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História Try - Try... and get


Escrita por: LaEarthling

Notas do Autor


Olá. Tudo bem?
Voltei com uma 2Min desta vez. Esse plot estava me tirando o sono há algum tempo e como tenho um chamego com histórias de amor entre irmãos e o Minseok. Por que não tentar escrever a minha própria?
Bom, aí está.

Espero que vocês leiam e gostem. Boa leitura!

~BrancaSnow, obrigada pela capa! <3

Obs1: História focada na relação entre Xiumin e Minseok.
Obs2: A história foi construída com base nos pontos de vista de Xiumin e Minseok.
Obs3: Se você não curte incesto. Por favor não leia.
Chu~~~

Capítulo 1 - Try... and get


Fanfic / Fanfiction Try - Try... and get

▒XIUMIN▒

Muitas pessoas dizem que irmãos gêmeos têm um laço profundo e até inexplicável. Também dizem que são duas personalidades que se unidas, completam uma só. Quando paro para pensar sobre mim e Minseok, até chego a acreditar nisso. Embora não saiba explicar a nossa relação, sinto que temos algo de diferente.

Enquanto eu sou o extrovertido, brincalhão, dorminhoco e desastre em esportes, Minseok é o tímido, sério, ativo e astro do futebol.

Eu? Amo comer pão, pizza, sorvete e tudo o mais que aparecer na minha frente. Já Minseok está sempre cuidando da própria alimentação e passa longe de fast food.

Enquanto passo horas deitado na cama assistindo séries, Minseok passa horas na academia trabalhando o corpo. E que corpo o meu irmão conseguiu!

Essas são apenas algumas das grandes diferenças entre nós. Mas apesar de bastante diferentes, também somos bastante iguais.

Ambos gostamos de noites de frio. Se estiver chovendo então, melhor ainda!

Também gostamos de deitar juntos e conversar horas e horas sobre coisas aleatórias.

Temos paixão por HQs e mangás.

Somos loucos por apostas. Vivemos apostando tudo. Tudo mesmo!

Também conseguimos partilhar muitas coisas através do nosso laço de gêmeos. Um sempre sabe quando o outro está sofrendo, assim como sempre sabe quando está feliz.

Minseok tem um jeito diferente de lidar com as coisas. Enquanto eu estou sempre rindo, eu rio até quando estou triste. Sério mesmo, deve ter algum problema comigo. Minseok está sempre sério, nunca demonstrando emoções, exceto quando estamos a sós.

Me orgulho de dizer que sei ler o meu irmão mais do que ninguém. Sei que está ansioso com alguma coisa quando acorda e tomar café preto no café da manhã, assim como sei que não está sentindo muito bem quando toma leite no café da manhã.

Sei que está preocupado com alguma coisa, quando fica mordendo o lábio inferior. Assim como sei que está feliz quando fica passando a mão pelos cabelos.

Sei que em algum momento os sentimentos de Minseok por mim mudaram, assim como sei que os meus mudaram.

Um dia, Minseok era simplesmente o meu irmão gêmeo, a minha outra metade, o complemento da minha personalidade. Noutro, Minseok era o meu irmão gêmeo gostoso pra caramba! A minha metade da laranja que gostaria de chupar até o bagaço.

Sei que mudou quando Minseok passou a me evitar, quando começou a me tratar como trata aos outros. Mas eu nunca irei aceitar que Minseok me trate como aos outros, porque eu não sou os outros. Eu sou Xiumin, seu irmão gêmeo. A sua outra metade.

— Xiumin, acorda! – Chamou-me Kyungsoo, quando o sinal de término da aula bateu. — Olha só para você, babou a aula toda!

— Aish, Soo. Eu não babo! – Respondi limpando os cantos da boca.

— Se não baba, por que então está se limpando? – Perguntou rindo de mim enquanto terminava de guardar as suas coisas para irmos para o intervalo.

— Só por precaução. – Respondi ainda não dando o braço a torcer.

— Vamos. Guarda logo as tuas coisas porque estou com fome.

— Você está sempre com fome e depois eu que sou o gordo! – Reclamei.

— Você é gordo também. Isso é um fato. – Respondeu indiferente.

— Eu não sou gordo! Sou macio e fofinho, é diferente. – Expliquei inflando as bochechas. Quando é que as pessoas vão entender que eu não sou gordo?

— Own. Meu baozi macio e fofinho. – Disse Kyungsoo, cutucando as minhas bochechas. — Agora levanta e vamos logo comer. – Disse ficando repentinamente sério. Nossa. Já falei para o Soo que ele tem que se tratar, essas mudanças de humor em intervalos tão curtos de tempo não devem ser normais, não.

— Aigoo. Espera. – Pedi jogando tudo dentro da mochila e levantando para sair da sala.

 

— O que você vai comprar? – Perguntou Kyungsoo quando chegamos à cantina.

— Não sei. Acho que pizza ou coxinha. – Respondi, olhando para os salgados em exibição.

— Coxinha! – Exclamou Kyungsoo babando.

— Coxinha! – Ecoei. E foi coxinha, porque coxinha é vida!

— O que vocês estão gritando aí feito dois gordos? – Perguntou Baekhyun, passando com o braço pendurado no de Sehun.

— Só ignora, Soo. – Falei tentando acalmar Kyungsoo que mudou toda a sua expressão facial na hora. Se tem alguém que Kyungsoo não atura nesta escola é o Baekhyun. Tudo porque o Baekhyun era o nosso melhor amigo, éramos como a versão masculina das meninas superpoderosas nesta escola — claro que eu era a Florzinha, o Baek era a Lindinha e o Soo, a docinho, por que será, né? —, mas enfim. O que aconteceu foi que o Baek deu uma de traíra e acabou com a nossa amizade. Sabia de todos os esquemas do Soo com o Sehun e foi lá e furou o olho do Soo. Soo não perdoa isso até hoje. E o Baek pilantra como é, ainda faz questão de ficar desfilando com o Sehun por aí e esfregando sal na ferida do Soo.

— Aish. Vontade de arrastar a cara dele no asfalto! – Falou Kyungsoo vendo Baekhyun indo embora, fazendo questão de rebolar e de roçar o rosto nos músculos do braço do Sehun, os quais são quase inexistentes. Vocês ainda não viram os braços do meu irmão.

— Esquece ele, Soo. Não vale a pena. – Disse tentando desviar a atenção dele da mesa na qual Baekhyun se sentou com Sehun, junto a todos os amigos deste. — Vamos comer que é melhor.

— É. Sou mais eu. – Disse Kyungsoo, passando a ignorar Baekhyun e dedicando a sua atenção às coxinhas. — Vamos nos esbaldar, Xiu!

 

— Por que você dormiu a aula inteira? Não dormiu durante a noite? – Perguntou Kyungsoo assim que nos sentamos em uma mesa num canto bem afastado do refeitório. Sempre sentávamos nesta mesa porque nos permitia observar tudo o que acontecia e ainda nos dava privacidade para falar sobre o que quiséssemos. 

— Ah, eu fiquei só pensando a noite inteira e praticamente não consegui dormir.

— E desde quando você pensa? – Perguntou Kyungsoo, não perdendo uma.

— Desde sempre, está bem? – Disse me revoltando. Poxa. Eu aqui querendo bater um papo de coração e ele me zoando... Para quer ter amigo, se for assim?

— Oxi. Não fica com raivinha. – Disse Kyungsoo me sacudindo pelo ombro e me fazendo sorrir. Odeio quando ele faz isso! Me deixa com raiva e depois me faz rir, mesmo ainda estando com raiva. — Ó, você está rindo. Me contava, vai.

— Eu não estou rindo. – Falei tentando ficar sério. — Mas enfim... Eu estava pensando no Min.

— O que ele fez desta vez? – Perguntou Kyungsoo, já ficando chateado.

— O pior é que ele não fez nada. – Disse frustrado.

— Como assim, Xiu? Explica. – Pediu Kyungsoo deixando sua coxinha no prato e focando toda a atenção em mim.

— Eu não sei, Soo. Tem horas que ele me dá a entender umas coisas e noutras... Eu não sei mais de nada. Mas eu sinto algumas coisas vindo dele, sabe?

— Como assim? – Perguntou Kyungsoo, interessado.

— Por causa das ações e expressões dele. Aí, eu não sei mais de nada e isso está tomando toda a minha energia porque não consigo parar de pensar tentando entender. – Tentei explicar, frustrado.

— Xiu, você lembra que estamos falando sobre o teu irmão gêmeo, né? – Perguntou Kyungsoo preocupado com a situação.

— Se eu lembro? Isso é um alerta em todos os meus pensamentos. – Respondi deixando a coxinha de lado, perdendo todo o apetite.

— Olha, você é meu amigo e eu quero e estou tentando entender essa situação e te apoiar, mas confesso que ainda é difícil. – Falou Kyungsoo, passando a mão carinhosamente pela minha costa. — É tão estranho, Xiu...

— Eu sei que parece estranho, Soo. Mas só aconteceu e agora as coisas estão desse jeito. – Falei tentando segurar as lágrimas, logo vendo Minseok entrar no refeitório e sentar na mesma mesa do time de futebol. A mesma mesa de Sehun. — O que eu faço, Soo?

— Eu não sei, Xiu. Acho que vocês têm que sentar e conversa de uma vez. Colocar tudo às claras e acabar com essas dúvidas. – Respondeu Kyungsoo, tentando não seguir o meu olhar para a mesa do meu irmão.

 

♦▪♦ Flashback on: 1 mês antes ♦▪♦

▓MINSEOK▓

— Minseok, venha até a minha sala depois das aulas. – Falou o prof. Lee, treinador do time de futebol da escola, passando por mim no corredor.

— Tudo bem, prof. Lee. – Respondei fazendo uma reverência, antes de seguir para a primeira aula do dia.

♦♣♦

— Licença, prof. Lee. – Falei batendo na porta entreaberta da sala do treinador.

— Entre, Minseok. – Pediu fazendo sinal com as mãos para eu entrar e sentar na cadeira em frente à sua mesa. — Como você está? – Perguntou assim que sentei. 

— Estou bem. E o senhor? – Perguntei de forma educada.

— Estou muito bem. – Respondeu de maneira ansiosa. — Minseok, lembra que falei na última reunião com o time que teríamos convidados para a final das regionais? – Perguntou esfregando as mãos.

— Sim. Eles são de uma universidade dos Estados Unidos, certo? – Perguntei tentando recordar.

— Sim, sim. – Respondeu com um imenso sorriso no rosto. — Acho que todos vocês devem desconfiar que não são simples convidados.

— Sim. Estavam todos falando sobre serem olheiros. – Comentei já ficando ansioso com o rumo da conversa.

— E estão certos. Mas eles virão por um motivo. – Falou tentando criar expectativa. — Eles viram alguns vídeos dos últimos jogos e ficaram especialmente interessados em você e virão para ver o teu desempenho no último jogo e conversar com você. – Terminou não conseguindo conter a felicidade.

— O senhor está falando sério? – Perguntei incrédulo. — O senhor acha que tenho chance de conseguir um patrocínio?

— Se eu acho? Tenho certeza, Minseok! – Falou o prof. Lee, levantando e dando um tapinha no meu ombro. — Então vamos continuar focado nos treinos e dar o nosso melhor nessa final, ok?

— Com certeza, prof. Lee. – Levantei e fiz uma reverência. — Muito obrigado. Muito obrigado mesmo. – Falei tentando conter e euforia e fazendo uma sequência de reverências.

— Está bom, está bom. É um prazer. – Ele falou, tocando no meu ombro para que eu parasse de fazer reverências. — Agora pode ir. Nos vemos no treino de amanhã.

— Pode deixar, prof. Lee. Muito obrigado. – Falei fazendo uma última reverência antes de sair de sua sala.

Não posso acreditar que terei a chance de conseguir um patrocínio e jogar futebol durante a universidade. Preciso contar para o Xiu!, pensei saindo da escola e me segurando para não correr todo o caminho até em casa.

♦♣♦

— Xiu, você está aí? – Perguntei abrindo a porta do quarto do meu irmão gêmeo, Xiumin. — Ah... – Disse sem graça ao vê-lo parar no meio do processo de vestir a cueca. 

— Min, eu já disse para você bater! – Ele gritou, tentando esconder o próprio corpo.

