1. Spirit Fanfics >
  2. Tudo que eu mais desejei - ZURENA >
  3. Nove

História Tudo que eu mais desejei - ZURENA - Nove


Escrita por: zule_escorpion

Capítulo 9 - Nove


Fanfic / Fanfiction Tudo que eu mais desejei - ZURENA - Nove

“Zulema !?”

A morena levanta seu olhar para a loira paralisada e branca igual a uma folha de papel.

“Quanto tempo loira!”

Por sorte a morena foi rápida o suficiente para segurar Macarena antes que ela caísse.

“Joder! Puta rúbia", ela fala enquanto deita lentamente o corpo da loira no chão.

A árabe posiciona Macarena sobre suas coxas, a segurando como se segurasse um bebê. Ela passou seu braço esquerdo por detrás de seu pescoço apoiando a cabeça em seu peito e o outro braço sacudia a mão que abanava o rosto da loira.

Zulema não esperava que a loira desmaiasse, mesmo sabendo que ela está grávida, e esse motivo por si só, já era suficiente para justificar um desmaio, o que nesse caso não era o real motivo. Provavelmente grande parte das pessoas que vissem uma pessoa que  acreditasse que estava morta, parada bem à sua frente, também desmaiaria.

Foram apenas alguns minutos, mas o suficiente para a morena olhar cada detalhe da mulher em seus braços. Ela não pode deixar de reparar na barriguinha que já estava aparecendo, até pensou em tocá-la, mas por algum motivo não o fez.

A morena sente o perfume de Maca... Ainda era o mesmo. As mechas loiras estavam um pouco mais longas, o rosto perfeitamente desenhado, e mesmo pálido continuava lindo. Zulema admirou a beleza de Macarena desde o primeiro momento que a viu chegando em sua cela, ela não sabia exatamente o que, mas algo na loira chamou sua atenção, ela sabia que de alguma maneira a novata era diferente.

Zulema parou de abanar, aproximou sua mão das bochechas de Macarena e começou acariciar levemente, em seguida afastou uma mecha de cabelo com o dedo indicador e depositou um beijo suave em sua testa.

Em outras circunstâncias Zulema não agiria dessa maneira, mas levando em consideração que esteve cara a cara com a morte, viu a loira com quem passou anos de sua vida indo embora, passou os últimos meses longe dela e tinha uma bomba relógio em seu cérebro, a morena não se importou muito em manter a pose de durona.

Estavam somente elas, ninguém veria sua vulnerabilidade, nem mesmo Macarena, então Zulema apenas aproveitou  a proximidade para sentir mais de perto o perfume que ela tanto gostava... Ela inalou profundamente aquele cheiro inebriante. O dorso de sua mão ainda deslizava suavemente no rosto da loira. Tudo parecia acontecer em câmera lenta, e se não fosse um momento tão tenso, com a loira desmaiada, seria perfeito ficar assim.

“Maca... Maca, acorda! Vamos loira, não é para tanto", Zulema chamava pacientemente.

Aos poucos a loira foi acordando, mas ainda estava de olhos fechados, em seguida começa a piscar repetidamente tentando abri-los, finalmente ela consegue, mas ainda não percebeu o que estava acontecendo até que repentinamente ela se viu nos braços de Zulema.

“Acorda Macarena, é só mais um sonho...vamos, acorda!” ela falou para si mesma fechando novamente os olhos, como se quando os abrisse novamente ela acordaria do que acreditava ser um sonho.

“Sonhando muito comigo loirinha?”, Zulema fala sorrindo.

Macarena abre rapidamente os olhos e se solta dos braços da árabe, inclinando seu corpo para frente, porém ainda sem conseguir se levantar do chão.

“Você morreu, eu vi, eu chorei, eu gritei...eeeu quis voltar mas você não deixou... ooo piloto não voltou...” ela soluça, eu vi seu corpo no chão, lá no deserto... eu vi!”, a loira dispara confusa com os olhos cheios de lágrimas.

