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História TWILIGHT (bellice) - Faculdade (eclipse)


Escrita por: trwstan

Notas do Autor


A seguir, trata-se de um remake da história de crepúsculo no ponto de vista de Bella, mulher lésbica, e seu emblema será a presença de Alice.
Se você curtir, deixa um favorito e um comentário para ajudar no engajamento da história, para que outras pessoas também possam ler.

gentewwww, vcs foram MUITO legais ontem, então como uma forma de agradecimento, um capítulo pra vcs. obrigada mesmo gente, significou muito pra mim, mesmo.

primeiro capítulo de eclipse!!!!

Lembrando das outras fanfics:
Amor Sangrento (história de Edward e Jasper): http://fics.me/21180154
Me chame pelo seu nome (versão lésbica): http://fics.me/21286268
LoveParanoia (Jikook): http://fics.me/18000925
DEEM UMA CHANCE PARA ELAS :(((

Música do capítulo: Lee, Andy Votel & Jane Weaver remix, Unloved.

Capítulo 36 - Faculdade (eclipse)


Eu passei os meus dedos pela página, sentindo as marcas de cada pequena letrinha.

Bella,

Me desculpe sumir esses tempos, eu de verdade estou confusa sobre meus sentimentos, e acredito que você também esteja.

O que tivemos durante esses meses significaram muito para mim, e eu não conseguirei superar tão facilmente, mesmo que você não tenha decidido, sei que sua decisão é bastante tendenciosa para Alice, e tudo bem, eu quero ver você feliz, mas tenha cuidado, você sabe que não acabou tão bem da última vez.

Jacob tem estado muito estressado sobre isso tudo, e Alice tem razão de te querer longe dele, ele ainda é novo, não sabe lidar muito com o temperamento, então pelo seu bem, e pelo bem do acordo, a distância realmente é a melhor solução.

Eu sinto muito a sua falta, e espero que em breve possamos nos ver, você é uma pessoa incrível, não quero te perder.

                                                                                       Abraços,

                                                                                                  Leah.

Eu podia imaginá-la escrevendo isso, eu podia imaginar a frustração fazendo as sobrancelhas dela se apertarem e enrugando a sua testa. Se eu estivesse lá, eu iria rir de sua carranca. 

Rir era a última coisa que eu tinha vontade de fazer enquanto relia as palavras que eu quase já tinha memorizado.

O que mais me surpreendia era o quanto aquelas linhas rabiscadas haviam me machucado, como se a ponta das letras tivessem superfícies cortantes. Mais do que isso, por trás de cada palavra raivosa se escondia uma piscina de dor, a dor de Leah me cortou mais profundamente do que a minha própria.

Enquanto eu estava pensando nisso, eu senti o cheiro inconfundível de alguma coisa queimando na cozinha.

Em outra casa, o fato de que alguém que não fosse eu estava cozinhando não causaria muito pânico.

Eu enfiei o papel amassado no meu bolso de trás e saí correndo.

Eu cheguei ao fim das escadas quase sem tempo. O recipiente de molho de espaguete que Charlie tinha enfiado no micro-ondas estava apenas no início da revolução quando eu abri a porta e o tirei de lá.

-O que eu fiz de errado? – Charlie quis saber.

-Você tinha que ter tirado a tampa antes, pai. Metal não é bom em microondas. – Eu rapidamente removi a tampa enquanto falava, derramei metade do molho em uma tigela, depois coloquei a tigela de volta no microondas e guardei o resto de volta no congelador, arrumei o tempo e apertei o botão start.

Charlie observou os meus arranjos com os lábios torcidos.

-Eu fiz o macarrão direito?

Eu olhei para a panela no fogão, a fonte do cheiro que havia me alertado.

-Mexer ajuda. – Eu disse à meia voz. Eu encontrei uma colher e tentei desgrudar a massa que estava pegada no fundo.

Charlie suspirou.

-Então, pra que é tudo isso? – Eu perguntei a ele.

Ele cruzou os braços no peito e olhou, pela janela dos fundos, para a chuva caindo.

-Eu não sei do que você está falando. – Ele rosnou.

Eu estava confusa. Charlie cozinhando? Qual era o motivo da sua atitude ranzinza?

-Eu perdi alguma coisa? Desde quando você faz o jantar? – Perguntei, provocando-o – Ou será que eu devo dizer ‘tenta’ fazer o jantar?

Charlie levantou os ombros.

-Não há nenhuma lei que diga que eu não posso cozinhar em minha própria casa.

-É você quem sabe. – Eu respondi sorrindo, enquanto olhava para o distintivo no seu casaco de couro.

-Essa foi boa. – Ele tirou a jaqueta como se o meu olhar tivesse feito ele se lembrar que ainda estava usando o casaco e pendurou-o no gancho reservado para o seu cinto. Seu cinto de armas já estava pendurado no lugar, ele não tinha a necessidade de usá-lo para ir à delegacia por algumas semanas. Não houve mais desaparecimentos perturbadores pra atrapalhar a pequena cidade.

Eu cutucava o macarrão em silêncio, imaginando que Charlie falaria sobre o que quer que estivesse incomodando-o quando ele achasse que estava na hora. Meu pai não era um homem de muitas palavras, e o esforço desastroso de orquestrar um jantar feito por ele deixou muito claro que ele estava com um número estranho de palavras em sua cabeça.

Meu pai se sentou na mesa com um jornal desdobrado e amassado que havia lá, dentro de segundos ele já estava estalando a língua de desaprovação.

-Eu não sei pra quê você lê o jornal, pai. Ele só te tira do sério.

Ele me ignorou, rosnando para o papel em suas mãos.

-É por isso que todo mundo quer viver em cidades pequenas. Ridículo!

-O que foi que as cidades grandes fizeram de errado agora?

-Seattle está entrando para a lista das cidades com mais crimes do país. Cinco homicídios sem solução nas últimas duas semanas. Você pode imaginar viver assim?

-Na verdade, eu acho que Phoenix está mais no topo da lista, pai. Eu vivi assim.

Eu nunca havia chegado perto de ser uma vítima de assassinato antes de vir pra essa pequena cidade segura. Na verdade, eu ainda estava em muitas das listas de perigo...

-Bem, você não me pagaria o suficiente. – Charlie disse.

Eu desisti de salvar o jantar e me sentei pra servi-lo, eu tive que usar uma faca de carne pra cortar uma porção do espaguete pra mim e pra Charlie, enquanto ele observava com uma expressão tímida. 

Nós comemos em silêncio por algum tempo. Charlie ainda estava vasculhando as notícias, então eu peguei a minha cópia muito abusada de O morro dos ventos uivantes de onde eu havia deixado no café da manhã e tentei me perder na Inglaterra da virada do século, enquanto eu esperava que ele começasse a falar.

-Você está certa. – Charlie disse. –Eu tenho uma razão pra ter feito isso. Eu queria falar com você.

Eu coloquei o livro de lado, a encadernação estava tão destruída que ela ficou plana na mesa.

-Você podia ter só pedido.

Ele balançou a cabeça, as sobrancelhas juntas.

-É. Eu vou lembrar disso da próxima vez. Eu pensei que te livrar de fazer o jantar ia te amaciar.

Eu ri.

-Deu certo. Do que você precisa, pai?

-É sobre Jacob.

Eu senti meu rosto endurecer.

-O que tem ele? – Eu perguntei através dos lábios rígidos.

-Calma, Bells. Eu sei que você ainda está brava porque ele te dedurou, mas foi a coisa certa. Ele estava sendo responsável.

-Responsável. – Eu repeti agudamente, rolando os meus olhos. – Certo. Então, o que tem Jacob?

