História Tudo pode acontecer | Min Yoongi - One

Aqui estou eu, sozinha, olhando para as paredes de um horrível tom de bege da minha casa. Como dizem as pessoas, estou "esperando um milagre acontecer".

Eu, com meus 18 anos deveria estar neste momento, bêbada em alguma festa, ou me esfregando em algum cara; "curtindo a vida" como dizem hoje em dia. Mas, não. Se você pensa que eu sou antissocial, está correto. Não gosto muito de dialogar com as pessoas ou fazer amizades.

Amanhã, é o início de, como eu gosto de chamar: O manicômio. Sim, o ensino médio. Amanhã é o meu primeiro dia de aula no ensino médio e se eu dissesse que não estou nervosa, estaria mentindo. Eu sofro de um mal chamado "ansiedade". Eu sofro de muitas coisas.

Eu queria apenas ter amigos fiéis que me amassem, conhecer um garoto legal, me apaixonar e viver feliz. Mas não, a Jenny tem que ser triste e solitária! Eu sou bem iludida sobre a vida e penso bastante, mas não considero isso uma coisa ruim.

Amanhã tudo vai ser igual como sempre foi. Vou passar esse ano sem amigos, solitária e triste.

             [Segunda-feira: a depressão]

Sabe aquela vontade de dormir pra sempre? Então...
São 7:00 horas da manhã e eu estou jogada na minha cama criando coragem para viver.
Depois de muito esforço (sem exageros), consegui me levantar e fui tomar um banho quente. Saí do banho e botei uma calça qualquer e um moletom preto. Eu estava horrível, mas minha vontade de me embelezar estava escassa.
A minha sorte é que eu morava a poucas ruas da nova escola/prisão, então ia a pé mesmo e podia acordar um pouco mais tarde.

                                     ~

Chegando no portão da escola, fiquei uns segundos criando coragem para entrar. Pior que entrar no ensino médio é entrar no ensino médio em uma escola nova. Eu estava em pânico, literalmente.

Agradeci a Deus porque poucas pessoas notaram a minha presença quando entrei. Olhei a minha turma em um mural, que por sinal era a 3, e segui para a sala. Parei na porta, que estava fechada, e respirei fundo umas trinta vezes tentando criar coragem. Eu estava de olhos fechados, mas pude sentir uma presença na minha frente. Abri os olhos rapidamente e tive a visão do céu: um garoto um tanto mais alto que eu, bem pálido e um sorriso capaz de curar qualquer depressão. Ele tinha os olhos puxados, o que era um dos meus fetishes. Ele estava parado na minha frente sorrindo docemente, mas eu podia sentir um certo sarcasmo em seu sorriso.

Ele estava me atraindo.

-Pode demorar o tempo que quiser, eu não quero ir para a aula mesmo. - ele sorria sarcástico e me olhava nos olhos. Só então eu percebi que devia estar babando em cima do garoto. Sacudi minha cabeça despertando dos meus sonhos amorosos e o encarei. Meu Deus, como ele era lindo!

-Ah, me desculpe. - eu só consegui falar isso. Não me culpe, qualquer uma ficaria nervosa na frente dele! Ah, eu já disse que também sou antissocial?

-Eu odeio essa aula! Quer dar uma volta no pátio da escola? - o professor já estava na sala, dando início a aula. Eu tinha que tomar uma decisão, AGORA!

-Vocês dois, entrem na sala... agora! - eu dei um pulo de susto quando o professor abriu a porta. Sua expressão era calma, mas ele devia estar com raiva no momento - Se querem ficar namorando, vão para um motel quando terminar a aula! - a turma inteira começou a rir com a fala do professor, e eu queria muito morrer naquele momento. O garoto bonito, pelo contrário, estava bem indiferente.
Entrei na sala de cabeça baixa, morrendo de vergonha e me sentei no fundo da sala, me jogando da cadeira. O garoto sentou na fileira ao lado da minha. Todos olhavam para mim, e eu estava completamente desconfortável com a situação.

-Senhor Min Yoongi, eu espero não ter problemas com você esse ano. Estamos entendidos? - Min Yoongi era seu nome, então... interessante!

-Que seja! - sua postura relaxada e seu cabelo loiro sobre sua face, só o deixavam mais bonito. Ah meu Deus, para com esses pensamentos, Jenny!

A aula seguiu bem tediosa e agoniante, bem como eu imaginei que seria. Durante uns preciosos segundos, pude sentir que Yoongi estava olhando para mim. Eu juro de mindinho que não estou mentindo!

O professor me lançava uns olhares de reprovação, mas eu não estava ligando. Eu não ligava muito para os professores ou para as escolas. Se não era expulsa, eu chutava todas as questões da prova, e conseguia me safar e passar de ano. Eu sou uns anos atrasada por esse motivo. Mesmo sem "amigos", eu sempre arquitetava meus planos para ser expulsa das diversas escolas que eu já estudei. Essa seria só mais uma.