— Desculpa. – Falei batendo a porta e indo rapidamente para o meu quarto. Eu não sei o que anda acontecendo ultimamente comigo, mas eu não consigo parar de reparar no quanto Xiumin é bonito.

Embora sejamos gêmeos, somos fisicamente tão diferentes. É até difícil acreditar em alguns momentos que somos gêmeos, porque além dos traços comuns de irmãos, não acho que sejamos idênticos como vejo em muitos casos de irmãos gêmeos.

Xiumin é dois minutos mais novo que eu e uns três centímetros mais baixo. Usa o cabelo para baixo, com uma franja que cobre toda a sua testa, e que combinada com as bochechas gordinhas lhe dá uma expressão mais infantil, até mesmo fofa. Ainda mais quando ele fica irritado com alguma coisa e as infla para mostrar a sua irritação. Ele também é todo branquinho de tanto viver dentro de casa e possui um corpo levemente magro, com curvas bonitas, e que parece realmente macio e gostoso de apertar. Digo, é macio e gostoso de apertar.

Enquanto eu... uso o cabelo mais curto, com um topete baixo. Realmente não consigo usar franja como meu irmão, por causa de toda a rotina do futebol e agonia que sinto devido ao suor inevitável. Tenho a pele bronzeada devido aos dias de treino sob céu aberto e o corpo sarado e musculoso, devido aos treinos de futebol e academia. Mas não sou aquele tipo musculoso, musculoso, só musculoso. Gosto de me manter em forma para sempre ter um ótimo rendimento nos treinos e jogos de futebol, que é o que amor fazer. Jogar futebol.

Então tirando as semelhanças como cor dos cabelos, formato e cor dos olhos, formato da boca... semelhanças básicas de irmãos, herdadas do nosso pai. Somos bastante diferentes.

Deitei na minha cama não conseguindo tirar a imagem do corpo de Xiumin da cabeça, a forma como ele estava inclinado e com uma perna levantada para vestir a cueca, a pele branquinha e macia, o caminho da coluna, o formato do bumbum branquinho e redondinho, as pernas bem torneadas... E a expressão assustada dele enquanto tentava esconder o próprio corpo de mim. Não consigo assimilar isso, eu poderia estar achando estranha a reação dele já que somos homens e irmãos, e deveria ser normal e natural nos vermos nus, mas eu não posso julgá-lo quando me sinto extremamente envergonhado por tê-lo visto nu, mesmo que não consiga parar de pensar nele nu.

Fechei os olhos pensando no meu irmão, em todas as expressões fofas que ele fazia mesmo quando irritado, até que adormeci.

 

▒XIUMIN▒

— Min? – Chamei abrindo a porta do quarto de Minseok. Ainda estava com vergonha do que aconteceu mais cedo, mas depois de pensar um tempo, queria saber o que Minseok queria para vir até o meu quarto. — Min? – Chamei novamente e novamente não obtive resposta, abri a porta e o vi deitado de qualquer jeito da cama, totalmente adormecido. 

— Está frio. Ele devia ter pelo menos se embrulhado. – Resmunguei entrando para cobri-lo com um cobertor grosso. Logo sentei ao seu lado na cama e fiquei a observá-lo. Ele é realmente lindo, pensei acariciando levemente o seu rosto.

— Xiu? – Ele chamou, acordando.

— Shhh... Dorme. – Sussurrei, começando a me levantar.

— Fica mais um pouco. – Ele pediu com a voz rouca pelo sono, segurando o meu pulso.

— Nós temos que acordar cedo. Descansa, você deve estar cansado. – Eu disse retirando a sua mão do meu pulso.

— Só um pouco, por favor. – Ele pediu novamente.

— Está bem. – Desisti com um suspiro, voltando a sentar ao lado dele.

— Assim não. – Disse ele liberando mais espaço na cama e levantando o cobertor para eu deitar ao lado dele. Ficou me olhando dessa forma enquanto eu pensava se realmente devia deitar ali, com ele. — Vem, por favor. – Pediu e me deitei ao seu lado após um suspiro.

Me surpreendi ao sentir Minseok passando o braço pela minha cintura e me puxando mais contra si, colocando a minha costa contra o próprio peito.

— Desculpa por entrar no seu quarto sem bater. – Ele pediu perto do meu ouvido com a voz ainda rouca, fazendo arrepios percorrerem o meu corpo. Por que estava tão sensível com a voz do meu irmão?, pensei fechando os olhos.

— Está tudo bem, Min. O que você queria? – Perguntei tentando ficar de frente para ele na cama, mas ele só me apertou mais contra si. Sentia seu peito colocado contra as minhas costas, minha respiração inconscientemente tentando alinhar-se com a sua.

— O prof. Lee disse que virão alguns olheiros para o próximo jogo e que eles estão interessados em mim. – Ele falou baixinho, mesmo assim pude notar a nota de excitação em sua voz.

— Meu Deus, Min! Eu não acredito! – Falei levantando de supetão e me virando para ele que estava sorrindo com a minha reação. — Você conseguiu! – Pulei sobre ele, num abraço.

— Eu ainda não consegui, mas estou tão empolgado! – Ele disse, apertando o abraço.

— Vou irá conseguir, Min. Eu sei disso. – Falei de forma sincera, apartando o abraço. Eu realmente acredito no potencial do meu irmão e vejo o esforço que ele faz diariamente por causa desse sonho.

— Obrigado, Xiu. – Ele agradeceu me olhando profundamente nos olhos. Me senti mergulhando nos olhos do meu irmão, e naquele momento eu só queria poder beijá-lo. Passar toda a confiança que sentia em si por meio de um beijo.

— Não precisa agradecer, Min. Eu torço por você. – Respondi aproximando-me e deixando um beijo em sua bochecha, logo sendo abraçado novamente pelo meu irmão.

— Dorme hoje comigo... – Ele pediu no meu ouvido.

— Está bom. – Respondi e me arrumei sob o cobertor.

Passamos boa parte da noite conversando sobre coisas aleatórias da escola, as táticas que o time de futebol estava pensando em usar no próximo jogo e sobre o time que irão enfrentar. Até que adormecemos. 

♦▪♦ Flashback off ♦▪♦

 

▓MINSEOK▓

O dia da final das regionais finalmente chegou. O time estava eufórico e nervoso, eu ainda mais. Todos acreditavam que iríamos ganhar, todos acreditavam que os dias exaustivos de treinos e discussões de táticas seriam recompensados e levaríamos para a nossa escola a taça de campões regionais.

Todos estavam certos.

Nosso time ganhou de 4 a 2 sobre o time adversário e levantamos a taça todos juntos ao término do jogo.

O público estava eufórico, alunos, professores e moradores locais, todos se encaminharam para a festa de comemoração que iria acontecer no ginásio da escola.

Quando eu estava saindo para ir em direção ao vestiário, o prof. Lee me chamou e me apresentou aos olheiros. Eles disseram que joguei muito bem e que entrariam em contato comigo novamente.

Não podia encerrar aquela noite de forma mais feliz. Tomei um banho e troquei de roupa rapidamente e logo segui para a festa. Precisava encontrar o meu irmão, tinha que contar a ele a boa notícia.

Olhei em meio à multidão e avistei Kyungsoo, me dirigi até ele.

— Oi, Kyungsoo. – O saudei.

— Oi, Min. Que jogo, hein? Parabéns! – Falou dando um tapinha no meu braço, enquanto sorria.

— Obrigado. Você viu o Xiumin? – Perguntei voltando a olhar a multidão.

— Ele disse que você estava demorado e foi te procurar no vestiário. Já tem um tempo. – Ele falou começando a procurar em volta também. — Você estava com o pessoal do time?

— Não. Mas obrigado. Vou atrás dele. – Falei e saí a procura do meu irmão.

 

Encontrei Xiumin voltando do vestiário.

— Eu estava procurando você. – Ele disse andando até mim, com um sorriso. — Você falou com os olheiros?

— Falei. Eles disseram que entrarão em contato comigo. – Respondi passando as mãos pelos cabelos, não conseguindo esconder a minha felicidade.

— Eu disse para você que conseguiria, Min. – Ele disse me deixando ver a fé em mim em seus olhos.

— Obrigado, Xiu. – Disse abraçando-o. — Vamos voltar para a festa?

— Vamos!

Voltamos para a festa e nos misturamos aos corpos suados dançando no ritmo da música. Dançamos sentindo a batida até começarmos a transpirar. Xiumin volta e meia sorria para mim de uma forma que não consigo ver além de sedutora. Não sei também se é coisa da minha cabeça ou efeito da atmosfera. O ginásio da escola estava escuro, iluminado apenas pelos globos de luz pendurados a intervalos regulares e alguns jogos de luzes fixados nas paredes, que volta e meia transformavam Xiumin num caleidoscópio dançando a minha frente. Eu estava até me sentindo meio confuso sobre como Xiumin estava diferente.

— Desculpa. – Falou Xiumin quando foi empurrado por dois caras passando por nós, e veio de encontro a mim.

— Tudo bem. – Falei segurando-o, tentando equilibrá-lo e tentei olhar para os caras que nem se importaram em se desculpar. Me assustei quando senti os braços de Xiumin passando na minha cintura e sua cabeça descansando contra o meu ombro.

— Estou me sentindo meio tonto. – Ele murmurou contra o meu pescoço, e se não tivéssemos tão próximos, nem teria conseguido ouvi-lo por causa do barulho.

— Você quer ir lá para fora? – Perguntei próximo ao ouvido dele.

— Não precisa. Vamos só ficar aqui um pouco. – Ele pediu ainda segurando-se a mim. Me senti tenso ao sentir a respiração dele contra o meu pescoço. Não sei por que ando me sentindo tão ciente do meu irmão ultimamente, mas é bom senti-lo tão próximo assim. Passei os braços ao redor dele e só ficamos parados por um tempo, enquanto ele tentava melhorar.

— Min... eu amo você. – O ouvi falar em um momento.

— Eu também amo você, Xiu. – Falei em resposta. E senti um beijo sendo depositado na lateral o meu pescoço. Senti meu corpo inteiro arrepiar, quando senti a língua de Xiumin provando o meu suor e depois o senti chupar o meu pescoço. — O qu- – Falei afastando-o por mais que meu corpo quisesse o contrário.

— Desculpa. – Falou Xiumin abaixando a cabeça e indo embora, me deixando sozinho sem entender o que tinha acabado de acontecer, em meio à multidão que ainda dançava.

♦♣♦

— Xiu... – Chamei Xiumin quando passava por mim no corredor de casa, mas ele só abaixou a cabeça e me ignorou. — Nós precisamos conversar. – Eu disse segurando o braço dele, o fazendo parar e me ouvir. 

— Depois, Min. Eu tenho que sair agora. – Ele respondeu, soltando-se sem nem mesmo olhar para mim.

— Está bem. Irei esperar você. – Falei vendo-o sair pela porta da frente.

Naquela noite, fiquei esperando Xiumin, mas ele não voltou para casa.

♦♣♦

No dia seguinte, o treinador me chamou novamente em sua sala.

— Minseok, os olheiros entraram em contato conosco sobre você. – Ele começou a falar assim que me sentei na cadeira a sua frente. 

— E o que eles disseram? – Perguntei em um misto de ansiedade, nervosismo e animação.

— Eles ofereceram uma bolsa de estudos na universidade deles e você poderá jogar no time deles durante a graduação. – Ele falou, me fazendo afundar na cadeira.

— Eles querem que eu vá para os EUA? – Perguntei, tentando assimilar a notícia.

— Sim. Foi essa proposta que eles fizeram. Você poderá ir assim que terminar o ano letivo aqui e escolher um curso e fazer o processo de admissão. Então poderá começar como aluno bolsista na universidade deles. Tem alojamento lá para o caso de você não tiver onde ficar ou você pode solicitar o auxílio moradia que eles oferecem a estudantes estrangeiros. – Ele começou a me explicar todos os detalhes que podia, mas eu não conseguia ouvir nada. Minha mente só estava no fato de ter que sair do meu país para um país estrangeiro.

Quando o treinador me falou sobre os olheiros, pensei na possibilidade de conseguir um patrocínio que me permitisse jogar futebol na Coréia e me manter na universidade. Porém, nunca passou pela minha cabeça sair do país, não agora.

— Bem, é isso. O que você vai fazer? – Ouvi o treinador perguntar.

— Se o senhor não se importar, eu gostaria de um tempo para pensar e conversar com a minha família.

