Uma semana havia se passado, aqueles dias tinham sido bem difíceis para os irmãos. Kakashi ainda conseguia ouvir Akemi soluçando em seu quarto de saudade dos pais, ele sabia que a partir de agora as coisas seriam ainda piores do que já estava sendo, o prateado olhava as cartas que chegavam em sua casa, conta de água, de luz, internet, mensalidade dos cursos que ele e Akemi faziam, a hipoteca da casa. Kakashi ainda tinha que terminar aquele ano da escola, seus pais não tinham deixado nada, não que eles não quisessem fazer isso, mas eles não tinham como. O único bem que eles tinham era o carro, que agora estava totalmente destruído, o que Kakashi conseguiu vendendo a carcaça apenas havia pago o enterro.
“Se concentra, Kakashi!” ele pensava vendo seus olhos encherem de lágrimas de novo. Ele estava sentado na mesa, com todas aquelas contas, tinha que tomar uma decisão, ele tinha uma irmã que precisava dele, não tinha mais dinheiro para viajar com o time de futebol e ainda que tivesse não podia deixar Akemi para trás. O Hatake respirou fundo, sabia o que tinha que fazer, tinha que ser forte, tinha que continuar em frente, era o que seus pais iriam querer, que ele e Akemi nunca se separassem.
- Akemi… - O mais velho batia a porta do quarto e se colocava para dentro, a irmã estava com a cara enfiada no travesseiro, não conseguia acreditar que tinha perdido seus pais, Kakashi se sentou na cama colocando a mão nas costas da irmã - Akemi, eu sei que dói! Eu também sinto falta deles, mas você tem a mim e eu também preciso de você, Akemi!
- Precisa de mim? - a mais nova tirava o rosto do travesseiro, seu rosto vermelho e inchado de tanto que chorava, ela agora olhava o irmão.
- Claro que preciso, Akemi! - ele tinha um sorriso triste no rosto - Nós somos uma família ainda! A gente tem que continuar, pelo papai e pela mamãe… E eu preciso de você do meu lado. Eu vou cuidar de você, Akemi, eu prometo! E você vai cuidar de mim, não é?
Viu apenas a mais nova assentir com a cabeça, ela não sabia exatamente como iria fazer para cuidar de seu irmão, mas não deixaria de se esforçar para isso. Pensou bem no que Kakashi havia lhe dito, ele era a sua única família a partir de agora e não poderia abandoná-lo.
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Kakashi deixou o time de futebol, fez um curso para acelerar o término de seu ensino médio, precisava começar a trabalhar o mais rápido que conseguisse. O dinheiro que antes com duas pessoas trabalhando era escasso, se tornou ainda pior. Kakashi trabalhava de manhã como Office boy enquanto tentava fazer uma faculdade à noite. O prateado não conseguia segurar as contas, por fim, tiveram que devolver a casa em que moravam para o banco e se mudaram para um apartamento pequeno. Akemi nunca reclamou, pelo contrário ela tentava ajudar Kakashi no que podia.
A mais nova cozinhava, limpava a casa e se mantinha cada vez mais focada em seus estudos. Ela não queria nunca ter visto Kakashi abrir mão daquilo que ele mais amava na vida, o futebol, mas ele não podia viver um sonho sem condições. Ele quase não ficava em casa, sempre voltava exausto, mas sempre que via Akemi, sabia que o sacrifício valeria a pena. Akemi, por sua vez, vendo todo o sacrifício de Kakashi para criá-la, decidiu que não importava o que ela iria fazer na vida, só sabia que tinha que ajudar o irmão a ter muito dinheiro, quem sabe um dia ele não voltaria ao futebol e seguiria seu sonho, sem ter que se importar em criá-la.
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Mais um dia de trabalho exaustivo, apesar de ter conseguido um emprego na área de tecnologia, como seu pai, muito melhor do que o anterior, não era nenhum pouco mais fácil ou pagava tão bem assim. Kakashi estava cansado, seus olhos quase não paravam abertos na frente do computador, era semana de provas da faculdade e ele virava as noites estudando.
- Kakashi… - Tenzou, seu amigo da escola que no final das contas descobriu que era péssimo de futebol, seguiu os passos do amigo, para poder trabalhar e ganhar dinheiro, mesmo que não fosse muito para ele que ainda morava com os pais era mais do que o suficiente - Kakashi… - ele chamava mais uma vez vendo a chefe deles chegarem mais perto e o prateado dormindo.
