História Turn To You - Grandma's Farm

Justin POV

- ...E depois que tudo estiver pronto, você me avisa. - um silêncio - você ouviu? - outro silêncio - Bieber? - um estalo. 

- Hã? - eu olhei pro senhor Lamartine. 

- Você ouviu algo do que eu falei? 

- Desculpe. O que estava dizendo? 

- O que está acontecendo com você? Sempre foi atencioso, perfeccionista, competente.

- É apenas cansaço, desculpe. 

- Eu já vi você cansado e não parece nada com o que estou vendo agora. Sabe que independente de trabalhar pra mim, eu gosto de você. Pode falar. É alguma garota? - eu franzi o cenho.

- Quer realmente falar de mim? 

- Por que não? Eu prometi a sua mãe que cuidaria de você. - eu o olhei sem entender - acho que já está na hora de conversarmos sobre umas coisas. 

- Você é meu pai? Por favor, diga que não. - ele riu. Provavelmente da Minha cara de assustado. 

- Não gostaria de me ter como pai? 

- Não. Seria no mínimo, estranho. - ele riu novamente. Acho que essa era a primeira vez que eu via o senhor Lamartine sorrindo desde a morte da esposa. 

- Eu não sou seu pai, Justin. Pattie era Uma grande amiga de Lilian. Elas estudaram juntas na faculdade e minha esposa sempre que podia doava algo para o orfanato que a sua mãe trabalhava. 

- Eu não lembro disso. 

- Você provavelmente deveria ser muito novo para conhecê-la.

- Eu fiquei naquele lugar até os meus quinze anos. Sua esposa morreu um ano atrás. 

- Você já viu alguma foto dela?

- Apenas sei que Margot é muito parecida com ela. 

- São mesmo. Veja - ele pegou o celular, mexeu em algo e virou o aparelho pra mim. - essa é Lilian. 

- Se me permite dizer, sua esposa era muito bonita. 

- É! Eu sei. - ele riu e guardou o celular no bolso. - agora não tente mais mudar de assunto. O que está acontecendo? 

- O que acha de minha amizade com Margot?

- O mesmo que acho da sua amizade com Pierre. Muito bom. Margot precisa de alguém para ouvir as ladainhas dela. - eu desviei o olhar - você está assim por algo que ela fez?

- Não pergunte o que aconteceu, mas, ela está chateada comigo. 

- Você pôs o aroma errado no banho dela? - eu ri fraco.

- Não! Eu só... Não gosto da frieza dela comigo. 

- Converse com ela. Margot pode ser bem cabeça dura quando quer, mas é fácil de acalmá-la. 

- Acha que ela me ouviria? 

- Se você tiver paciência, tenho certeza que ela cederá uma hora. 

- Acho que irei falar com ela agora. Mas... O que o senhor queria mesmo? 

- Eu peço para o Roy. Concentre-se em Margot agora. 

- Sim senhor. Com licença. 

Saí do escritório e fui andando pelo corredor até a porta do quarto de Margot. Por sorte estava destrancada, eu sabia que essas horas ela estava dormindo, então, eu iria apenas esperar. 

Sentei numa cadeira de frente para a cama e fiquei apenas observando-a. Ela dorme com a boca entreaberta, abraçada com um travesseiro gigante e se mexe bastante enquanto dorme. 

Muito tempo depois, ela começou a despertar. Fiquei de pé e fui pra perto da cama, ela pulou quando me viu ali e ficou me olhando como se eu fosse um fantasma. 

- Desculpe se assustei você - eu disse

- O que está fazendo aqui? - ela perguntou enquanto sentava na cama.

- Precisamos conversar. 

- Eu não tenho nada pra falar com você. 

- Margot, eu não quero essa distância. 

- Achei que me afastar iria deixar você bastante feliz. 

- Pois achou errado. - eu sentei na ponta da cama.

- Hum... 

- Pode parar de ser chata uma vez na vida? 

