Margot POV
Fazem dois dias que Justin me levou para o melhor passeio da minha vida. Mas desde então ele parece só querer chegar perto quando eu quero que ele me faça algo. Será que eu fiz algo de errado? Saberei disso agora mesmo.
Saí da minha cama, do quarto, bati a porta com bastante força. Isso mesmo, sou mimada sim. Andei pelo corredor com passos fortes e desci as escadas já gritando o nome dele.
- BIEBER! - olhei ao redor da sala e ele não estava. - BIEBER! - fui andando na direção da cozinha. - BIE... Achei você. - ele estava sentado no balcão, terminando de comer um sanduíche, enquanto ria e conversava com o amigo dele e a cozinheira.
- Algum problema? - ele desceu do balcão e veio na minha direção.
- Preciso que resolva umas coisas pra mim.
- Só dizer - eu olhei pro amigo dele e pra cozinheira - ah! Tudo bem. Vamos ao seu quarto. - ele pôs o último pedaço do sanduíche na boca e saiu comigo da cozinha. - não pode ir adiantando enquanto subimos? - ele disse enquanto estávamos caminhando na direção do meu quarto.
- Precisamos conversar.
- Precisamos? - ele me segurou quando eu quase caí por não ter visto a escada. Eu estava ocupada demais olhando pra ele. - Cuidado com o degrau. - ele me olhou - está bem? - eu afirmei com a cabeça e comecei a subir as escadas. - sobre o que precisamos conversar? - ele disse subindo logo atrás de mim.
- Por que você está distante? - eu virei na direção dele e por estar um degrau acima dele, ficamos literalmente cara a cara.
- Não estou distante. - ele olhou nos meus olhos.
- Óbvio que está. Você mal chega perto de mim desde o dia que saímos.
- Eu estou perto agora. Muito perto.
- Você disse que seria meu amigo.
- Eu sou seu amigo.
- Um falso amigo, só se for - voltei a subir as escadas.
- Achou que eu iria te dar meu número para ficarmos trocando mensagens de texto? Me poupe, Margot - entramos no meu quarto e ele fechou a porta.
- Não preciso que me dê seu número. Eu já tenho. Esqueceu que eu sou a chefe aqui?
- Merda! - eu ri fraco e ele me olhou - Do que está rindo?
- Fui a primeira pessoa que deixou você sem argumentos.
- Não enche!
- Eu posso descontar do seu salário por estar falando isso pra mim.
- Você é chantagista. Além de patricinha, mimada, fresca e mandona, ainda é chantagista.
- Obrigada por reparar tanto em mim.
- Preciso reparar. Eu sou seu pau mandado. - eu ri, ele me olhou, tentou segurar, mas logo estávamos rindo juntos. - Desculpa se eu estive distante. Achei que você fosse preferir assim.
- Por que?
- Sei lá. Talvez tivesse desistido da ideia de um dos seus empregados ser seu amigo.
- Não pira.
- Era sobre isso que queria falar comigo?
- Sim!
- Então relaxa que tá tudo numa boa. Precisa de mais alguma coisa?
- Não! Eu acho que vou dormir um pouco.
- Tudo bem. Bom descanso.
[...]
- Você é uma italiana muito teimosa. - disse Justin.
- Eu sou francesa.
- Pra cima de mim, piveta? Crescemos juntos.
- Do que está falando? - ele pegou um livro. Por que eu sinto que conheço esse livro?
- Lembra desse dia? Na final do campeonato de hóquei? Que você me deu forças pra continuar.
- Mas não sou eu na foto.
- Claro que é. O mesmo sorriso encantador que eu conheceria a quilômetros de distância. - ele me olhou sorridente e meu coração pulou em alegria - eu amo muito você piveta. Promete nunca desistir de mim? - eu olhei e de repente meu coração parecia transbordar de amor. Eu queria ficar perto dele pra sempre.
- Seremos eu e você pra sempre - ele sorriu.
- Não queria que tivesse acabado do jeito que acabou. Eu queria ter tido uns quinhentos filhos com você. - ele disse enquanto me ajudava a ficar de pé e andava comigo pelo campo.
- Quinhentos são muitos. - ele riu
- Eu sei! - ele entrelaçou nossos dedos e foi quando eu reparei a aliança no meu dedo anelar esquerdo. - eu disse que ficariamos juntos até depois da eternidade. Acho que agora estão nos dando uma segunda chance de fazer direito. Não que a gente tenha feito algo errado. - ele parou na minha frente - agora eu preciso ir. Me promete ficar por perto sempre?
- Prometo! Onde vai?
- Resolver umas coisas. Nos encontramos mais tarde, prometo à você. Eu te amo piveta.
- Também te amo Drew - ele me olhou meio irritado - desculpe meu bem. - ele sorriu - amo você.