A pergunta sem importância repetida na minha cabeça não era nada além do trivial.

-Não fique brava comigo, ok?

-Brava?

-Bem, é sobre Alice também.

Meus olhos se estreitaram.

A voz de Charlie ficou mais áspera.

-Eu estou confusa, pai. Nós estamos falando sobre Jacob, Alice ou sobre o meu castigo?

O sorriso dele brilhou de novo.

-Eu acho que talvez você mereça uma condicional por bom comportamento. Para uma adolescente, você é incrivelmente não-reclamona.

Minha voz e minhas sobrancelhas levantaram.

-Sério? Eu estou livre?

Charlie levantou um dedo.

-Condicionalmente.

O entusiasmo desapareceu.

-Fantástico. – Eu gemi.

-Bella, isso é mais um pedido do que uma ordem, ok? Você está livre. Mas eu espero que você use essa liberdade mais... judicialmente.

-O que isso significa?

Ele suspirou de novo.

-Eu sei que você fica satisfeita passando todo o seu tempo com Alice...

-Eu passo tempo com Edward também. – Eu interferi.

-Isso é verdade. – Ele disse. – Mas você tem outros amigos além dos Cullen, Bella. Ou costumava ter.

Nós encaramos um ao outro por um momento.

-Quando foi a última vez que você falou com Angela Weber? – Ele  jogou pra mim.

-Sexta no almoço. – Eu respondi imediatamente.

-Fora da escola? – Charlie perguntou, chamando minha atenção.

-Eu não tenho visto ninguém fora da escola, pai. De castigo, lembra? E Angela tem um namorado também. Ela está sempre com Ben. Se eu realmente estou livre, talvez possamos sair em casais.

-Tudo bem, mas então... – Ele hesitou. – Você e Jake costumavam fazer tudo juntos, e agora...

Eu cortei ele.

-Pai, você sabe que Jacob é um otário, eu não vou continuar com isso. – Falei, e ele assentiu.

-E Leah? – Ele propôs, ainda hesitante.

Dei os ombros.

-Dá pra você chegar no ponto, pai? Qual é a sua condição, exatamente?

-Eu acho que a sua vida estaria mais bem balanceada se houvessem mais algumas pessoas nela. O que aconteceu setembro passado... Se você tivesse uma vida além de Alice Cullen, as coisas podiam não ter sido daquele jeito.

Ele tinha razão.

-Equilíbrio é bom. No entanto, eu tenho cotas de tempo pra seguir?

Ele fez uma cara, mas balançou a cabeça.

-Eu não quero complicar as coisas. Só não esqueça os seus amigos. – Ele suspirou, voltando para o assunto que eu tanto queria evitar. – Você não sente nem um pouco de saudades dele?

Minha garganta pareceu inchar de repente, eu tive que limpá-la duas vezes antes de responder.

-Sim, eu sinto saudades dele. – Eu admiti, ainda olhando pra baixo.

-Então por que é tão difícil?

Isso não era uma coisa que eu tinha liberdade de explicar. Era contra as regras para as pessoas normais, pessoas humanas como eu e Charlie, saber sobre o mundo clandestino, cheio de mitos e monstros, que existia secretamente ao nosso redor. Eu sabia sobre esse mundo, e eu tinha uma pequena porção de problemas como resultado. Eu não ia envolver Charlie nos mesmos problemas.

-Ele é controlador, muito, e eu odeio isso.

Eu inventei a minha desculpa baseada em fatos que eram verdadeiros, mas insignificantes, dificilmente tão cruciais se comparados com o fato de que o bando de lobisomens de Jacob odiava amargamente a família vampira de Alice, e, portanto, eu também, já que eu estava inteiramente intencionada a me juntar a essa família.

-Billy está preocupado com Jacob. – Charlie disse. – Jake está passando por um momento difícil agora... Ele está deprimido.

Eu gemi, mas mantive os meus olhos no prato.

-E, além do mais, você ficava tão feliz depois de passar o dia com Jake... – Charlie suspirou.

-Eu estou feliz agora. – Eu rosnei ferozmente por entre os dentes.

O contraste entre as minhas palavras e o tom que eu usei quebrou a tensão. Charlie começou a rir, e eu me juntei a ele.

-Bom. Encontre esse equilíbrio, Bella. E, oh, é, você tem correspondência. – Charlie disse, fechando o assunto. – Está no balcão.

Charlie empurrou a sua cadeira pra trás e se espreguiçou enquanto ficava de pé. Ele levou seu prato para a pia, mas antes de ligar a água pra lavá-lo, ele pausou e jogou um envelope grosso pra cima de mim. A carta escorregou pela mesa e deu um choque no meu cotovelo.

 

-Valeu. – Eu murmurei, confusa pela insistência dele. Aí  vi o endereço do remetente, a carta era da universidade do Sudeste do Alaska. – Isso foi rápido. Eu pensei que havia perdido o prazo de entrega dessa também.

Charlie gargalhou.

Eu virei o envelope e olhei para ele.

-Está aberto.

-Eu estava curioso.

-Eu estou chocada, xerife. Isso é um crime federal.

-Oh, leia logo.

Eu puxei a carta pra fora e encontrei uma agenda dobrada dos cursos.

-Parabéns. – Ele disse antes que eu pudesse ler alguma coisa. – Sua primeira aceitação.

-Obrigada, pai.

-Nós deveríamos falar sobre o custeamento. Eu tenho algum dinheiro economizado...

-Ei, ei, nada disso. Eu não vou tocar na sua aposentadoria, pai. Eu tenho os meus fundos para a faculdade.

Charlie fez uma carranca.

-Alguns desses lugares são muito caros, Bella. Eu quero ajudar. Você não tem que ir para o Alaska só porque é mais barato.

-Eu já tenho tudo coberto. Além do mais, tem um monte de auxílios financeiros por aí. É fácil ganhar empréstimos. – Eu esperava que o meu blefe não fosse óbvio demais. Eu não tinha feito muitas pesquisas sobre o assunto.

 

-Então... – Charlie começou, e então ele contorceu os lábios e desviou o olhar.

-Então o que?

-Nada. Eu só estava... Só me perguntando quais... quais são os planos de Alice para o ano que vem.

-Oh.

-Então?

As três batidas rápidas na porta me salvaram. Charlie revirou os olhos enquanto eu pulava pra ficar de pé.

-Já vou! – Eu gritei.

Eu tirei a porta do caminho, ridiculamente ansiosa, e lá estava ela, com um sorriso no rosto e a echarpe de sempre.

O tempo não me fez imune à perfeição de seu rosto, e eu tinha certeza de que nunca iria me acostumar com nenhum dos aspectos dela. Meus olhos observaram suas feições pálidas: sua dura mandíbula perfeitamente desenhada, a curva mais suave dos seus lábios cheios, que agora estavam curvados pra cima num sorriso, a linha reta de seu nariz, o ângulo das maçãs do rosto.

Eu deixei seus olhos por último, sabendo que quando eu olhasse dentro deles haveria uma grande possibilidade de eu perder a linha de raciocínio. Eles estavam grandes, quentes com um dourado derretido, e moldados por uma linha de cílios grossos.

Olhar dentro dos olhos dela sempre faziam eu me sentir extraordinária, como se os meus ossos estivessem como esponja. Eu também ficava com a cabeça meio leve, mas isso podia ser porque eu esquecia de respirar. De novo.

Eu inclinei minha mão e suspirei quando os dedos frios dela encontraram os meus. O toque dela trouxe a sensação mais estranha de alívio, como se eu estivesse sentindo dor e essa dor houvesse cessado de repente.

