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História Tuyo - Mas eu não consegui.


Escrita por: BowieLover

Notas do Autor


Me perdoem antecipadamente. Sim, ou não?

Capítulo 7 - Mas eu não consegui.


Bati e tranquei a porta do meu camarim, e sozinha me livrei daquele vestido azul, com cheiro de Fogaça. Vesti meu jeans claro e rasgado, justo ao corpo, e minha camiseta de cor azul marinho, tecido fino, de alças que me deixava bastante confortável. Olhei as horas no meu celular, e vi que o mesmo já estava descarregando, mas não me preocupei, carregaria ele no carro. Coloquei-o no bolso, e peguei minha bolsa, já com as chaves do carro em mãos, caminhando rapidamente para o estacionamento. À tarde em São Paulo já caía, e por conta do clima, já estava bastante fria. O céu tinha tons de cinza escuros, quase assustadores. Se eu não tivesse com tanta pressa, talvez me preocupasse pelas ruas estarem tão desertas, mas eu simplesmente destranquei o carro, entrei, e me aconcheguei no banco, logo dando a partida. Franzi o cenho ao tentar duas, três vezes e ganhar do meu carro apenas um chiado estranho, sinal de que ele não sairia do lugar. Ah no! Como voy a ir a casa? O celular com a bateria se esgotando me impossibilitava de fazer chamadas, mas já que meu apartamento é razoavelmente perto, resolvi caminhar um pouco.

Tranquei o carro, sem me preocupar com ele, que estava nos domínios da emissora. Cumprimentei rapidamente um dos vigias no portão, e caminhando a passos largos, virei à esquina, andando bem próxima a uma cerca viva, com algumas flores murchas, e mortas. Balancei minha cabeça em reprovação, mas continuava andando. Em alguns momentos, carros cruzavam a pista ao meu lado, mas eram raros. Minha mão estava segurando firme, as alças da minha bolsa, que descansava em meu ombro direito, e com a outra mão, afastava os fios do meu cabelo que voavam pelo meu rosto, por conta da brisa gélida. Eu estava tranquila, até ouvir risinhos a poucos metros de distância de mim, e se aproximando. Tentei olhar para trás de modo disfarçado, mas esse foi um prato cheio para dois ou três rapazes que vinham ao meu alcance. Puxei o celular do bolso de trás da calça, e o segurei firme, como se pudesse carregá-lo com a energia do meu corpo. Estava sendo impossível até desbloqueá-lo. Maldita hora que havia recusado a presença de Henrique em minha casa.

Podia ser só impressão minha, mas me senti vulnerável. Minha testa evidenciava isso, e com as costas das mãos limpei as bolhas de suor que se formavam ali. “Cruza”. Foi o que veio à minha mente, e obedeci, atravessando a rua. “Aqueles caras vão com certeza me reconhecer, e me dejar en paz.” Pensei novamente. Aquela vozinha em minha cabeça já estava irritante demais, e me atrapalhando o raciocínio. Lo llamo nervoso?

Pela primeira vez em alguns anos, me veio à mente o comportamento abusivo de mi padre. E aquilo me fez sentir um arrepio estranho na espinha. Os pelos da nuca estavam eriçados, e não era por causa do clima, não. Comecei a murmurar algumas coisas em espanhol, pedia proteção, mas em determinado momento senti que estava sola. Logo depois da segunda esquina, um estacionamento abandonado, dois carros, algumas casas de muro alto, e mais cercas vivas. Muros verdes enormes e ninguém, somente aqueles homens mais perto, e eu sozinha.

- Ei, espera! – Ouvi a voz do primeiro, e tentei aumentar a velocidade das minhas pernas, mas foi aí que um quarto saiu de trás do carro no estacionamento. Mierda! Tudo estava meticulosamente tramado. E eu me tornei a vítima perfecta. Paola Florencia Carosella? Respire profundo. Tentei lembrar a mim mesma porque, meus dedos formigavam e as pernas tremiam, ao dar passos para trás, para me afastar do novo homem. Fiquei mais confusa ainda ao chocar minhas costas no peitoral do outro, e só aí me dei conta do quanto eles eram fortes também. Estava quase me esquivando em círculos quando um deles, o mais baixo de todos, me segurou pelo braço, e me deu um puxão para trás, fazendo-me largar o celular e a bolsa cair ao chão, assim como meu corpo. Caí sentada em uma poça d’água, e ainda em choque, tentei me arrastar pelo asfalto para me livrar deles, e tive a sorte de estar de calça hoje.

- Olha só, o que temos aqui... Não é aquela jurada arrogante da televisão? – Um perguntou a outro, que parecia ser o líder. O olhei fixamente nos olhos, precisaria reconhecê-lo. Se saísse con vida de esto.

- Que televisão, seu merda? – Dei números a eles. O número 1º era o líder. O 2º era o moreno, o 3º era o baixinho que me agarrou, e o 4º me fuzilava com os olhos, era malicioso, percorria meu corpo com o olhar, como se quisesse me comer. Talvez ele quisesse. O 2º se aproximou de mim, segurando meu rosto com uma das mãos, e o 3º se movimentou rápido para me amarrar com um lenço sujo. Minha respiração era ofegante, e eu sentia medo, muito medo. Senti minhas bochechas molhadas, e até olhei para o céu, mas caía em prantos sem perceber.

- Por favor... Déjame ir... – Pedi baixo, os lábios estavam sendo apertados pela pressão em minha bochecha, mas eles me ignoravam. O 4º cuspia em mim, e parecia entusiasmado. Seus amigos me levantaram facilmente e me conduziram até o capô de um carro barato, prata, com marcas de chaparia ruim. Eu me movia, protestando, até que um deles acertou em cheio meu abdome, com uma joelhada sem dó. Imediatamente cuspi sangue contra o capô do carro, acertando seu braço também, mas aquilo não o deteve, e então, uma segunda joelhada, e eu gemia e gritava de dor. Apertei meus olhos, já não enxergava muito bem, mas pude ainda sentir um outro lenço sendo amarrado em meus lábios, me impedindo de falar qualquer coisa, e as mãos nojentas e ásperas do terceiro sob meu corpo. Aquilo era humilhante. Eu me contorcia com força, e os gritos saíam abafados. Alguém tinha que me ouvir, por Díos. Eu sentia dor, sentia nojo, meu cabelo era puxado, meu corpo era forçado contra o carro, enquanto aqueles pervertidos se divertiam. Eu só conseguia pensar em Francesca. Queria voltar para a minha Franchi. Eles não se contentaram, e ainda me chutaram e bateram antes de me soltar no asfalto, e entrarem no mesmo carro, indo embora.

Eu estava deitada no meu próprio sangue e vômito. Eu não queria fechar os olhos. Tinha medo de não acordar mais. Nunca despertar. Eu não queria... Cerrar... Los... Ojos. Mas eu não consegui.



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