— Você tem dois meses para dar a resposta a eles. Pense direito, rapaz. – Aconselhou me dando um olhar significativo.

— Eu irei. Obrigado, prof. Lee. – Falei me levantando e fazendo uma reverência antes de sair de sua sala.

Saí da escola e fui para casa. Precisava conversar com Xiumin e ver o que ele achava.

♦♣♦

Cheguei em casa e encontrei minha mãe sentada no sofá da sala lendo um livro.

— Mãe, o Xiumin já chegou? – Perguntei, dando um beijo em sua bochecha. 

— Está no quarto. – Respondeu sem desviar os olhos do livro.

Suspirei e subi as escadas indo em direção ao quarto de Xiumin. Quando ia bater na porta, ouvi meu nome sendo dito por Kyungsoo.

— E o que o Minseok fez? – Ele perguntou ao meu irmão.

— Ele me afastou. O que você acha? – Mesmo de longe, pude sentir a mágoa na voz do meu irmão.

— Xiu, não chora. O que você acha que ele está pensando disso tudo? – Perguntou Kyungsoo.

— Eu não sei, Soo. Eu disse que o amo e ele disse que me ama também, mas devem ser amor diferentes. – Falou Xiumin fungando. — O que eu faço, Soo? Eu agi estranho com ele, como será que ele vai me tratar agora?

— Eu não sei, Xiu. Acho que vocês devem conversar sobre isso.

— Eu não sei se tenho coragem de olhar para ele depois disso. Eu entendi tudo de forma errada e agi impulsivamente. Ele deve me achar estranho.

— Olha... Então deixa as coisas acalmarem. Tenta esquecer isso e o Minseok. Ele já até deve ter esquecido. – Aconselhou Kyungsoo. E estava enganado. Não consigo esquecer o que aconteceu na festa.

— Você acha que conseguirei deixar de amar o meu irmão, mesmo ele estando perto de mim o tempo todo, esfregando na minha cara o quanto eu o quero? – Perguntou Xiumin, e pude sentir a dor e a necessidade em sua voz. — Você não está entendendo, Soo. Eu quero o Minseok, não é qualquer cara que vi por aí. Quero o Minseok como o meu homem. Eu sonho fazendo amor com ele, sonho com ele me tocando e me beijando. Acho que já cheguei longe demais para conseguir simplesmente esquecer.

— Então eu não sei mais como ajudar, Xiu. Sinto muito, mas eu não sei o que fazer. – Falou Kyungsoo, derrotado.

— Eu também não sei, Soo. – Xiumin disse, logo em seguida ouvi meu irmão chorando e Kyungsoo falando-lhe palavras de consolação.

Andei atordoado até o meu quarto. Xiumin me queria? Como isso pôde acontecer? Somos irmãos, pensei tentando aliviar a minha mente. Mas alguma coisa dentro de mim me disse que isso não importava.

Deitei em minha cama e fechei os olhos tentando organizar os meus pensamentos, mas em minha mente só vinham mais e mais lembranças de Xiumin. Lembranças de momentos de felicidade, de como ele sempre esteve lá por mim em todos os momentos, sempre sendo a primeira pessoa a quem eu procuro não importando o que aconteça, sempre cuidando de mim e me apoiando e estimulando em tudo, sempre presente nos meus jogos mesmo quando tinha algum trabalho ou prova no dia seguinte, sempre sendo o primeiro a me abraçar e parabenizar após alguma conquista. Xiumin é a pessoa que mais me conhece nesse mundo, mas parece que não conheço meu irmão tão bem assim.

Como não pude perceber as mudanças das atitudes de Xiumin comigo?, pensei começando a lembrar de como Xiumin vinha agindo comigo ultimamente.

Xiumin vivia constantemente tímido perto de mim, parecendo algumas vezes nervoso, evitava até mesmo conversar comigo e sempre me brigava para bater antes de entrar em seu quarto quando antes isso numa importava.

Mas você também mudou, acusou a minha consciência. E minha mente foi preenchida por sensações. A necessidade que sentia diariamente de ter Xiumin nos meus braços, os formigamentos nos lábios sempre que olhava para os lábios dele, a forma como o corpo dele passou a chamar a minha atenção e até mesmo como meu coração se sentia aquecido quando o via dormindo ao meu lado, depois da minha insistência para que dormisse comigo.

Me sentia confuso.

Será que estou correspondendo aos sentimentos de Xiumin?, me perguntei enfiando o rosto no travesseiro. Isso não pode estar acontecendo. Como posso amar o meu irmão além de como irmão? Isso nunca dará certo. Eu não posso.

Depois de quase uma hora me atormentando com o medo, ouviu uma porta abrindo. Rapidamente levantei e fui olhar, encontrando Kyungsoo fechando a porta do quarto de Xiumin para ir embora.

— O Xiumin está aí? – Perguntei a ele. Eles não podiam saber que ouvi a conversa deles.

— Está. Está dormindo agora. – Respondeu me olhando irritado, quando tentei abrir a porta. — Deixa ele em paz, Min. – Ele pediu, encarando-me.

— Por que eu tenho que deixá-lo em paz? Ele é meu irmão. – Respondi me sentindo ferido.

— Você sabe por que, Min. Não tente esconder que não sabe de tudo. – Ele disse como se pudesse ler a minha alma.

— Eu não estou escondendo nada. – Rebati.

— Eu sei que está. Se o Xiumin é cego demais para ver, eu não sou. Eu vi várias vezes a forma como você olha para ele. E sei que é a mesma forma que ele olha para você porque vejo o mesmo olhar nos olhos do meu amigo o tempo inteiro, com exceção os momentos que ele está chorando, porque nesses momentos eu só enxergo agonia, tristeza e dor naqueles lindos olhos. – Kyungsoo despejou em mim, sem dó. Senti em cada palavra o quanto queria descontar em mim toda a dor que viu nos olhos do meu irmão. Quando me viu abaixar a cabeça resignado, deu o golpe final: — Se você não vai fazer nada para o Xiu parar de sofrer, acho que o melhor que você pode fazer é manter distância. Não dá falsas esperanças a ele, quando não pode retribuir o amor dele como ele merece.

Fiquei em pé no corredor, vendo Kyungsoo virar-me as costas e andar em direção à escada, indo embora depois de me arrasar de maneira que nem imagina. Ou talvez imaginasse muito bem, e por isso o fez.

 

Tomando uma decisão, abri a porta do quarto de Xiumin e andei até sua cama. Encontrando-o dormindo com os olhos e narizes avermelhados pelo choro recente. Me ajoelhei ao lado de sua casa e me permiti observá-lo dormir por um momento. Meu coração doeu ao pensar que meu irmão estava chorando por mim, sofrendo por me amar.

— Min... – O vi murmura ainda dormindo e me aproximei, queria tocá-lo, mas estava com medo de acordá-lo. Você está sonhando comigo?, pensei observando-o.

— Min... – Ele falou mais uma vez, desta vez choramingando durante o sono. Isso foi demais para mim. Eu o estava fazendo sofrer até durante o sono?

— Sinto muito, Xiu. – Falei, deixando um beijo em sua testa e levantando. — Me perdoa. – Disse antes de sair do quarto.

Voltei para o meu quarto e novamente deitei em minha cama, me permitindo chorar.

Irei para os EUA e não farei meu irmão sofrer mais, eu decidi.

♦♣♦

Os próximos dias foram dedicados aos trabalhos e provas e me ajudaram a ocupar a mente e não pensar tanto em Xiumin ou na minha decisão de deixar a Coréia. Ninguém sabia dos meus planos, resolvi esperar para falar a minha decisão ao treinador. Não queria que o time ficasse sabendo e que comentasse e chegasse aos ouvidos de Xiumin. 

Pela primeira vez na vida estava fazendo algo sem o conhecimento dele. Espero que ele me perdoe, mas é pelo bem dele. Pelo nosso bem e de nossa família.

Porque mesmo que ficássemos juntos, como é que nossos pais reagiriam aos dois filhos em um relacionamento amoroso? Tenho certeza de que nos esconjurariam, além de nos colocarem para fora de casa.

Nossos pais não são extremamente religiosos, mas no entendimento deles e da sociedade, um romance entre Xiumin e eu é incesto. Um pecado. Além da homossexualidade. Dois pecados.

Eles nunca iriam nos aceitar, mesmo que nos amem. Poderiam até aceitar a homossexualidade, nunca os vi dando sinais de serem homofóbicos. Mas o incesto... Acho que seria demais para eles.

Eu também não sei o que está acontecendo com o Xiumin. Ele anda me evitando, não tanto quanto eu a ele, mas percebi que está me evitando. Não sei se resolveu seguir o conselho de Kyungsoo, mas nunca chegamos a conversar depois daquele dia.

O vejo às vezes em casa, normalmente quando resolve sair do quarto e ir procurar comida, e pelos corredores da escola e só. Parece sempre abatido e com olheiras.

Queria poder ir até ele e fazer tudo sarar, mas aí lembro que eu sou o culpado por ele estar assim.

— Espero que você fique bem. – Desejo todas as noites passando a mão na porta do quarto dele antes de ir dormir. — Boa noite, Xiu.

♦♣♦

Os dias passaram nesse ritmo, eu evitando Xiumin e Xiumin me evitando. Eu sempre o observando quando não podia me ver e sempre encontrando os olhos irritados de Kyungsoo quando era flagrado observando o meu irmão. Sempre via a mesma mensagem nos olhos de Kyungsoo: Deixe-o em paz. 

A última semana do prazo de dois meses para a resposta sobre ir para os EUA finalmente chegou e sentia os olhos do treinador constantemente em mim, como se me perguntasse a minha decisão. Me influenciando a tomar uma decisão, como se eu já não a tivesse tomado há muito tempo.

 

— Minseok, me encontre na minha sala hoje depois das aulas. – Ele falou passando por mim faltando 3 dias para o término do prazo.

E eu fui. Cheguei em sua sala e o vi organizando alguns papéis, claramente a minha espera.

— Licença, prof. Lee. – Falei batendo em sua porta entreaberta.

— Pode entrar, Minseok. – Ele respondeu, sem tirar os olhos dos papéis. Assim que me sentei, ele olhou para mim. — Você já decidiu o que irá fazer? – Perguntou me olhando sério.

— Sim. – Eu respondi respirando fundo. — Eu irei. – Falei, vendo um sorriso orgulhoso tomar conta de seu rosto.

— Eu sabia que você não iria me decepcionar, rapaz. – Comemorou. — A sua família está de acordo?

— Sim. – Menti. Minha família não sabia de nada e espero que não saiba tão cedo.

— Certo, certo. Irei entrar em contato com os responsáveis da universidade e verificar quais os procedimentos necessários para a sua ida e também sobre o processo de admissão. Você já escolheu o que quer fazer?

— Sim. Gestão de empresas. – Respondi, vendo-o sorrir novamente.

— Está ótimo. Uma boa escolha. Irei informá-los também.

— Obrigado, professor. – Falei levantando e fazendo uma reverência. Ele levantou e passou um braço sobre os meus ombros, indo comigo até a porta.

— Você fará muito sucesso, rapaz. – Falou abrindo a porta para mim e me deixando finalmente respirar.

Estava feito.

Agora é esperar a conversa se espalhar pela escola.

 

▒XIUMIN▒

Chegamos no refeitório e entramos na fila para a compra do lanche.

— O que será que como hoje? – Pensei em voz alta. 

— Eu vou de lasanha. – Comentou Kyungsoo, já salivando.

— Acho que vou comer salada de frutas. – Falei decidindo.

— Desde quando você troca salgado por fruta? – Perguntou Kyungsoo, me olhando de olhos arregalados e colocando a mão na minha testa, verificando a minha temperatura.

— Eu não estou com febre, Soo. – Respondi tirando sua mão da minha testa.

— Então é outra coisa? Você está bem? – Perguntou realmente preocupado.

— Bem eu não estou. Só queria comer algo diferente hoje. – Respondi, voltando a minha atenção para a atendente quando chegou a minha vez. Até ela me olhou de forma estranha quando eu disse que iria querer salada de frutas. Aish, a gente não pode querer algo diferente por acaso?, pensei ficando irritado com as reações deles.

Peguei a minha salada de frutas irritado e fui para a mesa de sempre sem nem mesmo esperar Kyungsoo.