 

-Oi. – Eu sorri um pouco com a minha saudação.

Ela ergueu as nossas mãos entrelaçadas pra tocar a minha bochecha com as costas de suas mãos.

-Como foi a sua tarde?

-Lenta.

-Para mim também.

Ela puxou o meu pulso para o seu rosto, nossas mãos ainda entrelaçadas. Os olhos dela se fecharam enquanto o seu nariz  alisava a pele de lá, e ela sorriu gentilmente sem abri-los.

Eu sabia que o cheiro do meu sangue, muito mais doce para ela do que o cheiro do sangue de qualquer outra pessoa, realmente como o vinho em vez de água para um alcoólatra, causava a ela verdadeira dor pela sede que acarretava. Eu podia apenas imaginar o esforço Herculano por trás desse simples gesto. Eu fiquei triste por ela ter que tentar tanto. Eu me confortei com o fato de que eu não causaria mais dor a ela por muito tempo.

 

Nessa hora eu ouvi Charlie se aproximando, batendo os pés no caminho.

Alice abriu os olhos e deixou as nossas mãos caírem, mantendo-as entrelaçadas.

-Boa noite, Charlie. – Alice era sempre impecavelmente educada.

Charlie ficou em pé onde estava, com os braços cruzados no peito.

-Eu trouxe outras inscrições. – Alice disse nessa hora, levantando um bolo de papéis envelopados. Ela estava usando um rolo de selos como se fosse um anel no seu dedo mindinho.

Eu gemi. Como é que podiam ainda haver faculdades às quais ela já não tivesse me obrigado a me inscrever? Como é que ela continuava encontrando essas vagas em aberto? O ano já estava muito atrasado.

-Ainda haviam prazos de inscrição em aberto. E alguns lugares a fim de fazer exceções... – Ela explicou.

Eu podia imaginar as motivações pra essas exceções. E os montes de dólares envolvidos. Alice riu da minha expressão.

-Vamos lá? – Ela perguntou, me levando em direção à mesa da cozinha.

Eu limpei a mesa rapidamente enquanto Alice organizava uma pilha intimidante de formulários. Quando eu movi O morro dos ventos uivantes pra cima do balcão, Alice ergueu uma sobrancelha.

 

Eu sabia o que ele estava pensando, mas Charlie interrompeu antes que Alice pudesse comentar.

-Falando em inscrições para a faculdade, Alice. Bella e eu estávamos falando sobre o ano que vem. Você já decidiu onde vai estudar?

Alice sorriu pra Charlie e a voz dela estava amigável.

-Ainda não. Eu recebi algumas cartas de aceitação, mas eu ainda estou pensando as minhas opções.

Aí se Charlie sonhasse que Alice já tem diversas formaturas.

-Onde você foi aceita? – Charlie pressionou.

-Syracuse... Harvard... Dartmouth... e eu acabei de ser aceita na faculdade do Sudeste do Alaska hoje.

Alice virou levemente a sua cabeça pra o lado pra poder piscar para mim. Eu prendi uma gargalhada.

-Harvard? Dartmouth? – Charlie murmurou, incapaz de esconder a sua admiração. – Bem, isso é muito... isso é interessante. É, mas a Universidade do Alaska... você realmente está considerando isso quando pode ir para a Ivy League? Quer dizer, o seu pai iria querer que...

-Carlisle sempre está de acordo com qualquer escolha que eu fizer. – Alice disse a ele serenamente.

Charlie fez uma carranca.

-Adivinhe, Alice? – Eu pedi com uma voz brilhante, entrando na brincadeira.

-O que, Bella?

Eu apontei para o grosso envelope no balcão.

-Eu acabei de receber a minha carta de aceitação da Universidade do Alaska!

-Parabéns. – Ela deu um sorriso largo. – Que coincidência.

Os olhos de Charlie se estreitaram e ele olhou para frente e para trás entre nós.

-'Tá bom. – Ele murmurou depois de um minuto. – Eu vou assistir o jogo.

-Surpreendentemente, não estou mais tão encrencada. – Contei para Alice, ela sorriu.

 

-Bella não está mais de castigo? – Alice perguntou. Apesar de saber que ela não estava realmente surpresa, pois deve ter previsto cada decisão de Charlie, eu não consegui detectar nenhum sinal de falsa excitação na voz dela. -Eu realmente estava louca pra arranjar uma parceira de compras, e eu tenho certeza de que Bella adoraria ver as luzes da cidade. – Ela sorriu pra mim.

 

-Por enquanto, é melhor deixar as visitas a Seattle para outro momento...

-Huh?

-Eu te disse sobre a história no jornal, tem alguma espécie de gangue fazendo uma matança em Seattle e eu quero que você mantenha a distância, ok?

-Eu não me referia a Seattle. Eu estava pensando em Portland, na verdade. Eu também não levaria Bella a Seattle. É claro que não. – Alice falou, com o jornal de Charlie nas mãos e lia a primeira página atentamente.

Charlie olhou para Alice por mais um segundo, e depois levantou os ombros.

-Tudo bem. – Ele saiu na direção da sala de estar, agora com um pouco de pressa, talvez ele não quisesse perder o início do jogo.

Eu esperei até que a TV estivesse ligada, pra que Charlie não pudesse me ouvir.

-O que? – Eu comecei a perguntar.

-Espere. – Alice disse sem tirar os olhos do jornal. Seus olhos continuaram focados na primeira página enquanto ela empurrava a primeira inscrição na minha direção pela mesa. – Eu acho que você pode reutilizar os seus ensaios nessa. As mesmas perguntas.

Charlie ainda devia estar ouvindo. Eu suspirei e comecei a responder as perguntas repetitivas: nome, endereço, social...

Depois de alguns minutos, eu olhei pra cima, mas agora Alice estava olhando perseverantemente pela janela.

Enquanto eu baixava a minha cabeça de volta para o meu trabalho, eu percebi pela primeira vez o nome da escola.

Eu bufei e coloquei os papeis de lado.

-Bella?

-Fala sério, Alice. Dartmouth?

Alice levantou as inscrições descartadas e as colocou gentilmente na minha frente novamente.

-Eu pensei que você gostaria de New Hampshire... – Ela disse. – Há muitas coisas para fazer durante a noite, e as florestas estão convenientemente localizadas para os praticantes de caminhadas. Bastante vida selvagem. – Ela deu o riso torto ao qual ela sabia que eu não podia resistir.

Eu respirei profundamente.

-Eu concordo que eu tenha que passar por essas fases por Charlie, e também porque quero um futuro, mas nós duas sabemos que eu não estarei em condições de estudar no próximo outono. Ficar perto de pessoas.

Meu conhecimento desses primeiros anos como vampira eram incompletos. Alice nunca entrava nos detalhes, esse não era o assunto favorito dela, mas eu sabia que não era nada bonito.

Autocontrole aparentemente era uma habilidade requerida.

Qualquer coisa que não estivesse ligada a escola por correspondência estava fora de questão.

-Eu pensei que o timing ainda não estivesse decidido... – Alice me lembrou suavemente. – Você pode gostar de um semestre ou dois na faculdade. Ainda existem muitas experiências humanas que você nunca teve.

-É...

Eu tinha uma vampira sádica me perseguindo pra vingar a morte do parceiro dela com a minha própria morte, preferivelmente utilizando usando algum método lento e torturante. Quem estava preocupado com Victoria? E os Volturi que insistiam em fazer meu coração parar de bater de uma forma ou de outra num futuro próximo, porque nenhum humano tinha permissão de saber que eles existiam.

-Não consigo me preocupar com todo esse caos acontecendo... – Falei, passando as unhas em meu jeans, em uma tentativa de me acalmar.

