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História Turbulence. - O culpado


Escrita por: My_Saturn

Capítulo 5 - O culpado


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Eu simplesmente não consigo aceitar que tudo que eu lutei pra conseguir, mesmo que seja pouco, irá acabar daqui uns dias ou talvez meses. Ele vai me matar, ele está caçando as pessoas como eu, como suas crianças. Isso me deixa com medo, eu só queria alguém que me abraçasse agora e dissesse que nada disso é real. Que é mais uma fantasia da minha cabeça. Estou mais uma vez olhando para lua, pensando se vale a pena resistir.

Ou se eu desisto realmente de tentar seguir em frente. 

Eu estou tão confuso. Eu não aguento mais minha mente me torturando. 

— HongJoong

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— Papai hwa abaça' ursinhos quando está 'tiste – HongJoong levantou a cabeça assim que ouviu uma voz doce de criança. Viu Sol segurando um ursinho em uma mão, esticando para que o pegasse.

Foi inesperado, ele olhou para o urso branco com um lacinho rosa em uma das orelhinhas, estava perdido em seus pensamentos. Sol, percebendo que o garoto não havia se movimentado pra pegar o brinquedo, se aproximou mais deixando o urso no colo de HongJoong e com cuidado colocou a mão do maior em cima da pelúcia. – Você gritou com o papai, deve estar magoado, mas não chola' tio Joong, papai Hwa vai cuidar de você.

— Ele abraça ursinhos? – HongJoong perguntou enquanto olhava para a pelúcia em suas mãos, ignorando a fala da garotinha sobre seu pai cuidar dele. Ele duvidava muito sobre o que Seonghwa poderia fazer ou não com ele, tinha medo e inseguranças, mas ele não podia falar sobre isso com as crianças. Eram tão pequenas que algumas não sabia falar direito algumas coisas, não iriam entender que estavam em perigo tendo um pai como Seonghwa. 

Ao ver o interesse do garoto, Sol se sentou ao seu lado com um sorriso doce e inocente.

— Eu já vi ele fazer isso, mas o papai nunca chola', mas dá pra ver no olho dele quando está 'tiste ou feliz. Ele nunca fala o que deixa ele tiste.' – Sol disse enquanto brincava com a mesma florzinha que estava do lado do maior. HongJoong ficou olhando pros olhos do ursinho enquanto ouvia, acabou sorrindo com o jeitinho de falar da garotinha, mas não podia negar que ele não conseguia imaginar Seonghwa abraçando um ursinho e muito menos triste. Desde que ele encarava HongJoong na boate, estava sempre sorrindo e falando demais. — Não diga ao papai que eu disse isso, ele não sabe que eu já vi.

— Tudo bem, não vou dizer nada a ele. Obrigado pelo ursinho. – Ele disse sorrindo e abraçou a pelúcia. sua cabeça estava um caos, tentava pensar e pensar em como sair daquele lugar e levar as crianças consigo. Eram tão doces e lindas, HongJoong não queria que nada de ruim acontecesse com elas, e nem que descobrissem que na verdade o pai delas finge ser bom, mas ao sair desse lugar, matava pessoas inocentes. — Vocês gostam de ficar aqui? nunca saem? o pai de vocês nunca briga com vocês?

HongJoong perguntou curioso olhando pra garotinha que agora estava colocando uma florzinha atrás da orelha. Ela sorriu docemente e negou com a cabeça. Seus olhos brilhavam e quase se fechavam sempre que ela sorria, isso fazia HongJoong achar a pequena muito adorável e fofa. 

— Papai hwa disse que vamos sair pra ver gente só quando a gente for bem gande'. Igual ele. – Ela disse se levantando e erguendo a mão acima de sua cabeça mostrando uma altura. HongJoong sorriu e assentiu entendendo. As crianças pareciam felizes ali, e ele se admirava em como uma criança podia ser inocente e indefesa. – Ele nunca 'biga com a gente, só quando eu 'bigo com os meninos ou Aurora. 

— Entendi, que bom que vocês se dão bem com ele. Quantos anos você tem? 

— Eu tenho cinco! — ela respondeu fazendo um número cinco com os dedinhos e depois pensou um pouco. — Aurora tem sete, Hyuki e 'Aithur tem 'teis e 'Ólus e Moon eu não sei, tenho que perguntar pro papai.