Fiquei sentado comendo de cabeça baixa, até que ouvi uma barulheira, alunos batendo palmas e outros até gritando. Levantei a cabeça para ver o que estava acontecendo e vi Kyungsoo em pé a minha frente, mas virado para o refeitório. Movi-me um pouco de forma a poder ver o que estava causando tanto alvoroço e vi Minseok no meio do time de futebol, sendo abraçado e parabenizado por eles e sorrindo.

— O que aconteceu? – Perguntei.

— Eu não sei, Xiu. – Respondeu Kyungsoo, resolvendo ignorar o barulho e sentando-se para comer. Voltei a comer também, mas parte da minha atenção estava voltada para a mesa de Minseok. O que aconteceu?, me perguntava em silêncio.

♦♣♦

— Parabéns pelo teu irmão. – Falou um garoto da minha turma, quando cheguei na sala de aula.

— O-obrigado. – Respondi, sem entender pelo o que estava agradecendo. 

— Quando ele vai? – Perguntou uma menina perto de nós.

— Ir? – Perguntei perdido.

— Ele vai para os EUA, né? – Perguntou outro garoto, se metendo na conversa.

— S-sim. – Respondi sem saber. Minseok indo para os EUA? Que história é essa?, levantei rapidamente e corri para o banheiro. Eu precisava pensar.

Como assim ele vai para os EUA? Desde quando? Por que ele não me contou?, me perguntava jogando um pouco de água no rosto.

Respirei fundo algumas vezes e voltei para a sala, encontrando o olhar de Kyungsoo, que o desviou rapidamente.

— O que você não está me contando? – Perguntei baixinho.

— Eu fiquei sabendo que o Minseok recebeu uma bolsa para jogar e estudar nos EUA e ele decidiu ir. – Respondeu abaixando a cabeça. Senti um peso afundar no meu estômago. Ele estava me deixando?

 

Passei o resto das aulas sem ver nada, minha cabeça estava nublada.

Por que ele não me contou?, sentia o meu coração doer. Ele sempre me contava tudo, por que não me contou algo tão importante? Por que aceitou ir embora e não falou nada?

Quando o último sinal tocou e senti Kyungsoo tocando o meu ombro, me despertando do meu transe, guardei as minhas coisas rapidamente. Precisava ir embora para casa.

— Xiumin, me espera. – Falou Kyungsoo quando saí da sala sem esperá-lo. E eu não liguei, não estava com cabeça para nada.

♦♣♦

Cheguei em casa e fui direto para o quarto de Minseok, que estava vazio. Me joguei na cama e resolvi esperar. 

Horas passaram e nada dele chegar e hoje não é dia de treino, disso eu tenho certeza. Acabei adormecendo e acordei somente com um barulho de algo caindo no quarto.

Abri os olhos e me encontrei num breu, já tinha anoitecido. Esperei a minha visão se ajustar à escuridão e pude ver alguém em pé perto do guarda-roupa.

— Min? – Perguntei com a voz ainda rouca pelo sono.

— Droga. – O ouvi resmungar baixinho.

— Liga a luz. – Pedi.

— Espera um pouco. – Pediu ele terminando de se vestir. E logo indo ligá-la. Ele ainda estava com os cabelos molhados e algumas gotas escorriam, parando na toalha branca envolta do seu pescoço. — Eu não queria acordar você. – Ele falou desviando os olhos e pegando a toalha para enxugar os cabelos.

Fiquei parado o observando. Esperando-o falar.

O ouvi suspirar derrotado depois que terminou de enxugar os cabelos.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntou em pé, encostado na porta do quarto.

— Por quê? – Foi o que consegui dizer antes da minha garganta fechar. Doía tão forte. Ele não me disse nada e agora nem queria falar comigo, fazia questão de ficar longe de mim?

— Você ouviu. – Ele murmurou mais para si mesmo, como uma confirmação.

— Min? – O chamei através do nó na minha garganta. — Por quê? – Perguntei, as lágrimas já escorrendo pelo meu rosto.

— Eles fizeram uma proposta. Vão me dar uma bolsa de estudos e poderei jogar durante a graduação. – Ele respondeu como se não fosse nada demais. Como se não estivesse indo embora e me deixando aqui.

Meus soluços só aumentaram e escondi o rosto com o travesseiro, não queria ser tão fraco na frente dele. Estava cansado de ser o irmão fraco.

E ele só ficou em silêncio, esperando.

 

Tentei me acalmar, não queria mais chorar. Não adiantava nada ficar chorando.

— Você vai quando? – Perguntei descobrindo o rosto e vendo-o sentado no chão, ainda encostado na porta.

— Ainda não sei. Eu ainda tenho que submeter a minha solicitação de vaga e aguardar a resposta deles, mas acho que ainda vai levar um tempo. Irei concluir o ano letivo e acho que viajo depois, se der tudo certo.

— E eu? – Perguntei a ele, recebendo apenas um olhar fixo. — Por que não me contou nada? O papai e a mamãe sabem?

— Eles ainda não sabem. Estou pensando em contar amanhã à noite durante o jantar.

— Há quanto tempo você sabe disso? Há quanto tempo decidiu? – Perguntei. Conhecia muito bem Minseok para saber que ele não decidiria algo assim de uma hora para outra, ele deve ter decidido há um tempo.

Minseok abaixou a cabeça e permaneceu em silêncio.

— É por causa daquela noite? É pelo o que eu fiz que você está indo embora? – Perguntei e vi algo no rosto dele. Ele estava lembrando?

— Min... – Falei me levantando da cama e indo até ele, sentando-me em sua frente no chão. — Se for por causa daquilo... Me perdoa. Eu agi errado.

— Não é isso, Xiu. – Ele respondeu, encostando a cabeça na porta e fechando os olhos.

— Então o que é? Me conta, por favor. – Pedi encarando-o. Observei cada detalhe do rosto dele, não cheguei tão perto dele há tanto tempo. Queria tocá-lo, mas estava com medo de afastá-lo ainda mais de mim.

— Não vai dar certo isso entre nós. – Ele respondeu abrindo os olhos e me flagrando mirando os seus lábios. — Eu sei o que você quer e sei o que eu quero, Xiu. E não vai dar certo, mesmo que nós queiramos.

— Como pode dizer que algo não vai dar certo sem ao menos tentar? – Perguntei encarando-o e vendo-o desviar os olhos. — O que eu quero, Min? – Perguntei desafiando-o. 

— E-eu. Você me quer. – Ele respondeu me surpreendendo. Levei um tempo para me recuperar. Como ele sabe que o quero?

— E o que você quer, Min? – Perguntei, prendendo a respiração, com medo da resposta.

— V-você. – Ele respondeu olhando-me nos olhos. E eu vi que ele não estava mentindo. Estava lá, nos olhos deles. Olhos tão parecidos com os meus.

Fiquei calado observando-o e sendo observado de volta. Como se ele estivesse me esperando assimilar alguma coisa.

— Se você me quer e sabe que eu te quero, por que foge de mim? Por que está indo embora e me deixando aqui? – Perguntei, a raiva explodindo em mim. — Por que me deixou sofrendo todo esse tempo, Minseok? O que eu sou para você?

— Meu i-irmão. Você é meu irmão. – Ele me respondeu dando ênfase ao irmão. E foi como um tapa na cara.

— Eu sei que sou teu irmão, porra! – Gritei me levantando do chão e andando pelo quarto. — Mas além disso, o que eu sou para você? – Perguntei virando-me para ele. — Desde quando você sabe? Desde quando?

— Eu não quero falar sobre isso. – Ele respondeu, virando o rosto.

— Mas você precisa, Min. Eu preciso falar sobre isso. Eu preciso saber. – Falei me sentando na cama, exausto.

Ficamos em silêncio um bom tempo. Um silêncio pesado e doloroso.

Até que o ouvi falar.

— Eu ouvi a sua conversa com o Kyungsoo depois daquele dia. – Ele disse tão baixo que se não estivesse um silêncio tão opressor dentro do quarto, eu não teria ouvido.

Ele sabia há dois meses. Foi por isso que se afastou tão bruscamente de mim, não foi só pelo o que aconteceu na festa então.

Continuei em silêncio, eu não sabia mais o que falar. 

— Foi no mesmo dia que recebi a proposta, vim correndo conversar com você e ouvi tudo. Ouvi você dizendo que me amava, que me queria como teu homem... – Ele falou, me fazendo lembrar. Eu não queria lembrar.

— E desde quando você me quer? – Perguntei. Precisava saber.

— Desde muito tempo, mas só me dei conta naquele dia.

— Então foi quando você decidiu esquecer que eu existo? – Perguntei olhando-o, a mágoa nos meus olhos.

— Eu não decidi esquecer você. – Ele respondeu irritado, levantando-se do chão.

— Decidiu, Min. Porque foi naquele dia que você se afastou de mim e resolveu ir embora, não foi? – Perguntei levantando também, e ficando cara a cara com ele.

— Foi. – Respondeu me encarando.

— Então é isso, Min. Pode ir para os EUA, vai em paz. Eu te desejo todo o sucesso que sei que é capaz de alcançar e estarei sempre torcendo por você. Mas a partir de hoje, irei seguir o teu exemplo e te esquecer. Irei esquecer que você existe. – Eu disse antes de sair do quarto dele. Tentei segurar o choro e manter a minha dignidade até que a porta do meu quarto se fechasse em minhas costas e desabei. Chorei como nunca havia chorado em minha vida, e olha que já chorei muito, principalmente nos últimos dois meses. Coloquei toda a mágoa para fora, molhei e sentir arderem todas as feridas em meu coração, feitas por Minseok.

 

▓MINSEOK▓

Xiumin foi embora e me deixou em pé no meio do meu quarto, as suas palavras ecoando em minha mente: Irei esquecer que você existe. Senti meu coração doendo, ainda mais. Me segurei durante toda a conversa tentando fazer o certo, em vez de seguir o meu coração e pegar o meu irmão nos braços e dizer que o amo, pedir desculpas por ser um idiota. 

Senti uma leve falta de ar que logo foi seguida por soluços dolorosos. Eu me sentia perdido, vazio e solitário. Xiumin sempre foi o meu norte e agora sem ele, não sei para onde seguir. Me sinto estagnado num oceano infinito, para todos os lados que olho, só encontro o vazio.

Eu não sei por quanto tempo irei aguentar isso. Não sei dizer até quando continuarei dando ouvidos aos meus pensamentos e deixando meu coração de lado, tentando silenciá-lo. Porque parece que quanto mais tento silenciá-lo, mais ele grita. Berra e sangra querendo Xiumin. Dizendo que está certo amá-lo. Que estamos destinados a estar juntos desde antes de nascermos.

Desabei na minha cama, quando perdi a força nas pernas.

Estou tão cansado, pensei entre os soluços. Dói tanto.

Eu não quero mais continuar sentindo isso. Estar com Xiumin sempre foi a coisa mais certa na minha vida, por que agora teria que ser errado? Teria que ser abominável?

Nós nos amamos desde sempre, por que é errado nos amarmos agora? Quando tudo mudou? Por que mudou?

Minha mente foi invadida novamente por perguntas que meu coração refutava apenas me dizendo que não importasse o quê, era o certo amar Xiumin.

Fui feito para ele assim como ele foi para mim.

Porque ele me conhecia e me completava tão bem, como se fosse a minha metade. E agora é isso o que sinto, como se faltasse um imenso pedaço de mim. A minha felicidade.

Chorei aquela noite até adormecer e sonhei com Xiumin. Sonhei com ele em meus braços e sorrindo para mim. E pareceu tão certo. Há quanto tempo não o via sorrindo? Há quanto tempo não o via sorrindo para mim?

 

Acordei e fiquei deitado lembrando do sonho, repassando-o milhares de vezes em minha mente e em todas o meu eu gritava que era isso que queria, era isso o que precisava.

— Xiumin, abre a porta. – Ouvi a voz de Kyungsoo, batendo na porta do meu irmão do outro lado do corredor. — Xiumin, eu não irei embora até você abrir essa porta. – O ouvi falando mais alto.

Logo ouvi o barulho da porta abrindo e depois batendo. Levantei silenciosamente e abri a porta do meu quarto o mais silenciosamente que consegui. Por mais que tivesse medo, precisava ouvir o que eles estavam falando. A curiosidade tomou conta de mim e encostei o ouvido na porta do quarto do meu irmão.

— Você passou a noite chorando de novo? – Consegui ouvir o desgosto na voz de Kyungsoo.

