria que eu faço.

- Então, nesse caso, sim. - assentiu. - Fizemos sim.

- Boa sorte com o Derek. - então ele finalmente se foi.

- Valeu. - murmurou para si mesmo, sozinho no veículo.

Agora, Stiles encarava o apartamento de Derek de dentro de seu carro estacionado na frente do prédio, segurando o volante e sentindo um frio na barriga. Falar era bem mais fácil do que fazer. Todas as preocupações começavam a voltar para ele, todos os pensamentos. Se Derek ainda fosse um lobisomem, teria sentido sua ansiedade daquela distância.

Se ele fosse até lá, não tinha mais volta. Era definitivo, era pra sempre. Sua vida mudaria para sempre. Todas as responsabilidades que ele teria só com trinta, quarenta anos chegariam aos dezessete. Ele não estava pronto, mas ele não tinha tempo para estar pronto.

Abriu a porta do carro, decidindo que iria.

Okay, agora você tem que sair. - respirou fundo.

Colocou um pé para fora.

Muito bem, você está indo bem.

Isso vai ser um desastre.

Puta que pariu.

Colocou outro pé.

E se Derek não estiver aí?

É claro que ele está.

Bem que ele podia não estar.

Se levantou.

Essa rua é meio escura. Será que esse bairro é perigoso?

Derek vai ficar feliz, não vai?

Deu alguns passos até entrar no prédio.

Derek não devia deixar tudo destrancado assim. Não é a toa que tanta gente invade esse lugar.

Eu vou ser pai. - aquele pensamento o fez parar no lugar. - Ou... mãe. Não sei como isso funciona.

O feiticeiro sabe. Talvez eu devesse ligar pra ele antes de fazer alguma loucura.

Não, falar com o Derek primeiro.

"O que você está fazendo? É corajoso pra caralho. Eu te admiro muito, sério. " - as palavras de Isaac ecoaram em sua mente.

Ele respirou fundo e voltou a andar. Subiu as escadas devagar, degrau por degrau, como se a cada passo ele pudesse mudar de ideia. Até que se viu parado na porta de Derek, muito mais rápido do que esperava. Dessa vez, não estava respirando rápido pelo esforço da escada, mas estava suando pelo nervosismo.

Mais uma vez, todas as suas preocupações passaram por sua cabeça. Estava cansado delas. Estava cansado de pensar nelas. Ele lidaria com o que viesse. Simples assim.

Chega.

Foda-se. - respirou fundo uma última vez, e foi como se um peso saísse de seus ombros.

Bateu na porta.

Assim que Derek a abriu, pulou em seus braços, envolvendo seu pescoço. O maior demorou um pouco para reagir, mas logo o abraçou também, afundando o rosto em seus cabelos. O menor aumentou o aperto, sentindo o nervosismo se espalhar por todo o corpo agora.

- Você está bem? - tentou evitar que sua voz tremesse.

- Eu estou, você está?

- Aham. Os caçadores foram atrás de vocês, tem certeza de que está bem? Não se machucou?

- Eu estou bem. - Stiles sabia que o maior estava sorrindo e revirando os olhos ao mesmo tempo. - Graças a você, ouvi falar.

- Salvei sua vida, pra variar. - o menor se afastou e o olhou direto nos olhos. Falou rápido, antes que mudasse de ideia: - É menino.

Derek semicerrou os olhos e franziu as sobrancelhas.

- O quê? - deu de ombros, confuso.

Bom, agora já era. Ele já tinha falado. Não tinha mais como dar pra trás agora.

Claro que tem.

Não. Não tem não. Não quero.

- É um menino. - apontou para a barriga. - O... ele.

Derek foi arregalando os olhos gradativamente. Se inclinou para trás, e franziu as sobrancelhas, parecendo um pouco desnorteado agora.

- O... - piscou com as sobrancelhas juntas, balançando a cabeça levemente. - O quê? Como você...

- O-o feiticeiro esquisito me disse. - Stiles explicou, se enrolando em suas palavras. - Ele... ele entende dessas coisas.

- Ah, sim. - assentiu. Parecia pensar muito em cada movimento. - E você...

- Eunãoqueroabortar. - aquilo saiu tão rápido que o menor quase se engasgou.

- Como é?

- Você me ouviu. Eu não quero abortar.

- Espera. - ele levantou uma das mãos, e cerrou os olhos. Levou alguns segundos para abri-los de novo. - O que quer dizer? Você...

- Eu quero o bebê. - assentiu. Seu coração batia tão rápido que ele podia ouvir o sangue pulsando nos ouvidos.

- Você tem certeza?

Stiles respondeu com muitos acenos de cabeça seguidos. E quando um sorriu, o outro acompanhou. Juntaram os lábios em um beijo rápido, então se abraçaram de novo. Derek o apertou tanto que o tirou do chão. Começaram a rir. Derek não se lembrava de rir daquele jeito há muito tempo.


Notas Finais


<3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...