- Ah! Então eu sou chata? A gente se beija, depois você fala um monte besteiras e eu sou a chata? 

- Eu sei que errei. Você me desculpa? 

- Justin, se sua real preocupação em falar comigo seja por culpa do seu trabalho. Fique tranquilo. Por mais que meu instinto peça, eu não vou demitir você. 

- Se quiser demitir, pode demitir. Eu não me importo. Contanto que volte a falar comigo. 

- Por que quer tanto isso? 

- Porque eu me acostumei com nossas conversas. Antes eu só tinha o Ryan, agora eu tenho você. 

- Hum... Legal. Era só isso? 

- Então é realmente o que quer? Que eu me afaste? Margot, se eu me afastar, nunca mais voltaremos a ser amigos. 

- Faça isso então. Pode sair. 

Eu a olhei uma última vez e saí do quarto batendo a porta. Minha relação com Margot agora será apenas profissional. Ela desejou isso e agora ela vai ter. Quer ficar de frescura porque eu fui sincero? OK! Que fique. Eu não me importo mesmo. 

Margot POV

UMA SEMANA DEPOIS

Minha relação com Justin está sendo pura e estritamente profissional desde a nossa última discussão. Confesso que me irrita ver ele falando formalmente comigo mas é melhor que seja assim. 

Meu pai estava levando Pierre e eu para a fazenda que íamos quando éramos crianças. A fazenda da minha avó materna. Eu sinto muito a falta dela. E do meu cavalo. Sim, minha mãe me deu um cavalo no meu aniversário de quinze anos. Estou louca para reencontrar o Black. 

Felizmente será um momento em família. Apenas eu, Pierre, vovó e papai. Um fim de semana inteiro sem o babaca do Bieber. Eu não aguento de tanta felicidade. 

Umas três horas de viagem depois, finalmente chegamos no sítio. Assim que o carro entrou no terreno, a minha avó saiu da casa toda sorridente. É a primeira vez que ela nos vê desde o enterro da mamãe. Papai estacionou o carro e eu e Pierre saímos correndo na direção do abraço mais aconchegante do mundo. 

- Minhas pérolas - disse vovó assim que nos abraçou - Quando Jean me disse que iria trazer vocês aqui, eu quase morri de felicidade. - ela começou a nos encher de beijos - devem estar com fome. Eu fiz lasanha para vocês. 

- Não brinca! - disse Pierre - você leu meus pensamentos vó. Vamos Margot - ele segurou minha mão e me puxou pra dentro. 

- Calma Pierre. Podemos cair - eu disse enquanto corria junto com ele. 

[...]

Eram umas três da tarde quando eu decidi andar à cavalo. Fui até o celeiro, arrumei o Black, montei nele e logo estava cavalgando pela enorme fazenda. 

Um tempo depois eu resolvo parar num lago afastado da casa, deixei o Black num canto e fui sentar na beira do lago. Minha mãe e eu sempre ficávamos aqui e ela me contava histórias maravilhosas da infância dela aqui. Eu sinto muito a falta dela. 

Não sei o que aconteceu mas um barulho qualquer assustou o Black e como ele não estava amarrado, saiu correndo pelo terreno e eu não tinha como correr atrás dele. Eu até tentei, mas cansei rápido. 

- BLACK! VOLTA AQUI! - eu gritei como se ele fosse um cachorro que me obedecesse. - BLACK! 

De repente passa um outro cavalo correndo por mim, mas tinha uma pessoa montada nele. Eu notei a tatuagem de asas na nuca, não pode ser. Como ele chegou aqui tão rápido? O papai prometeu que ele não viria. Um tempo depois, o capeta em forma de gente voltou cavalgando no cavalo e puxava também o Black. 

- Dá próxima vez, amarra o cavalo na árvore. - ele disse quando desceu do cavalo dele e me entregou a corda do Black. 

- O que faz aqui? - eu perguntei 

- Meu trabalho. 

- Mas o papai disse que você não viria. 