- Senhor Hatake! - a mulher de cabelos castanhos e olhos azuis chegava na mesa de Kakashi e batia a mão na mesa o fazendo acordar na mesma hora - Na minha sala, AGORA!
“Merda!” Kakashi passava as mãos no rosto, estava estressado e muito cansado, não conseguiu evitar que aquilo acontecesse. Se levantou, pensando em como iria fazer para arrumar outro emprego, já que aparentemente seria demitido. Kakashi só tinha vinte anos e pouca experiência e agora a primeira demissão viria por estar dormindo em cima da mesa de trabalho. Se dirigiu até a sala dela e bateu a porta apenas por educação.
A sua chefe apontava para a cadeira à frente de sua mesa, assim que o prateado passou pela porta da sala e fechava a porta atrás de si. Ele já tinha até desistido de tentar se justificar, não tinha como explicar, ela era rigorosa, seus colegas de trabalho a chamavam de “A general”, apesar de bonita, era considerada uma grande vaca. Ele respirou fundo com a chefe olhando de uma forma incerta e a ponta de uma caneta na boca.
- Sabe, senhor Hatake… - ela começava se ajeitando na cadeira, arrumou os óculos em seu rosto, seu cabelo muito bem arrumado em um coque mostravam o quanto era certinha - Dormir no trabalho, é uma falta muito grave…
“Ah, jura? Não brinca?” o prateado pensava tentando manter a expressão neutra.
- Mas… eu estava pensando aqui, no que nós dois poderíamos fazer para que essa situação fosse resolvida… - Kakashi parecia ainda estar sonhando vendo-a desabotoar o primeiro botão da camisa que ela usava - Está calor, você não acha?
Desde que seus pais morreram, Kakashi nunca mais havia se relacionado com ninguém, ele acreditava que o fato de ser um bom jogador de futebol era o que ajudava com as garotas e não o fato de ser bonito. Ele quase não tinha tempo para nada, então nem se tocava dos olhares sugestivos de suas colegas de faculdade para ele ou de colegas de trabalho. O prateado se ajeitou na cadeira, tentando entender por um instante o que estava acontecendo, vendo-a abrir mais um botão e começar a mostrar seus lindos seios.
- Éééhh… - ele diz, sentindo seu membro começar a ficar duro - Quer que eu ligue o ar?
- Ah, Kakashi… - a chefe continuava a abrir sua blusa ao se levantar da mesa - Você com esse rostinho lindo… - Ela ia em direção ao Hatake - Vamos fazer um acordo…
A mulher estava sentada na mesa, agora de frente para Kakashi que sentia seu membro pulsar com a ansiedade do que estava prestes a acontecer. Ela chamou o prateado com dedo para que ele ficasse em pé bem na sua frente, deslizou a mão para o membro do prateado que arfou com o toque, precisava daquilo, ela o puxou pela gravata deixando seu ouvido bem próximo a sua boca, enquanto Kakashi levou as mãos para o quadril dela apertando-o.
- Se você me fizer gozar bem gostoso… - ela sussurra e Kakashi fechou os olhos - Eu até te dou um aumento…
Ela não precisava falar duas vezes, um bom sexo e um aumento, nada melhor do que juntar o útil ao agradável. Não é que Kakashi queria se vender daquele jeito, mas ele já iria fazer aquilo com ou sem aumento. Depois daquele dia, ele passou a perceber um pouco melhor as pessoas a sua volta, começou a sair um pouco mais aos finais de semana, Akemi já estava crescendo então não tinha problema deixá-la só um pouco sozinha em casa para que ele pudesse pegar sua chefe ou suas colegas de faculdade. Ainda era muito dedicado a sua casa e a sua irmã, mas não podia mais deixar toda aquela tensão se acumular.
Akemi, por sua vez gostava de ver o irmão se divertir e sorrir de novo, não que ela soubesse o que ele estava fazendo, mas fazia tempo que Kakashi não tinha aquela vivacidade no olhar, então se fosse para ela ficar sozinha, só um pouco não tinha problema, contanto que seu irmão fosse feliz também, ele dava duro todos os dias para manter a casa, não tinha problema em se divertir um pouco.
{...}
- Vou encontrar com alguns amigos, Akemi, está bem? - Kakashi dava um beijo na testa da irmã que fazia seu dever de casa.
- Divirta-se! - ela sorria o vendo passar pela porta saindo.