Alice aproximou-se, agarrando-me por trás.

-Entendo, amor. Vamos fazer no seu tempo. – Ela beijou o topo da minha cabeça. – Mas você sabe que eu estou atenta a tudo, não há nenhuma decisão para se preocupar.

-Estou em um pouco de pânico, a formatura ‘tá logo aí. – Falei, rindo fraco.

Alice sorriu de volta.

-Realmente, mas veja como um livramento do caos, a faculdade é bem melhor. – Ela riu, mas mudou repentinamente de assunto, colocando o jornal que estava olhando em minha frente, apontando um dedo para o título da manchete. – Os monstros não estão em brincadeira.

Eu olhei para a manchete de novo, e depois para a sua expressão dura.

-Um... vampiro está fazendo isso? – Eu sussurrei.

Ela sorriu sem humor, sua voz estava baixa e fria.

-Você ficaria surpresa, Bella, por saber o quão frequentemente a minha espécie está envolvida nessas horrorosas manchetes humanas. Inclusive eu. – Ela contou. – É fácil reconhecer, quando você sabe o que procurar. A informação aqui indica que há um vampiro recém nascido em Seattle. Sedento por sangue, selvagem, fora de controle. Do jeito que todos nós somos.

Eu deixei os meus olhos caírem para o papel de novo, evitando os olhos dela.

-Nós estivemos monitorando a situação por algumas semanas. Todos os sinais estão aí, os desaparecimentos improváveis, os cadáveres mal dispostos, a falta de outras provas... Sim, alguém ainda novo. E ninguém parece estar se responsabilizando pelo neófito... – Ela respirou fundo. – Bem, não é problema nosso. Nós nem prestaríamos atenção nessa situação se não fosse tão próximo de casa. Como eu disse, isso acontece o tempo inteiro.

Eu tentei não ver os nomes na página, mas eles se destacavam das outras palavras na folha como se estivessem em negrito. As cinco pessoas cujas vidas estavam acabadas, cujas famílias estavam de luto agora.

-São inocentes? – Perguntei, lembrando do padrão que Alice e sua família tinha.

Ela assentiu.

-Pessoas aleatórias, sem nenhum padrão. – Ela sussurrou, observando o jornal. – Todos tem a ficha limpa.

Joguei o jornal pra fora da mesa pra que eu não pudesse mais ver aqueles nomes.

Nós duas ficamos em silêncio por um momento, e depois seu dedo frio estava embaixo do meu queixo, levantando o meu rosto. A expressão dela estava muito mais suave agora.

-Eu fico feliz que Charlie tenha deixado você sair, você está precisando tristemente fazer uma visita a uma livraria. Eu não posso acreditar que você está lendo O morro dos ventos uivantes de novo. Você já não sabe ele de cor?

Eu dei uma risada fraca.

-Tipo isso. Mas você tem sérios problemas com os clássicos. – Eu disparei.

Ela riu.

-No entanto, honestamente, por que é que você lê isso de novo e de novo? – Os olhos dela estavam vívidos com real interesse agora, tentando, de novo, desvendar os complicados trabalhos da minha mente. Ele se inclinou na mesa pra pegar o meu rosto nas mãos dele. – Por que isso é apelativo pra você?

-Eu não tenho certeza. – Eu disse, lutando pra ser coerente enquanto o olhar dela não intencionalmente confundia os meus pensamentos. – É alguma coisa relacionada a inevitabilidade. Como nada consegue mantê-los separados, nem o egoísmo dela, nem o mau dele, e no fim, nem mesmo a morte...

O rosto dela estava pensativo enquanto ele pensava nas minhas palavras. Depois de um momento, ela deu um sorriso de zombaria.

-Você tem razão. – Ela riu, beijando minha mão.

Eu coloquei a minha mão em cima da dela pra segurá-la no meu rosto.

-Eu preciso ver Jacob.

Ela fechou os olhos.

-Lobisomens são instáveis. Às vezes as pessoas que estão por perto acabam se machucando. Às vezes, elas morrem. Nem falo de... Leah... Mas de Jacob, ele é muito novo.

Eu queria negar isso, mas outra imagem parou a minha resposta.

Eu vi em minha cabeça o rosto da um dia linda Emily Young, agora marcada por um trio de cicatrizes escuras que arrastavam o canto do seu olhos direito e da sua boca.

-Leah disse isso mesmo. – Contei para ela, e ela não conseguiu disfarçar sua surpresa.

-Vocês têm se falado? – Ela perguntou, curiosa.

-Não, ela me enviou uma carta hoje, e um dos assuntos era que Jacob realmente era instável, eu deveria ficar um pouco distante.

Alice assentiu.

-Eu os conheço melhor do que você pensa, Bella. Eu estava lá da última vez.

-Da última vez?

-Nós começamos a cruzar caminhos com os lobisomens há cerca de setenta anos... Nós havíamos acabado de chegar aqui. Nós éramos um número maior que eles, mas isso não impediria que a coisa se tornasse uma briga se não fosse por Carlisle. Ele conseguiu convencer Ephraim Black de que coexistir era possível, e eventualmente nós fizemos a trégua. – Ela contou, e o nome do bisavô de Jacob me surpreendeu. – Nós pensamos que a linhagem havia morrido com Ephraim... – Alice murmurou, agora parecia que ela estava falando pra si mesma. – Pensamos que a genética que permite a mutação estava perdida...

-Os lobisomens voltaram porque os vampiros voltaram. – Eu contei.  Alice me encarou, seu corpo ficou imóvel com a surpresa. – Jacob me disse que a sua família estar aqui fez as coisas se movimentarem. Eu pensei que você já sabia...

Os olhos dela se estreitaram.

-É isso que eles pensam?

-Alice, olhe para os fatos. Há setenta anos atrás você veio pra cá e os lobisomens apareceram também. Você voltou agora e os lobisomens apareceram de novo. Você acha que é coincidência?

Ela piscou e o seu olhar relaxou.

-Carlisle ficará interessado nessa teoria. – Ela ficou em silêncio por um momento, olhando pela janela para a chuva, eu imaginei que ela estava contemplando a ideia de que a presença dela e de sua família estava transformando os moradores locais em cachorros gigantes. – Interessante, mas não exatamente relevante, a situação continua a mesma.

Eu me levantei e rodeei a mesa, ela abriu os braços e eu me sentei em seu colo, me aconchegando no seu abraço frio.

-Jacob está sofrendo. Eu não posso não tentar ajudá-lo, eu não posso desistir dele agora, quando ele precisa de mim. Só porque ele não é humano o tempo inteiro... Bem, ele estava lá por mim quando eu estava mal.  Se Jacob não tivesse me ajudado... não sei o que seria de mim hoje em dia.

Eu olhei para o rosto dela cautelosamente. Os seus olhos estavam fechados e a mandíbula dela estava trincada.

-Eu nunca vou me perdoar por ter te deixado... – Ela murmurou.

Eu coloquei a minha mão no seu rosto frio e esperei, até que ela suspirou e abriu os olhos.

-Faça um esforço consciente pra se manter em segurança. Eu farei tudo o que puder, mas eu apreciaria um pouco de ajuda. – Ela acariciou meu rosto com seu polegar. – Você realmente tem alguma ideia do quanto é importante pra mim? Algum conceito do quanto eu te amo?

Eu pressionei meus lábios no pescoço frio como neve dela.

-Eu sei o quanto eu amo você... – Eu respondi.

-Você está comparando uma pequena árvore a uma floresta inteira.

Eu revirei meus olhos.

-Impossível.

