História Uchiha Company - Uchihas e Sarutobis: Mayumi

Biwako após desmaiar mais uma vez na comitiva de seu marido, recebia a notícia deitada em uma cama de hospital o quanto aquela gravidez seria difícil e arriscada para ela. Seu coração disparado e a mão na barriga, mais um filho, estava a caminho.

- Você não pode continuar com isso! - Hiruzen estava nervoso, andava de um lado para o outro no quarto de hospital onde sua esposa se encontrava deitava - Você tem que tirar esse bebê!

- Ficou louco, Hiruzen… - a esposa parecia incrédula com aquele pedido - Será seu filho também…

- Você quer trocar a sua vida pela desta criança! - ele fala um pouco mais alto esbravejando, não entendia como sua mulher poderia amar mais aquela “coisa” que estava em sua barriga do que a ele ou até mesmo ao filho que já tinham - Não precisamos de outro filho!

- Não diga uma coisa dessas Hiruzen… - ela agora acariciava a barriga com um sorriso triste - Essa criança é especial para mim… Assim como vocês! Você nunca me pediria para abrir mão de você ou de Asuma!

    O senador saia da sala de hospital tremendo de raiva e a sua esposa naquela hora tomava uma decisão. Sabia que poderia não sobreviver ao parto, então tinha que deixar o que podia para aquela criança, conhecia o marido com quem havia casado, temeu pela vida daquele bebê caso ela se fosse.

Pelas reações que seu marido tinha ao longo daquela gravidez mostraram para ela que aquela garotinha recém descoberta em sua barriga teria uma vida difícil. Como o pai de Biwako era rico e senador antes de passar o cargo para seu genro Hiruzen, ele possuía vários terrenos, bens, imóveis, ações e dinheiro, e havia deixado tudo para a sua única filha, Biwako por sua vez, decidiu deixar tudo o que era dela para Mayumi. “Sim… Mayumi, esse vai ser o nome dela!” pensava, escrevendo todo o seu testamento, deixando especificado, tudo para a filha. Hiruzen daria tudo o que era dele para seu menino mais velho Asuma, então não tinha que se preocupar.

- Mamãe? - Asuma entrava na sala vendo a mãe com algumas lágrimas nos olhos preenchendo o documento.

- Vem, Asuma! - ela secava as lágrimas em seu rosto e pegava o filho no colo, agora com alguma dificuldade devido ao tamanho da barriga - A mamãe te ama muito, ouviu? - e em troca recebia um aceno de cabeça - Você tem que cuidar da sua irmã, está bem? Me promete que irá cuidar dela?

- Prometo, mamãe… - ele recebia um beijo em sua testa.

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    O dia do parto havia chegado, Hiruzen andava de um lado para o outro fora da sala de hospital, estava nervoso, quase não falou com sua esposa nesses últimos meses, não podia aceitar que ela levou a gravidez adiante. Asuma ainda muito novo não conseguia entender toda aquela aflição do pai, ele por sua vez estava sentado ao lado de um segurança tomando um suco que haviam lhe dado para que ficasse quieto.

- Senador… - um médico saia da sala de cirurgia - A sua esposa… - ele tentava ser direto e ao mesmo tempo sensível com aquela informação - não sobreviveu ao parto… Mas, a sua filha, é uma garota saudável…

    Mas, é interrompido de continuar quando o Sarutobi lhe ergue a mão. Ele apenas virou as costas.

- Vamos, Asuma! - ele se retira do local sem nem ao menos ver a filha.

{...}

    O dia do enterro de sua esposa estava frio, se não fosse por um dos empregados da casa ir buscar a menina, e Hiruzen saber que tudo de Biwako havia sido deixado para Mayumi, ele a teria deixado naquele hospital ou em qualquer rua que pudesse jogá-la, mas o poder e o dinheiro o fizeram repensar o fato de ter que ficar com a filha.

    Mayumi chorava quase que sem parar e todos não conseguiam ouvir as preces que o padre fazia, a empregada de Hiruzen tentava a todo custo fazê-la ficar quieta, mas não conseguia.

- Faz essa maldita menina calar a boca! - ele falava de forma ríspida sem se dar ao trabalho de olhar para as duas.

- Me desculpa, Sarutobi-sama, mas é que ela… - a mulher começava a entrar em desespero tentando acalmar a bebê em seu colo.

- Não me interessa! - ele agora olhava furioso para a babá - Tira essa maldita criança da minha frente!