— Você é muito fofa. – HongJoong disse, não conseguindo segurar o sorriso aberto que deu vendo a garotinha conversando com ele e mostrando as idades deles. Era extremamente fofo. — Por que não está brincando com seus irmãos?

— Eles estão no 'paiquinho, vamos lá tio! – Sol disse pegando na mão de HongJoong e o puxando, se dando por vencido ele se levantou e se deixou ser levado pela garotinha. Não demorou muito e eles deram a volta pela casa, chegando a um lugar aberto, cheio de árvores e balanços e escorregadores. Ficou impressionado em como aquele lugar podia ser tão lindo e tão escondido. Em como Seonghwa podia ser muito bem de vida pra conseguir ter uma casa enorme com um quintal lindo que, depois do muro, ficava uma floresta fechada. 

Solar saiu correndo para brincar em se pendurar no brinquedo onde Aurora estava. HongJoong ficou apreensivo e com medo de que elas caíssem, mas se lembrou que Aurora subia em árvores altas, assim como aquela que havia na frente da janela do quarto em que ele estava. Ele ia se sentar no banco para observar as crianças, quando uma pequena briga começou e chamou sua atenção. 

— Solta! é meu! – Hyuk reclamou muito irritado enquanto tentava puxar um dinossaurinho de pelúcia pelo braço, enquanto do outro lado, estava Arthur puxando a outra mão do brinquedo. 

— Mais eu 'quelo bincar' um pouco! papai Hwa disse pa você dividir comigo! – Arthur disse alto puxando o brinquedo, Hyuk gritou um "não", os dois já ameaçando chorar. 

— Parem de brigar ou eu vou chamar a tia Yuna e contar tudo pro papai! – Aurora gritou brava de cima do brinquedo. Os dois garotos estavam numa caixa de areia e derrepente os dois gritaram e Hyuk começou a chorar muito alto. HongJoong deixou o ursinho em cima do banco e foi até os meninos pra ver o que havia acontecido e encontrou Arthur bem assustado pedindo desculpas, enquanto Hyuk estava com a mão em um braço, chorando.

— Meninos, não briguem. O que aconteceu? – O maior perguntou vendo Arthur pegar o dinossauro e entregar pra Hyuk, esse que recusou e jogou o brinquedo longe da caixa de areia. Nesse meio tempo, HongJoong observou uma mancha vermelha que Hyuk tentava esconder e apertava por estar doendo. 

Era uma queimadura.

— Foi sem 'queler tio, eu 'julo, não 'quelia machucar ele... eu só 'quelia bincar.. – Arthur se pronunciou encolhido. HongJoong se aproximou de Hyuk devagar e se abaixou abrindo os braços, numa tentativa de chamar. O garotinho se levantou e foi até o maior que o pegou no colo. 

— Calma, deixa o hyung ver. – Ele disse calmo e o pequeno Hyuk tirou a mão da vermelhidão em seu bracinho pequeno. HongJoong observou e olhou pra Arthur que estava chorando silenciosamente ali. – Como você queimou ele? você está com alguma coisa que faça fogo? da aqui pra mim. 

HongJoong pediu estendendo a mão, ele duvidava que uma criança de três anos soubesse usar um isqueiro ou fósforo. Mas Hyuk estava com uma queimadura bem dolorida no braço. 

— Papai Hwa vai colocar você de castigo. Ele já disse pra você não queimar o Hyuk! – Aurora chegou bem irritada e pegou o dinossauro na mão. Solar também estava ali e ficou do lado de Arthur enquanto olhava pra Hyuk chorando no colo de HongJoong.

— Eu não sei 'contolar! eu não quis machucar! me 'diculpa 'Yuk – A criança disse secando as lágrimas. Aurora se aproximou de Hyuk enquanto HongJoong tentava o acalmar, e deu o brinquedo pra ele. 

— Aurora, como ele queimou o Hyuk? – HongJoong perguntou pra garotinha enquanto balançava o pequeno menino que chorava em seus braços. Ele abraçava seu pescoço, chorando em seu ombro enquanto o maior dava leve batidinhas nas costas dele e se balançava na tentativa de o acalmar. 

— Arthur consegue fazer fogo hyung, mas ele sempre acaba queimando quando fica bravo. Hyuk consegue fazer água e sempre acaba machucando Arthur quando está bravo. Papai Hwa trouxe Hyuk a pouco tempo, eles ainda brigam muito. – A garotinha explicou andando até Arthur e dando o dinossauro pra ele, depois de Hyuk recusar pegar o brinquedo novamente. Arthur abraçou o brinquedo de cabeça baixa e se sentou encolhido ali, se sentindo culpado demais em querer continuar se explicando. 