As primeiras aulas haviam terminado e chegou a pior hora da minha manhã: o recreio, hora do lanchinho, campo de concentração... Como quiser chamar. Eu estava absolutamente sem fome, por conta de uma doença que eu tinha. Eu não sabia bem o nome, nem o que era ao certo, mas sei que não sentia muita fome e que não gostava nem um pouco da minha aparência. Muitos diziam que eu tinha o corpo perfeito e que eu era linda, mas eu não acreditava muito nisso. Desde pequena eu sofro com isso, e não ligo muito. Mas, depois de tanto tempo vivendo assim eu estava "me curando" desse mal e até me achava bonita as vezes.

Me sentei em uma mesa vazia bem longe de todos, e fiquei apenas observando as pessoas. Algumas riam, conversavam... Todas "aparentemente" felizes.
Peguei meus fones de ouvido e botei "Unravel", música de abertura do meu anime favorito. Pus o volume no máximo e fechei meus olhos, me recostando na cadeira. Fiquei por alguns minutos pensando na vida, na morte... coisas cotidianas. Até que alguém puxa com força meus fones de ouvido me despertando. Abro os olhos completamente indignada e vejo um ser chamado Min Yoongi sentado na minha frente.

-Qual é o seu problema!? - quando alguém mexe com meus fones, ou com a minha comida, cabeças rolam.

-Estou te chamando a um tempo, mas você estava desligada do mundo! Essa foi a única forma que achei de te chamar. - ele parecia meio distante e despreocupado, enquanto eu estava completamente nervosa e alterada diante da presença dele.

-Eu não sabia, desculpa. - abaixei a cabeça constrangida e pude sentir que ele estava sorrindo e me encarando.

-Você me deve uma. - o encarei confusa e arqueei as sobrancelhas. - Por sua culpa, eu tive que assistir aquela aula chata!

-Por minha culpa você vai ficar um pouco mais inteligente, então, de nada. - ele me tratava com sarcasmo, então eu também iria ser assim. Eu sentia que ele estava me provocando, mas queria ver onde isso iria dar.

-Eu não prestei atenção em uma palavra daquele professor, então não valeu. - fiquei apenas em silêncio, esperando. Se eu começasse a falar, iríamos discutir e não ia prestar! - Acho que ganhei! - ele sorriu vitorioso e eu revirei os olhos em desaprovação, o fazendo rir mais.

-Por que está falando comigo? - eu o encarei curiosa e ele ficou sério. Me arrependi de ter feito a pergunta, queria olhar aquele sorriso por mais tempo. Jenny, se controla!

-Qual o seu nome? - ele sorriu de lado. Agora que percebi que ele não sabia meu nome.

-Jenny, mas só me chame de Jen.

-Então Jenny, - ele estava me provocando, cretino! - eu não costumo ter um motivo para falar com pessoas ou fazer coisas. Mas você me deve uma, então vim fazer um acordo. - ele parecia alguém da máfia prestes a matar alguém. Credo!

-Pode dizer, eu aceito de qualquer forma. - por tudo que é sagrado, não me façam apostas! Eu já tive que fazer coisas para cumprir, e as consequências não foram boas para ambos os lados.

Ele sorriu completamente surpreso e me olhou de cima a baixo. Estava bem constrangida, não gostava de ser olhada, ou chamar a atenção. Era estranho, pois eu tinha acabado de o conhecer, mas eu sentia que já havíamos nos visto antes.

-Se eu te pedisse para matar alguém, o que faria? - ele sorria ladino e me encarava.

-Eu matava. Não gosto de descumprir um acordo, ou fracassar em algo. - está aí o motivo de eu não ter amigos! Eu era bem extrema, mesmo não falando muito.

-Interessante. - ele parecia impressionado com as minhas respostas. Eu sabia que ia dar merda, mas isso já tinha acontecido antes - Você é uma matadora de aluguel ou algo do tipo? - ele estava zoando, porém hesitante, o que me fez concluir que ele realmente pensava na possibilidade de eu ser uma assassina. Rio alto com sua pergunta, e resolvo o provocar também.

-Talvez. - fiquei séria e ele riu.

- Posso precisar dos seus serviços, então fique preparada. - okay, foi a minha vez de ficar séria. O encarei assustada desacreditando que ele poderia ser um psicopata, e ele começou a gargalhar. Um outro problema que tinha: eu era bem lerda de vez em sempre.

-Eu estou brincando! - foi parando aos poucos sua risada e me encarou - Você é bem ingênua, - isso feriu meu orgulho, okay. Abaixei a cabeça constrangida. Mal sabe ele as coisas que eu já fiz. - mas não foi isso que eu vim falar com você, então vamos direto ao ponto. - o encarei séria - Quero que você faça o que eu quiser por uma semana.