“Ei... Calma! Respira... uma coisa de cada vez, 'vale’? ‘Continua a mesma tagarela’ a morena murmura... vamos levantar daqui primeiro, eu te ajudo”, Zulema se levantou e em seguida se inclinou um pouco estendendo as mãos e puxando Macarena levemente pelos braços.

“Consegue andar até seu quarto?”, a morena pergunta.

“Estou com um pouco de tontura, mas acho que consigo”, a loira disse um pouco baixo, mas ainda possível de ouvir.

“Se apoia em mim", Zulema passou o braço direito por detrás da cintura de Maca segurando-a firmemente, em seguida passou o braço esquerdo da loira por detrás de seu pescoço, o apoiando em cima de seu ombro esquerdo e depois atravessaram o corredor chegando ao quarto de Macarena.

***************

“Se eu não estivesse vendo você bem na minha frente eu não acreditaria! Que história inacreditável... Saray é mesmo muito doida.” Macarena diz  após beber um gole da água que Zulema levou para ela. Maca ainda  parecia incrédula com tudo que havia acabado de ouvir.

“Não é?”, Zulema se refere à afirmação de Maca dizendo que Saray é muito doida.

“Tá! E por que você não me avisou antes? Onde você esteve todo esse tempo? Você tem noção de como eu fiquei?”, Macarena questiona enquanto afasta as costas do travesseiro em que estava apoiada e se inclina para frente, ficando mais próxima de Zulema, que estava sentada na beira da cama ao lado do quadril da loira.

“Loira, por que está tão nervosa? Você disse que iria embora depois do assalto! Você que não me queria mais em sua vida... Então de uma forma ou de outra você viveria sem mim, eu só estava fazendo o que você queria", Zulema fala dando de ombros.

“Isso foi antes de... você sabe", a loira não termina a frase esperando que zulema entenda o que ela está tentando dizer.

“Antes de você dizer que também tinha um câncer... e era eu!?” a morena fala olhando dentro dos olhos verdes, mas não consegue terminar de falar e muda seu olhar para o lado.

Zulema não falou nada no momento em que Macarena soltou aquelas palavras, mas sabia que um tiro teria doído menos. Ela nunca esqueceu essas palavras e por várias vezes chegou acreditar seriamente que era verdade.

“Zulema...aquilo foi uma idiotice da minha parte... Foi horrível o que eu falei e não é verdade, não é assim que te vejo... Eu só estava com raiva por você não ter me contado... Eu só... Queria te ferir, igual eu estava me sentindo ferida... Me desculpa...por favor, esqueça isso, 'vale'!”

“Vale, já passou, mas de qualquer maneira você iria embora”, a árabe suspirou.

“Por que você tem um lobo?” Zulema questiona.

“Eu não tenho um lobo! É apenas uma cachorrinha que estava perdida na praia... não seja exagerada.”

“Macarena, aquela 'cachorrinha' é um filhote de lobo e você teve muita sorte da mãe dela não aparecer aqui para resgata-la.”

A loira fica sem palavras diante dessa descoberta e apenas fraze a testa com uma expressão confusa.

“Relaxa loira, já deu pra ver que ela está bem domesticada, até pensa que é apenas uma cachorrinha, além disso os bichos só são agressivos quando vivem em um ambiente hostil... Aliás, adorei o escorpião! Foi pra se lembrar de mim? O que aconteceu com 'nada de animais de estimação'?” Zulema ri.

“Convencida! Ele só apareceu na porta e eu... bem, eu achei que seria interessante ter um escorpião de estimação”, Macarena fala um pouco sem jeito.

“Tá! Sei...” a morena sorri, “vejo que já se recuperou do desmaio, já posso procurar alguma coisa pra comer, estou com fome.”

“Eu ia preparar o jantar, mas você pode comer um sanduíche até que fique pronto, e enquanto isso você pode me responder aonde esteve durante esse tempo todo!” Macarena lembra.

“Olha só loira, não que eu te deva nenhuma explicação, mas estou num dia bom, então eu vou falar... eu estava no trailer.” Zulema fala naturalmente, como se fosse o lugar mais óbvio para se esconder, “ e eu prefiro uma maçã caso não se lembre”, ela inteirou.