— Ele sabe de tudo, Soo. Nós conversamos ontem e ele sabia de tudo o tempo inteiro. – Ouvi o meu irmão responder com a voz dilacerada.

— Eu não sei mais o que fazer com vocês. Sinceramente. É um mais idiota que o outro. – Ouvi Kyungsoo falando, tentando fazer meu irmão rir, mas senti a irritação em sua voz.

— Agora ele vai embora e eu vou ficar aqui. Eu não sei se isso é bom ou ruim. Minha mente diz que é bom porque não o vendo, será mais fácil esquecê-lo. Mas...

— Eu sei, Xiu. Teu coração diz outra coisa, não é?

— Sim. – Respondeu Xiumin, em meio a um soluço.

— Não chora, Xiu. Não aguento mais te ver chorando. – Pediu Kyungsoo, a voz ficando macia.

— Eu só queria tentar, sabe? Queria saber se é tudo uma ilusão. Acho que essa coisa inacabada é o que mais acaba comigo e me impede de seguir em frente. – Falou Xiumin em meio ao choro.

Tentar. Ele queria ao menos tentar, pensei logo lembrando das palavras dele ontem. Como pode dizer que algo não vai dar certo sem ao menos tentar?

Isso era típico dele. Enquanto eu costumava analisar tudo o que poderia dar errado e, às vezes, até chegava a desistir de fazer algo por causa disso. Xiumin sempre foi mais corajoso e pensava em tudo o que poderia dar certo e sempre tentava. Lembro das vezes que não dava certo e ele sempre levantava a cabeça com um sorriso no rosto e dizia: Pelo menos eu tentei.

Eu sempre admirei isso no meu irmão. E sempre deu mais certo do que errado.

E se nós tentarmos e não dar certo?, me perguntei. Logo minha consciência me respondeu com a imagem do meu irmão sorridente, dizendo: Pelo menos eu tentei.

Senti meu coração dar uma guinada.

Tentar.

A palavra era tentar

Voltei silenciosamente para o meu quarto e deitei na cama pensando em como tentar.

Xiumin sempre foi o otimista entre nós dois. Era ele quem sempre me fazia tentar.

Fiquei deitado com os ouvidos atentos a qualquer barulho de porta. Precisava falar com o Kyungsoo, ele poderia ser o meu maior aliado.

Idiota, pensei. E se Kyungsoo não saísse sozinho do quarto do Xiumin?

Peguei o celular e enviei uma mensagem a ele: “Preciso falar com você. Se puder, venha ao meu quarto depois, a porta está aberta. Não deixa o Xiu perceber.”

Fiquei aguardando a resposta, que não veio. Será que ele não viu a mensagem?, me perguntei durante os longos minutos que se passaram. Até que ouvi a porta do meu quarto abrindo lentamente e vi Kyungsoo passando por ela.

— O que você quer, Minseok? – Ele perguntou, parando e cruzando os braços.

— E vou tentar, Soo. – Falei, a minha voz soando mais frágil do que imaginava.

Vi o entendimento nos olhos dele, mas ele não expressou qualquer outra reação.

— Eu quero tentar e se não der certo, eu vou embora para os EUA. – Falei, tomando a decisão enquanto falava.

— Você tem certeza? – Ele perguntou, pedindo uma resposta firme.

— Tenho. – Respondi. Sentindo o meu coração exultar com a certeza. — Eu tenho certeza.

— Não faça o Xiumin sofrer mais, Minseok. – Ele pediu, dando-me permissão para seguir em frente.

— Eu farei o possível para não fazê-lo sofrer. – Respondi, vendo Kyungsoo finalmente sorrir para mim em um longo tempo.

Kyungsoo às vezes agia como uma mãe leoa com o Xiumin e eu estava feliz por meu irmão ter alguém assim.

— Bom, eu ficarei de olho. – Ele respondeu, virando-se para sair do quarto. — Ele está dormindo agora, você sabe que ele é meio tonto quando acorda. Acho que seria uma boa hora para tentar. – Ele disse me lançando um olhar significativo.

— Obrigado. – Falei com um sorriso, entendendo a sugestão. Vi Kyungsoo saindo do quarto e pulei da cama, tomei um banho caprichado e desci as escadas. Encontrei a minha mãe na cozinha, tomando café da manhã.

— Bom dia, mãe. – Falei, dando-lhe um beijo no rosto.

— Bom dia, filho. – Ela respondeu. — Já vai comer?

— Daqui a pouco. – Respondi pegando algumas louças. — Onde está o papai?

— Saiu cedo. Teve que fazer uma viagem e acho que só volta na segunda ou terça. – Ela respondeu dando de ombros, acostumada com essas viagens repentinas do papai. Ele era gerente geral de uma empresa que trabalhava com exportação e sempre tinha que viajar para reuniões, resolver problemas, gerenciar tudo. — Para que tudo isso de comida? – Ela perguntou vendo-me colocar uma porção dobrada do café da manhã em uma bandeja.

— É para mim e o Xiu. Ele não está se sentindo muito bem e vou levar para ele e fazer companhia. – Respondi, vendo-a sorrir.

— Está bom. Não esqueçam de descer para o almoço. – Falou ela me vendo terminar de pegar as coisas para sair da cozinha.

— Obrigado, mãe. – Agradeci antes de ir.

♦♣♦

Abri a porta do quarto de Xiumin com todo o cuidado para não derrubar tudo e andei até a sua mesa de estudos e deixei a bandeja lá. 

Fui até a sua cama e sentei ao seu lado, vendo-o dormir por um momento e logo desisti e me arrumei ao seu lado na cama, deitando e puxando-o para os meus braços. Ele se remexeu um pouco e resmungou, mas continuou dormindo.

Me permiti inspirar o cheio dos seus cabelos e fechei os olhos. Sentia tão certo estar com ele assim. Ele se encaixava tão bem entre os meus braços.

Fiquei um longo tempo assim com ele, até que o senti se remexendo, prestes a acordar.

— Xiu... – Falei perto do ouvido dele, deixando um beijo em sua bochecha. O vi sorrir ainda de olhos fechados, se aconchegando mais em mim.

— Min... – Ele murmurou ainda dormindo.

— Acorda, Xiu. – Pedi baixinho, ouvindo-o resmungar. Fiquei mais um tempo assim, deitado e abraçado com Xiumin, até que o ouvi dizer despertando: Parece um sonho, e me fazendo sorrir. Só para vê-lo abrindo os olhos de repente e me encarar.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntou defensivo.

— E-eu... – Gaguejei, não sabendo o que responder. Senti o corpo dele enrijecer em meus braços e ele tentando se afastar de mim. Minha única reação foi apertar ainda mais os braços em torno dele.

— Me solta, Minseok. – Ele pediu, com a voz rouca.

— Eu não quero. – Respondi, não o soltando. — Eu vim conversar com você.

— Eu não quero conversar com você. – Ele respondeu, olhando para a parede ao seu lado.

— Eu sinto saudades de você, Xiu. – Falei beijando-o novamente na bochecha e depois passando o nariz pelo pescoço dele, sentindo o cheiro dele. — Eu quero tentar. – Falei baixinho e senti o corpo dele ficar ainda mais rígido em meus braços.

— Não brinca comigo, Min. Eu não vou aguentar isso. – Ele pediu, as lágrimas queimando em seus olhos.

— Eu não estou brincando com você. Olha para mim, Xiu. – Pedi, sentindo a relutância dele. — Você me conhece, sabe quando estou mentindo. Olha para mim e vê que não estou mentindo.

Senti o corpo de Xiumin relaxar, quando ele olhou para mim. Me olhou por um bom tempo, me encarando com os olhos ainda inchados e avermelhados pelo choro recente. Meu coração doeu ao pensar que estava aprendendo a reconhecer tão bem esses olhos no rosto do meu irmão e no meu.

— Eu quero tentar. – Eu disse, fechando os olhos e aproximando o meu rosto do dele. Deixei um beijo no canto dos seus lábios. — Me perdoa. – Pedi abrindo os olhos e vendo-o de tão perto, sentindo a respiração dele contra o meu rosto.

Senti mais do que vi, ele fechando os olhos e selando os meus lábios. As lágrimas escorreram dos meus olhos, e sorri contra os lábios dele. Era tão certo. Me sentia tão certo.

O beijei. Experimentei e amei cada pedacinho dos lábios dele. Senti a textura e o sabor. Me aventurei e conheci a cavidade de sua boca, Xiumin me permitindo entrar e provar cada canto seu. Nunca beijei alguém assim na minha vida, mas quanto mais sentia, mais eu queria.

Meu corpo esquentou quando senti Xiumin gemer contra a minha boca, depositando seu gemido na minha boca, e tomou posse do beijo. Desta vez, eu me abri para ele em um convite para me conhecer, desvendar cada cantinho meu.

Senti as lágrimas do meu irmão se misturando às minhas e ao nosso beijo e nunca esquecerei a sensação. A sensação que me tomou ao ter meu irmão nos meus braços e me provando sedento.

O beijo terminou nos deixando ofegantes e incrédulos. Realmente fizemos isso, podia ler claramente nos olhos de Xiumin e podia senti-lo espelhado nos meus.

Realmente fizemos e foi tão certo. Me senti tão completo.

Mais completo do que me senti em muito tempo.

Logo o constrangimento nos bateu, chegando acompanhado da realidade.

Clareei a garganta antes de dizer: — Eu trouxe o café da manhã.

Vi o olhar de agradecimento de Xiumin, e entendi que não era pela comida em si.

— Vamos comer? – Perguntei, me permiti apertá-lo por um momento em meus braços e inspirar novamente o seu cheiro antes de soltá-lo com as bochechas coradas.

O vi sentar na cama e passar as mãos no rosto enquanto levantei e busquei a bandeja com a comida. A coloquei sobre a cama e sentei novamente, dessa vez de frente para ele, que comeu com a cabeça baixa. Comi o observando o tempo inteiro, sei que ele sentia meus olhos em si. Conseguia ver as bochechas que eu tanto amava coradas durante toda a refeição.

— Por quê? – Ele perguntou de repente, levantando a cabeça e me olhando nos olhos.

— Eu estou cansado de nos machucar e dizer que vai dar errado sem ao menos tentar. – Respondi sendo sincero. — Estou cansado demais de ir contra o meu coração.

Logo o vi abaixando a cabeça novamente, um sorriso em seus lábios.

— Vamos tentar, não é? – Perguntei, a insegurança presente na minha voz.

— E vai dar certo. – Ele respondeu, levantando a cabeça e sorrindo para mim. Há tanto tempo não via o rosto dele tão radiante assim, meu coração doeu com a saudade.

— Eu amo você. – Eu disse estendendo a mão direita e tocando o rosto dele. Senti seu rosto esquentar e seu sorriso se alargar.

— Você é um idiota. – Ele falou, me fazendo rir. Esse era o meu irmão.

Terminamos de comer e Xiumin levantou e colocou a bandeja sobre a própria mesa de estudos. E voltou a deitar na cama, ao meu lado.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas ouvindo as nossas respirações e olhando para o teto branco.

— Fiquei com tanta raiva de você, mas ao mesmo tempo não conseguia realmente sentir toda a raiva que deveria sentir. – O ouvi desabafar. — Queria chegar em você e dar vários socos. Queria te bater até cansar. Queria te beijar também, todas as vezes que te via. Mas você nem olhava para mim.

— Eu olhava, sempre que percebia que você não podia me ver. – Confessei, sentindo-o virar a cabeça e me olhar, mas eu continuei encarando o teto. — Eu tinha medo, eu ainda tenho. Eu nem sequer sei como iremos fazer.

— Você vai embora. – Ele falou voltando a olhar para o teto. — Então eu ainda posso te ter por alguns meses? Enquanto isso, vamos fazer dar certo. – Ele disse, e foi a minha vez de encará-lo, vi as lágrimas escorrendo pela lateral dos olhos dele, perdendo-se em seus cabelos.

— Você quer que eu vá? – Perguntei, pedindo para me dizer que não.

— Por mais que eu me sinta triste, eu não posso ser egoísta e te pedir para ficar. Sei mais do que ninguém o quanto você sonha em jogar futebol. – Ele respondeu virando-se para me olhar e vi a verdade em seus olhos. Ele sofria em pensar em mim indo embora, mas não me pediria para ficar. Nunca.