Já HongJoong, estava totalmente incrédulo. Aqueles meninos não eram apenas duas crianças pequenas comuns, eles eram crianças mágicas. Eram iguais a ele, sobreviveram a perseguição igualmente a ele. Mas isso não fazia sentido em sua cabeça. Aquelas crianças eram indefesas, como conseguiram sobreviver? como Seonghwa as mantinha ali escondidas sendo que ele também matava pessoas como elas? Havia muitas perguntas em sua cabeça, esses pensamentos fizeram ele abraçar mais Hyuk enquanto se perdia em seus próprios pensamentos. 

— Eles...Eles são mágicos? – Perguntou chocado vendo a garotinha assentir e depois se sentar ao lado de Arthur também e o abraçar. 

— A gente consegue ter poderes, mas a gente não sabe controlar.. a tia Yuna nos ensina, mas é muito difícil. – Aurora continuou enquanto fazia carinhos no cabelo de Arthur. HongJoong estava prestes a chorar, um peso estava em seus ombros. Aquelas crianças foram salvas daquela perseguição horrível, mas como elas podiam ser filhas de Seonghwa, se ele não aparentava ter nenhum poder? isso não fazia sentido. 

Aquelas crianças eram iguais a ele, e não eram filhos biológicos dele.

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A sala de interrogatório estava em completo silêncio. Havia duas pessoas dentro da sala que em uma parede, havia um espelho que a cobria. Dois agentes estavam observando o que acontecia na sala, enquanto um a gente estava numa mesa juntamente com Seonghwa, tentando ao máximo conseguir alguma resposta dele. 

— Você assume que foi o causador da morte de Kim Moojin? – O policial perguntou pela terceira vez depois de não obter resposta nenhuma do outro que somente o encarava, sem nenhuma expressão. — uma testemunha disse ter ouvido Moojin dizer que você estava o perseguindo depois de descobrir seu segredo. Que segredo era esse?

Seonghwa apenas olhou para o agente, suas mãos estavam algemadas e ele as descansava em cima da mesa. Já havia passado meia hora que ele estava nesse interrogatório e tudo estava tedioso demais pra ele. Revirou os olhos e suspirou alto se encostando melhor na cadeira, decidindo cooperar pra que essa palhaçada toda acabasse logo.

— Ele era enxerido. – Foi o que respondeu, fazendo com que o agente erguesse uma sombrancelha, incrédulo com a resposta do suspeito em sua frente. 

— Você confessa que o matou somente por ele ser "enxerido"? – O policial perguntou após fazer sinal de aspas ao falar a última palavra.

— Enxeridos morrem cedo, sempre foi assim e não vai ser agora que isso irá mudar. 

— Por que você não me responde com mais clareza, você matou seu colega de trabalho, sim ou não?

— Me pede pra responder com clareza as suas acusações que só estão me induzindo a dizer o que o senhor quer. – Ele respondeu fazendo o policial suspirar cansado, e os outros dois policiais que estavam observando se deram por vencidos. Sabiam que não iriam conseguir nada de Seonghwa, já havia se passado meia hora e ele sempre devolvia a pergunta ou nunca respondia algo que o incrimine. — quer que eu responda com clareza? certo. Sim.

No mesmo momento, os três policiais olharam pra Seonghwa, o que estava o interrogando se debruçou na mesa olhando melhor para o moreno que não desviava o contato visual. Ainda estava sem nenhuma expressão ou culpa, nem mesmo seus olhos tremiam de medo. Seonghwa aparentava estar muito calmo, mesmo estando em um interrogatório sendo um suspeito de homicídio.

— Você matou seu colega de trabalho...

— Eu tirei uma foto dele e disse que colocaria no mural de mortos. Isso que está me incriminando? só falei a verdade. Colei a foto a poucos minutos antes de seus policiais irem me prender. – Seonghwa respondeu achando engraçado a reação do outro que pareceu muito irritado por ele não ter respondido totalmente e diretamente a sua pergunta. Ele sabia jogar, sabia fazer com que eles perdessem a paciência. – Apenas isso. Ninguém nunca gostou de mim, é fácil que me incriminem. 