Eu acho que tenho maçãs", a loira sorri.

***************

Zulema e Macarena estavam terminando de jantar, elas relembravam seus golpes, alguns bem sucedidos, a maioria na verdade, outros nem tanto e alguns até inusitados... As duas riam e tudo parecia como era antes, até Maca iniciar um assunto delicado...

“Como você está se sentindo?... Quero dizer, os sintomas...”

“Estou bem... Nunca estive melhor!” Zulema respondeu tentando parecer convincente.

“Claro! Está ótima! E você pensa que sou uma idiota para acreditar nisso? Por que você não me fala a verdade? Sempre escondendo tudo de mim... Jura que você quer começar desse jeito?” Macarena fala irritada.

“Não estou começando nada, pelo contrário”, Zulema solta já nervosa com esse assunto, mas a loira não entende. A morena não queria falar que estava morrendo e decidiu apenas viver o pouco tempo que lhe restava, no lugar que ela escolheu e preparou cada detalhe, ao lado da única pessoa que fazia ela sentir que tinha um lar, ao invés de morrer sozinha num trailer no meio do nada.

“Por que agora?” A loira questiona intrigada. Ela queria ouvir Zulema dizer que era porque sentiu sua falta. Maca sabia que Zulema tinha sentimentos por ela depois de tudo que a árabe disse enquanto ela lavava seu cabelo. Mas mesmo sabendo, ela queria ouvir a morena dizer que tinha ido por ela, e enquanto esperava a resposta, torcia para Zulema não dizer que era pelo pior que ela poderia pensar... por estar morrendo.

“Eu estava entediada no trailer e... eu preciso pegar uma cor, e aqui tem essa praia linda, essa casa e... pensei que seria bom", a árabe finge ser verdade todas essas desculpas.

“Você nunca vai admitir não é? Você também não pretende nem mesmo tentar? Macarena se referia a admitir seus sentimentos e nem ao menos tentar encontrar uma solução para sua doença, lutar por algo que lhe desse a chance de continuar viva e lhes desse tempo de viver tudo o que elas ainda não haviam vivido... seus sentimentos, um bebê...uma família.

Sabe Zulema, eu pensei que depois de tudo o que aconteceu, você havia mudado, mas agora vejo que você continua sendo a mesma de sempre!” Maca se levanta da mesa e sobe as escadas apressadamente, secando algumas lágrimas que teimaram em cair.

Zulema não teve nenhuma reação, apenas inclinou a cabeça para trás, olhou para o teto e soltou um profundo suspiro.

***************

Macarena estava deitada em sua cama, de costas para a porta, encarando a janela. As cortinas estavam abertas e balançavam levemente com a brisa fria que entrava, era possível ver as estrelas e ouvir o som das ondas do mar. Ela esperou que a morena fosse atrás dela depois de ter saido chorando da mesa, mas a árabe simplesmente não apareceu. O sono já estava chegando e seus olhos começaram a se fechar sozinhos.

No terraço, Zulema fumava um cigarro enquanto olhava para o céu e pensava nas palavras da loira. Ela havia subido atrás de Macarena, mas não teve coragem de entrar no quarto quando escutou o choro dolorido que ecoava atrás da porta.

Ela queria poder dizer tudo o que Macarena esperava que ela dissesse, até porque era o que ela sentia, mas também pensava que era egoísmo alimentar um sentimento que, em pouco tempo somente faria Maca sofrer ainda mais depois que ela morresse.

Zulema termina seu cigarro e decide entrar, já estava esfriando e ela usava apenas uma camiseta, uma calça e suas botas. Ao chegar em frente ao seu quarto, ela anda alguns passos até a porta do quarto da loira, mas não escuta nada, está um verdadeiro silêncio, então a arábe deduz que Maca está dormindo e decide fazer o mesmo.

A morena se deita após terminar de escovar seus dentes e tirar suas botas e a calça que estava vestindo, ficando apenas de camiseta e calcinha. Ela está de costas sobre o colchão olhando para o teto, com um braço apoiado sobre a testa e o outro apoiado em seu abdômen. O sono simplesmente não aparecia, mesmo depois de ter fechado os olhos.