Me senti um pouco decepcionado por saber que ele não me pediria para ficar, porém, me senti grato também. Meu irmão estava disposto a sacrificar a própria felicidade para me ver realizando o meu sonho. 

— Obrigado. – Era a única coisa que eu podia dizer. E ele entendeu.

Sorrindo para ele, segurei a sua mão na minha e entrelacei os nossos dedos.

— Obrigado por tentar. – Ele falou baixinho, voltando a encarar o teto.

E ficamos assim, assimilando as nossas decisões e tentando confortar os nossos corações.

Tinha que dar certo e nós faríamos dar certo.

 

▒XIUMIN▒

Passamos o resto dia juntos no meu quarto, apenas conversando sobre coisas que aconteceram nos últimos dois meses como dois irmãos normais. E nós beijando e trocando carícias, como namorados normais. 

Descobri que amo beijar Minseok, até mais do que imaginava. Amo como ele se entrega durante os nossos beijos e me deixa tentar tudo o que quero, sempre descobrindo algo novo.

Também amo a forma como Minseok me olha. Posso ver o amor lá, mas agora vejo um amor diferente do amor de irmão que estava acostumado a ver em seus olhos. Há algo mais. E eu amo isso.

Parece que Minseok finalmente me enxerga como além de irmão, parece que se permitiu isso. E eu me sinto ao ponto de explodir de felicidade.

Eu sei que não deveria me sentir assim, mas não é algo que consigo controlar.

Nunca me senti tão bem com alguém quanto me sinto quando estou com Minseok. É como se ele pudesse me entender completamente e me aceita como eu sou.

Gosto de ficar deitado com os braços do Min ao meu redor, só sentindo o seu coração bater e sua respiração. Gosto tanto que passaria todos os meus dias assim.

— Você vai contar hoje para o papai e a mamãe? – Perguntei, vendo a tarde virando noite pela janela aberta do quarto.

— Não. Mamãe disse que ele viajou e só volta na próxima semana. Decidi esperar e conversar com os dois ao mesmo tempo. – Ele respondeu deslizando a mão sobre a minha barriga.

— Entendi. – Falei, tentando segurar a risada. Era bom sentir seu toque, mas eu tenho um pouco de cócegas na barriga.

— O que foi? – Ele perguntou, desviando os olhos da janela e me olhando.

— Eu tenho cócegas, Min. – Falei com uma risadinha e me encolhendo.

— Você tem cócegas em todo lugar. – Ele respondeu, deslizando os dedos da minha barriga para a cintura, me fazendo rir ainda mais. — Está vendo só? – Perguntou rindo.

— Eu não tenho culpa. – Respondi ainda rindo.

— Eu gosto disso. – Ele falou passando o nariz pelo meu pescoço e me fazendo encolher. Também tenho cócegas no pescoço.

— Para! – Pedi dando tapas no braço dele.

— O que eu fiz? – Ele perguntou com um sorriso.

— Você sabe. – Falei olhando-o nos olhos e sentindo um frio na barriga. Eu quero beijar você novamente, pensei me aproximando do rosto dele e puxando o seu lábio inferior entre os dentes. Senti Minseok prender as mãos em minha cintura, as cócegas repentinamente esquecidas. Só me foquei no quão bom era tê-lo me segurando assim.

O empurrei e o deixei deitado de costas em minha cama e logo subi sobre ele, uma perna de cada lado de sua cintura e sentei sobre o seu quadril, me inclinando e beijando-o como tantas vezes fiz naquele dia.

Senti nosso beijo esquentar quando ele descer as mãos da minha cintura para o meu quadril. Eu queria que ele me tocasse lá, que não se segurasse e tomasse minhas nádegas em suas mãos. Ainda o beijando, peguei as suas mãos do meu quadril e as coloquei onde queria, sentindo-o apertando as minhas nádegas como eu quis há tanto tempo.

— Sonhei tanto com isso. – Falei gemendo contra os seus lábios quando o senti apertando mais forte e separando-as. Senti seu membro sob o meu quadril endurecer e me remexi sobre ele, rebolando lentamente, fazendo meu irmão gemer de olhos fechados. — Olha para mim, Min. – Pedi. Precisava ver o desejo em seus olhos. Precisava que ele o visse nos meus. E fui presenteado quando Minseok abriu os olhos e me encarou. Seus olhos brilhavam com o desejo.

Rebolei mais forte e apertei as minhas mãos sobre as dele em minhas nádegas, queria que ele soubesse o que eu queira.

— Não faz assim, Xiu. – Ele me pediu penoso, me olhando nos olhos. — Eu quero tanto você. – Ele disse. E foi como jogar um fósforo aceso em uma poça de gasolina.

Eu me inclinei novamente e devorei seus lábios, tirei as suas mãos das minhas nádegas e abaixei o meu short, logo puxando as suas mãos para me tocar. Agora sem nenhuma barreira.

Minseok gemeu na minha boca com o contato de suas mãos nas minhas nádegas nuas e eu exultei. Ele me queria tanto. Eu podia sentir isso.

Rebolei contra as suas mãos que acariciavam-me lentamente, volta e meia apertando e abrindo. Peguei um de seus dedos e direcionei para onde eu queria, meu corpo implorou por ele em mim quando sentiu seu dedo contra a minha entrada. Me forcei contra ele, dizendo a Minseok o que eu queria.

Ele apartou o beijo e me olhou.

— Xiu... – Ele falou, segurando o meu quadril. 

— Eu sei que estamos indo rápido, mas eu te quero há tanto tempo que não me importo. – Falei, logo fechando os olhos e descansando a minha testa contra a sua. — Só me t-toca, Min. Por favor. – Eu pedi, a minha voz quebrando com a necessidade. O ouvi gemer, deixando toda a sanidade de lado. Senti dedos contra os meus lábios e os abri, abrigando-os em minha boca e umedecendo-os com minha saliva. Logo os liberei e senti um deles contra a minha entrada e suspirei contra o rosto de Minseok.

Ele o inseriu cuidadosamente, como se ainda hesitando na sua decisão. Rebolei contra ele, sentindo o dedo ir mais fundo em mim e gemi precisando de mais.

— Min...

— Calma. Eu não quero machucar você. – Ele falou me entendendo sem eu nem precisar falar. Ele trabalhou com um dentro e outros dois fora da minha entrada, estocando-me com um e relaxando o meu músculo com os outros dois. Até que enfiou mais um, trabalhando agora dois dentro e fora de mim. Gemi com a sensação.

Já me toquei várias vezes, todas imaginando o meu irmão me tocando, mas finalmente tê-lo assim... Era indescritível.

Comecei a me empurrar contra os dedos dele, e ele inseriu o terceiro.

— Oh, meu Deus. Eu preciso tanto de você. – Eu disse, jogando a cabeça para trás e me empurrando contra os dedos que trabalhavam em mim. Eu sentia o olhar de Minseok em mim, mas em vez de sentir vergonha eu queria que ele visse o que fazia comigo. Queria que ele visse o quanto eu o desejava.

Me levantei um pouco e enfiei uma mão dentro do short e da cueca dele, pegando o membro duro e sentindo-o. Agarrando toda a sua extensão e mentalizando-a dentro de mim.

Eu queria tanto, que gemi só em imaginar.

Comecei a masturbá-lo, sentindo os dedos de Minseok indo mais rápido em mim. E abri os olhos para vê-lo gemer enquanto me observava.

— Diz que não vamos parar. – Eu pedi, a necessidade em minha voz. E ele negou com a cabeça, apenas gemidos saindo por seus lábios.

Segurei o pulso da mão que trabalhava em mim, fazendo-o tirar cada um dos dedos lentamente. Senti aquela sensação incômoda de vazio, mas não reclamei. Saí de cima dele e fui até o meu guarda-roupa e peguei o tubo de lubrificante.

Sorri envergonhado quando virei para voltar para a cama e o vi me observando.

— O que foi? – Ele perguntou.

— N-ada. – Eu gaguejei, tentando deixar a vergonha de lado. Retirei rapidamente a camisa e o meu short que estava abaixado em meu quadril e o vi fazendo o mesmo ainda deitado na cama. Eu voltei a subir sobre ele, vendo-o entender o que eu queria.

Eu queria cavalgá-lo em nossa primeira vez.

Ainda com o rosto queimando. Abri o tubo de lubrificante e derramei um pouco em meus dedos, os envolvendo em torno do membro dele e lubrificando-o totalmente. Olhei para ele quando terminei e rapidamente adicionei mais lubrificante em meus dedos e os direcionei à minha entrada, preparando-me para recebê-lo em mim.

Suspirei com os olhos dele em mim, observando cada ação minha.

— Você é lindo. – Ele disse, acariciando o meu rosto e me fazendo sentir um aperto no peito.

Tentei não ficar com vergonha do olhar dele. Era a minha primeira vez sendo penetrado por um cara.

Me levantei um pouco e ele moveu suas mãos do meu rosto para a minha cintura, me dando apoio. E segurei o membro dele, o direcionando para a minha entrada. Gemi com a expectativa quando eu senti a sua glande acariciando-me.

Finalmente..., pensei antes de sentar lentamente sobre ele. Tomando Minseok dentro de mim, apertando-o e fazendo-nos gemer, ele pela agonia de ser apertado e eu pela agonia de ser alargado.

Minseok barrou o meu avanço sobre o seu membro, ao ver o meu rosto contorcido de dor.

— Respira, Xiu. – Ele pediu. — Vamos devagar, ok? – Ele perguntou me vendo assentir. — Eu espero você.

Eu tentei relaxar. Precisava relaxar e tentar parar de expulsá-lo. Eu o queria dentro de mim, por que meu corpo estava me traindo agora?

Senti uma mão dele indo até o meu membro rígido e masturbando-o lentamente. Senti uma dose de prazer mesclada à dor, mas tentei descer mais um pouco, o tempo todo sendo apoiado por ele.

Quando finalmente consegui descer tudo, me inclinei sobre ele, descansando minha testa contra a dele novamente e respirando pela boca. Ainda doía, mas eu precisava aguentar.

— Shh... – Ele fez tentando me acalmar, seus lábios roçando contra os meus. Nem percebi quando comecei a beijá-lo, tentando esquecer da dor e me focar somente no prazer dele me tocando e me beijando. Durante o beijo, rebolei lentamente e foi a melhor sensação.

Finalmente dentro de mim, pensei feliz. Estou fazendo amor com o Min.

Sorri contra os seus lábios, não conseguindo ficar sem reação ao me dar conta do que estava acontecendo.

— Min... – Eu sussurrei contra os seus lábios. — Estamos fazendo amor.

— Nós estamos. – Ele respondeu, voltando a me beijar e segurando a minha cintura com ambas as mãos. Não esperei outro incentivo para começar a me mover sobre ele, contra ele.

Sentia seu membro em mim, cavando fundo e marcando em minha memória as sensações que sentia a cada vez que saía e entrava em mim. Me preenchendo completamente e me tomando.

Eu te amo tanto, pensei aumentando o ritmo que me empurrava contra Minseok. Ele ajustou o seu ritmo de forma a me penetrar sempre eu me empurrava contra si. Nossos corpos começando a transpirar e já fazendo barulho pelo choque.

— Eu preciso tanto de você. – Eu falei, levantando-me e encarando-o enquanto o cavalgava a primeira cavalgava da minha vida.

— Você é tão lindo. Só quero mais e mais. – Ele disse se arremetendo em mim, me fazendo fechar os olhos e gemer alto. Eu me sentia tão bem.

— Nunca me deixa, Min. Eu só quero você. – Pedi em meio a agonia de sentir meu orgasmo chegando.

— Eu preciso de mais. – Ele pediu, me fazendo parar e me deitando de costas na cama, sem sair de mim, e pude sentir seu membro movendo em mim, me acertando de um novo ângulo e me fazendo gemer arrastado.

— Tão bom... – Gemi quando ele começou a se arremeter em mim, minhas pernas em seus ombros, esticando-me.

E ele se arremetendo tão duramente, me fazendo perder a cabeça.

— Eu só quero você. – Ele disse me estocando forte a cada palavra dita.

Gemi alto, não conseguia segurar mais. Segurei o meu membro e comecei uma masturbação rápida e errática. Minseok estava indo tão rápido, sentia as lágrimas de prazer escorrendo pelo meu rosto. Eu precisava gozar.

— Goza para mim, amor. Goza. – Ele pediu, penetrando-me de outro ângulo e acertando-me lá. Minha mente ficou em branco por um momento e senti meu corpo entrar em colapso. Eu estava gozando.

