Margot POV
Abri os olhos e estava no meu quarto. Então todo aquele lance de correr foi um sonho? Espero que ao menos o café da manhã não tenha sido. Sentei na cama e minha cabeça doeu. Na mesma hora, Justin brotou ao meu lado. Ele me fez deitar de novo e sentou na cama. O olhar dele estava cheio de preocupação e culpa. Mas por que ele está assim?
- Como se sente? - ele perguntou.
- O que aconteceu? - eu perguntei mais perdida que cego em tiroteio.
- Você desmaiou no meio da nossa corrida.
- Então aconteceu de verdade?
- Sim! - ele passou a mão no meu rosto - se algo grave tivesse acontecido com você, eu não me perdoaria.
- Eu estou bem. Onde estão todos?
- Saíram. Seu pai e Pierre foram dar uma volta com a sua avó. Acho que ela está mesmo querendo que a gente fique junto.
- Por que diz isso?
- Seu pai disse que não queria ir, para cuidar de você. E ela simplesmente falou: "Justin é um bom menino e você o paga para cuidar de Margot. Deixe-o trabalhar em paz e vamos sair".
- E o que isso tem a ver com querer nos ver juntos?
- Ela piscou pra mim antes de sair.
- Talvez ela esteja a fim de você. - ele me olhou com cara feia - eu estava apenas brincando.
- Vai pra lá. - eu dei espaço e ele deitou perto de mim - agora eu vou fazer o meu trabalho. Seu pai disse que era para eu cuidar de você. - ele me abraçou.
- Você está levando ao pé da letra demais.
- Você fala como se não gostasse da minha presença - eu o olhei - mas eu sei que gosta. - eu ri e ele me deu um selinho.
[...]
Justin POV
Já estava de noite quando o senhor Lamartine voltou para a fazenda. A primeira coisa que ele fez foi checar se a filha estava viva e sim, ela estava. Eu estava dando minha habitual volta pela fazenda, apenas para checar se não havia nada de errado, quando escuto o meu patrão chamando meu nome.
- Justin? - ele estava sentado na escada da casa da árvore. Fui até ele e fiquei em pé na frente dele.
- Pois não?
- O que faz acordado?
- Apenas fazendo uma ronda antes de ir dormir. Se me permite perguntar, o que o senhor faz aqui acordado a essa hora?
- Apenas lembrando. - eu sentei ao lado dele.
- Da sua esposa? - ele assentiu com a cabeça.
- Eu e ela montamos isso juntos. Claro que tivemos ajuda de umas pessoas, mas nós arquitetamos isso, as crianças ajudaram na decoração. Esse lugar me traz ótimas recordações.
- Para Margot também. - ele me olhou - lembra que hoje de manhã a Margot ficou domindo até tarde? - ele balançou a cabeça positivamente - pois bem, eu a encontrei aqui. Ela me contou sobre a casa e como vocês passavam o tempo aqui.
- Margot sente muito a falta da mãe. E eu não posso fazer nada por isso.
- O senhor é um ótimo pai. Apenas siga fazendo o que faz e Margot será muito feliz. Mas, se me permite falar, deixe-a ser um pouco mais livre. O senhor mesmo não gosta de viver em Toronto, podemos ir para Stratford, onde eu nasci, eu cuido de Margot. Posso matriculá-la na escola e ser responsável por ela. O senhor só iria ajudar com dinheiro. Eu me comprometo em fazer o mesmo por Pierre. Eles precisam trabalhar, ganhar o próprio dinheiro, viver. Pense um pouco sobre isso. Eu aguardo o senhor vir me procurar com a resposta.
- Não sei não, Bieber.
- Apenas pense. Por favor.
- Tudo bem. Irei pensar na proposta.
- Obrigado. Pense com carinho. Pelos seus filhos.
- Já disse que irei.
- Sim senhor.
[...]
Margot POV
Acordei tão cedo que até me assustei. Ainda eram cinco da manhã. Tenho certeza que sou a única acordada na casa. Sai do meu quarto vestida com pijama e pantufas, arrumei meu cabelo num coque mal feito e fui até a cozinha tomar algo.
Abri a geladeira, peguei a garrafa com água, um copo e sentei num dos bancos que ficam no balcão. Enchi o copo com água e dei um gole, quando eu estava no segundo gole, um grito me fez cuspir toda a água.
- MARGOT! - virei na direção da voz e Bieber estava lá, apenas com uma toalha na cintura - Porra, que susto. - eu o olhei dos pés à cabeça, mas logo depois desviei o olhar.
- Me ajude a limpar isso. - eu disse levantando do banco e pegando um pano para limpar a água.
- Não estou em condições de fazer nada.
- Cale a boca e venha me ajudar.
Ele bufou, mas veio me ajudar. Depois que terminamos tudo, ele voltou pra onde deveria estar antes de aparecer na cozinha e eu pude sentar e tomar minha água em paz.
- O que faz acordada tão cedo? - eu dei um pulo no banco quando ele apareceu de novo.
- Da pra pisar forte? - eu disse irritada
- Não! Se eu piso forte, os inimigos sabem que estou por perto.