    Sem ter muitas opções, a mulher saiu de lá com Mayumi, que parecia enfim se acalmar com o movimento, enquanto a empregada andava. A cerimônia de despedida ocorreu normalmente após ela se afastar com a criança. Por fim, Hiruzen entrava em seu carro acompanhado do filho mais velho.

- Pai? - o garoto questionava - A mamãe me disse que eu tinha que cuidar da minha irmã… Onde ela está?

- Não diga bobagens, Asuma! - ele ainda estava furioso com tudo que estava tendo que passar - Aquela menina foi quem matou a sua mãe, se não fosse por ela, nós ainda seríamos uma família.

    Asuma de apenas sete anos, sentiu seu estômago revirar quando ouviu as palavras árduas de seu pai. Agora ele não tinha mais uma mãe por culpa de Mayumi e decidiu que quebraria a promessa.

{...}

    Mayumi cresceu sendo cuidada por empregados, mal se sentava na mesma mesa que o pai e o irmão para comer, apenas quando eram reuniões de negócios ou diplomáticas que desde cedo aprendeu a se colocar em seu lugar, em silêncio e atrás de seu pai e de seu irmão mais velho. Ela tinha poucos brinquedos, somente aqueles que tinha ganhado das esposas dos senadores que adoravam a menina que parecia uma "princesinha", ou de seus tios quando os visitavam. Sim, Mayumi desde muito cedo com seus olhos claros e cabelos extremamente escuros chamava a atenção, mesmo que com 4 anos. Era difícil não ver o quanto ela era bonita.

- Você tem um tesouro nas mãos Hiruzen… - um dos senadores olhava Mayumi que observava pela janela um passarinho com seu lindo vestidinho rosa - Uma menina para negociar um casamento, hoje em dia é a melhor coisa! Principalmente quando é bonita, fica ainda mais fácil!

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    Mayumi finalmente havia entrado em idade escolar, seu pai a colocou em um colégio interno só para meninas, ela voltava para casa apenas aos finais de semana ou quando precisava dela para fingir que eram uma grande família feliz. E mesmo em casa aos finais semana ela permanecia sozinha. Dos 4 aos 10 anos a sua vida era essa. Ia para a escola, passava seu tempo lá, voltava para casa para ficar sozinha, aprendeu como se portar na presença dos outros, como sentar, falar, se vestir, estava sendo criada para ser um robô, que não pensava sozinha, apenas deveria seguir ordens.

    “De novo!” ela pensava emburrada, vendo a empregada arrumar o seu cabelo em um rabo de cavalo e vesti-la para a visita que seu pai receberia. Desceu as escadas e na sala de sua casa havia um homem de cabelos negros conversando com seu pai e seu irmão, que assim que a viu, abriu um imenso sorriso.

- E essa deve ser a Senhorita Sarutobi! - ele se ajoelhava e estendia a mão para pegar na pequena mão da garota e dar um beijo.

- É um prazer, Senhor…? - ela perguntava.

- Uchiha Fugaku! - ele ainda mantinha o sorriso no rosto.

- É um prazer, Uchiha-sama! - ela fazia uma reverência.

- Uma menina muito educada! - ele voltava a ficar em pé e falava para Hiruzen - além de muito bonita, é claro!

    Sem que Mayumi percebesse dois meninos de cabelos negros e olhos ônix entravam correndo na sala, pareciam estar brincando de alguma coisa, já que riam e corriam um atrás do outro com a babá logo atrás deles. Fugaku olhou para os dois que imediatamente pararam o que faziam.

- Mayumi… - o mais velho começava - gostaria de te apresentar meu filho, Uchiha Itachi!

    Ele apontava para seu filho. Mayumi fez uma reverência para o garoto e ele retribuiu.

- E esse é meu sobrinho, Uchiha Shisui! - ele agora apontava para o garoto que tinha suas bochechas vermelhas e que também recebeu uma reverência da menina e fez o mesmo.

- É um prazer conhecer vocês! - ela sorria de forma simpática para os dois.

- Por que vocês não vão brincar juntos? - Fugaku falava por fim - Eu e o senador temos assuntos a discutir.

- E como anda o seu filho mais novo? Faz tempo que não o vejo! - Hiruzen começava uma conversa educada, ele não tinha realmente interesse, vendo as três crianças se retirarem e Asuma como sempre lhe seguir para onde ia.

Os três foram com a babá para o quintal da casa. Mayumi ia atrás de Itachi e Shisui que conversavam baixinho entre eles e vira e mexe olhavam para a morena, isso a fazia ficar curiosa.

- Mas, ela não pode brincar com a gente, é menina… - Shisui falava.