Após alguns minutos, a árabe ouve gritos... são de Macarena, ela pula da cama rapidamente e logo entra no quarto da loira.

“NÃO! ZULEMA... VAMOS!” A loira gritava repetidamente, ela estava tendo mais um pesadelo.

Zulema agora entendeu porque Macarena pensou que estava sonhando quando acordou do desmaio. Imediatamente ela se  deita na cama por detrás da loira e a abraça forte enquanto tenta acordá-la de seu pesadelo.

“Maca, Maca acorde... Eu estou aqui, abre os olhos, eu estou aqui!" A morena dizia próximo ao ouvido de Macarena, enquanto seu braço envolvia firmemente o corpo trêmulo da loira.

Zulema sente um aperto em seu coração só de imaginar o quanto a loira sofreu sozinha durante esses meses. Ela queria poder voltar no tempo e ter ido o mais rápido possível para seu lar.

Macarena abriu os olhos e sentiu o braço de Zulema ao redor do seu corpo, o perfume, a voz, o calor do corpo junto ao seu. Mas ainda assim estava ofegante, algumas lágrimas escorrendo pelo canto dos olhos e alguns soluços escapavam incontrolávelmente... a dor da perda ainda era muito presente e real para ela.

“Shhhiii, tranquíla! Já passou, eu estou bem aqui." Zulema a acalmava enquanto a envolvia com um dos braços e uma das pernas por cima das pernas de Macarena, a outra mão acariciando os fios loiros.

Macarena não disse uma palavra, apenas colocou sua mão sobre a mão de Zulema e segurou com força, depois de um tempo ela foi se acalmando.

Zulema percebendo que Maca havia se acalmado tentou tirar o braço e a perna de cima do corpo da loira, mas a mesma não permitiu, puxando-a novamente e pressionando o braço da morena contra seu peito.

“Fica... Por favor... dormi aqui comigo Zule", ela  pediu baixinho.

Zulema não conseguiu negar esse pedido, ainda mais sendo uma vontade sua também, porém ela não respondeu com palavras, apenas aproximou ainda mais seu corpo do corpo de Macarena e a abraçou forte novamente.

“Zulema...”

“Sim" a morena respondeu.

“Obrigada por ficar... por ter vindo para cá e por tudo que você fez nessa casa pensando em nós.” Macarena sorri mesmo que Zulema não possa ver, e nesse momento ela segura a mão da arábe e a leva até sua barriga.

Zulema fica paralisada, ela não esperava essa atitude de Macarena, mas a loira percebe que a morena estava apreensiva, então ela coloca sua mão por cima da mão da árabe e orienta as carícias em seu ventre. Logo Zulema relaxa e nem percebe que Maca já havia tirado a mão de cima da sua enquanto ela continuava acariciando a  pequena barriga da loira.

“Você sentiu? Ela mexeu!” Zulema falou enquanto sorria.

“Senti! Ela mexeu... Pela primeira vez ela mexeu!” Maca fala animada.

“Então acho que ela gostou de mim”, a morena fala contando vantagem.

“Igual a mãe”, Macarena solta e Zulema disfarça.

“Vamos dormir, já está tarde.” A morena tira a mão da barriga  de Maca e se solta da loira virando para o outro lado, “boa noite” ela diz.

Macarena se vira para a morena de costas para ela e pergunta, “posso te abraçar?”

“Contanto que não me acorde com aqueles barulhos de esquilos que você faz quando dorme...”

“Zulema!” A loira reclama

“Está bem loira, mas só porque você está vulnerável e tem um bebê indefeso aí dentro de você.”

...

“Loira?... Está dormindo?”

“Hmm", responde sonolenta.

“Obrigada por não ter ido embora”, Zulema sussurra.

“Eu também te amo", Maca resmunga, mas a morena entende e sorri.


Notas Finais


Gostaram?🥺
Deixem nos comentários
Até a próxima atualização 😘


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...