Ele beijou o topo da minha cabeça e suspirou.

-Ajude seu amigo, mas Bella, por Deus, se cuide.

 

[...]

 

 

Eu me senti estranhamente contente enquanto caminhava da aula de francês em direção ao refeitório, e não era só porque eu estava de mãos dadas com a pessoa mais perfeita do planeta, apesar de que essa era certamente parte da razão.

Talvez fosse o conhecimento de que minha saúde mental estava melhor.

Ou talvez não tivesse nada a ver comigo especificamente. Talvez fosse a atmosfera de liberdade que pairava sobre o campus inteiro. As aulas estavam acabando e, especialmente para a classe do último ano, havia uma alegria perceptível no ar.

A liberdade estava tão próxima que era tocável. Os sinais dela estavam em todo lugar. Posters se amontoavam nas paredes do refeitório, e as latas de lixo usavam uma vestimenta colorida amontoada de panfletos: lembretes pra comprarmos os livros do ano, anéis de classes, anúncios, prazos para as roupas da formatura, chapéus, borlas, panfletos de vendas cor de néon, anúncios mau-agourentos, decorados com rosas, sobre o baile desse ano.

O fim do calendário escolar não me trouxe o mesmo prazer que parecia trazer aos outros alunos. Na verdade, eu me sentia nervosa a ponto de sentir náuseas toda vez que pensava nisso. Eu tentava não pensar tanto sobre.

-Você já enviou seus convites? – Angela perguntou quando Alice e eu nos sentamos em nossa mesa. Ela tinha o cabelo castanho claro preso para trás em um rabo-de-cavalo em vez de seu liso natural, e havia um olhar ligeiramente frenético em seus olhos.

Edward e Jasper já estavam lá também, cada um em um lado de Angela. Ben estava atento a um gibi, seus óculos escorregando pelo seu nariz fino.

Alice estava examinando meu jeans camiseta.

-O que vamos vestir? – Ela perguntou, animada.

Se eu deixasse, ela amaria me vestir todo dia, talvez várias vezes ao dia.  

-Vamos ver, né? – Falei, tentando finalizar o assunto, beijando-a levemente nos lábios.

-E não. – Eu respondi a Angela. – Não faz sentido, de verdade. Renée sabe quando eu me formo. Quem mais há?

-E você, Alice?

Alice sorriu.

-Tudo feito.

-Sorte sua. – Angela suspirou. – Minha mãe tem uns mil primos e espera que eu escreva o endereço para todo mundo. Vou ficar com dor no pulso. Eu não posso adiar muito isso e estou meio assustada.

-Eu posso ajudá-la. – Alice ofereceu, quase batendo palmas de animação. – Se você não se importar...

Angela pareceu aliviada.

-Que legal da sua parte. Eu virei a qualquer hora que você quiser.

-Na verdade, podemos ir à sua casa se estiver tudo bem? – Perguntei, já me oferecendo. – Estou cansada da minha. Charlie me liberou noite passada.

Alice me olhou, animada.

-Sério? –Angela perguntou, um suave excitamento iluminou seus olhos castanhos sempre gentis – Eu só não quero ficar de vela!

Todos nós rimos.

-Tenha cuidado com Alice, Angela. – Jasper falou, suavemente. – Ela pode ser bem... Selvagem.

Alice corou, e eu e Edward caímos em uma gargalhada.

-Parou! – Alice falou, tímida. – Só iremos nos divertir um pouco.

-Nós temos que sair para comemorar. – Angela falou.

-O que deveríamos fazer? – Alice meditou, sua face se iluminando com as possibilidades. As ideias de Alice geralmente eram um pouco grandiosas, e eu podia ver isso em seus olhos agora, a tendência de fazer coisas longe demais virando ação.

-O que quer que você esteja pensando, Alice, eu duvido que esteja livre para isso. – Eu falei, rindo.

-Livre é livre, certo? – Ela insistiu, agarrando meu pescoço, em uma tentativa de me amaciar.

-Tenho certeza que eu ainda tenho limites, como o continente americano, por exemplo.

Angela e Ben riram, mas Alice fez uma careta de verdadeiro desapontamento.

-Então o que nós vamos fazer hoje à noite? – Ela persistiu.

-Nada. Olhe, vamos dar uns dois dias para ter certeza de que ele não estava brincando. É uma noite de escola, de qualquer forma.

-Nós vamos comemorar esse final de semana, então. – O entusiasmo de Alice era impossível de reprimir.

-‘Tá. – Eu desisti, e Alice beijou minha bochecha, animada.

Angela e Alice começaram a falar sobre opções, Ben se juntou à conversa.

Minha atenção se desviou.

Eu estava surpresa por descobrir que o assunto da minha liberdade de repente não era tão agradável quanto há apenas um momento trás. Enquanto eles discutiam coisas para fazer em Port Angeles ou talvez em Hoquiam, eu comecei a me sentir decepcionada.

Não demorei muito para determinar de onde veio minha impaciência.

Desde quando eu disse adeus para Leah, eu tinha sido infeccionada por uma persistente e desconfortável invasão de uma figura mental específica. Ela entrava nos meus pensamentos em intervalos regulares como algum incômodo despertador programado para tocar a cada meia hora, enchendo minha cabeça com a imagem do rosto de Leah. Esta era a última memória que eu tinha dela.

Conforme a perturbadora visão me atingia novamente, eu sabia exatamente por que eu estava insatisfeita com a minha liberdade. Porque era incompleta.

-Alice? Alice! – A voz de Angela me arrancou do meu devaneio. Ela estava agitando sua mão para frente e para trás diante do rosto pálido de Alice, olhando-a fixamente.

A expressão de Alice era algo que eu reconhecia, uma expressão que produziu um automático choque de pânico dentro do meu corpo. O olhar vago em seus olhos me disse que ela estava vendo alguma coisa muito diferente da cena do refeitório mundano que nos cercava, mas algo de que cada pedaço era tão verdadeiro do seu próprio modo. Alguma coisa estava vindo, alguma coisa que aconteceria logo. Eu senti o sangue sumir do meu rosto.

-Alice? – Eu perguntei, cautelosa, alisando levemente as suas costas.

Alice voltou a si novamente.

-Desculpem, eu estava sonhando acordada, acho. – Ela deu um leve sorriso.

-Sonhar acordada é melhor do que encarar mais duas horas de aula. – Ben disse.

Alice voltou à conversa com mais animação que antes, só um pouquinho demais. Uma vez eu vi seus olhos se prenderem aos de Jasper, só por um momento, e então ela olhou de volta para Angela antes que alguém mais notasse.

Eu esperei ansiosamente por uma chance de perguntar o que ela tinha visto em sua visão, mas a tarde se passou sem que pudéssemos ficar um minuto do tempo a sós.

Isso parecia estranho para mim, quase proposital. Depois do almoço, Alice reduziu a velocidade do seu passo para acompanhar Ben, conversando sobre alguma tarefa que eu sabia que ela já tinha terminado. Então havia sempre alguém mais lá entre as aulas, embora nós geralmente tivéssemos uns poucos minutos para nós mesmas.

O sinal tocou e fomos rapidamente até o carro de Edward. O carro de Alice, com Edward e Jasper já dentro, estava só dois carros à distância.

Os três começaram a conversar, e eu parei de ouvir depois de um minuto, deixando sua voz rápida se tornar só um zumbido ao fundo enquanto eu me concentrava no meu modo paciente.

Ela deixou Edward e Jasper na boca da garagem dos Cullen como o habitual, e enquanto eles saíam, Jasper lançou um olhar penetrante para o rosto dela.