— Fácil? temos gravação da câmera de segurança da sala que você dividia com seu colega, e nessa gravação mostra claramente você, Park Seonghwa, ameaçando e intimidando Kim Moojin, horas antes de seu assassinato. – O policial falou virando o notebook para Seonghwa e mostrando a cena no exato momento em que ele tirou a foto de Moojin e disse que colocaria no mural. 

Seonghwa reclamou suspirando, se xingou mentalmente por não ter ainda quebrado aquela câmera e nem mesmo dado um jeito de tirar a gravação de sons. 

— Eu acabei de dizer isso, o que contei foi exatamente o que aconteceu nessa gravação. Depois disso fui trabalhar. 

— Você não vai mesmo cooperar, está bem. Você venceu por agora. Vamos pegar suas digitais e investigar melhor o caso, você ficará na lista de suspeitos e qualquer coisa que acontecer envolvendo seu nome, você vai preso. – O policial disse cansado e se levantando numa tentativa de intimidar o outro. Já Seonghwa se debruçou na mesa e sorriu de canto olhando para a pessoa que o interrogou. – Você passará por consultas a psiquiatras para termos um diagnóstico seu. Se você for um psicopata, vamos saber. 

— Não sabia que a polícia estava doando terapia de graça, achei muito empático. Onde eu assino pra participar? Tem fila de espera? – Seonghwa perguntou parecendo bem interessado mas ao mesmo tempo bem debochado. O policial já estava sem paciência nenhuma quando foi soltar suas mãos das algemas. Seonghwa riu enquanto massageava seus pulsos, sem desviar os olhos dos agentes. — Vai me colocar um rastreador também?

— Isso vai contra nossas regras, mas vamos ficar de olho em você. Está liberado. – Seonghwa riu soprado ao ouvir e depois que a porta foi aberta, ele fez uma reverência para o policial e saiu andando sem olhar para trás, deixando os agentes muito irritados e mais confusos que estavam. 

Afinal, o culpado nunca diria que era o culpado. Se ele quisesse continuar andando livre por aí, cuidaria de não deixar que a polícia soubesse que era o verdadeiro assassino. Mas, se ele fosse mesmo inocente, a polícia estava equivocada demais ao tentar incrimina-lo apenas por causa de uma ameaça que na verdade foi cumprida por pura coincidência. 

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Quando o final da tarde chegou e Seonghwa pôde finalmente respirar fundo dentro de seu carro, foi dirigindo em direção a saída da cidade. Depois de fazer algumas compras no mercado, para pegar uma estrada de terra que já estava interditada. Ninguém mais passava por ali e isso que fazia com que ele ficasse bem escondido juntamente com as crianças.

Ele estava pensativo, olhou de relance para o banco do passageiro vendo uma bolsa e uma sacolinha de remédios. Havia conseguido encontrar onde HongJoong morava logo depois de ir pagar pelas garrafas caras de bebida que o garoto quebrou na noite passada. Sua sorte foi que seu trabalho o ajudava muito quando o assunto era obter informações. 

Estacionou finalmente e saiu pegando algumas sacolas de sua compra e a bolsa que estava algumas peças de roupas de seu novo inquilino. Ao adrentrar pelo jardim, já pôde ver Sol e Aurora correndo por ali brincando juntas até elas o verem. Correram até o pai o abraçando e o recebendo com várias perguntas sobre o que ele havia comprado e que sentiram sua falta. Seonghwa respondia com um sorriso no rosto enquanto entrava para a cozinha e colocava as coisas em cima da mesa. 

— Onde está tia Yuna? – Seonghwa perguntou depois de se abaixar para ficar na altura de suas meninas e as abraçou, deixando um beijinho no cabelo de cada uma. Elas estavam com os cabelos úmidos, provavelmente haviam tomado banho a poucos minutos. 

— Está vestindo Arthur e o tio HongJoong está dando banho em Hyuk. – Aurora respondeu fazendo Seonghwa ficar um pouco chocado. Não esperava que HongJoong ficasse calmo e aceitasse tudo tão rápido. Pensava que chegaria e ele estivesse isolado de todos ou tentasse fugir e ficasse perdido na floresta.

— Papai o tio Joong tava 'cholando. – Solar se pronunciou um pouco insegura. Seonghwa arrumou uma mexinha de seu cabelo atrás de sua orelha o que fez a menina se sentir mais segura ao ver o ato carinhoso de seu pai. 