- Eu não sou um inimigo - ele sentou no banco de frente pra mim.
- Tem razão. Me desculpe. O que faz acordada tão cedo?
- Acho que perdi o sono. Você não tem farda não?
- Pra que? Gosto de usar bermuda e regata. Isso te incomoda senhorita Lamartine?
- Não! - pus o copo na boca e tomei toda a água que tinha ali.
- Está com fome? Posso preparar algo pra você.
- Quero panquecas - ele me olhou com uma sobrancelha arqueada - com xarope.
- Tudo bem! - ele batucou no balcão e ficou de pé - algo pra beber?
- Chocolate quente. O dia está frio hoje.
- Como quiser.
Ele começou a catar na geladeira e no armário tudo o que iria precisar. Eu apenas fiquei o observando. Ele pegou uma maçã e com uma habilidade do cão, cortou-a em cubos, pôs numa tigela pequena, pegou um garfo e pôs na minha frente.
- Coma isso enquanto eu faço as panquecas.
- Mandão!
- Coma!
Ele voltou a fazer o que tinha que fazer e eu comecei a comer os pedaços de maçã. Vez ou outra eu o olhava pelo canto do olho. Faz um tempo que eu não tenho aqueles sonhos estranhos que dizem que eu devo ficar com o Justin, porque está escrito nas estrelas ou seja lá onde.
Eu confesso que hoje o olho diferente, não o vejo mais como o meu segurança, braço direito do papai e melhor amigo do meu irmão. Eu o vejo como homem, alguém que eu gostaria de ter na minha vida, como algo mais que amigo.
Fiquei perdida nos pensamentos e só voltei a realidade quando estalaram dedos na minha frente. E lá estavam os olhos de mel mais lindos do mundo.
- Você parou de comer. - ele disse
- E você é chato - ele sorriu
- Coma!
- Quero panquecas.
- Só vai ter se comer a maçã.
- Você é chato.
- Já disse isso.
- Se acostume, pois irá escutar muito. - ele riu fraco.
- Vou continuar as suas panquecas. Coma a maçã.
- Estou comendo.
[...]
- Tava bom? - ele perguntou quando eu terminei de comer.
- Estava ótimo.
- Obrigado!
- Bom dia! - disse minha avó entrando na cozinha. - tinham formigas na cama de vocês?
- Eu acordo às quatro da manhã todos os dias - disse Justin.
- Eu perdi o sono - eu disse.
- Tudo bem então. Já comeram? - ela perguntou
- Justin preparou panquecas pra mim. - eu respondi.
- Ah! Tudo bem então. - ela disse - Ah, Justin! - Justin a olhou - Pierre pediu que você fosse fosse até o quarto dele.
- Claro! Com licença! - ele disse e saiu da cozinha.
- Vocês estão namorando? - minha avó perguntou depois que Justin não podia mais nos ouvir.
- O que? Não! Somos amigos - eu respondi. - ele é pago pra me proteger
- Acho que ele gosta de você
- Não pira vovó
- Não estou pirando, falo a verdade - eu a olhei - você gosta dele!
- Não, eu não gosto.
- Eu vejo isso nos seus olhos, Margot. Não cometa o mesmo erro da sua mãe.
- O mesmo erro da minha mãe?
- Sim! Ela conheceu Jean com quinze anos. Ele gostava dela, ela sabia disso. Com o tempo, ela começou a gostar dele também, mas não falava, preferiu esconder o sentimento. Eles só vieram namorar cinco anos depois.
- Depois que ela teve o coração partido pelo Antony?
- Exatamente. Não perca tempo Margot.
- Meu pai não vai deixar.
- Se você estiver feliz, tenho certeza que ele também estará.
- Se isso fosse verdade, ele me deixaria ir à uma escola de verdade.
- Dê tempo ao tempo.
[...]
Justin estava cortando lenha para acender a lareira hoje à noite. Estava um sol de rachar, ele estava sem camisa, apenas de bermuda, com todas as tatuagens à mostra.
Papai havia pedido que um motorista trouxesse umas arrumadeiras, já que estamos indo embora amanhã. Pude vê-las observando toda a beleza do Justin, mas apenas eu tinha esse direito agora, certo? Sim, certo! Fingi não ter visto nada e fui andando até o senhor exibido.
- Não tem uma camisa pra vestir, não? - eu disse chamando a atenção dele.
- Não tem coisas de patricinha pra fazer, não? - ele disse parando o que estava fazendo e me olhando.
- Tem pessoas olhando você - ele franziu o cenho e eu mostrei discretamente com a cabeça.
- Aah! Que olhem! - ele ia voltar a fazer o que estava fazendo e eu o fiz parar de novo.
- Vista uma camisa - ele me olhou.
- Margot, está um sol de rachar; eu estou fazendo esforço físico, estou suado, não quero molhar uma camisa. Deixa que olhem. Eu hein! - ele ia novamente voltar a fazer o que estava fazendo, mas parou e me olhou - você está com ciúmes?
- Ciúmes? Eu? De você? - ri de nervoso - me poupe Justin. De você, eu só tenho é pena - ele riu - quer saber? Que olhem! Tô nem aí! - bati o pé e saí andando.