- Eu não sei! O meu pai mandou a gente brincar com ela! - Itachi respondia, e os dois voltavam a olhar Mayumi que estava se irritando com aquilo.

- Qual o problema? - a jovem Sarutobi perguntava com as bochechas infladas de raiva assim que pararam no meio de seu quintal.

- Você não pode brincar com a gente, você é menina! - Shisui cruzava os braços na frente do corpo e virava o rosto.

- E o que que tem? - ela não estava entendendo qual era o problema em ser diferente deles.

- Você não pode ser um ninja! - Itachi falava como se aquilo fosse bem óbvio.

- Mulheres também podem ser ninjas! - Mayumi raramente assistia televisão, sempre tinha algo a fazer em seus finais de semana que não era nada divertido, mas isso não significava que ela já não tinha assistido desenhos antes - No desenho que passa na televisão existem mulheres ninjas!

- É, mas olha para você! Está de vestido! Você parece uma princesa! - Shisui falava apontando para o corpo da garota.

A Sarurobi se sentiu triste por um momento olhando as próprias roupas, vira e mexe ela ouvia "Nossa, mas que princesa!"; "Meu Deus, você é uma princesa!"; "Sua filha é uma princesa, Hiruzen!", era como se ela não pudesse ser nada além disso. 

- Mas, eu quero ser um ninja também! - ela agora quase que implorava para brincar - eu não quero continuar sendo uma princesa!

- Você não gosta de ser uma princesa? - Itachi a questiona sentindo suas pequenas bochechas ficarem vermelhas - você até que está muito fofa de princesa…

Por um instante, a morena se derreteu pelo que ouviu, ela sempre ouvia isso de pessoas mais velhas, nunca de alguém da sua idade. Shisui por sua vez revirava os olhos.

- Não importa se ela é bonita! - Shisui voltava a falar - ela ainda não pode ser ninja.

- Já sei! - Itachi pensava - por que você não troca de roupa? 

- Eu só tenho esse tipo de roupa… - Mayumi falava - mas, eu vou me esforçar pra ser uma boa ninja de vestido! Deixa, por favor…

Shisui olhava incerto e Itachi parecia querer dizer sim, mas seu primo estava sendo bem incisivo no "não". 

- Eu quase nunca tenho alguém para brincar! - agora a morena olhava para os próprios pés - por favor!

- Tá! - Shisui diz finalmente vendo Mayumi daquele jeito e Itachi parecendo lhe pedir com os olhos - você pode brincar com a gente!

Foi a primeira vez que Mayumi realmente teve um sorriso no rosto a tarde inteira enquanto corria na grama de sua casa. Foi a primeira vez que ela se sentiu feliz de verdade. Não era como se ela nunca tivesse brincado antes, na escola ela até brincava, mas a maioria das meninas só queriam brincar de boneca, de casinha e ela achava um tédio quando já "praticavam" isso na escola para um dia se tornarem boas esposas.

As visitas dos Uchihas se tornaram frequentes em sua casa, seus pais conversavam quase o tempo todo e ela podia brincar com os meninos, os finais de semana em que os encontrava era o ponto alto da sua semana.

{...}

Alguns anos foram se passando Itachi e Shisui já não brincavam mais de ninja, assim como a morena aos poucos foi perdendo o interesse, porém eles estudavam em um colégio misto, enquanto Mayumi em uma escola apenas de garotas. Os Uchiha agora conversavam sobre coisas que a garota não entendia bem. Uma ou outra coisa ela ainda perguntava e falava também, era como se ela pudesse conhecer o mundo através dos olhos deles, vez ou outra ela e Itachi tocavam piano juntos para agradar os pais e Shisui sempre revirava os olhos para as tediantes músicas que pareciam intermináveis. Porém, para Mayumi, saber que podiam ainda ser amigos era um alívio para ela, já que tinha começado a sofrer na escola.

Mayumi tinha acabado de completar 15 anos, Itachi e Shisui mais uma vez estavam em sua casa, ela mal conseguia se mexer, suas costas estavam ardendo muito e o vestido que ela usava não ajudava em nada, seu pai parecia não ligar, enquanto Itachi e Shisui ficaram se entreolhando pensando no que estava acontecendo com ela. Assim que o almoço acabou os três subiram para o quarto da morena, Hiruzen nunca deixaria isso acontecer, mas sendo bem honesto ele nem sabia qual dos quartos da casa era o da filha, ele não tinha nem como chegar lá, para ele, os três ainda brincavam em qualquer lugar.