- Ele disse que os seguranças não viriam.

- Você é um segurança.

- Não! Eu sou o braço direito do seu pai e melhor amigo do seu irmão. Não sou qualquer pessoa. 

- Não acredito que até no fim do mundo eu tenho que suportar você. 

- Se eu tivesse a opção de não ter que chegar perto de você, eu escolheria.

- Fique bem longe então. 

- Boa sorte pra preparar seus banhos com essência. 

[...]

Justin POV

Eu estava rondando a fazenda, apenas por questões de segurança. Estava quase terminando quando vi Margot lavando pratos na pia externa. Eu ri por vê-la impaciente em não saber fazer direito. Se ela já está irritada, por que nao irritá-la um pouco mais?

Confesso que não parei de pensar no beijo. Foi errado, eu sei. Mas eu não consigo parar de pensar. Os sonhos se tornam mais intensos e a garota do sonho não para de dizer para que eu cumpra a promessa e que eu vou saber na hora certa. Estou quase indo a um psicólogo porque devo estar ficando louco. 

- Tá lavando os pratos ou espancando-os? - ela faltou jogar uma faca em mim quando me viu. 

- O que quer Bieber? - disse Margot irritada 

- Saber qual essência quer hoje. - eu tentei segurar o riso e ela jogou água em mim - Ei! 

- Sai daqui. - eu peguei o pano em cima do balcão e empurrei ela pro lado de leve - o que está fazendo? 

- Salvando a vida da moça indefesa - entreguei o pano a ela - eu lavo, você seca. Vai dizer que não sabe secar pratos? 

- Não preciso de ajuda. 

- Deixa de frescura e seca esses pratos mulher. - ela bufou e eu ri fraco - presta atenção que eu vou te ensinar a lavar pratos. Só vou ensinar uma vez. 

- Eu lavo muito bem. - eu peguei um dos pratos que ela havia lavado. 

- Isso é lavar bem? - eu mostrei o prato a ela - olha aqui todo sujo. - ela fechou a cara. - Eu quero pedir desculpas. - ela me olhou sem entender - eu não devia ter feito o que fiz. Você confiou em mim e eu fui um babaca. 

- Eu também não deveria ter feito tanto drama. Você não é obrigado a gostar de mim - eu larguei tudo dentro da pia e olhei pra ela. 

- Eu nunca disse que não gosto de você. 

- Atitudes demonstram mais do que palavras. 

- Você que começou com tudo. 

- Eu? - ela ficou de frente pra mim

-Sim! Você que começou se afastando. 

- Você sabe muito bem o motivo do afastamento. 

- Frescura! - ela jogou o pano no balcão da pia. 

- Não foi frescura

- Claro que foi. 

- Eu sabia que não deveria ter deixado você se aproximar de novo. 

- Eu tentei. Depois não diga que eu sou chato. - sequei minhas mãos e saí andando.

- Você é a pior pessoa que eu já conheci na vida. - eu olhei pra ela

- O que disse? 

- Que você é a pior pessoa do mundo. - eu fiquei cara a cara com ela. 

- Eu sou a pior pessoa do mundo? Eu estou aqui tentando resolver as coisas e você de frescura. Muito mimada.

- Você nunca vai cansar de me chamar dessas coisas? 

- Só estou falando o que você é - eu estava literalmente prendendo ela contra a parede. 

- Você está muito perto.

- Se você pedir que eu me afaste, farei isso senhorita Lamartine. - ela ficou olhando dentro dos meus olhos sem abrir a boca nem pra balbuciar - não vai falar nada? - ela seguiu em silêncio - você não me quer longe. Eu não quero ficar longe. 

- Justin...

- O que? 

Ela apenas agarrou o meu pescoço e logo nossos lábios estavam lutando um contra o outro novamente. Estávamos dando uns amassos e qualquer pessoa poderia aparecer a qualquer momento. Mas acho que nenhum dos dois está se importando com isso agora.