Akemi estava em seu último ano de escola e ainda não havia decido o que queria fazer, ela adorava jogar vôlei na escola, mas não achava que tinha altura o suficiente para um dia se tornar profissional, amava desenhar, mas era um hobby um tanto difícil de manter, as tintas e os lápis especiais eram caros demais, e não tinha certeza do que queria fazer se fosse para a faculdade, além de que seria muito caro pagar por uma, seu irmão ainda pagava pelo financiamento que havia feito para terminar a dele.
Estava tão distraída pensando sobre isso, que não percebeu a força que colocou mordendo a ponta do seu lápis e fez com que se quebrasse em sua boca. “Droga!” ela sentia uma pequena agulhada dentro da sua bolsa. Uma farpa de madeira estava presa em seus lábios. “Tem uma pinça aqui, em algum lugar…” ela pensava revirando algumas gavetas da cômoda em sua sala, foi quando abriu uma delas e dentro tinham várias contas. Ela se esqueceu completamente que sua boca estava doendo quando pegou os papéis.
Ela olhava um por um, alguns eram avisos de contas atrasadas, o financiamento da faculdade de Kakashi estava atrasado, alguns avisos de banco dizendo que tomariam medidas legais caso as contas não fossem pagas. Ela sentiu um aperto no coração, tudo o que era relacionado a Akemi estava em dia, a escola de pintura e desenho, nunca faltou remédio quando ela ficou doente ou comida. “Não!” ela pensava vendo tudo aquilo, sabia que o irmão fazia de tudo por ela, mas aquilo era demais.
E naquela noite ela tinha decidido, não importava o que iria fazer na faculdade, mas iria ganhar dinheiro o suficiente para que seu irmão pudesse ter uma vida tranquila também, ele havia sacrificado a carreira e a vida por ela, não era justo ela não retribuir de qualquer forma que pudesse. “Eu também vou cuidar de você, Kakashi!”. Ela correu para pegar o celular, pesquisou algumas empresas que pagavam bem e o que ela iria precisar fazer para conseguir algum emprego nelas.
{...}
Kakashi não sabe ao certo o porquê decidiu fazer aquela aposta idiota com Tenzou, ele nem estava bêbado o suficiente para aquilo. Talvez fosse a tentativa de impressionar algumas meninas que estavam no mesmo local que eles e os amigos, não que ele precisasse, mas Tenzou estava se divertindo com a cara dele, então por que não? Ele não era ruim em nada do que fazia, mas competir com o moreno no lançamento de dardos que havia no bar, foi um grande erro.
Talvez, Kakashi deveria ao menos saber o que estavam apostando ao invés de ter dito “tanto faz, eu vou ganhar de qualquer jeito…” o problema é que ele perdeu e Tenzou não conseguia parar de rir arrastando Kakashi pela rua, indo algumas lojas abaixo de onde estavam. Era um estúdio de tatuagem.
- Fala sério, Tenzou! - ele via o moreno abrir a porta para ele entrar.
- Você prometeu! - o amigo tinha um sorriso enorme nos lábios - Não vai ser um franguinho agora, né? Eu vou ter que voltar lá e falar que você arregou? Pô, pô, pô… - ele batia os braços tentando imitar uma galinha.
- Para de besteira… - ele revirava os olhos entrando no estúdio - eu posso pelo menos escolher?
- Claro! - Tenzou sorria triunfante - Tem que ter pelo menos uns dez centímetros.
Mais uma vez o prateado revirava os olhos, pegou um book de tatuagens que tinham lá, passou um bom tempo olhando, mas nada ali parecia lhe interessar e pensando bem no que teria algum significado para ele tatuar, caveiras não eram seu estilo, nenhum pássaro, não gostava de peixes.
- Faz, algo minimalista… - o tatuador começava a ficar impaciente.
“Minimalista…” pôs-se a pensar e por instante lembrou-se dos pais. Na foto que havia na cômoda da sala, tinha uma foto do seu pai e da sua mãe, que usava um lindo colar com um pingente vermelho. O pai havia dado para ela quando completaram dez anos de casados, ele não tinha muito dinheiro, então aquele presente havia sido mais do que especial. “Ele representa o amor do papai pela mamãe!” Akemi quando estava no colo da mãe pegava o pingente nas pequenas mãos e suspirava. “Isso, Akemi…” sua mãe sorria em resposta “representa amor!”.
- Já sei… - ele fala por fim, logo em seguida explicando como era o colar da mãe para o tatuador.
- Tá… - o tatuador parecia concentrado fazendo o desenho em um papel - E se a gente fizer uma releitura para que fique mais moderna e minimalista, sem parecer uma jóia? Para que não fique tão densa…
Ele virava o que estava fazendo para que Kakashi pudesse ver o rascunho.