- O que há de errado com você, May? - Itachi fechava a porta a suas costas e Shisui se jogava na cama.

- Aquela vaca da professora… - a morena começava extremamente nervosa - qualquer coisa é motivo para ela me bater!

- Você está apanhando na escola? - Shisui questionava incrédulo.

- Olha você mesmo… - Mayumi inocentemente virava as costas para Itachi abrir seu vestido.

Ela parecia não ter percebido que cresceu e se tornou uma linda adolescente, ela atraia muitos olhares, e os Uchiha não deixaram de perceber, até porque eles estudavam em um colégio misto, alguns beijos em algumas meninas, não tinha nada de errado. Itachi olhou para Shisui incerto, mas o primo imediatamente acenou que sim com a cabeça. 

Eles não iam ver a garota sem roupa, mas não deixava de ser interessante. Itachi levou a mão até o zíper enquanto Mayumi segurava seu cabelo, os dois Uchihas quase não piscavam conforme o zíper descia. Porém a visão que tiveram foi horrível, as costas dela estavam roxas em alguns pontos e vermelhas em outro, totalmente arranhada. Itachi passou o dedo suavemente e Mayumi reclamou de dor na mesma hora. O toque havia sido suave mas, não quer dizer que não estivesse doendo.

- May… - ele diz com um nó na garganta, aquilo era um absurdo - por que você não fala para o seu pai?

- Eu já tentei… - ela agora virava para os dois que tinham olhares de horror - Mas, ele disse que deve ser porque eu estou fazendo algo errado!

- Isso é horrível! - Shisui falava indignado, sentindo a raiva lhe consumir, assim como em Itachi.

Mais uma vez, o sábado terminou, Mayumi implorava mentalmente para que isso não acontecesse, não queria voltar para a escola na segunda-feira ou ter que despedir dos Uchiha. Seu coração até acelerava. Fugaku havia chamado seu filho e sobrinho para finalmente irem embora.

Os três estavam no carro voltando para casa quando Itachi decide falar, ele havia ficado com as imagens das costas de Mayumi na cabeça, estava enfurecido com aquilo, queria poder ajudar.

- Pai, - ele chama a atenção do mais velho que olhava para a janela - a Mayumi podia vir estudar com a gente, o senhor não acha?

- Hum… - Fugaku pôs-se a pensar no que o filho falou.

- Seria uma boa tio, ele e Mayumi ficariam mais próximos… - ele afirmava querendo ajudar a morena também.

Sim, eles sabiam que tinha sido prometido em casamento, Mayumi sabia que estava sendo treinada a sua vida toda para isso, quando ela descobriu, agradeceu por não ser um velho asqueroso e sim Itachi, ele tinha a mesma idade que ela, era legal e bonito. Por sua vez, Itachi não sabia ao certo como se sentia, Mayumi era bonita, ele não tinha como negar, mas se casar com alguém obrigado era algo que ele não preferia pensar no momento. Fugaku deu um riso de lado pensando na ideia de seu filho, era uma boa.

No dia seguinte eles estavam lá novamente, Mayumi ficou surpresa, eles nunca iam dois finais de semana seguidos lá, quem dera dois dias. Quando na mesa de jantar Fugaku propôs a seu pai para deixá-la ir na mesma escola que Itachi e Shisui, ela mal conseguia esconder a felicidade, se controlava muito para não dar a entender o que queria.

- Seria ótimo, Hiruzen. Você não acha? - Fugaku continuava a convencê-lo.

    Mais algumas conversas para lá e algumas outras para cá como sempre faziam na hora do almoço e por fim o pai de Mayumi havia deixado que ela estudasse com os dois. Assim que acabaram de comer, os três foram para o quarto da morena. O sorriso da garota era tão grande, que chegava a ser contagiante.

- Obrigada! - ela se jogava nos braços dos dois Uchihas, mesmo sentido suas costas queimarem naquele momento - Vocês são os melhores amigos do mundo!

- Que isso, May! - Itachi dizia.

- A gente só quer o seu bem! - Shisui complementava.

- Eu sei que eu não posso fazer muito! - A Sarutobi com aquele lindo sorriso se dirigia aos dois - Mas, eu vou estar aqui caso vocês precisem… para sempre! 

    Itachi e Shisui queriam até apertar mais a Sarutobi, mas por causa das costas da garota se contiveram. Finalmente Mayumi iria conhecer o mundo através de outra perspectiva. Mal conseguiu dormir sabendo que no outro dia nunca mais voltaria para aquela escola horrível.