- ESPERA MARGOT! - foi a última coisa que ouvi antes de entrar em casa.
[...]
Eu estava sentada na minha cama, mexendo no celular, sem animo nenhum para comer, estava frio, eu deveria estar tomando chocolate quente agora com a vovó, o Pierre e meu pai, mas me recuso a olhar o Justin. Ele acha que pode fazer piadinhas comigo, mas ele está muito enganado de achar isso. Eu sou a chefe dele. Bloqueei o celular e parei pra pensar um pouco.
E se ele não gostar de mim? Eu não quero ter o coração partido como a mamãe teve com o Antony. Se ao menos ela estivesse aqui para me dar conselhos, eu me sentiria muito melhor. O que ela diria num momento como esse? Para eu seguir meu coração? Talvez fosse isso mesmo. Mas acho que o meu GPS cardiológico tá desgovernado, porque ele está me levando a um beco sem saída. Saí dos meus pensamentos quando ouvi três batidas na porta.
- Entra! - eu disse a porta foi aberta.
- Oi! - disse Justin entrando no quarto e fechando a porta - te trouxe um pouco de chocolate quente, já que você não quis descer. - ele sentou de frente pra mim na cama e me deu a xícara fumegante - você está bem? - eu o olhei rapidamente - não, já sei que não está. Quer conversar sobre? - eu neguei com a cabeça, enquanto tomava um gole do meu chocolate. - por que? Eu prometi que não deixaria nada nem ninguém te machucar.
- Não é nada, Justin.
- Foi pelo o que aconteceu hoje à tarde? - eu baixei o olhar. - claro que foi. Por que tudo isso? - continuei quieta - fala comigo,
- Margot. - a porta foi aberta e era o meu pai. - Está tudo bem por aqui? - ele perguntou e Justin logo ficou de pé.
- Sim senhor! Apenas trouxe um pouco de chocolate para Margot e estou me certificando que ela não queime a boca. Sabe como sua filha é desastrada. - eu o olhei enraivecida. Não sou desastrada.
- Claro! Você está bem Margot? - eu balancei a cabeça positivamente. - tudo bem então. Com licença! - meu pai saiu do quarto e Justin voltou a sentar de frente pra mim.
- Fala comigo. - eu o olhei - deixa de ser patricinha, fresca e mimada uma vez na vida e age como adulta. - eu dei um tapa no braço dele e esqueci que na outra mão eu estava com o chocolate. Preciso dizer o que aconteceu? Preciso? Tudo bem então. O chocolate caiu em cima de mim. E detalhe, estava quente.
- AÍ! - eu gritei e Justin praticamente pulou em cima de mim.
- Calma! Fica parada. Eu vou dar um jeito nisso.
Ele correu até o banheiro, pegou minha toalha e só sossegou quando me viu seca, toda manchada de chocolate, mas seca. Um tempo depois, ele jogou a toalha num canto, se certificou que eu estava bem longe da xícara e sentou na minha frente.
- Você está bem? - ele perguntou e eu balancei a cabeça afirmando - não fica muda comigo, eu preciso ouvir você dizendo que está bem.
- Eu estou bem, Justin! Só preciso tirar essa blusa suja.
- Eu cuido disso. - ele foi até minha gaveta, pegou uma regata e voltou pra perto. - veste isso. Você vai se sentir melhor.
Eu comecei a tentar tirar meu moletom, mas ele enroscou todo em mim e eu comecei a me desesperar por não conseguir tirar, então, duas mãos ágeis conseguiram tirar o pano de mim. Ele estava apoiado nos joelhos de frente pra mim. Eu fiquei da mesma maneira que ele, pus minhas mãos no cabelo dele, o puxei mais pra perto e o beijei. Pra minha surpresa, ele não me afastou como eu achei que fosse fazer, ele pôs as mãos na minha cintura e me puxou mais pra perto. Um curto tempo depois, ele foi deitando por cima de mim e logo estávamos deitados nos beijando. Sem mãos bobas, apenas beijos. Detalhe que eu estava apenas com o top.
- Acho melhor a gente parar. Seu pai pode entrar aqui - ele disse com a testa colada na minha.
- Tranca a porta. - ele me olhou.
- Sério?
- Sim!
- Mas e se...
- Eu dou as ordens aqui. Você é pago pra obedecer.
- Sim senhora!
Ele foi até a porta, trancou-a e logo depois, já estávamos nos beijando de novo, só que dessa vez, um pouco mais intensamente. O beijo dele é inebriante, eu perco noção de espaço e tempo quando ele me beija. Eu estava perdida em um mundo totalmente desconhecido, quando ele parou de novo.
- Acho melhor a gente parar. - ele disse sem sair de cima de mim.
- Por que?
- Porque sim.
- Defina porque sim.
- Porque você... E eu... E a gente... Sabe? - eu abracei a cintura dele com as pernas e o puxei novamente para um beijo - O que está fazendo Margot? - ele perguntou entre selinhos.
- Eu quero! - ele me olhou - faça! Eu quero!
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