— Eu vou falar com ele tabom? Ele deve estar triste. Com o tempo ele vai se acostumar melhor com todos. Ajude Aurora a guardar as frutas e verduras que comprei, está bem? logo venho fazer o jantar junto com a tia Yuna. – Seonghwa disse carinhoso pra ela, depois de a ver assentir ele se levantou e pegou a bolsa pra começar a subir as escadas. 

— Papai, Hyuk e Arthur brigaram de novo. – Aurora disse lá da cozinha fazendo ele suspirar negando. Estava achando estranho mesmo eles dois ficarem quietos demais. Arthur ainda não havia se acostumado com Hyuk, isso estava sendo uma tarefa difícil pra eles. 

Após deixar a bolsa em cima da cama, Seonghwa deixou o quarto que HongJoong ficava e foi seguindo pro corredor onde ficava o quarto de suas crianças. Logo viu uma criança saindo do quarto com Yuna. Arthur correu até Seonghwa para abraçar sua perna. O maior sorriu e se abaixou pra falar com o pequeno, que ainda estava com os cabelos molhados. 

— Papai, não 'biga comigo. Hyuk começou. – Ele pediu com os olhos marejados fazendo Seonghwa suspirar cansado e ir arrumando seu cabelinho preto com algumas mexinhas em vermelho. — Eu só 'quelia bincar' com o dinossaurinho.

— Não vou brigar com você meu amor, mas já conversamos sobre você queimar Hyuk. certo? precisa ouvir mais a tia Yuna e colocar as coisas em prática. Hyuk é seu irmão também, assim como Solar, Aurora, Moon e Órus. – Ele disse calmamente enquanto via o pequeno garotinho chorar e prometer que não iria fazer de novo. Seonghwa sabia que não era de propósito, Arthur ainda era pequeno demais pra entender as coisas. Entender que era perigoso se não se controlasse. Seus poderes estavam se mostrando cedo demais, assim como Hyuk e Aurora. Isso o preocupava.

— Ele já pediu desculpas a Hyuk, não foi nada grave Seong, não se preocupe. – Yuna disse após pegar Arthur no colo. Iria secar melhor o cabelo dele pra poder deixar ele ficar com as irmãs enquanto iria preparar o jantar. — HongJoong está no quarto dos meninos ajudando Hyuk. Ele não comeu nada o dia todo, apenas ficou com as crianças e um bom tempo com a Moon nos braços... Órus e Moon dormiram já fazem alguns minutos.

— Tudo bem, logo desço pra te ajudar com o jantar. Obrigado senhora Yuna. – Seonghwa disse e depois de deixar um beijinho na testa de Arthur, foi seguindo para o quarto onde seus dois meninos e os bebês dormiam. A porta estava entreaberta e Seonghwa apenas olhou pela fresta. Pôde ver pelo reflexo do espelho HongJoong sentado na cama enquanto secava com cuidado os cabelos loiros de Hyuk. Ele tinha mexinhas azuis em meio ao loiro quase platinado do garotinho. Uma das coisas que Seonghwa achava lindo nas crianças mágicas.

Seus cabelos de cores diferentes.

— Então, sempre que tem uma pessoa machucada, a fadinha vem durante a noite e a cura. Depois a pessoa não sente mais dor. Assim como você, amanhã você já vai estar bem melhor.

— Uau! então o dodói vai sarar?

— Vai sim, mas pra ela vir te curar sempre você não pode ficar brigando com Arthur, está bem? promete tentar não brigar com seu irmão? 

— 'Pometo tio Joong.. 'quelo que o dodói sara, está doendo.

Seonghwa ouvia do lado de fora e seu coração se apertou quando viu Hyuk colocar a mão no bracinho que estava com uma faixa. 

Decidindo não ficar esperando eles saírem, bateu na porta e entrou, ouvindo Hyuk o chamar alto e correr até ele o abraçando. Seonghwa o pegou no colo fazendo um som de "shh" pra que ele falasse mais baixo pra não acordar os bebês. 

HongJoong por outro lado, se levantou e ficou mais afastado observando Seonghwa com Hyuk no colo, ouvindo o garotinho reclamar de dor e dizer sobre a briga. 

— Tio Joong disse que a fadinha vem curar meu dodói de noite. – Hyuk disse com a voz manhosa deitando a cabeça no ombro de Seonghwa, esse que agora estava olhando pra HongJoong. 