-Vejo você depois. – Ele disse. E então, muito levemente, Alice acenou com a cabeça.

Ela estava calada enquanto virava o carro em volta e conduzia de volta a Forks. Eu esperei, imaginando se ela iria começar.

Ela não começou, e isso me deixou tensa. O que Alice tinha visto hoje no almoço? Algo que ela não queria me dizer, e eu tentei pensar numa razão pela qual ela iria guardar segredos. Talvez fosse melhor me preparar antes de perguntar.

Chegamos em casa em silêncio, e lá dentro, eu subi as escadas e Alice me seguiu. Ela espreguiçou-se na minha cama e olhou fixamente para a janela, parecendo esquecer-se do meu nervosismo.

Eu arrumei minha mochila e liguei o computador. Havia um e-mail não respondido da minha mãe para eu me preocupar, e ela entrava em pânico quando eu demorava muito. Eu tamborilei meus dedos enquanto esperava pelo meu computador muito idoso acordar ruidosamente, eles batiam contra a mesa, rápidos e ansiosos.

E então os dedos dela estavam nos meus, segurando-os tranquilos.

-Nós estamos um pouco impacientes hoje? – Ela murmurou.

Eu olhei para cima, tencionando fazer uma observação sarcástica, mas o rosto dela estava mais próximo do que eu esperava. Seus olhos dourados estavam queimando, afastados apenas centímetros, e sua respiração estava fria contra meus lábios abertos. Eu podia sentir o gosto do seu cheiro na minha língua.

Se as coisas fossem do meu jeito, eu passaria a maior parte do meu tempo beijando Alice. Não havia nada que eu tivesse experimentado na minha vida que se comparasse à sensação dos lábios dela, frios, mas sempre tão gentis, se movendo com os meus.

Me surpreendi um pouco quando seus dedos se entrelaçaram no meu cabelo, segurando meu rosto com eles. Meus braços se prenderam ao seu pescoço, e eu desejei que fosse mais forte, forte o bastante para mantê-la prisioneira aqui.

Uma mão escorregou para as minhas costas, me pressionando mais apertado contra seu peito. Mesmo sob seu suéter, a pele dela estava fria o bastante para me fazer tremer, era um tremor de satisfação, de felicidade, mas suas mãos começaram a afrouxar em resposta.

Aproveitando-me ao máximo, me pressionei mais para perto, moldando-me à forma dela. A ponta da minha língua traçou a curva do seu lábio inferior, era tão perfeitamente macio como se tivesse sido envernizado, e o gosto...

Ela soltou um risinho uma vez, um som baixo, gutural. Seus olhos estavam negros com a excitação que ela tão rigidamente controlava.

-Talvez eu devesse sentar na cama um pouco. – Ela sussurrou, sentando-se na cama e cruzando as pernas fortemente.

Eu sabia o que aquilo significava.

-Antes de você ir embora, nós prometemos que iríamos transar. – Falei, e ela arregalou os olhos com o assunto.

-Seria interessante algo acontecer primeiro... – Ela sussurrou. – Já que você não quer casar comigo. Ainda.

Exalei um pouco vertiginosamente.

-Se você acha que isso é... necessário.

-Logo menos você saberá o que é. – Ela deu um sorriso torto.

Balancei a cabeça algumas vezes, tentando clareá-la, e voltei ao computador. Estava tudo animado e cantarolando. Bem, não cantarolando tanto quanto suspirando.

-Diz a Renée que eu estou mandando um oi.

-Com certeza.

Olhei atenciosamente o e-mail de Renée, sacudindo minha cabeça de vez em quando por conta de algumas maluquices que ela havia feito. Eu estava tão horrorizada e entretida quanto na primeira vez em que havia lido isto. Ela se esqueceu de como tinha medo de alturas até estar presa num paraquedas e ter pulado com o instrutor. Me senti um pouco desapontada com Phil, marido dela há quase dois anos, por permitir isso. Eu teria cuidado dela melhor. A conhecia melhor.

Tenho que finalmente deixá-los seguirem o próprio caminho, lembrei a mim. Tenho que deixá-los terem a própria vida...

Eu havia passado a maior parte de minha vida cuidando de Renée, afastando-a de suas loucuras o mais gentilmente possível.

Eu era uma pessoa muito diferente de minha mãe. Alguém pensativa e cautelosa. A responsável, a adulta. Assim é como eu me via. Essa era pessoa que eu conhecia.

 

Com o sangue ainda palpitando em minha cabeça por conta do beijo de Alice, eu nem podia contar a maioria de erros que mudaram a vida de minha mãe. Tonta e romântica, havia se casado com um homem que ela apenas conhecia sem ter terminado o segundo grau, me tendo um ano depois. Ela sempre me jurou que não tinha nenhum arrependimento, que eu era o melhor presente que vida já havia lhe dado. E ela vivia me repetindo, pessoas inteligentes levam o matrimônio a serio.

Pessoas ajuizadas vão para a faculdade e começam carreiras antes que de se aprofundem em um relacionamento. Ela sabia que eu nunca seria tão imprudente, estúpida e provinciana.

Trinquei meus dentes e tentei me concentrar enquanto respondia a carta dela.

Aí eu vi a primeira linha dela e me lembrei do porque de eu haver negligenciado escrever pra ela mais cedo.

Você não diz nada sobre Jacob ha muito tempo, ela tinha escrito. O que está acontecendo nesses dias?

Charlie estava influenciando ela, eu tinha certeza.

Eu suspirei e teclei rapidamente, respondendo à pergunta dela entre dois parágrafos menos sensíveis.

Jacob está bem, eu acho. Eu não o vejo muito, ele passa a maior parte do tempo com o seu bando de amigos lá em La Push ultimamente.

Sorrindo bobamente para mim mesma, eu acrescentei a saudação de Alice e enviei o e-mail.

-Falando em sua mãe, você não fez muito bom uso dos seus presentes de aniversário do ano passado... – Ela disse, com uma grande excitação na voz. – As passagens estão prestes a expirar.

Eu respirei fundo e respondi com uma voz vazia.

-Não. Eu havia esquecido de todos eles, na verdade.

A expressão dela estava cautelosamente luminosa e positiva, não havia nenhum traço de emoção mais profundo quando ela continuou.

-Bem, nós ainda temos um pouco de tempo. Você foi liberada... e nós não temos planos para esse fim de semana, já que você não quer ir ao baile.

Eu ofeguei.

Eu encarei ela, suspeitosamente, tentando entender de onde isso tinha vindo.

-Bem? – Ela quis saber. – Nós vamos ver Renée ou não?

Eu assenti, estava feliz pela possibilidade de ver Renée. Já fazia tanto tempo desde que eu vi Renée. E ainda mais tempo desde que eu a vi em circunstâncias prazerosas. A última vez em que eu estive com ela em Phoenix, eu passei o tempo inteiro em uma cama de hospital. Da última vez que ela havia vindo aqui, eu estive mais ou menos catatônica. Não exatamente a melhor memória pra deixar com ela.

E talvez, se ela visse o quanto eu estava feliz com Alice, ela podia dizer pra Charlie relaxar.

Alice observou o meu rosto enquanto eu considerava.

-Vamos vendo, sim? – Perguntei, já me dando como vencida.

Ela assentiu animadamente.

 

[...]

 

 

Nós fomos lá pra baixo para fazer o nosso dever de casa, no caso de Charlie chegar mais cedo. Alice acabou em minutos, eu lutei com os meus cálculos até que eu decidi que estava na hora de fazer o jantar.

Alice ajudou fazendo caretas de vez em quando para os ingredientes crus, comida humana era praticamente repulsiva para ela.