Jorrei em meus dedos e abdômen enquanto Minseok assistia com os olhos fixos em mim, seus quadris criando vida própria e me estocando, prolongando o meu orgasmo.

Quando me senti voltar, o encarei. Tirei minhas pernas de seus ombros e o enlacei pela cintura, puxando-o para mim.

— Goza em mim, amor. – Pedi contra os seus lábios, antes de beijá-lo. Senti quando ele caiu, senti seu urro contra os meus lábios, seus espasmos contra o meu corpo e sua semente em mim.

Sentia-me pleno.

O abracei apertado quando ele desabou sobre mim, totalmente perdido nas sensações que lhe acometiam.

— Eu te amo. – Disse em seu ouvido, deixando um beijo em sua bochecha.

— Eu te amo, Xiu. – Ele disse levantando o rosto e me olhando nos olhos. — Amo demais. – Disse antes de me beijar profundamente. Encerrando o nosso ato de amor. Transmitindo toda a felicidade que sentia.

E eu retribuí.

Com todo o amor que sentia pelo meu irmão, Kim Minseok.

 

▓MINSEOK▓

Se eu não tivesse sentido tanto medo, estaria experimentando a felicidade há muito tempo. Meu relacionamento estava indo maravilhosamente bem com Xiumin. 

Não sei por que pensei tanto que daria errado. Além do fato de termos que nos esconder, fingir que não havia nada entre nós além de irmandade, tudo estava bem.

Xiumin me conhecia tão bem e sempre era muito fácil estar com ele. Nunca faltava assunto e os momentos de silêncio eram sempre agradáveis, somente nós assimilando a presença do outro e o que significávamos um ao outro.

Eu amava Xiumin e ele me amava, não havia nenhuma dúvida.

Desde sempre fomos companheiros e cúmplices e isso não mudou. Somente se fortaleceu. E agora éramos amantes também.

O meu irmão era encantador e me sentia me apaixonando por ele a cada momento. Sempre era recompensador estar com ele.

Cada toque, cada olhar e cada eu te amo, eram segredos guardados a sete chaves em nossos corações.

♦♣♦

Papai voltou da viagem e durante o jantar, com todos juntos, falei sobre a proposta da bolsa. Eles ficaram um pouco chocados no momento, mas logo a felicidade e o orgulho tomaram conta dos meus pais. Me parabenizaram e minha mãe chorou. O bebê dela estava prestes a ir embora para outro país, ela justificou.

Fiquei envergonhado, mas entendi. Para a mamãe nunca deixaríamos de ser os bebês dela não importando a nossa idade. 

Eles perguntaram os detalhes, como funcionaria e ficaram eufóricos. Eu não sabia muito como agir e olhei para Xiumin encontrando o orgulho e o amor em seus olhos.

Eu sou realmente abençoado, pensei naquele momento.

Depois do jantar, subimos e fomos para o meu quarto. Ficamos conversando e assimilando juntos as reações dos nossos pais durante o jantar. E logo fizemos amor.

Dessa vez Xiumin me tomou, e eu via nos olhos dele a necessidade de me fazer dele e me fez. Ainda sinto as sensações de tê-lo em mim, me reivindicando sem dó. Me embalando em seus braços e em seu amor.

♦♣♦

Os dias passaram e eu recebi o aceite da universidade. Me sentia ansioso e agitado. O ano letivo estava acabando e, junto, chegando o momento de deixar a Coréia.

Xiumin não falava nada, mas eu sabia que a angústia de nos separarmos estava tomando conta dele. Eu sentia a cada vez que fazíamos amor e sentia cada vez maior. Ela também estava em meu peito e mente. 

— Um mês... – Ele murmurou correndo o dedo indicador pelo meu peito, fazendo desenhos que eu só podia sentir.

Tínhamos acabado de fazer amor e Xiumin ainda estava totalmente nu, deitado em meus braços e com a cabeça sobre o meu ombro direito.

— Amor... – Eu pedi. Eu não queria que ele ficasse mal contando os dias. Me sentia péssimo só de pensar, não queria viver os nossos últimos dias juntos numa contagem regressiva.

— Desculpa. – Ele pediu, ficando em silêncio.

— Não precisa se desculpar. – Eu falei, alisando os seus cabelos. — Eu te amo e vamos continuar juntos. Ok?

— Como? – Ele perguntou, levantando a cabeça para me olhar. — Eu estarei aqui e você lá.

— Você quer terminar quando eu for? – Perguntei sentindo meu peito doer só com o pensamento.

— Não é isso... – Ele começou, desviando o olhar. — É só que você pode conhecer outras pessoas lá e eu não quero ficar te prendendo. – Ele disse. Então é nisso que ele vinha pensando? Que eu chegarei lá e o trocarei por outra pessoa? Como se fosse possível.

— Isso não vai acontecer porque eu não tenho mais como me apaixonar. – Eu disse tocando o seu queixo, e ele olhou para mim.

— Por que você tem tanta certeza?

— Porque para isso eu preciso de um coração e eu não tenho mais. – Respondi, deixando-o confuso. – Você pegou o meu coração e eu não quero devolução. – Eu respondi, vendo-o sorrir envergonhado e se inclinar para me beijar.

O beijei. Precisava passar toda a confiança que sentia a ele. Precisava que ele entendesse que meu coração não estava mais em jogo, era somente dele. Sempre foi.

— Eu amo você, bebê. – Eu disse após o beijo.

— Eu te amo mais. – Ele disse escondendo o rosto no meu pescoço.

Ficamos um tempo assim, em um silêncio agradável. Até que tive uma ideia.

— Amor... – O chamei, ouvindo-o fazendo um hum, dizendo-me para falar. — E se você for junto comigo? – Perguntei.

— Como eu iria junto com você? – Ele perguntou, se sentando na cama. — Eu não tenho bolsa e não fui admitido em nenhuma universidade de lá. Também não temos dinheiro para bancar nós dois lá. – Ele falou contando nos dedos como se já tivesse pensado várias vezes sobre isso.

— Você poderia trabalhar e tentar uma vaga no segundo período, poderia até tentar conseguir um desconto nas mensalidades e um emprego de meio período depois. E eu teria a bolsa e ainda tentaria fazer alguns bicos. Acho que daria para nos mantermos, passaríamos um pouco apertado, mas pelo menos estaríamos juntos. – Eu disse sentando, as possibilidades explodindo em minha mente.

— Você acha que daria certo? – Ele perguntou inseguro, mas eu sentia a empolgação e a esperança em sua voz e em seus olhos.

— Claro, meu amor. Só precisamos tentar. – Eu disse empolgado, puxando-o para um abraço.

— Mas e o dinheiro da passagem e para nos manter logo no início? – Ele perguntou não querendo criar esperanças ainda.

— O prof. Lee disse que irei receber um auxílio de deslocamento e para a comprar de materiais, hospedagem e um extra para me manter lá no primeiro mês. Depois eu recebo o valor da bolsa. Só que eu estava olhando esses dias o site da universidade e eles têm os alojamentos e um programa de auxílio moradia. – Eu disse tentando lembrar. — Já que você não é aluno, não poderia ficar no alojamento... Eu posso pedir o auxílio moradia, aí dividimos um apartamento. Sei lá. A gente dá um jeito.

— Amor... – Ele disse segurando o meu rosto, fazendo-me voltar para a realidade. — Fica calmo. Vamos olhar tudo direitinho e organizar. Ok? Se for possível eu ir e ficar com você, eu irei.

— Você irá, amor. Eu tenho certeza. – Eu respondi puxando-o para o meu colo. Me sentia eufórico com essa luz no fim do túnel. Como é que não pensei nisso antes?, me perguntei estimulando o membro de Xiumin durante o beijo. Eu precisava dele.

Precisava sentir tudo certo novamente.

 

▒XIUMIN▒

Minseok estava eufórico. Nunca vi meu irmão tão agitado assim. Ficava a todo momento fazendo planos e pesquisando coisas na internet. E eu tinha que me segurar para não entrar na euforia dele, não queria criar tanta esperança e traçar vários planos para no final ser separado dele no portão de embarque. Ele indo e eu ficando. 

Mas eu estava dando o meu jeito, o nosso principal impedimento era o dinheiro.

Comecei a procurar anúncios de emprego para estrangeiros pela internet e encontrei alguns. Hoje irei fazer uma entrevista por videoconferência com uma empresa de lá. Espero que dê certo.

Espero do fundo do coração.

— Soo, vamos logo. – Falei arrastando-o pelos braços para sairmos logo da escola.

— Ei, fica calmo! Ainda temos tempo. – Ele falou arrumando a mochila nos ombros.

Ele iria comigo para casa e iríamos treinar para a minha entrevista de mais tarde. Poderia treinar com o Minseok, mas queria fazer uma surpresa a ele, caso desse tudo certo.

— Estou calmo. Só estou com fome. – Reclamei com ele e não estava mentindo, em partes.

— O que tem de bom para a gente comer? – Ele perguntou tendo a sua atenção tomada.

— Não sei. É a mamãe quem cozinha, sabe? – Respondi irônico.

— Olha como me responde, seu... seu... – Ele falou sabendo que não podia me xingar e ficando frustrado.

— Seu o quê, Kyungsoo. – Perguntei provocando-o.

— Seu balofo! – Ele gritou e saiu correndo.

Kyungsoo estava tentando me distrair sem eu perceber, mas o conheço a tempo demais para perceber a tentativa dele. E eu o amo por isso.

 

Chegamos em casa, almoçamos e fomos para o meu quarto pensar sobre algumas perguntas que poderiam ser feitas e treinar as respostas até o horário da videoconferência. Foi marcada para um horário bem tarde devido ao fuso horário, o que foi até bom porque nos deu tempo para treinarmos mais.

Quando finalmente chegou o horário, loguei no aplicativo de videoconferência e aguardei a chamada.

A entrevista foi tranquila. Fizeram algumas perguntas que eu e Kyungsoo já tínhamos imaginado e outras de caráter pessoal, e as respondi tranquilamente. Me senti super confortável com a entrevistadora que inclusive era coreana. E tinha Kyungsoo deitado em minha cama, me dando apoio moral. Encerrei a chamada com a promessa de receber a resposta em vinte e quatro horas e com um soa sorte da entrevistadora.

— O que você acha, Soo? – Perguntei me sentindo ansioso. Meu sexto sentido me dizia que eu tinha ido bem, mas sempre bate aquela apreensão.

— Acho que você foi ótimo. Agora é só esperar. – Ele disse se levantando e esticando as pernas. — Acho que já vou. – Disse bocejando.

— Não acha melhor dormir aqui. Já está tarde para ir embora sozinho. – Eu falei olhando a hora.

— Não tem problema? – Ele perguntou e entendi a pergunta camuflada.

— Claro que não, Soo! – Falei rindo, jogando uma caneta nele.

— Olha, se for para ficar e ser maltratado, e prefiro ir embora. – Ele me ameaçou e dessa vez joguei uma almoçada, o acertando em cheio no rosto.

— É assim, é? – Falou ele rindo e me jogando dois travesseiros.

E foi assim que Kyungsoo tirou a minha mente da espera da resposta da entrevista.

 

Mais tarde quando estávamos deitados, Kyungsoo já dormindo, ouvi a porta do meu quarto sendo aberta. Olhei para o feixe de luz que invadiu o quarto, vendo Minseok olhando-me.

— Pensei que você já tinha dormido. – Ele falou baixinho, entrando no quarto.

— Ainda não. Estava esperando você. – Eu respondi levantando da cama e indo até ele, que se sentou na mesa da minha escrivaninha. — Como foi o treino? – Perguntei passando os braços no pescoço dele e sentando sobre as suas pernas.

— Foi tranquilo. Vou sentir saudade dos caras. – Ele comentou.

— E eles irão sentir saudades de vocês. O melhor jogador do time. – Falei contra os seus lábios, logo beijando-o. — Senti saudade de você.

— Eu senti mais. – Ele respondeu rindo contra os meus lábios e me fazendo rir também. Já se tornou um hábito nosso. — Eu vou indo agora, só vim ver se você estava dormindo e dar boa noite.

— Está bom. Boa noite. – Disse selando novamente seus lábios e levantando-me.

— Boa noite, amor. Dorme bem.