- Ficou bom, mas tem que ser na cor vermelha! - ele diz por fim indo se sentar na cadeira de tatuar e erguendo a manga da blusa do lado esquerdo, decidido a fazer a tatuagem naquele local, um pouco abaixo do ombro.
Tenzou que até então estava achando graça da aposta, ficou extremamente bravo o vendo fazer aquele desenho de bom grado em seu corpo. Naquele dia mais tarde, quando Akemi viu o braço do irmão mal conseguia conter as lágrimas, apesar de ser um pouco diferente do colar da mãe, sabia bem o que aquela tatuagem significava: amor.
{...}
Akemi decidiu fazer o mesmo financiamento que o irmão para poder entrar na faculdade e novamente as contas estavam apertadas, mas ela tinha conseguido um estágio que a ajudava a pelo menos custear a faculdade, seu irmão não queria que ela trabalhasse, mas não podia negar que ajudava muito a manter as contas equilibradas. A platinada tinha desistido de desenhar e pintar, não tinha tempo mais para aquilo. Ela crescia cada vez mais bonita, mas parecia não perceber, assim como Kakashi quando mais novo. Ela chamava atenção onde ia, mas não tinha tempo para aquilo, tinha que se apressar em terminar a faculdade e arrumar um ótimo emprego.
- Akemi! - Hanare entrava no banheiro da faculdade logo depois da amiga - Neji não para de olhar para você!
- Quem é Neji? - a platinada questiona realmente sem saber quem era.
- Fala sério, Akemi… - Hanare revirava os olhos - É um dos meninos mais bonitos da nossa turma! Acorda!
- E o que quê tem? - Akemi se dirigia a um dos boxes, estava realmente apertada.
- Que ele quer pegar você, ué! - Hanare se colocava na frente do espelho esperando pela amiga, e aproveitou para retocar o batom.
- Fala sério… - Akemi quase grita de onde estava.
- Vai, Akemi… - a morena sorria para ela mesma em seu reflexo - Dá só uns beijinhos nele… Você não precisa fazer mais que isso…
- Você sabe que eu nunca beijei antes! - ela voltava para o lado de Hanare e aproveitava para lavar as mãos.
- Ah… ele te ensina! - Hanare pisca para a amiga.
{...}
Depois de chegar em casa, Akemi passava os dedos suavemente pelos lábios, ela podia jurar que estavam mais vermelhos do que o normal, o beijo havia sido bom, seu coração estava acelerado tanto que ainda parecia estar saltitando em seu peito.
- Akemi? - Kakashi a chama com uma sobrancelha arqueada, a garota estava parada na frente do espelho a quase trinta minutos.
- O-O que foi? - ela engole saliva, seu irmão não tinha aquele ar de que deixaria ela sair por aí, beijando as pessoas. Eles nunca sequer haviam conversado sobre qualquer coisa do gênero.
A platinada se lembrava de ter falado com Kakashi sobre a aula de educação sexual que teve na escola, mas ela ainda era nova então o mais velho havia dado assunto por encerrado antes mesmo de ter começado. “Você ainda não tem idade para isso! Quando for a hora a gente conversa!” foi o que ele havia dito para Akemi.
- Está tudo bem? - ele ainda a olhava curioso.
- Está sim! - ela sorri tentando disfarçar a felicidade de ter dado seu primeiro beijo - Por que?
- Sei lá… Você está aí tem tanto tempo…
{...}
- Akemi! - Hanare batia loucamente na porta do apartamento dos Hatake - Akemi!
- Por Deus, o que foi? - ela abria a porta.
- Olha, olha! - Hanare mostrava seu celular para a colega.
- O que é isso? - Kakashi saia do quarto, ele estava dormindo um pouco mais naquele dia, afinal era final de semana, um dos poucos dias em que podia dormir até mais tarde. Ele usava apenas seu moletom quando Hanare o viu pela primeira vez.
- Ahh, me desculpe! - ela sentia suas bochechas ruborizadas, e quase derruba Akemi quando passou por ela - Eu sou a Hanare!
- Kakashi! - ele diz piscando para a garota que estava completamente vidrada nele.
“Aff!” ela revirava os olhos, ela sabia que kakashi era bonito, mas aquilo ela sempre achou ridículo, o quanto algumas garotas eram caídas pelo seu irmão. Ela voltou a sua atenção para o celular e via que as inscrições para trainee da empresa Uchiha Company estavam abertas, iria ser um longo processo seletivo, mas não custava tentar, afinal o salário inicial anunciado era tudo o que Akemi precisava.
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