Charlie já parecia estar de bom humor quando chegou em casa.

Alice se desculpou por não comer conosco, como sempre. O som do noticiário noturno vinha da sala da frente, mas eu duvidava que ela realmente estivesse assistindo.

Depois de repetir três vezes, Charlie colocou os pés pra cima da cadeira reserva e cruzou as mãos em cima do seu estômago inchado.

-Isso estava ótimo, Bells.

Eu sorri.

-Valeu. Como foi o trabalho?

-Meio lento. Bem, mortalmente lento, na verdade. Mark e eu jogamos carta em boa parte da tarde... – Ele admitiu com um sorriso. – Eu venci, dezenove mãos para sete. E depois eu fiquei no telefone com Billy durante algum tempo.

Eu tentei manter minha expressão igual.

-Como ele está?

-Bem, bem. As juntas dele estão o incomodando um pouco.

-Oh. Isso é uma pena.

-É. Ele nos convidou para uma visita esse final de semana. Ele estava pensando em chamar os Clearwaters e os Uleys também. Uma espécie de festinha...

-Huh. – Foi a minha resposta genial. Mas o que eu ia dizer? Eu sabia que não iria ser legal lidar diretamente com minha ex e meu melhor amigo que está meio distante.

Eu me levantei e empilhei os pratos sem olhar para Charlie. Eu os coloquei na pia e liguei a água. Alice apareceu silenciosamente e pegou uma toalha de pratos.

 

Charlie suspirou e desistiu por um momento, apesar de eu imaginar que ele revisitaria o assunto assim que estivéssemos juntos de novo. Ele se pôs de pé e seguiu para a sala de TV, exatamente como na outra noite.

-Charlie. – Alice chamou.

Charlie parou no meio da sua pequena cozinha.

-Sim?

-Bella te contou que os meus pais deram passagens de avião pra ela em seu último aniversário, pra que ela pudesse visitar Renée?

-Bella? – Ele perguntou numa voz espantada.

Eu mantive os olhos nos pratos.

-É, eles me deram.

Charlie engoliu altamente, e então os olhos dele se estreitaram quando ele olhou de volta para Alice.

-Não, ela nunca mencionou isso.

-Humm... – Alice murmurou.

-Há uma razão pra você ter tocado no assunto? – Charlie perguntou.

Alice ergueu os ombros.

-Elas estão quase expirando. Eu acho que isso pode machucar os sentimentos de Esme se Bella não usar o presente dela. Não que ela fosse dizer alguma coisa.

Eu encarei Alice sem acreditar.

Charlie pensou por um minuto.

-Provavelmente é uma boa ideia você ir visitar a sua mãe, Bella. Ela ia adorar. No entanto, eu estou surpreso que você não tenha falado nada sobre isso.

-Eu esqueci. – Admiti.

Ele fez uma careta.

-Você esqueceu que alguém te deu passagens da avião?

-Tipo isso.

-Eu percebi que você disse que elas estavam prestes e expirar, Alice. – Charlie continuou. – Quantas passagens os seus pais deram pra ela?

-Só uma para ela... e uma para mim.

-Oh... – Charlie falou, pego de surpresa. – Tudo bem, vamos vendo isso...

Eu assenti, animada.

-Tudo feito, vou sair um pouco, ‘tá? – Falei, enxugando minhas mãos na minha calça.

Ele assentiu em algo inaudível, e marchou pra fora da sala.

-Nós vamos sair? – Alice perguntou, a voz dela estava baixa, mas entusiasmada.

Eu me virei para encará-la.

-Sim.

Sai de casa e ela veio atrás, eu sorri. Sentei no banco do passageiro. Ela abriu a porta com sua velocidade sobre humana e sentou-se ao meu lado, sorrindo amarelo.

-Fiz merda? – Ela perguntou.

-Não, não... – Falei, olhando para as minhas mãos.

-Certeza? – Ela perguntou, olhando com aqueles olhos que pareciam ouro derretido.

-Sim. – Falei, encarando-a. – Há quanto tempo você não se alimenta de humanos? Seus olhos estão dourados a muito tempo...

Ela riu baixinho.

-Desde quando começamos a ter relações mais próximas, eu meio que estou evitando. – Ela sorriu.

-E a justiceira Valerie Solanas? – Perguntei, provocando-a com seu passado.

-Ela vai ficar ausente por um tempo. Planejo que ela volte quando você se transformar. 

-Como assim? - Perguntei, confusa.

Ela me olhou, franzindo o cenho.

-Achei que você tinha gostado disso quando te contei pela primeira vez...

-É, eu gostei, mas não me imaginei fazendo...

Aquele realmente era um assunto sério, que me deixava morrendo de medo, mas animada demais, conseguir ser forte o suficiente para matar alguns filhos da puta. 

O seu rosto estava sereno enquanto ela olhava para o para-brisa. Algo estava estranho, mas eu não conseguia identificar o que. Ou talvez fosse só a minha imaginação de novo, correndo selvagem como tinha feito essa tarde.

-O que você viu hoje a tarde? – Perguntei.

Consegui ver um tremor passando por todo seu corpo, e ela ficou séria.

-Você vai para a festa de Billy? – Ela mudou de assunto, olhando-me com um sorriso torto.

-Alice. – A repreendi.

-É sério, Bella. Eu não quero te falar, ainda é tudo incerto.

Para ela não me contar, só poderia ser algo sério.

-Estamos em perigo?

O tremor passou novamente pelo seu corpo.

-Você nunca estará em perigo.

-E eu vou poder ir até La Push? – Perguntei, já de saco cheio do jogo de omissão.

-Quem sou eu para dizer que você não pode ir para algum lugar? – Ela me perguntou, como se fosse óbvio demais. – Só tenho medo das suas reações emocionais, o lobinho jovem não está tão equilibrado assim.

Eu ri pela forma que ela chamou Jacob.

-Então o que você quer fazer essa noite? – Ela perguntou.

-Podemos ir à sua casa? Já faz tanto tempo que eu não vejo Esme.

Ela sorriu.

-Ela vai gostar disso. Especialmente quando ela ouvir o que vamos fazer esse fim de semana.

 

[...]

 

-Ei, ei, cunhada! – Edward nos recebeu, com um sorriso gigante.

Ele e Jasper estavam no mesmo terraço de sempre, conversando e lendo algumas coisas. Edward estava deslumbrante como sempre, os jeans com uma camiseta leve, seu cabelo impecável e os olhos feito topázio. Jasper não era diferente, ele sorria de canto, com uma calça de alfaiataria e uma camiseta por dentro da calça.

-Oi, rapazes. – Eu cumprimentei os dois.

-Onde está Esme e Carlisle? – Alice perguntou.

-Caçando. – Jasper respondeu.

Uh.

-Eles voltam logo? – Ela perguntou.

Os dois olharam rindo, cúmplices.

-Duvido muito, você sabe como eles são depois da caça. – Edward deu um olhar sugestivo.

Eu corei de vergonha. Eu sabia exatamente o que Edward estava querendo dizer. E não consegui evitar, sexo entre vampiros deve ser brutal.

-No meio da floresta? – Perguntei, tímida.

 

Jasper riu, olhando-me com os olhos perigosos.

-Temos umas espécies de bunkers por aí. – Ele disse por fim.

Olhei para Alice, e ela apenas balançou a cabeça em negação. Creio que seria uma explicação para depois.

-Querem fazer algo? – Edward perguntou, sugestivo.

-Eu lembro que em Phoenix, quando todo o caos ocorreu, vocês ficavam parados, sem fazer nada. – Eu comentei.

Alice riu.

-Eles dois meio que transam assim, Edward consegue ler os pensamentos de Jasper.