— Você também. – Disse fechando a porta do quarto novamente e me deitando ao lado de Kyungsoo, que roncava no décimo sono. Eu ri do meu amigo e adormeci pensando no meu irmão.

♦♣♦

— Xiu, acorda. – Acordei com um tapa na barriga e abri os olhos assustado. — Acorda. Estamos atrasados.

Kyungsoo já estava sentado na cama, esfregado o rosto. 

— Tá bom, mas precisa me acordar assim? – Perguntei me levantando.

— Eu ia acordar com um beijo, mas lembrei que você é comprometido. – Ele respondeu já tirando com a minha cara, e eu nem bem acordei.

— Eu posso ser comprometido, mas estou sempre livre para você. Você sabe. – Falei dando uma piscadela e fazendo-o sorrir.

— Como é que é? – Falou Minseok entrando no quarto.

— Eita. Não perde essa mania de ouvir atrás da porta, hein? – Falou Kyungsoo levantando e entrando no meu banheiro.

— Eu nã-

— Não liga, amor. – O interrompi, abraçando-o em seguida. Não valia a pena ficar discutindo com o Kyungsoo.

— Bom dia. – Ele disse selando os nossos lábios.

— Bom dia, amor. – Eu disse sorrindo para ele.

— Vocês estão atrasados. – Ele disse olhando a hora e me soltando. — Já vou indo. Preciso chegar no horário hoje. Te amo.

— Te amo. – Eu disse, vendo-o sair do quarto.

— Ain, eu também te amo. – Kyungsoo provocou do banheiro.

— Deixa de graça e sai logo daí. – Eu falei, entrando no banheiro e vendo-o no vaso.

— Não dá nem para fazer o cocozinho matinal em paz? – Ele quase gritou, me assustando ainda mais.

— Desculpa. Pensei que estava escovando os dentes. – Falei saindo do banheiro, atordoado com a visão.

♦♣♦

— Soo... – Choraminguei deitando a cabeça na mesa do refeitório.

— Sai que não quero falar contigo. – Ele falou fingindo me ignorar. 

— Desculpa. Eu já até comprei coxinha para você. Foi sem querer mesmo. – Eu implorei. Estava doido para falar com ele sobre a entrevista, mas ele estava me ignorando desde quando saiu do banheiro hoje de manhã.

— Confessa que queria ver meu corpinho lindo. – Ele falou, me olhando torto.

— O único corpo que quero ver, você já sabe de quem é. – Respondei.

— Então tá bom. Vou te perdoar porque sei que você é comprometido. – Ele falou me zoando novamente. Para tudo ele usava a desculpa de que sou comprometido, até para coisas nada a ver.

— Será que eles vão me responder hoje? – Perguntei suspirando derrotado. Já verifiquei meu celular milhares de vezes e nenhum e-mail chegou.

— Relaxa. O povo lá também dorme, sabe? E deve estar fazendo isso esse horário. – Ele disse prestando atenção no movimento do refeitório. Fingi não ver que estava praticamente secando um garoto do segundo ano.

— Será que eles dormem lá como você quer dormir com ele? – Perguntei como quem não quer nada, tomando um pouco de suco em seguida. Quase me espoquei de rir quando Kyungsoo quase engastou com a sua bebida que estava usando para seduzir o garoto.

— Quê?

— Qual é, Soo? Vai me deixar de fora agora só porque sou comprometido? – Perguntei fingindo estar magoado.

— Fora do quê, Xiu? – Perguntou parecendo não entender mesmo.

— Estou vendo há dias você olhando para aquele garoto do segundo ano. Qual é mesmo o nome dele? – Perguntei coçando o queixo.

— Aish. Não estou fazendo nada demais. Só apreciando a vista. – Ele respondeu, indiferente.

— E está gostando da vista? Quer que eu mande um recado e tals? Chegar nele e falar: “Meu amigo quer te chupar igual um canudo”? – Perguntei fazendo-o rir.

— Onde você andou aprendendo essas coisas? Que horror! Não faço essas coisas não. Sou santo.

— Santo do pau oco. Só se for. – Falei e logo nos levantamos quando o sinal de término do intervalo tocou.

♦♣♦

Saí da escola e fui direto para casa. Tinha um trabalho para fazer e entregar amanhã e iria usá-lo para distrair a minha mente. Esperava que desse certo.

 

Lá pelo início da noite, abri o meu e-mail pela milésima vez naquele dia e vi um e-mail com o remetente da empresa da entrevista de antes. Levantei eufórico da cadeira e tomei um pouco de água. Estava com medo da resposta, mas precisa encarar.

Cruzei os dedos da mão direita e cliquei na mensagem, abrindo-a. 

Li rapidamente as declarações iniciais e lá pela metade tinha o trecho que realmente me interessava no momento: “Sr. Kim, informamos que o senhor foi selecionado na nossa entrevista. Se a vaga for de seu interesse, envie os documentos abaixo digitalizados ao nosso RH e verifique os procedimentos adicionais necessários para a admissão ser realizada com êxito.”

Terminei de ler, não acreditando no que li. Li e reli o trecho milhares de vezes. Tirei uma foto e mandei para o Kyungsoo: “Soo, me diz que é verdade isso que estou lendo.”

“Você conseguiu, Xiu! Eu sabia que conseguiria!”, foi a resposta dele e me fez levantar da cadeira e pular pelo quarto.

Meu Deus, eu consegui!, pensei alegre.

“Obrigado, Soo! Nem estou acreditando.”, enviei para ele antes de sentar novamente e digitar um e-mail para o RH da empresa, anexando todos os documentos da lista e perguntando os procedimentos adicionais.

Assim que o enviei, ouvi batidas na porta do meu quarto.

— Xiu? – Perguntou Minseok abrindo a porta do quarto e dando uma olhada antes de fixar os olhos em mim. — Está sozinho hoje. – Ele comentou com um sorriso, entrando e trancando a porta.

— Está tudo bem? – Eu perguntei, conseguia ver a ansiedade em seus olhos.

— Eu entrei em contato com a universidade e pedi informações sobre como solicitar o auxílio moradia. Eles me enviaram os formulários e as orientações e dei entrada. Hoje recebi a resposta. Foi deferido. Eu irei receber uma ajudar de custo que nos permitirá alugar um apartamento. – Ele falou passando as mãos pelos cabelos, não se contendo de felicidade.

— Não acredito! – Falei pulando sobre ele.

— Pode acreditar, amor. – Ele falou rindo. — As coisas estão se ajeitando aos poucos.

 — Tenho uma surpresa para você. – Falei sentando em seu colo.

— O que é? É de comer? – Ele perguntou olhando pelo quarto.

— Não. – Respondi rindo. — Eu fiz uma entrevista de emprego ontem.

— Mas-

— Calma. Eu fiz videoconferência. – Falei vendo o entendimento em seus olhos e sorri. — E eu passei.

— Sério, amor? – Ele perguntou me abraçando. — Não acredito!

— Eu também não. – Respondi rindo. — Recebi a mensagem deles não tem muito tempo. Olha só. – Falei, até o notebook e abrindo a mensagem para ele ler. — Já enviei os meus documentos e estou aguardando mais informações.

— Amor, é a melhor notícia do dia! – Ele falou, me agarrando e distribuindo beijos pelo meu rosto. — Eu amo você. Você é incrível. – Ele disse me olhando e vi a verdade em seus olhos.

Sentia meu peito apertando de felicidade e amor. Ainda não conseguindo acreditar no quanto estava sendo feliz.

— Quando nós vamos falar com o papai e a mamãe? – Perguntei abraçando-o, em pé no meio do quarto.

— Vamos aguardar algumas coisas ficarem totalmente certa e aí falamos. Pode ser? – Ele perguntou, pensando em tudo o que ainda tínhamos que arrumar. — Ainda temos duas semanas, vai dar certo.

— Está bem. Mas não vamos falar sobre nós, não é? – Perguntei. Por mais que não gostasse de esconder as coisas dos nossos pais, acho que seria melhor para eles se não soubessem sobre nós. Não queria magoá-los e ver em seus olhos qualquer coisa além do amor e orgulho dos filhos.

— Acho melhor não, amor. É melhor eles ficarem sem saber. Tenho medo da reação deles e não quero perder nenhum de vocês. – Ele disse e confirmei com a cabeça, eu sentia o mesmo.

♦♣♦

Finalmente conseguimos organizar tudo e conversamos com os nossos pais que nos deram o maior apoio. Novamente mamãe chorou, agora seriam os dois bebês dela que estariam indo embora, justificou e todos rimos. 

Faltava um dia para a viagem e estávamos agitados com despedidas e terminando de organizar as malas. Viajaríamos de manhã cedo e teríamos uma longa viagem pela frente, mas estávamos felizes.

— Xiu, terminei de arruma essa mala. – Falou Minseok levantando de cima de uma das lavas, após momentos de sufoco para fechá-las.

— Não acredito que vocês estão levando uma mala cheia dessas revistinhas. – Nos criticou mamãe, sentada em minha cama. Depois de anos, ela nunca chegou a entender o nosso amor pelos mangás e hq’s.

— São os nossos bens mais preciosos, mãe. – Falou Minseok, fazendo-a balançar a cabeça se rendendo. Ela já sabia que não adiantaria nada continuar falando.

— Bem, já que falta pouco para terminarem, e irei dormir. Vejo você amanhã de manhã. – Falou levantando e deixando um beijo na testa de cada um antes sair do quarto e descer as escadas em direção ao próprio quarto.

— Graças a Deus que estamos terminando. – Falei fechando outra mala.

— Só mais essa e terminamos. – Falou Minseok suspirando enquanto organizava algumas coisas na última mala. — Você separou os itens de mãos e documentos?

— Sim. Estão todos nesta bolsa. – Falei apontando para um bolsa sobre a minha escrivaninha.

— Então terminamos. – Ele falou se jogando no chão, cansado.

— Vamos tomar um banho? – Perguntei indo até ele e sentando sobre si.

— Vamos. – Respondeu sorrindo cansado e me esperando levantar, logo vindo atrás de mim para o banheiro.

— Tranca a porta. – Eu avisei. Apesar dos nossos pais já terem ido dormir, nunca podemos baixar a guarda e esquecer as portas abertas enquanto estamos juntos. Esse é um dos hábitos adquiridos nos poucos meses juntos.

Tomamos banho rapidamente, lavando todo o cansaço e suor de nossas peles e logo nos deitamos juntos em minha cama.

— Amor, já parou para pensar que é a nossa última noite nesta casa depois de vivermos a nossa vida inteira aqui? – Perguntei, vendo-o suspirar.

— Já. Venho pensando nessas coisas há dias. – Ele respondeu, encarando o teto. — Já estou sentindo saudades. Acredita?

— Acredito. Espero que nos adaptemos rápido lá. – Desejei sentindo aquele frio de medo do futuro.

— Nós estaremos juntos, amor. Então sempre estaremos em casa. – Ele falou me abraçando e me fazendo inspirar profundamente o seu cheiro. E realmente, não importa onde estivesse, com Minseok ao meu lado sempre estaria em casa.

— Boa noite. – Eu disse após um bocejo.

— Boa noite. – Ele respondeu.

♦♣♦

O dia amanheceu com a correria. Arrumamos as nossas malas no carro e corremos para o aeroporto. Nos despedimos de nossos pais e do Kyungsoo que me surpreendeu na cozinha tomando café com os nossos pais, quando descemos de manhã. 

Não vou mentir. Todos choramos.

Choramos de saudade e por nos separarmos das pessoas que mais amávamos no mundo.

Abraçamos nossos pais e o Kyungsoo fortemente e dissemos até logo. Logo os deixamos e entramos na sala de embarque.

Estávamos embarcando juntos numa nova vida onde tentar era o suficiente.

Mas tentar e conseguir era o nosso objetivo. E se não conseguíssemos, ao menos estaríamos juntos.

— Obrigado por tentar. – Repeti as minhas palavras de meses atrás para Minseok, que estava sentado na poltrona ao meu lado e sorriu, lembrando.

— Obrigado por me ajudar a conseguir. – Ele respondeu e me beijou. Não ligaríamos mais para os olhares que viéssemos a receber porque tudo o que importava era estamos juntos e felizes. 


Notas Finais


Bem, é isso. O que acharam? Me contem nos comentários, ok?

Desculpem-me qualquer erro. Revisei algumas vezes, mas sempre passa alguma coisa x.x

Até a próxima!

Chu~~~


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