— Sério? que bom, assim vai melhorar mais rápido. Esta com sono? não pode dormir sem comer meu amor. – Ele disse assim que o garotinho o abraçou mais e escondeu o rosto em seu pescoço, sabia que ele estava com sono. HongJoong pegou a chupeta e se aproximou entregando pra Seonghwa, ele logo entregou pra Hyuk que voltou a esconder o rosto em seu pescoço. Ele ainda dava alguns suspiros sentidos por provavelmente ter chorado bastante durante o dia. – Yuna disse que você não comeu, por que?

HongJoong virou o rosto e passou a olhar pra janela sem querer responder a pergunta do outro. Seonghwa percebeu que ele estava querendo fingir que não ouviu apenas pra não conversar, da mesma forma que ele fazia enquanto estava trabalhando na boate. 

Suspirou e foi dar uma olhada nos bebês pra ver se estavam bem e confortáveis. Eles dormiam iguais dois anjinhos, assim como Hyuk que já estava bem quietinho em seu colo, provavelmente já estava pegando no sono. 

— A história da fada..

— É apenas uma história, é difícil lidar com dores, piora quando se ainda é uma criança. – HongJoong cortou sua fala, agora olhava diretamente pra ele, o que Seonghwa achou ser um pequeno avanço.

HongJoong nunca sustentava o olhar.

— Estava chorando, Sol me disse. – Seonghwa falou baixo enquanto fazia carinhos nas costas de Hyuk, ele já estava dormindo então preferiu deixar o pequeno descansar. — Não devia chorar na frente das crianças se não quer que eu saiba.

— Crianças são inocentes, por isso falam tudo o que vêem ou escutam. – Ele respondeu baixo indo em direção dos dois berços, olhando os bebês dormirem. Ele parecia estar se apegando a aquelas crianças, ele ficava totalmente fora de órbita enquanto as observava, nenhuma expressão fugia dos olhos de Seonghwa. 

— Tem razão. De qualquer forma, que bom que está se dando bem com as minhas crianças.

— Gosto de crianças, mas ainda vou dar um jeito de sair daqui. – HongJoong disse olhando pra Seonghwa. Esperava uma reação violenta do moreno mas ele não expressou nada, apenas arrumou o garotinho melhor em seu colo.

— Fica a vontade pra tentar. A floresta é enorme, há lobos nela e aqui é o único lugar seguro e...

— Não é seguro estando com um assassino psicopa....

— E com esse pé nesse estado, você não vai chegar muito longe. Vai ser atacado por animais selvagens e vai morrer lentamente. – Seonghwa terminou a sua fala, ignorando o corte que teve na metade dela. HongJoong ficou em silêncio olhando para seu pé enfaixado e suspirou pensativo. — Enquanto você não tenta fugir, suas roupas e medicamentos estão em seu quarto.

— Como?...como encontrou minha casa? – HongJoong perguntou incrédulo olhando o outro colocar o garotinho na cama e o cobrir com um cobertor azul. 

— isso não importa. – Respondeu baixo e HongJoong apenas observou como Seonghwa dava carinhos no cabelo de Hyuk e depois olhava melhor pro machucado para verificar se não era realmente grave. Após isso, se afastou e encarou um HongJoong totalmente incrédulo. — O que foi?

— Como consegue ser carinhoso assim e enganar crianças inocentes? Você não é assim... você mata pessoas...

— Lidar com isso requer muita prática. – Foi o que Seonghwa respondeu antes de desviar o olhar e ir andando de braços cruzados até a porta. — Venha jantar, precisa comer pra não morrer tão cedo. 

— Eu odeio você... – HongJoong disse com os olhos marejados. Pôde perceber Seonghwa parar de andar e ficar de costas pra ele.

Seonghwa fechou os olhos e respirou fundo pesadamente. Colocou a mão em seu peito e apertou a camiseta, sentia seu coração bater um pouco mais forte, mas se recompôs antes de olhar pra HongJoong novamente. Esse que mesmo com dificuldade em andar normalmente, saiu primeiro do quarto o deixando pra trás. Ouviu a porta do quarto bater e suspirou novamente. Preferiu ignorar e descer pra cozinha preparar o jantar.

Mas aquelas palavras não saiam de sua cabeça.



Notas Finais


Até a próxima


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