-Que prático! – Conclui.

E realmente era, seria incrível transar assim com Alice.

Olhei para eles dois, incrédula, e Jasper estava com a sobrancelha arqueada.

-Durante o século XX, era a maneira mais fácil em certos locais, então foi a melhor opção por muito tempo. – Jasper comentou, com sua voz quase um sussurro.

Eu adorava eles dois, a conversa sobre a vida deles, as histórias do passado, o humor deles dois. Isso me fazia feliz, ver o amor que atravessou décadas, tristezas, caos, guerras, mesmo sendo um pouco difícil, bastante problemático em certos aspectos, aquilo era incrível.

-Vocês podem transar livremente, sabe? Não precisa disso. – Alice comentou, sentando em uma das cadeiras que dividia a mesa de xadrez. – Podem transar em paz, está tudo bem.

Eu ri, olhando para ela. Ela estava linda.

-Vamos de xadrez, então? – Edward propôs, sentando em frente de Alice.

Ela olhou para ele raivosa, o olhar trocava faíscas.

Eu sorri. Edward e Alice jogando xadrez era a coisa mais engraçada que eu já tinha visto. Eles sentavam lá praticamente imóveis, olhando para o tabuleiro, enquanto Alice previa os movimentos que ele faria e ele escolhia fazer os movimentos que ela escolhia em retorno na mente dela. Eles jogavam a maior parte do jogo nas mentes deles, eu acho que eles haviam mexido duas peças quando Alice de repente jogou o rei dela e se rendeu.

Tudo isso levou três minutos.

-Vai se fuder, Edward. – Alice falou, jogando algumas peças para cima dele.

Edward riu, ajeitando as peças em suas devidas posições em segundos.

-Você usa seus poderes, eu uso os meus. – Edward riu, dando os ombros.

 

[...]

 

Nós não ficamos fora até tarde, assim como eu prometi. Eu não fiquei surpresa de ver as luzes ainda acesas quando nós paramos na frente da casa, eu sabia que Charlie estava me esperando.

-Tchau, linda. – Ela sussurrou, beijando o topo da minha cabeça.

Eu sorri, dando um beijo nos meus lábios.

A TV estava alta quando eu entrei.

-Bella? – Charlie chamou, estragando o plano.

-O que foi, pai?

-Você se divertiu essa noite? – Ele perguntou. Ele parecia doente de tranquilidade. Eu procurei pelos significados nas palavras dele antes de responder.

-Sim. – Eu disse hesitantemente.

-O que você fez?

Eu levantei os ombros.

-Saí com Alice, Edward e Jasper. Jogamos xadrez.

Ele assentiu.

-Eu só queria saber como anda aquela coisa de equilíbrio.

-Oh. Bem, eu acho. Eu fiz planos com Angela hoje. Eu vou ajudar ela com os anúncios da formatura. Só nós garotas. Alice vai junto, mas é um lance não só casal.

-Isso é bom. E quanto a Jake?

Eu suspirei.

-Eu ainda não arranjei isso, pai.

-Continue tentando, Bella. Eu sei que você fará a coisa certa.  Você é uma pessoa boa.

Isso foi golpe baixo.

Eu apenas dei um sorriso fraco.

Charlie deu um sorriso e olhou de volta para a TV. Ele afundou mais nas almofadas, satisfeito com o seu trabalho dessa noite. Eu podia notar que ele ficaria acompanhando esse jogo por um bom tempo.

-Boa noite, Bells.

-Te vejo de manhã.

Eu corri pelas escadas.

Então, graças a Charlie, eu estava ferida e ansiosa. O meu dever de casa estava pronto e eu não estava melodramática o suficiente pra ler ou ouvir música.

Eu considerei ligar para Renée com as notícias da minha visita, mas aí eu me dei conta de que eram três horas a mais na Flórida, e ela devia estar dormindo.

Eu podia ligar pra Angela, eu achei.

Mas de repente eu me dei conta de que não era com Angela que eu queria falar. Que eu precisava falar.

Eu olhei para a janela negra vazia, mordendo o meu lábio. Eu não sei quanto tempo eu fiquei lá pesando os prós e os contras, fazer a coisa certa em relação a Jacob, ver o meu amigo mais próximo de novo, ser uma boa pessoa, versus ele ter sido um imbecil.

O telefone não ajudava em nada, Jacob se recusava a atender os meus telefonemas desde que Alice retornou.

Além do mais, eu precisava vê-lo, ver ele sorrindo do jeito que ele costumava fazer. Eu precisava repor aquela terrível última memória do rosto dele condoído e se contorcendo de dor se um dia eu quisesse voltar a ter paz de espírito.

Eu agarrei o meu casaco e passei os meus braços pelas mangas e corri pelas escadas.

Eu sabia que Alice já tinha visto eu decidir isso, ela estaria ali o mais breve possível. Ou não, em vista que ela não conseguia prever nada relacionado aos lobos.

Charlie olhou pra cima do jogo, instantaneamente suspeito.

-Você se importa se eu for ver Jacob essa noite? – Eu perguntei sem fôlego. – Eu não vou demorar.

Assim que eu disse o nome dele, a expressão de Charlie relaxou em um sorriso bobo. Ele não parecia surpreso pelo discurso dele fazer efeito tão rapidamente.

-Claro. Sem problema. Pode ficar fora o quanto quiser.

-Obrigada, pai. – Eu disse enquanto saia pela porta.

Os meus olhos estavam apenas começando a se ajustar enquanto eu colocava as chaves na ignição

Eu ofeguei de choque quando me dei conta de que não estava sozinha na cabine.

-O seu futuro ficou um branco. – Ela sussurrou, seus olhos já estavam lacrimejando. – Onde você vai?

Eu suspirei.

-La Push.

Ela assentiu.

-Eu nem podia dizer se você voltaria pra casa ou não. O seu futuro ficou perdido, assim como o deles. – Ela sussurrou, quase em um choro. – A teoria de Carlisle é de que a vida deles é muito governada pela transformação. É mais uma reação involuntária do que uma decisão. É altamente imprevisível, e isso muda tudo neles. Naquele instante quando eles se transformam de um para outro, eles nem sequer existem. O futuro não pode mantê-los...

Eu escutei os pensamentos dela em silêncio.

Com os meus lábios grudados um no outro, eu retirei as minhas chaves rapidamente e saí da cabine rigidamente.

-Feche a janela se você quiser que eu fique longe essa noite. Eu vou entender... – Ela sussurrou bem antes de eu bater a porta.

Eu entrei em casa, batendo a porta também.

-Qual é o problema? – Charlie quis saber do sofá.

-A caminhonete não quer ligar. – Eu rosnei.

-Quer que eu dê uma olhada?

-Não. Eu vou tentar de manhã.

-Quer usar o meu carro?

Eu não devia dirigir a viatura policial dele. Charlie devia estar muito desesperado pra eu ir à La Push. Quase tão desesperado quanto eu estava.

-Não. Eu estou cansada. – Eu murmurei. – Boa noite.

Eu subi as escadas me arrastando, e fui direto para a minha janela. Eu puxei e estrutura de metal com força, ela bateu quando fechou e o vidro tremeu.


Notas Finais


Oi gente, espero que vcs estejam curtindo, eu realmente gostaria de um feedback nos comentários, me estimularia muito.

Inclusive, um agradecimento especial para a galera que me surpreendeu muito nos comentários <3

Já sabem né? QUALQUER sugestão pode ser deixada nos comentários, sempre tento atender todas!!! Principalmente no plot final da saga, o que vcs desejam que aconteça?

Até a próxima xx


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