Ele me beijou e eu senti borboletas na minha barriga. Uma sensação tão boa, mas aí tudo escureceu e eu senti um solavanco muito forte.
Pulei na cama ofegante. Passei meus dedos nos meus lábios e era como se eu ainda pudesse sentir o beijo. Olhei pra minha mão esquerda, mas não tinha anel algum ali. Foi apenas um sonho. Parecia tão real. Eu podia sentí-lo.
Levantei da cama e me olhei no espelho da minha penteadeira. Eu não tenho nada a ver com a garota que vi na foto. Será que nosso sorriso realmente é igual?
O sonho realmente me deixou encabulada. Tomei um banho pensando em tudo o que havia acontecido. Normalmente, não conseguimos lembrar de tudo o que aconteceu num sonho. Mas desse eu lembro de cada detalhe. Cada segundo. Por que parecia tão real? Porque meu coração se encheu de felicidade é um sentimento de amor? Como se eu já tivesse aquilo desde muito tempo atrás. Talvez... De outras vidas.
Não viaja Margot. Essas coisas de vida após a morte não existem. Esses sonhos realmente estão me enlouquecendo. Saí do banho ainda pensando nisso. Me troquei pro jantar e saí do quarto totalmente aérea. Sentei na mesa para comer e eu estava ali no modo automático, mas minha cabeça estava bem longe dali.
- Mag, está me ouvindo? - despertei ao ouvir a voz do Pierre.
- O que? - eu o olhei.
- Eu achei a medalhinha que a mamãe deixou pra você. Lembra que estava louca procurando?
- Sim! Onde estava?
- Achei numa das gavetas do banheiro.
- Muito obrigada - eu sorri e ele retribuiu o sorriso.
- O que fez o dia inteiro? - perguntou meu pai.
- Nada. Como sempre. Você deveria me deixar sair mais. Ser livre.
- Já conversamos sobre isso, Margot.
- O que quer? Que eu morra sozinha? Pai, eu não tenho amigos. E já vou fazer vinte anos. Me deixe ao menos ir à faculdade.
- Pode fazer um curso virtual.
- Eu quero fazer algo com pessoas. De verdade. Não virtuais.
- Não vai acontecer, Margot. - eu bufei - Você tem seu irmão, eu e o Bieber como amigos. Pra que mais?
- São todos homens. Eu não tenho mãe, sou uma garota, preciso de conselhos.
- Conselhos pra que se você não tem vida social? - ele disse e eu saí da mesa - Margot, volte para terminar o seu jantar. - subi as escadas correndo - MARGOT! - entrei no meu quarto e bati a porta.
Sentei na minha cama, peguei na gaveta da mesinha uma foto da minha mãe e abracei como se ela estivesse ali comigo. Quando dei por mim, estava me debulhando em lágrimas. Ele não pode me prender como um animal, nem muito menos fazer essas coisas comigo. Ele não pode. Ouvi três batidas na porta, guardei a foto na gaveta e entrei debaixo das cobertas.
- VAI EMBORA PAI. - eu gritei.
- É o Bieber!
- VAI EMBORA TAMBÉM. - ficou um silêncio do lado de fora, mas logo depois a porta do meu quarto foi aberta - eu disse para você ir embora.
- Meu poucos conhecimentos com o mundo feminino, me informam que quando uma mulher diz "vá embora", ela na verdade está dizendo "fique". - ele pôs uma bandeja encima da mesa de cabeceira e sentou na cama. - além do mais, somos amigos. Lembra? Ou você já desistiu da ideia? - eu neguei com a cabeça. - trouxe algo pra você comer.
- Perdi a fome. - ele suspirou
- Eu não posso falar nada pro seu pai, porque eu dependo desse emprego. Mas acho sim que ele pega muito pesado com você e o seu irmão. O lado bom disso tudo é que eu estou aqui. E toda vez que você sentir vontade de chorar, como agora - ele secou uma lágrima minha com o polegar - pode ter certeza que eu estarei ao seu lado pra pôr de volta o sorriso que eu acho lindo no seu rosto - eu sorri fraco - acho que ele tá querendo aparecer - eu sorri - agora sim. Missão cumprida. - sentei na cama de frente pra ele.
- Por que ele tem que ser assim?
- Talvez por medo. Ele perdeu a mãe de vocês muito cedo. A ideia de poder perder vocês também, pode torturá-lo. Eu sei que é difícil, mas tenta entender o lado dele também.
- Você tem razão. Você é um ótimo amigo, Justin.
- Agora você vai comer. Chega pra lá.
Dei um pouco mais de espaço, ele sentou melhor na minha cama, pegou a bandeja e começou a me entregar as comidas pra que eu continuasse meu jantar. Depois ficamos conversando bastante e não lembro de tê-lo visto sair. Provavelmente eu dormi. E voltei a sonhar com o Justin.
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